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quarta-feira, novembro 29, 2023

HUMANE AÍ: O FUTURO BATENDO NA SUA PORTA

 


Como se sabe muito bem o mundo da Inteligência Artificial é repleto de segredos (até porque os profissionais que trabalham para as grandes Big Techs assinam contratos de confidencialidade) e, faz algum tempo, circularam rumores de que haviam projetos em andamento para substituir os celulares. Sempre houve muita especulação sobre isto, mas agora um passo real foi dado com a empresa Humane lançando um dispositivo alimentado por IA: o Ai Pin. É um dispositivo que funciona por comando de voz e pode se dividir em dois: um quadrado e uma bateria que se prende magneticamente às roupas e outras superfícies com um peso total de 54 gramas. Sua principal função, conforme comunicado da Humane, é conectar-se a modelos de IA por meio de um software que a empresa chama de AI Mic e, segundo divulgado, possui compatibilidade com modelos da Microsoft e OpenAI (ChatGPT). Informações não oficias sugerem que o novo Pin está sendo alimentado principalmente por GPT-4. O aparelho roda um sistema operacional chamado Cosmos e atende os comandos do usuário sem precisar baixar e instalar aplicativos. O fato inesperado é que não possui tela, porém pode serem feitas projeções na palma da mão das pessoas e uma utilidade que parece introduzir um mundo novo (e fantástico) para o turismo é a capacidade do dispositivo de traduzir de imediato as palavras, ou seja, se alguém, por exemplo, dizer alguma coisa em japonês pode-se entender em inglês e responder na mesma língua de quem fez a pergunta! Sem ter uma tela inicial, nem muitas configurações para ajustar, é necessário simplesmente falar ou tocar no Pin, dizer o que se deseja fazer ou saber, e isto acontece automaticamente. É ainda muito cedo para se ter uma noção do que a novidade traz de revolucionário, no entanto fica evidente que, como se trata de um primeiro protótipo, já é um avanço não se precisar, como o celular, de manuseio, bem como a capacidade que possui para enviar mensagens e fazer chamadas de voz, resumir sua caixa de entrada de e-mail, obter informações nutricionais quando o usuário aponta algum alimento para a câmera ou do próprio usuário, bem como fazer tradução e buscas em tempo real. Como todo dispositivo novo ainda deve ser aperfeiçoado e também o custo é alto. A novidade apresentada na quinta-feira (9 de novembro) custará US$ 699,00 no varejo americano (cerca de R$ 3,4 mil na cotação atual), mas para o Brasil é preciso acrescentar os impostos, o que deve chegar na casa do R$ 6.500,00! E há também uma taxa mensal de assinatura de US$ 24,00 que oferece um número de telefone e cobertura de dados através da rede da operadora T-Mobile. Não dá para não ter atenção sobre o novo dispositivo, de vez que, antecipando-se ao que novidade irá ter no futuro, o  próprio Bill Gates escreveu que “Nos próximos cinco anos, você não precisará usar aplicativos diferentes para tarefas diferentes. Você simplesmente dirá ao seu dispositivo o que deseja fazer”, sobre o impacto da IA ​​em dispositivos. Como afirma a imprensa especializada o dispositivo busca trazer a computação para a experiência humana. Com uma câmera de 13 MP, GPS, conexão de celular, acelerômetro, sensor de luz, microfone, alto-falante, miniprojetor para comunicação visual e bateria magnética, seu forte é a assistência onipresente da IA via ChatGPT na sua vida. E dispensando um painel de vidro , um fone de ouvido XR ou o uso de outros meios para suas funcionalidades. Será o novo assistente virtual de sua vida real.

 

quarta-feira, novembro 08, 2023

UMA HISTÓRIA ANTIGA DO MUNDO ATUAL

 


A constatação é histórica: o Brasil sempre lidou muito mal com a questão fiscal. Basta pensar na Inconfidência Mineira, um movimento de revolta ocorrido no século XVIII, devido à insatisfação de membros da elite da capitania de Minas Gerais com os altos impostos e taxas da Coroa Portuguesa. De lá para cá a história nada tem de diferente, exceto o Plano Real, que tem sido responsável por impedir os surtos inflacionários, mas sempre sob ameaça do desequilíbrio fiscal. Principalmente porque a Constituição de 1988, instituindo os orçamentos autônomos dos Poderes e a elevação das vinculações de receita e da partilha de tributos com os entes subnacionais e ao expandir as concessões e emendas parlamentares, desvirtuaram o arcabouço fiscal, favorecendo a corrupção.  Os sucessivos governos jamais se preocuparam em criar uma lei das finanças públicas e o que se tem visto é o aumento constante dos gastos públicos lastreados no aumento dos impostos. É muito mais fácil para os dirigentes de plantão, e diga-se de passagem, com a cumplicidade dos parlamentares, aumentar os impostos do que exigir que os governantes façam seu dever de casa e controlem as despesas. Porém, o que se observa, o que se constata é a falta de compromisso com o controle dos gastos públicos, a falta de gestão, de indicadores e de políticas reguladoras da ação pública. O Brasil, por mais que as propagandas exaltem a qualidade dos seus governos, não fica bem no retrato. Possui uma tendência incontrolável de aumentar a carga tributária, por mais que se exalte a necessidade de simplificar a legislação e diminuir os impostos. Daí, o que temos, de fato, é o uso e abuso dos recursos do Estado pelo patrimonialismo e o corporativismo dos agentes políticos que, apesar de terem mandatos, somente cuidam dos próprios interesses. Esta reforma tributária em curso é a comprovação de tudo isto. Feita para simplificar será o inferno astral dos contribuintes, e uma fonte permanente de judicialização, na medida em que, por longo tempo, conviverão dois regimes fiscais. E, efetivamente, nada se pode dizer de concreto-até porque toda hora surge uma novidade no texto-sobre os seus impactos, exceto que não detém a escalada de gasto público que já está sobrecarregando a política de juros e levando o governo a uma corrida desesperada por novas receitas para isto até abusando dos órgãos arrecadatórios para desmamar o contribuinte. Não há teto de gastos que se aguente nem arcabouço fiscal. A grande realidade é que nuvens negras se avolumam sobre o próximo ano a partir de uma guerra fiscal antecipada estimulada pelo governo federal, que foi o aumento das alíquotas do ICMS dos estados. É uma corrida desenfreada para não mudar nada. Se todo mundo aumenta suas alíquotas só quem perde é o consumidor. E os estados mais pobres que ficam na mesma e não lutam pelo que deveriam lutar de fato: compensações pelas desigualdades regionais. Para a questão fiscal não existe solução fora de disciplinar os gastos públicos, mas, no Brasil, a lógica é sempre relegada a segundo plano quando se trata dos interesses de uma elite que usa o estado apenas para seus próprios interesses.