Nesta semana o Sebrae
de Rondônia concluiu o “Diagnóstico do Agronegócio do Leite e Derivados do
Estado de Rondônia”, resultado de um convênio com a Secretária de Agricultura do Estado de
Rondônia, SEAGRI-RO, que atualiza um trabalho anterior de 2002, com uma nova
versão onde traz informações de relevância sobre o rebanho bovino, a produção,
consumo, beneficiamento e a importância social do leite para os produtores de
Rondônia. Na entrega do documento, que aconteceu no auditório do Sebrae, o
professor e técnico da Embrapa, Lorildo Aldo Stock, fez uma excelente palestra
onde destacou a necessidade de se cuidar da cadeia, de se ter boas informações
e se criar uma política sólida de longo prazo. Destacando que, em Rondônia,
como no Brasil, a pecuária leiteira ainda seja uma atividade de sobrevivência
sua sustentabilidade depende de um tamanho mínimo da propriedade, do número de
vacas e de um ambiente favorável onde exista uma intervenção estratégica para
viabilizar o setor.
Contextualizando a
produção do estado no Brasil e no mundo, o professor Stock ressaltou que, hoje,
em dia qualquer que seja a atividade agropecuária, e a do leite em especial que
se caracteriza por oscilações, em média, de dois anos ruins para um ano bom,
não se pode perder de vista o panorama internacional, com seus parâmetros,
tamanho e produtividade, que influenciam na formação dos preços. Neste sentido,
por exemplo, mostrou que, apesar dos produtores reclamarem da importação, esta
se dá apenas de forma complementar, mas, que os problemas que temos derivam de
que nossos custos estão acima dos custos internacionais, daí, a nossa
incapacidade de exportar. Também a exploração da pecuária leiteira no Brasil é
desenvolvida de diversas formas, muitas vezes de maneira rústica e em pequenas
propriedades, mas, são os empreendimentos maiores que são mais rentáveis e
responsáveis pela maior parte da produção, ou seja, os estabelecimentos que
possuem acima de cem vacas. Em Rondônia, as propriedades acima de 70 vacas são
as que apresentam mais rentabilidade e a produtividade média está em torno de
10 litros/dia por vaca. Segundo informou isto não chega a ser um problema, na
medida em que o modo como se criam as vacas no estado não permitiria vacas de
alta rentabilidade leiteira que são mais sensíveis ao clima e ao tratamento,
mas, o problema é que, para dar rentabilidade ao setor se faz necessário que se
aumente o número de vacas, acima das 70, para valer à pena o recolhimento do
leite. Outro problema sério é o da
questão da qualidade e do aproveitamento. Segundo o estudo constata existe
mesmo uma capacidade ociosa na indústria láctea estadual. Assim a questão de
fortalecer a cadeia, de aumentar a produção, a produtividade e agregar valor ao
leite se torna crucial para que o setor se consolide.
O agronegócio do leite
e seus derivados, mesmo com todos os problemas existentes, pesa muito na
economia do Estado por ocupar cerca de 100 mil pessoas nas propriedades rurais,
que se constatou ter cerca de 38.000 estabelecimentos, afora um contingente
acima de 5 mil pessoas que trabalham no setor industrial. Assim é preciso que
haja uma conscientização da necessidade de um trabalho conjunto e organizado
que crie uma agenda para o agronegócio do leite no longo prazo e se tome as
medidas necessárias para organizar e beneficiar a produção. Com o diagnóstico,
com informações atuais, se tem, agora, uma grande oportunidade de arregimentar
os interessados e fortalecer a cadeia do leite e de seus derivados.