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terça-feira, março 29, 2011

Em prol da verdadeira Justiça


Confesso que, depois de ter estado sempre nadando contra a corrente, embora tenham achincalhado tanto a palavra cansei, e desmoralizado a indignação, ainda resta em mim um espírito inquieto, incapaz de calar diante das injustiças, em especial as aparentemente pequenas, mas, que são as crueldades legais do cotidiano, muitas vezes, embasadas em atos ditos legais que, todavia, são imorais e indefensáveis, notadamente, quando partido do governo que, em tese, deveria ser o grande defensor dos oprimidos, o criador de benefícios e não o carrasco das pessoas.
Saio da minha zona de conforto, da minha certeza que o absurdo está tão banalizado que não vale a pena lutar, por causa do que se faz, silenciosa, impiedosa e paulatinamente com o dono de banca de jornal Pedro Oliveira. Ele é meu amigo. É. Já foi mais, pois, no passado freqüentei durante, pelo menos, uns dez anos sua banca, instalada ali em frente ao Supermercado Irmãos Gonçalves a um tempo imemorial, mais de 25 anos, com certeza. Aquela banca tem sido, ao longo do tempo, seu local de trabalho, um local de encontro e de amizades, uma fonte de sustento de sua família e, não sei se ainda, também do seu irmão. Para meu espanto soube, agora, que será despejado sumariamente.
Ser meu amigo, é um privilegio que me dá, ele que sempre foi um trabalhador correto, um lutador, um homem simples e também profundamente humano. A minha indignação, porém, seria a mesma com qualquer outro na mesma situação. Afinal qual o grande problema de ter seu negócio ali? Segundo o Dnit-Departamento Nacional de Infarestrutura de Transportes, que aparece nesta história de carona, de vez que ali sempre foi uma área urbana, a banca terá que sair de lá por causa do Código de Posturas do Município-Lei Complementar 393, de 19 de julho de 2010. Um absurdo. A lei, pelo pouco conhecimento jurídico que tenho, não pode regridir para prejudicar as situações fáticas existentes e o DNIT, o atual algoz de Pedro, jamais deveria estar praticando tamanha injustiça na área central da cidade. Seu lugar é cuidando de tapar os buracos, de melhorar a sinalização, criar pontes e impedir a guerra do trânsito nas estradas.
Lamento, hoje, não ter me formado em Direito. Seria o tipo do caso que me seduziria, que iria brigar pela causa por paixão. Como não sou advogado só me resta apelar para o bom-senso das autoridades que tratam do caso. Olhem os direitos do Pedro Oliveira, tratem a questão com o olhar real da justiça, que deve ser o de beneficiar as pessoas. Pode até ser legal retirar o Pedro de lá, o que duvido, mas, que é uma grande imoralidade, de uma hora para a outra, deixar um pai de família sem sua fonte de sustento, quando este nada fez de errado. Igual a ele estou perplexo e indignado e, por isto mesmo, não posso ficar calado. Não posso deixar de pedir que façam a verdadeira justiça que é dar ao Pedro de Oliveira condições de prosseguir sua vida normalmente. É absurdo o governo sem nenhuma base destroçar a vida de um homem sério e trabalhador.

domingo, março 13, 2011

O voto distrital ....


É um bom caminho

Meu amigos, a verdade é que chega uma hora em que política deixa de ser importante. No meu caso deixou por uma questão de comportamento e de qualidade de vida. Não sendo mais um menino, embora esteja na segunda infância, ter opinião própria num país como o Brasil, pensar, analisar, mostrar a outra face das propagandas públicas, é um risco que acaba por isolar você dos demais. Ter opinião, discordar, principalmente, para os apaixonados, os maniqueístas, é um exercício da democracia incompreensível, um desrespeito a manada que dá obas-obas com as patas para a situação vigente.

De fato, aderi a Pilatos sem ter pela frente nenhum Jesus que justificasse. Efetivamente desejo é fazer as coisas que gosto, falar e apreciar coisas aprazíveis como boas conversas, músicas de qualidade, cinema, viajar quando puder, ler e escrever que são coisas que gosto e amar, quando possível. Por que ainda gastar tempo com coisas que sei se modificarão lentamente e pelas quais, creio, que já fiz o que pude, já dei minha contribuição mínima que seja e só muito jovem acreditei que poderia ser grande. Assim tenho me dedicado o mínimo possível a exercer o sagrado dever da crítica, apesar de acreditar que intelectual e jornalista que se preze, é sempre do contra para desespero dos governistas e pelegos. Mesmo assim, vez por outra, não resisto em aderir a algum movimento que acho justo e indispensável para o futuro. É o caso, agora, do voto distrital que considero um grande avanço se for adotado.

Até já existe um abaixo-assinado online Eu Voto Distritalno qual coloquei minha assiantura como a de número 3.691 o que pode até parecer pouco, mas, há também no Facebook, a página #EuVotoDistritale o perfil @EuVotoDistritalno Twitter que ajudarão, sem dúvida, a tornar a campanha conhecida e angariar assinaturas. De qualquer forma esta é uma campanha que me atrai dado que o voto distrital permite que os candidatos sejam mais conhecidos, ao regionalizar as candidaturas, bem como tornam mais difícil o uso ( e abuso) dos metodos tradicionais de compra de votos porque facilita a fiscalização. Claro que não impede, porém, melhora a escolhar e vai possibilitar que se tenha candidatos com muito maior representatividade que os atuais. Pelo menos será uma melhora nos metodos de escolha com certeza.

De qualquer forma o fato de existir um abaixo-assinado no ar há mais de um mes é um sintoma de que tem gente se interessando pelo tema e não posso deixar de estimular o debate, a discussão e a busca de um amanhã melhor para o país que, creio, passa pela entrada de novas pessoas na política, de formação e renovação dos quadros políticos o que somente será possível com a reforma do sistema eleitoral. Não peso muito (mesmo com meus 90 quilos), porém, irei estimular os amigos em favor do voto distrital, escrever sempre que possível e mobilizar o máximo que puder virtualmente. Espero que a reforma eleitoral ganhe dimensão pública e o voto distrital o assunto das nossas mesas. Como se vê posso estar afastado, porém, não perco o ímpeto nem a vontade e o desejo de mudar o nosso país. E o voto distrital, para mim, é um bom caminho.

sexta-feira, março 04, 2011

Quando o carnaval passar


Com a morte de Manelão o carnaval de Porto Velho ficou mais triste, com certeza. O notável chaveiro não era somente o carnaval, e há muitas histórias para provar que se tratava de um personagem que desafiava a lógica, todavia, foi uma espécie de carnaval que levou com ele no enterro mais alegre que os trópicos já viram. Pena que não possa ter visto seu enterro, uma consagração. O enterro de Manelão foi também o enterro de uma época de carnaval romântico de Porto Velho, que já vinha se esvaindo em sangue. Manelão foi feliz na sua morte. Morreu na hora certa, bem próximo do carnaval, que tanto amava, e ainda teve condições de pedir que fizessem, por ele, mais carnaval. Foi um excelente carnavalesco e melhor ainda chaveiro tanto que abriu as portas do céu na hora certa.
Não é somente por termos sidos amigos e contemporâneos que considero que, daqui para a frente, o carnaval de Porto Velho e da Banda do Vai Quem Quer será outro carnaval. É que Manelão agregava em torno de si as mais diferentes pessoas e sabia com sua forma peculiar lidar com todos com uma competência social digna de um líder. Podem falar tudo dele, louvar, esquecer, lembrar feitos e mal feitos, porém, foi sua determinação e sua vontade férrea que fizeram da Banda o que ela é: um símbolo da nossa grandeza e dos nossos desacertos. Ela, mais do que qualquer outra instituição, somos nós, os rondonienses, esses cidadãos confusos, criativos, belos, ricos ou pobres, contudo, sempre desajustados, sempre procurando a fantasia de mudar o mundo de qualquer forma. Na ignorância, na marra, no peito, na base do uísque, da cachaça ou da caipirinha, não há nada que nos salve de nos reconhecermos, quando nos olhamos no espelho, como os verdadeiros Macunaímas.
A realidade, no entanto, é que os heróis do passado, como Manelão foi, eram delicados e românticos. Criaram um carnaval onde as pessoas se conheciam, se reconheciam, se amavam, apesar dos defeitos, e, mesmo quando se odiavam, sabiam que eram parte de uma comunidade, de um lugar e de um tempo, por isto, incapazes de violência. Hoje somos os heróis desgarrados, os heróis cuja pátria é a internet, os pingentes “das usinas”, que produzem luzes e o futuro, enquanto morrem sob as rodas do trânsito caótico, da violência das doenças, das armas que invadem também o carnaval e se transforma, pasmem, em tiros que roubam vidas jovens. Não. Não se trata de nostalgia, porém, de verificar que, agora, sair para brincar é também desafiar o risco de uma bala, de uma faca, de um acidente, de não voltar. Manelão se foi e está mais presente do que nunca no carnaval. Eu que fiquei nunca estive tão distante. Se antes esperava, me guardava, para quando o carnaval chegar, agora, fico esperando ver o carnaval passar.