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domingo, dezembro 12, 2021

UMA DIVAGAÇÃO SOBRE AS INCERTEZAS DO PRESENTE

 


Não há, como algumas vezes, por diletantismo ou especulação, não pensar em como se comportariam certos personagens no mundo moderno. Deveria, por exemplo, para Aristóteles ser um prazer constatar que sua tese de que se deveria rejeitar, o que seu mestre Platão aceitava, a comunidade de bens por considerá-la injusta por não compensar o indivíduo segundo o seu trabalho (ainda que, hoje, a noção de trabalho esteja tão distante do que foi). Para o filósofo os indivíduos não são iguais, portanto não deviam ter a mesma participação na posse dos bens, daí, que a comunidade acabava produzindo mais conflitos do que a desigualdade em si. Segundo ele, o indivíduo devia preocupar-se mais com o que lhe pertence (um pensamento que a juventude atual aprovaria ou, pelo menos, se comporta desta forma) e não com a partilha dos bens existentes. A conclusão dele serve, muito bem, para a Alemanha comunista, para Cuba ou para a dissolução da antiga União Soviética, pois, segundo ele, a comunidade, ao desestimular a propriedade, produz a pobreza. Fiquei pensando a este respeito, as ideias do passado, do muito passado, aliás, pelo olhar tristonho que tenho sobre o presente. A incerteza que nos cerca é mais fruto do apego ao passado do que pensar no futuro. O mundo caminha, cada vez mais, para a que chamamos de Nova Economia, onde as pessoas serão retribuídas conforme sejam capazes de empreender, de criar novos processos, novas formas de gerar valor, uberização em larga escala também e disseminação de novas empresas e de inovação. É preciso urgente, para o Brasil assumir seu destino de grande nação, terminar com os subsídios, o apadrinhamento dos grandes oligopólios, a falta de transparência, de se ter a mão protetora do estado dizendo quem ganha e quem perde, quem pode ou não fazer algo, diminuindo o peso sobre o setor privado. É preciso que as pessoas compreendam que os tempos mudaram. Que somente se sustentam os direitos que tem substrato econômico e os empregos que geram valor. Há, no nosso país, um monte de empregos dispensáveis, que elevam os custos das mercadorias e será natural que desapareçam. Não é ruim que o estado sustente os que não tem como sobreviver, que dê auxilio emergencial, mas, é preciso entender que isto é fruto de uma questão excepcional: as restrições da pandemia. Porém, isto, aí o grande mérito do governo atual, foi feito com controle dos gastos públicos e, pela primeira vez, desde 2003 se pode ter um superávit das contas públicas. Enfim, o que quero dizer é que, apesar das velhas ideias que nos dominam, e a imensa torcida do contra, Adam Smith, se pudesse olhar o presente do Brasil, nem teria a visão da mídia e da oposição de que tudo está ruim e, certamente, seria mais otimista do que sou. Deve ser a questão de que, de alguma forma, já acreditei que o governo poderia criar desenvolvimento. Hoje sei que, apenas, pode não atrapalhar. Que 2022 torne as opções mais claras, se isto for possível.

 

terça-feira, setembro 28, 2021

NADA SERÁ COMO ANTES: O ENTERRO DO MITO

 


O capitalismo, integrando países e fluxos mundiais de comércio, tecnologia e investimentos, melhorou, de forma sustentada, os padrões de vida de diferentes regiões, nos últimos quinhentos anos. A boa observação demonstra que a maior pobreza e as maiores misérias se encontram em regiões não tocadas pelas políticas que os adversários classificam, hoje, de neoliberais. Nem vou discutir que neoliberalismo é uma falácia, mas, de nada adianta a razão contra os que vociferam contra o capitalismo até porque, na prática, costumam acusar de neoliberal quem defende as ideias econômicas ortodoxas e que se comprovaram como socialmente válidas para melhorar a vida das pessoas. Risível é que acusam o capitalismo também, de gerador de crises, como se as crises não fossem inerentes a todos os tempos e épocas, como também se proclama a incapacidade dos mercados de se auto-regularem, e, portanto, da necessidade do Estado para corrigir os desvios do mercado mediante medidas de controle. Ora, bons estudiosos não desconhecem que os ciclos ascendentes, ou descendentes, constituem algumas das características mais interessantes e desejáveis de uma economia de mercado.  É fruto da tensão constante entre os desejos humanos infinitos e as possibilidades limitadas do imediato aumento da oferta. Também, se analisam, descobrem que, na origem, de muitas das crises, como a do Sub Prime de 2008 ou mesmo na do Brasil recente, estão políticas públicas heterodoxas, que estimularam, entre outras coisas, a conivência espúria entre o estado e o setor privado. Deveria ser um consenso-não fosse a ideologia- que os mercados são mais facilmente capazes de se auto-corrigirem do que via os governos: afinal distribuem com rapidez ganhos e perdas, realizando num breve espaço de tempo os lucros (ou prejuízos) dos investimentos (bons ou maus) efetuados. Tudo que se faz, via governo, porém precisa enfrentar o calvário do debate legislativo (nos regimes democráticos). O processo, é verdade, pode ser feito por decreto executivo, porém, em geral, autoritário, sem transparência, mais arbitrário e sujeito ao jogo da corrupção. A grande vantagem relativa dos mercados é a capacidade de mudar rapidamente, o que governos levam anos para fazer. Não sem dor, é claro, mas de forma menos arbitrária. A grande ironia do momento é que a China, em geral, citada como exemplo de que a direção estatal impede as crises se encontra imersa na crise da  falência da Evergrande, sua maior empresa de construção civil,  que gerou pânico nos mercado por excesso de dívidas. O governo da China, que se comporta como qualquer governo do mundo,  somente se preocupa em evitar protestos e tomar medidas que evitem ou minimizem um efeito cascata em compradores de imóveis e na economia. A crise, num país que, supostamente, controla tudo é mais grave porque, dada a falta de transparência, nem mesmo se sabe o seu tamanho. E, ironicamente, nas economias coletivas, onde sempre acontecem pela falta de mercadorias e serviços, no caso atual provém do excesso- de dívidas e de construções. E, pasmem, estimuladas pelo governo chinês. Nada será como antes, depois desta crise, na medida em que a China parece, por fim,  enterrar o mito de que as crises não acontecem em economias estatais.

sábado, agosto 28, 2021

A REPETIÇÃO INOVADORA DE UMA VELHA HISTÓRIA

 


O mundo nunca foi justo. Quando mais jovem acreditei na utopia de que a nossa geração, os nascidos na segunda metade do século XX, poderiam transformar o mundo num lugar de maior justiça social. Era um sonho das pessoas jovens e, grande parte de melhor formação da sociedade brasileira, muitos dos quais se embeberam de Marx, Engels, Gramsci, Marcuse e Jean Paul Sartre, que se apresentava como o intelectual engajado com  as causas sociais, acreditavam na capacidade de fazer mudanças rápidas. Havia a crença, pouco justificada cientificamente, de que seríamos capazes de mudar as condições sociais pela atuação dos intelectuais e pela conscientização dos trabalhadores. Olhando para trás não há como não sorrir da nossa ingenuidade. O conceito de classe social marxista em que nos baseamos-só os cegos pela ideologia-não conseguiram ver que se dissolveu pela realidade. Marx, que no fim da vida não era mais marxista-possivelmente torceria o nariz para uma infinidade de intelectuais que se dizem marxistas por repetir chavões sem nenhuma correlação com a realidade moderna. E olhe que Marx, apesar de seu indiscutível talento, depois de arrasar intelectualmente Bakunin ouviu dele a sua sentença definitiva quando confessou, com humildade, que não tinha condições de discutir com ele, mas, que, em compensação, Marx “não entendia nada da natureza humana”. Aliás, ele passou a vida inteira, praticamente, sem conseguir manter sua própria vida, o que, no mínimo, é constrangedor para quem se julgava capaz de tudo explicar. Há uma imensa quantidade de imitadores atuais-até mesmo sem saber. Principalmente jovens que não arrumam a própria cama, não se sustentam, não possuem formação intelectual, muitas vezes, nem exerceram qualquer tipo de trabalho, mas, se propõem a mudar o mundo. São os próprios homens que classificam os outros de mocinhos, bandidos, santos, medíocres, bons, ruins. Em geral, sem ter nem consciência da régua que usam para medir os outros e, menos ainda de que a história da humanidade tem sido uma história de vencidos e vencedores. Que o que fez o mundo avançar mais do que a educação foi o desejo de poder. E domar o egoísmo, o desejo de dominar, de poder dos homens é um processo, infelizmente, muito lento. É muito fácil julgar o passado e queimar, sem nenhum senso de ridículo e de falta de civilidade, a estátua de Borba Gato como se ele tivesse sido apenas um exterminador de índios, mas, a grande realidade é que a natureza humana mudou muito pouco, embora revestida de mantos mais elegantes. Esta aí, explodindo em nossos rostos, o problema do Afeganistão, que, no fundo, não é diferente das guerras de conquistas do passado (os escravos é que mudam). Nem do ambiente esfumaçado e obscuro do Brasil onde uma pandemia exacerbou a luta pelo poder sem nenhum respeito ao sofrimento dos mais pobres. E me espanta ver que pessoas que pensam que pensam tomar partido numa luta que só tem como vítima a população brasileira. Talvez, de vez que o mundo não mudou na sua essência, o que tem de novo na antropofagia brasileira é que os limites da capacidade de analisar estão totalmente perdidos e a nossa dita elite se comporta com o apetite dos conquistadores antigos. Enfim, a ferocidade do passado não desapareceu. Agora desfila impune no palco político, no Facebook, no Whatsapp, na vida real com  a naturalidade com que os índios andavam nus e comiam os inimigos antes e durante os séculos iniciais da colonização.

Ilustração: http://revoluciomnibus.com/. 

 

domingo, agosto 01, 2021

A IMPRENSA BATEU NO ICEBERG DA VIRALIZAÇÃO


 

Que nós vivemos tempos em que se repetem os pensamentos, as notícias e as imagens sem análise não se trata de novidade nenhuma. O que mais me impressiona, porém, é a completa falta de noção que passou a dominar as redações dos denominados órgãos de imprensa, a grande imprensa em especial, as agências de notícias e os portais que dominam a veiculação das notícias. É comum, repetindo as palavras de Millôr Fernandes de que “Imprensa é oposição, o resto é secos e molhados”, que os jornalistas sejam oposição ao governo (embora a moda tenha se acentuado, agora, pois, passaram anos aplaudindo governos anteriores), porém, o que se pede de quem escreve para o público é, no mínimo, que procure, mesmo colocando sua posição, analisar os fatos e não ser explicitamente contra e, fortemente, partidário. Até aparece, e aqui não digo que não possa ter algum conteúdo de verdade, como chamada para um artigo a citação de que “em um ano, Bolsonaro emitiu mais de 1,6 afirmações falsas ou enganosas”. Convenhamos que o presidente pode, de fato, ter mentido, mas, a base para isto provém de onde? A resposta é de que vem de uma pouco conhecida entidade denominada de Artigo 19, aliás, que criou um Relatório Global de Expressão. Nada contra organizações assim, mas, em geral, apesar de possuírem pessoas com espirito público e, muitas, capacitadas, são direcionadas por um viés que é nitidamente anti-bolsonarista. Na maioria das vezes são pessoas ligadas às causas de direitos humanos, de defesa de minorias, do politicamente correto, ou seja, é quase como analisar o presidente sob a ótica dos lulistas! Também é preciso ver que grande parte da população não tem o menor interesse no que Bolsonaro diz ou deixa de dizer. Bem, mas, esta não é a questão, no fim, pois até mesmo a agência de notícias do governo federal quando anuncia os resultados de indicadores o que faz? Ressalta o aumento da inflação, quando, efetivamente, a notícia mais relevante é a de que o Produto Interno Bruto-PIB, a soma de tudo que se produz em bens e serviços no país, na previsão do mercado financeiro aumentou!!! Esta aí o nó da questão. A imprensa trata de assuntos de menor importância e é uma difusora permanente de más notícias. Todo dia reprisa o número de mortos, mas, não dá nenhuma atenção ao fato de que o país vacina quase três vezes mais, hoje, do que os Estados Unidos. Não dá a mínima para uma recuperação visível da economia que é o que interessa para nós, pobres mortais, que precisamos de renda para sobreviver. Que isto atue contra o governo Bolsonaro é ruim. Sob o ponto de vista econômico é péssimo por não contribuir para a estabilidade e a previsibilidade, contudo, este é um problema de Bolsonaro. O que me incomoda é que, como alguém que gosta de redação e da imprensa, é que as redações pareçam dominadas por robôs. Até parece que o que importa é ser contra, o que basta é criar polêmica, fazer a notícia ter ar de sensacionalismo-algo antes execrado no jornalismo marrom. Até os termos que usam são amadoristas. Nos estimulam a ver o que “viralizou”. Meu Deus! Viralizar não é ser importante, notável nem mesmo fundamental. É, nas mídias sociais, o que dá mais citações, mais likes! Penso que o jornalismo perde totalmente sua importância quando se pauta pelas redes sociais. Vira, efetivamente, um prisioneiro dos robôs e dos algoritmos. É de ser perguntar: para que manter pessoas nas redações se tudo está padronizado? Se não há bons jornalistas fazendo a escolha e a análise das matérias; se as notícias, as visões e as fotos são as mesmas, então, não é de espantar que os ouvintes/leitores estejam migrando para as redes sociais. A imprensa desta forma está se tornando irrelevante e, o que é mais grave, sendo vista, cada vez mais, como menos confiável.

Ilustração: Em alta.

 

segunda-feira, junho 07, 2021

O sol voltará a brilhar


A grande verdade- e isto se observa com o hiato entre os políticos e os seus representados, bem como pelo papel indigno da grande imprensa no momento atual- é que as pessoas sentem que os sistemas, que davam um direcionamento ao mundo, falharam. Quem, por exemplo, se sente representado por um Renan ou um Aziz? Quem concorda, por exemplo, com este movimento torpe contra a Copa América? E esta decepção se torna pior por vir acompanhada da percepção de que somos impotentes para mudá-los ou, pelo menos, consertá-los. Qual o significado que isto pode ter? Respostas irracionais como caos, autodestruição e desespero, quando, no curto prazo, não há respostas. Reclama-se, no Brasil, da vacina contra o coronavírus (até com a enganadora conversa de que se custou a comprar uma promessa), mas, se ignora que, certamente, fora de nosso país, que tomou as providências cabíveis, não haverá vacina para todos os que precisam, e querem. Não é uma questão de falta de tecnologia, nem de capacidade para atender- assim como não é a questão dos alimentos-é uma questão de poder e, isto é o que não se diz-poder somente muda com educação e informação-duas coisas que os donos do poder não desejam ver democratizadas. Quem sabe, quem tem informação, compreende que o comportamento vergonhoso da mídia nacional em relação ao governo nada tem de interesse público ou defesa de bandeiras. É só levantar a quem pertencem os conglomerados de mídia- famílias milionárias e políticos- para verificar que as políticas públicas atuais não atendem seus caixas nem seus interesses. Será que interessa saber que o governo Bolsonaro fez mais por saneamento e água limpa do que todos os outros deste século? Não. Não é de se esperar que as crianças brasileiras sejam prioridade para receber educação, comida decente, saneamento, água limpa e oportunidade de futuro. É de se esperar sim que surjam na imprensa as acusações de fascismo, de fanatismo contra milhões que vão as ruas em busca de um mundo melhor. Não se vê a imprensa cobrando (nem os políticos) que se faça um plano de emergência para a educação para extinguir a falta de escolaridade entre nós depois de dois anos, praticamente, sem escola. Embora se use os pobres, como Lula da Silva usou sem freios, ninguém se preocupa com eles. Bolsonaro é o maior exemplo da falência do sistema. Sua eleição, contra tudo que esta aí, e sua popularidade crescente, vem de que o sistema fraturou, quebrou. As pessoas não sonham com a irrealidade de um mundo igual para todos, mas, desejam o mínimo possível como renda, comida, remédios e liberdade. E tiveram suas rendas e vidas impactadas por medidas restritivas de suas liberdades e direitos. As camadas mais pobres (e que menos falam) foram as mais atingidas e sabem sim quem são os responsáveis por suas vidas terem sido atingidas brutalmente. Não precisam de CPIs para isto.  Agora, e as informações que circulam pelas redes sociais permitem isto-já não estão submetidas as versões únicas, que ainda tentam se impor e impor o retorno ao passado. Não há volta. Não que os Marinhos, os Jereissatis, os Collors, os Liras, os Gomes, os Magalhães vão deixar de ter poder, porém, não poderão mais impor suas vontades, como sempre fizeram. Atravessamos sim, uma época negra, escura mesmo, no entanto, há raios de sol no meio da escuridão. O Brasil é maior do que este sistema prá lá de medíocre e, contra todos os que torcem pelo quanto pior melhor, haveremos de ter tempos melhores. Os primeiros sinais de luz já são visíveis.

Ilustração: Segredo. 


quinta-feira, junho 03, 2021

O ATRASO VESTIDO DE PROGRESSISTA

 


O atraso sempre foi uma característica brasileira. E, convenhamos, não há nada demais em ser atrasado, quando sempre se foi assim. A questão, agora, talvez seja, que, com as mudanças do mundo, os atrasados se vestiram de progressistas e desejam que todo mundo pense igual a eles. Aliás, nem é pensar que não pensam, mas, sim que todos pensem igual a eles, que  não pensam. Estou quase mudando de opinião sobre a frase de efeito, muito boa e impactante por sinal, de Humberto Eco que escreveu “As redes sociais deram voz a uma multidão de imbecis”. No meu modo de entender isto jamais foi uma verdade. O que as redes sociais fazem é difundir a mediocridade, o que não é nada demais. Afinal é o resultado médio da sociedade. É, para o bem ou para o mal, o retrato momentâneo da educação e do nível do povo. Claro que macaco não olha para o rabo e, por isto, há uma disputa enorme por pregar no outro lado o que faz parte de ambos os lados: a intolerância, os fake news, a necessidade de culpar o outro e ganhar a discussão. Daí os tempos obscuros que vivemos: o tempo que deveria ser gasto em melhorar, em buscar conhecimentos, em aprender se escoa em discussões inúteis onde se procura vencer o outros com os argumentos notáveis do copia e cola. Até na discussão o pensamento é colonizado. Há, no momento, uma polarização do século passado, um comportamento do século passado que se encontra em voga como se não houvessem passados décadas da queda do Muro de Berlim. Embora ninguém saiba mais ao certo o que é esquerda  ou direita. Só Caetano Veloso é capaz de explicar, mas, dizendo que a esquerda é uma utopia que, na realidade, sempre foi catastrófica, mesmo assim nos exigem que voltemos ao passado e escolhamos um lado. Obrigatoriamente desejam que nos aliemos a um lado. Os notáveis não pensadores modernos não nos permitem viver sem ser engajados. Como se a vida não fosse muito mais que a política que, aliás, imemorialmente, sempre foi um lado ruim, podre mesmo da vida. Por que tenho de ter posições políticas? Quem me obriga a isto? Nasci num país onde o estado continua a ser pesado, uma cruz difícil de carregar, um fardo para o cidadão. Já tive lados e, na minha idade, aprendi, a duras penas, que se ganha- se querem usar o passado- a máquina do governo com a esquerda, porém, se governa com a direita. Foi assim com o burguês Lula da Silva, o operário dos ternos, vinhos e charutos de elite, está sendo assim com o impensável Bolsonaro, será assim com qualquer outro que vier. E, pior ainda, se pegarmos o rumo da Argentina. É risível que os progressistas brasileiros, os que se dizem progressistas, defendam mais governo, critiquem privatização, defendam o descalabro das contas públicas, aplaudam a bagunça das regras, como se desenvolvimento não fosse mais respeito as normas. Como se democracia não fosse respeitar a opinião dos outros. É o atraso, vestido de progresso, que, por exemplo, critica Juliana Paes por ter opinião e não embarcar, cegamente, como fazem muitos, na base de Maria vai com as outras, em que é indispensável criticar o governo por não ser de esquerda. Todo governo é de direita. Progresso é procurar formas de impedir que os governos interfiram tanto nas nossas vidas. O grande atraso da esquerda brasileira é que continua no século passado, apesar de usar mídias sociais, computadores e celulares. Perdeu o bonde do tempo se apropriando de tudo que era possível até dos panelaços, que viraram sons de panelinhas. Bolsonaro, apesar deles, pelo menos, aponta para a futuro, para  a direção certa, precisamos é de mais liberdade, empreendedorismo e educação.

segunda-feira, maio 24, 2021

O EXPERIMENTO SEM FUTURO DOS APRENDIZES DE FEITIÇEIRO

 


Os tempos atuais são tempos muito difíceis em razão de que a verdade e o bom senso estão sendo jogados na lata de lixo sem o menor escrúpulo. É evidente que há dois bandos de alucinados disputando espaço na mídia com a única (e incoerente) ambição de tentar convencer os outros de qualquer forma de sua verdade. São, mais ou menos, como os crentes que insistem em querer fazer os agnósticos serem salvos pela força de sua insistência, rezas e discursos repetidos. O grande problema, de todas as coisas deste tipo, é que, apesar do baixo nível de educação, as pessoas costumam fazer o que lhes dá na cabeça e seguir os líderes que queiram. Seja alguém preparado, ou não; com capacidade, ou não, de resolver os problemas; com propensão, ou não, para estadista; falastrão, ou não. A questão é que, contra os quereres de uma parte do que se pensa a inteligência nacional, o povo embicou para o outro lado. E para tentar mudar o rumo da disparada parece que estão usando de tudo que é possível. Acontece que a manipulação só se torna possível quando tem traços de realidade. Os exemplos são claros, e não me proponho a participar desta disputa tresloucada de versões, porém, é indiscutível que a mídia e as pesquisas, por exemplo, estão muito longe de exercer o seu papel que seria de refletir e analisar a realidade. A mídia é um caso muito mais complexo por sua composição multidiferenciada, mas, no seu todo, somente tem tido um papel vergonhoso de difundir a versão que lhe interessa de todos os fatos. A atenção dada a fatos irrelevantes, mas, espetaculares, sob o ponto de vista de tentar reforçar seus interesses, tem nos proporcionado a elevação de personagens de terceira ou quarta classe ao centro do palco quando nem mereciam estar sob as luzes. São escolhas que tornam a grande imprensa, principalmente, cada vez mais irrelevante na medida em que se dissocia da realidade e dos interesses de seus leitores. Há um enorme negacionismo em quem acusa os outros de negacionista, pois, insistem, em negar a realidade dos fatos. Basta ver, nos exemplos recentes de pesquisas de opinião, que se deixou de lado as pesquisas, no sentido de buscar, efetivamente, a opinião pública para uma versão socialmente nefasta de escolher amostras seletivamente, de modo que não se procura mais verificar o que o público pensa, mas, determinar sua opinião. Ou seja, deixaram de ser pesquisas para serem ferramentas de tentativas de formar a opinião pública. O filósofo Habermas já dizia que “Não pode haver intelectuais se não há leitores”. Agora, se pretende fazer eleição sem eleitores e líderes sem votos contra uma população que deseja comércio aberto, renda, empregos e liberdade. E, mais do que isto, aprendeu que ao povoar as ruas faz diferença. É um experimento de manipulação que não tem como dar certo.

domingo, maio 02, 2021

A TRAGÉDIA DA VACINA

 


A Covid é uma catástrofe? Claro que é quando se vê o que acontece  na Índia, no Peru, na África do Sul e no México, talvez, na  Argentina ou na Indonésia. Não no Brasil, como artificialmente se propaga, embora a questão seja grave, mas, dentro dos limites esperados. Sim a Covid está se tornando uma tragédia global, uma catástrofe de proporções imensas. E também é verdade que todos os países estão despreparados para epidemias similares. É a amarga verdade. Não sabemos os chineses-onde não há nenhuma transparência- mas a catástrofe que o mundo está sofrendo com a covid mostra que o mundo ocidental é muito mais despreparado e desigual do que se pensava. São os mais pobres as grandes vitimas de toda esta tragédia seja em que país for. E, em muitos deles, a falta de preparo, em especial político, acrescentou aos problemas da doença o peso das medidas restritivas que aumentaram enormemente a pobreza. Também, não se pode esconder a realidade- é que os países mais pobres não tem como obter vacinas. E, sem vacinas, é previsível que venham uma segunda e uma terceira onda. É o que ocorre na Índia, por exemplo, ou no México. Estes países, seus governos, podem ter cometidos muitos erros, porém, há uma realidade inescapável, que é a de que nenhum governante é Deus. Não podem; ninguém sabe como impedir a morte. E a epidemia leva uma quantidade previsível de pessoas, independente das medidas tomadas, dependendo das condições e do sucesso de políticas públicas, o que depende também do grau de educação da população. E, em casos como o do México, com centros populacionais muito densos, o vírus tende a se espalhar com mais rapidez. No entanto, há um fator mais danoso ainda: os países mais pobres não tem como obter vacinas. Por quê? Aqui entra em cena os interesses financeiros dos países mais desenvolvidos que, certamente, causarão milhões de mortes. É de conhecimento público que  o Canadá e os Estados Unidos bloquearam as renúncias de direitos de drogas na OMC para as vacinas do covid. Isto limita a muito a produção que, se o código fosse aberto, poderiam ser produzidas em muitos locais. De fato entregaram quase um monopólio para o Serum Institute of India, um grande produtor que pode abastecer cerca de metade do globo, ou seja, algo como 4 bilhões de pessoas. Há toda uma história complicada em torno disto, mas, o fato é que metade do mundo espera vacinas de  um instituto na Índia. É de espantar que não existam vacinas suficientes? Grande parte dos contratos que foram feitos, no mundo inteiro, são promessas de vacinas. E, com no estágio em que se encontra a Índia, que não tem doses nem para eles mesmo, o que se pode esperar? A verdadeira tragédia é que, se não há vacinas suficientes, se deve ao bloqueio do acesso às patentes de vacinas na OMC, que, em nome das grandes empresas farmacêuticas, criou a escassez de vacinas. Onde o bom velhinho Joe Biden ou Justin Trudeau e tantos outros “bons” dirigentes entram nisto? Estes bons homens sabem do que acontece e fazem de conta que não é problema deles. Talvez por egoísmo, que aliás pode custar caro com um mundo tão interconectado, mas, nada fazem para vacinar o mundo, que seria a atitude decente a ser feita. Afinal quanto mais tempo se leva mais são as chances de novas variantes, novas mutações, que se espalharão, o que poderá tornar a pandemia incontrolável. Falam sempre mal do capitalismo. Mas, o capitalismo é feito pelos homens. Não foi o capitalismo que privatizou um bem público. Em outras palavras, os países pobres estão pagando pelas vacinas preços muito mais altos do que os ricos e, muito mais ainda, em termos de vida. As vacinas, originalmente, foram bens públicos, criados para serem compartilhados, porém, agora o mundo não está recebendo vacinas porque transformaram a pandemia num negócio. E, não se enganem, esta situação é fruto de um conluio de governantes de países desenvolvidos com os detentores de grandes fortunas. Não se enganem há muitas fortunas sendo feitas com o infortúnio de milhões de pessoas. E aqui, no Brasil, estas vergonhosas medidas restritivas são também provenientes de interesses políticos e financeiros escusos. A tragédia do coronavírus não veio sozinha. 

Ilustração: Guia do Estudante. 

sábado, março 06, 2021

EM BUSCA DE NOVOS CAMINHOS PARA O JORNALISMO IMPRESCINDÍVEL

Apesar de considerar o jornalismo um meio imprescindível para a sociedade, nos últimos tempos, devo dizer que a imprensa tem sido lastimável. Em especial a grande imprensa tanto a escrita, quanto a televisada e até mesmo a de mídias sociais. Tem se prestado mais para a desinformação no que se faz sobre a pandemia com a adoção incondicional do lado antissocial e ditatorial do lockdown sem que, a rigor, existam justificações plausíveis para isto. São evidentes as concessões do jornalismo aos interesses econômicos, políticos e, até mesmo, falseando ou omitindo o evidente descontentamento das pessoas com as medidas públicas contra as restrições às suas atividades econômicas e suas liberdades. No Brasil, principalmente,  são feitas matérias vergonhosas e sem fundamento  sem o menor pudor. E a imprensa escrita, quem mais perdeu poder, perde também a oportunidade de buscar novos caminhos para seu negócio, de tentar um novo formato que lhe dê sustentabilidade. E isto é muito possível. O comprova, recentemente, o caso da jornalista Sinead Boucher, que, em plena a crise, virou, no ano passado, dona de jornal Stuff, na Nova Zelândia, que, para desespero dos que falam sobre os preços das privatizações, comprou o jornal por apenas US$ 1 dólar, valor simbólico. É. Uma empresa que possuía uma tradição com mais de 400 funcionários como não equilibrava as contas foi entregue de mão beijada para sua dirigente. Só governos que aguentam prejuízos em empresas. Empresários se livram de qualquer forma do que dói no bolso. Boucher afirmou que comprou a empresa porque “era melhor do que não fazer nada”. Com uma equipe que aceitou fazer um corte de 15% nos salários partiu para lançar um programa de contribuições dos leitores, fez um pedido de desculpas pela cobertura histórica em relação a minorias e, surpreendentemente, para quem precisava desesperadamente de recursos, abriu mão do tráfego e da receita gerada pelo Facebook (o jornal tinha na plataforma quase 1 milhão de seguidores, e mais 134 mil no Instagram). A razão principal foi porque o Facebook transmitiu ao vivo um ataque terrorista a uma mesquita na cidade neozelandesa de Christchurch. O Stuff considerou “profundamente insatisfatória” a resposta da gigante digital ao caso que chocou o mundo e desistiu de apoiar a plataforma que fez exposição pública da violência. Para Boucher, o mais importante é levar informação de qualidade e confiável em especial para as populações mais pobres. Também reconhece que o Stuff é privilegiado e pode fazer esta experiência por estar num país pequeno e  contar com uma forte presença digital, o que permitiu seu sucesso ao sair do Facebook, todavia, encorajou outros meios de comunicação a deixar as plataformas, pois, os prejuízos podem ser menores do que parecem à primeira vista. Segundo ela, os ganhos são muito maiores porque essas plataformas gigantes impõem suas normas e quando não se depende delas se ganha um enorme apoio do público, maior confiança e a equipe de redação fica muito mais feliz por não estar mais sendo submetida às restrições indisciplinadas, por exemplo, do Facebook. Pode ser até que a experiência não seja repetível, porém, é ousada e demonstra que é possível para o jornalismo se manter com boa qualidade mesmo nesses tempos onde parece só subsistir o jornalismo de repetição e copia e cola. Quem sabe não surjam novos exemplos de busca do jornalismo imprescindível, o que busca informar, analisar e mostrar os lados da questão para que o leitor tire suas próprias conclusões.

 


domingo, fevereiro 28, 2021

UM CAMPEONATO IRREGULAR

 


Acabou o campeonato brasileiro com o Flamengo, na última rodada, se sagrando campeão. Mereceu o título? Há os que vão dizer que não, porém, a verdade é que mereceu sim. Não foi o Flamengo do ano passado que fez 90 pontos ficando, com muita folga, na frente do segundo colocado porque, é forçoso dizer, não contou com duas coisas fundamentais: 1) um elenco melhor e 2) o apoio da torcida. O que não se conta da grande diferença em relação ao ano passado é que Jorge Jesus teve o apoio da torcida do Flamengo no Maracanã e fora dele. E isto faz sim muita diferença. Também saíram peças fundamentais do time Pablo Mari e Rafinha fizeram uma falta enorme. No gol também a falta da presença de Diego Alves, peça fundamental no ano passado, foi sentida e muitos dos jogadores, que foram estrelas de 2019, estiveram bem abaixo do seu potencial por problemas, entre os quais contusões. Este campeonato caiu no colo do Flamengo num final cinematográfico. Rogério Ceni, um ícone do São Paulo, precisava ganhar de seu time de carreira e do coração para ser campeão. E perdeu, mas, ganhou o campeonato. Foi, de fato, um filme de final infeliz que, contra a vontade do diretor e do roteirista, na última hora, para ter bilheteria, o dono dos estúdios transformou num final feliz. Estava, porém, escrito nas profecias perdidas de Nostradamus que seria assim sofrido, suado, penoso até o último minuto. Ceni veio para o Flamengo como uma solução barata e salvadora. E se diz que é teimoso e turrão. Deve-se dizer também que tem muita sorte, o que é essencial para obter grandes vitórias. Ao contrário de Jesus ele não teve como contratar ninguém. Não conseguiu fazer o que fez no Fortaleza, por exemplo, que montou um time do seu jeito. Mas, não se pode negar, que, apesar dos tropeços, montou um time que joga para a frente e é competitivo. Reclamam que ele quer ensinar os jogadores a chutar, mas, desde Zico não se sabe mais mesmo chutar direito. Ceni fez o melhor que podia com um time ao qual faltam peças essenciais. E num campeonato muito mais difícil. Seja pela pandemia, seja pela falta das torcidas, seja por todos os times estarem num nível muito próximo, seja porque este campeonato não teve um time que fosse regular. O Internacional andou perto, mas, faltava ao time de Abel o poder de decisão que o Flamengo tem. O Flamengo teve um saldo de gols menor que o Internacional, mas, teve um ataque mais positivo e uma vitória e uma derrota a mais. Um ponto de diferença e se fosse igual a vitória valeria mais. Se o Inter teve conjunto por mais tempo faltaarm gols essenciais na reta final. Quem poderia merecer mais do que o Flamengo? Não o Atlético Mineiro, muito irregular também, nem o São Paulo, que, em certo momento, parecia o campeão. Faltou, porém, ao time de Diniz o que Ceni conseguiu: fazer o time atacar com uma defesa forte. O Palmeiras, que teve quase a defesa menos vazada (37), um a menos que o grande destaque como difícil de levar gols, o Atlético Paranaense, também se caracterizou por uma temporada muito irregular por circunstâncias que não cabe discutir. Há a questão do VAR muitos alegarão. Melhor dizer: vá tomar banho. O problema é que complicaram as regras e os juízes são fracos. Erraram para todos os lados. Mesmo assim foi um grande campeonato. E o Flamengo foi campeão, com todos os méritos, quando derrotou o Internacional.

sábado, fevereiro 06, 2021

A NOTÍCIA COM MAIS OPINIÃO FAZ 16 ANOS

 


Certamente no Brasil, e na Amazônia, uma empresa sobreviver, ultrapassar os cinco anos, é uma raridade. Basta ver as estatísticas de mortalidade que mostram que, no mínimo, 60% delas fecham até o terceiro ano. E, mesmo quando ultrapassam os cinco, muitas não chegam aos dez anos. Então, uma empresa chegar aos dezesseis anos em Rondônia, de fato, merece comemoração. Ainda mais num ramo tão complicado quanto é, mais do que nunca, o das comunicações. Refiro-me, é evidente, aos 16 anos do site “Gente de Opinião”, um site de notícias que surgiu, a partir da visão de que a verdade tem muitas facetas, depende muito do olhar, da história de quem analisa. Assim, o site nasceu com o objetivo de dar espaço a todas as visões, praticar o que, para muitos, é o verdadeiro jornalismo: fornecer um leque de opiniões, de análises. Na verdade, não sei muito de sua fundação. A proliferação de sites de notícias é um fenômeno que mereceria uma pesquisa no nosso Estado, talvez oriunda de que, por suas particularidades, depois que a imprensa impressa se desmanchou houve, como que, um enorme vazio de notícias locais (o que, em todos os municípios ainda hoje ocorre). Houve, e ainda há, porque somos pautados pelo lado econômico, a ausência de uma forma de ganhar dinheiro com a notícia. Esvaziaram-se as redações, morreram as reportagens de ruas, e, por assim dizer, o importante trabalho de repórter. De fato, os repórteres, no sentido antigo, de farejadores da notícia, morreram. De um lado porque, com o alto custo de manter uma redação, não se mantém mais repórteres. De outro porque, efetivamente, a notícia, o furo, a antecipação quase não é mais possível por conta da internet (o que não é verdade, mas, é a versão que venceu). Este fato ampliou a importância da análise, de vez que as notícias foram pasteurizadas, são quase as mesmas em todos os locais, o que dá a sensação de em qualquer canto que se for as notícias são provenientes da mesma fonte. Uma das razões do sucesso do Gente de Opinião, fora seus bons colunistas, seus vídeos de qualidade, sua diversidade, é ter ocupado este espaço de ser uma tribuna da liberdade. Não é à-toa que se conserva, ganha prêmios e confiabilidade. De fato, o Gente de Opinião torna a notícia, os fatos, o que eles de fato são, uma visão possível do que acontece que deve ser interpretada por quem lê. É um mérito que vem desd’o tempo que conheci o site, com o Paulinho Correa, de saudosa memória, nem sabia que o Chico Lemos, que conhecia mais como um técnico competente, nem o Luka Ribeiro, que sempre foi um mestre do vídeo, e foi quem carregaria o piano pelo tempo afora, também participavam de sua criação. Isto, hoje, é coisa do passado. O presente são estes 16 anos que confirmam o sucesso de um site destinado a ter uma presença marcante no nosso Estado. Parabéns aos que fizeram, e fazem, o Gente de Opinião. Que continue sua trajetória de ser um farol de análises e de visões sobre Rondônia e o Brasil.

 

segunda-feira, janeiro 18, 2021

MIREM-SE NO EXEMPLO DO RIVER PLATE

 


Meus amigos, estava escrito nas tábuas mais imemoriais que o Palmeiras chegaria na final da Libertadores mesmo sendo um castigo para um time, como o River Plate, que, sem dúvida, é o time mais consistente da América do Sul. Só isto explica que tenha levado três gols dentro de casa e, fora, não tenha revertido o placar. Havia uma predestinação implacável sobre uma equipe que jogou para honrar o bom futebol buscando o gol sempre. E, na única vez que deu oportunidade, teve o azar de tudo dar errado. O técnico do Palmeiras, que parece repetir a sorte de Jorge Jesus, a sorte dos técnicos portugueses, não teve a coragem de um Diniz de mandar o time para cima para fazer 4 ou 5 no primeiro jogo. O resultado é que pagou com um imenso sofrimento,  no segundo jogo, onde o River Plate foi absoluto. Comandou o jogo mesmo quando tinha um a menos como se estivesse passeando em campo. E o Palmeiras teve a sorte de, o que tem sido raro, em três oportunidades o VAR decidir com uma precisão impecável. Na anulação do gol, sinceramente, só mesmo a revisão de imagem poderia pegar o impedimento que houve. Qualquer juiz, por melhor que fosse, poderia comer mosca sem nenhum constrangimento. O certo é que o time de Gallardo mostrou que faz o que se espera que um grande time faça: tenha personalidade, jogue para frente, desejando ganhar, com gana e vontade. A rigor o River Plate perdeu duas Libertadores por puro azar. A que perdeu para o Flamengo, onde também dominou amplamente, porém, foi castigado por dois lampejos de talento do time rubro-negro e a eliminação de ontem, sem a menor dúvida, uma grande injustiça com um time que, perdendo ou ganhando, demonstra ter força, ter um jogo coletivo, ser um grande time. É verdade que isto não acontece por acaso Que Marcelo Gallardo é um grande técnico é uma realidade, mas, deve-se levar em conta que comanda o River Plate faz muito tempo. Mesmo perdendo jogadores, como acontece com todos os grandes times sul-americanos, tem tido como remontar sua equipe e criou um estilo de jogo consistente e agressivo. Em nenhum momento, nos dois jogos, o time perdeu seu foco, deixou de jogar, de propor jogo, de procurar o gol. Aqui o nosso reconhecimento à qualidade incontestável do River Plate, mas, também a um outro grande técnico português: Jesualdo Ferreira, que disse, com toda razão, que, no Brasil, os técnicos não preparam equipes. Eles precisam entregar resultados antes de ter tempo para criar um  time. Nós, por esta razão, não temos, no cenário brasileiro, um grande time, que jogue coletivamente. Aliás, técnicos, como um Lisca, como um Mancini, como um Guto Ferreira, Diniz, Tiago Nunes, e até mesmo Rogèrio Ceni são muito capazes, no entanto, precisam de tempo para trabalhar. E tempo é o que não se dá para que montem uma equipe. Fez muito bem o Abel quando foi abraçar Gallardo. Tirou o chapéu para um técnico competente que teve tempo para montar um grande time. E é impossível, para quem entende e gosta de futebol, não gostar de ver o River Plate jogar. Que possamos nos espelhar no seu exemplo e poder ver, como tivemos oportunidade de ver, um grande time jogando. É preciso mudar o comportamento das direções dos times brasileiros e dar tempo aos técnicos de montar equipes. Perder ou ganhar é uma questão de acaso. Criar um grande time, como o River Plate, é uma decisão de rumo e de planejamento.