Como em muitos outros
setores, os esportes sofrem da mesma doença do país: com uma agenda antiga e
conhecida se avança muito pouco em relação à solução dos seus problemas. E como,
quando agora nas Olimpíadas de Londres, repetem-se os fracassos nas competições
culpa-se, injustamente, aqueles que, contra todas as expectativas, ainda
conseguem, bem ou mal, representar nosso país. A grande realidade é que muito
pouco se tem feito em relação às mudanças necessárias na gestão dos esportes do
país, na criação de uma política efetiva de seu desenvolvimento. Apesar da existência
de um pomposo Ministério, a partir de 2003, num lance de marketing do
presidente Lula da Silva, se avançou muito pouco numa mudança das estruturas
arcaicas que regem os esportes e na formulação e implementação de uma política
governamental para o setor.
O foco do Ministério
dos esportes tem sido a acomodação e a espetacularização das atividades
esportivas. O que temos assistido mesmo é o gasto de energia e o esforço do
Ministério dirigido para, junto aos organismos multilaterais do esporte, tornar
o Brasil sede de competições. E, com o êxito obtido neste intento, vamos realizar a Copa do Mundo de Futebol em 2014 e
as Olimpíadas em 2016 no Rio de Janeiro. E enquanto se comprometeu já uma
grande massa de recursos públicos que vão sendo desperdiçados com suntuosos
monumentos em construção para esses megaeventos, que são instrumentos para as
práticas dos esportes, não se aplica os recursos necessários em projetos de formação de atletas que dariam
muito maior retorno social.
A verdade incontestável
é que os responsáveis que se sucederam no comando do Ministério não conseguiram mudar a cara e a estrutura da
política governamental do esporte. Na prática, pode-se afirmar que quase nada
fizeram para popularizar e enraizar as atividades no tecido social, principalmente,
incentivando os esportes nas escolas e comunidades que seria a forma mais
simples e prática de desenvolvimento do que é salutar para um país. E, como é
de se esperar, sem apoio, somente vicejam um ou outro talento por esforço
próprio ou os esportes que se fortalecem como espaço mercantil, o
“sportbusiness”.
É evidente que sem
centros esportivos, sem a inclusão dos esportes nas escolas e comunidades, sem
a formação de atletas, sem políticas públicas, o que se pode esperar é o
resultado que se observa, agora, nas atuais olimpíadas. Somente com a generalização
da prática esportiva, que representa melhoria das condições de vida para a
maioria da população, derivada da democratização do acesso à prática esportiva,
poderemos ser, efetivamente, uma potência nas olimpíadas. O vácuo da ausência
de uma política pública, que resulta em alternativas individualistas e
privatizantes da prática esportiva, torna o nosso esporte uma mercadoria cara e
inacessível para a população pobre, daí, que se nada for feito para serem
mudadas as nossas práticas, continuaremos a ter os mesmos pobres resultados nas
próximas olimpíadas e teremos que assistir, em casa, a repetição dos fracassos
atuais.