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domingo, julho 23, 2006

O ESPETÁCULO DO CRESCIMENTO CHINÊS

O conflito do Oriente Médio, com Israel bombardeando o Líbano, foi, juntamente, com os possíveis movimentos inflacionários dos Estados Unidos, a fonte de incerteza que atraía a atenção da mídia e dos mercados e pressionavam os preços do petróleo, porém a grande surpresa mesmo proveio da China. É fato. De novo a China de novo surpreendeu o mundo. Ao contrário do Brasil, que teima em estacionar, a China teima em crescer. E, mesmo contra a vontade expressa de seus dirigentes, cresceu no segundo trimestre 11,3% e, no primeiro semestre um crescimento, este sim, espetacular de 10,9%. Sem contar que a produção industrial aumentou mais ainda com taxa de 19%, quase 20% de crescimento industrial.Ulá-lá-lá!Bem a China é a China. Excepcional sob todos os aspectos. Embora tenha um disfarce de socialista e uma suposta abertura capitalista, a rigor mesmo, é uma ditadura coletivista, um exemplo singular que não dá para comparar com nada nem ninguém. Seu gigantismo explica grande parte de seus problemas e das suas potencialidades. É uma economia mantida artificialmente. Seu crescimento atual tem a haver com exportação e não se pode esquecer que parte da exportação resulta dos níveis baixíssimos do custo da mão de obra, quase escrava e da falsa competitividade que do câmbio fixado. Também os interesses norte-americanos de controle político ajudam a moeda deles a ficar bem mais valorizada do que deveria e a acumular, este ano, 130 bilhões de dólares de superávit comercial, fora os 900 bilhões de dólares de reservas que possuem. Se utilizassem o câmbio flutuante sua competitividade pioraria e as exportações seriam reduzidas. Não farão, exceto se obrigados.
A China é uma equação com poucas soluções possíveis. Repleta de desequilíbrios não resolvidos. Com uma necessidade de democratizar a política e a economia, mas sem poder soltar as amarras, sob pena de propiciar uma explosão de consumo que não poderá ser satisfeita. Nem dá para discutir seus imensos problemas econômicos, mas se sabe que, de alguma forma, terão que buscar soluções, pois não poderão eternamente sustentar as contradições atuais. O crescimento chinês, portanto é uma benção e uma maldição. Com um agravante que é o de que, ao crescer, requer mais recursos de todo o planeta. Não somente petróleo, como carvão, sua principal fonte de energia, ferro, soja, carne e outros tipos de produto. Fora que, quando a China cresce, além de forçar o meio ambiente, ameaça vários países com a oferta de seus produtos. A China é um gigante que não pode andar sem pisar na grama. O problema é que não sabe parar também. Ou seja, crescendo, ou não, é um espetáculo cheio de problemas.