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sábado, março 29, 2014

Os sinais da mudança

Ao contrário do que se veicula o problema maior da reeleição de Dilma não é a queda na pesquisa CNI/Ibope que, em geral, tem maior efeito apenas nas classes mais politizadas. Embora a queda da popularidade acentue os problemas e, de fato, tenha acontecido no pior momento para o governo até agora, uma boa leitura mostra que é apenas mais um sinal no ponto de inflexão de um governo que não fez o seu dever de casa. Por mais que o controle da imprensa, por meios econômicos, a propaganda intensa e a tentativa permanente de sufocar a oposição seja um traço do poder opressivo que busca se tornar único do PT, os furos no dique se acumulam e todos eles derivam da incapacidade administrativa do governo seja em relação à política econômica, ao atendimento de suas bases ou na construção da infraestrutura e oferta de serviços básicos à população.
Há uma questão insolúvel na estratégia do Partido dos Trabalhadores que é o de desejar se apresentar como um governo de “todos” quando, ostensivamente, faz sua política se baseando nas camadas economicamente mais frágeis da sociedade, ou seja, o que antes criticava, o coronelismo das antigas elites, é, hoje, a sua força. Basta verificar que foram os grotões que elegeram Dilma e não as camadas da população de maior escolaridade e renda. E, no momento, são os grotões que escapam de seu controle. Antes, porém, a situação era completamente diferente. Os grupos de menor renda não estavam, como estão agora, descontentes com o governo. Havia uma aprovação enorme de Lula, a inflação sobre controle, o crescimento da economia vendendo esperança de dias melhores e Dilma era uma desconhecida avalizada pelo otimismo que o governo trescalava.
Hoje, o panorama é outro. Além da insatisfação geral demonstrada nos movimentos de junho do ano passado, os descalabros visíveis, como os dos gastos da Copa e da Petrobras, a intervenção governamental que desestimulou os investimentos no País e a fuga até mesmo de capitais nacionais e o agravamento dos problemas das contas externas se misturam com a falta de capacidade do governo de negociar quando encontra resistência. O normal é desejar satanizar quem se antepõe aos seus desejos o que, muitas vezes, dá certo, porém, é um recurso que está se esgotando na medida em que os aliados sentem que só o são na hora de apoiar. E, para piorar, vivem sob a ameaça constante de operações policiais que acusam de serem dirigidas contra quem não se comporta conforme o figurino. Agora mesmo o senador Clésio Andrade se queixa de que, por ter assinado a CPI da Petrobras, o ameaçam com retaliação via o erroneamente denominado “Mensalão de Minas”.

O problema é que o que antes funcionava não funciona mais. O governo perde ostensivamente a batalha das ideias. Seja no Facebook, nos blogs, nos jornais, nas filas, que parecem ter se multiplicado em todos os cantos, xingar o governo está se tornando o esporte favorito. É bem verdade que quase todos dirigentes e políticos, mas, Dilma está passando a ocupar um significativo lugar de destaque. E o que é mortal para as eleições, e a obtenção das assinaturas para a CPI da Petrobras sacramentou, é que, para os políticos, como para grande parte da população, ela não representa mais esperança, o que eleitoralmente é mortal. As defecções não se acumulam por acaso: os políticos sentem que os sinais indicam os caminhos da mudança. 

quinta-feira, março 20, 2014

Palco Giratório: a vitória da diversidade cultural


Aconteceu em Rondônia, mais precisamente no Audicine do SESC Esplanada de Porto Velho, neste último dia 19 de março, quarta-feira, o lançamento nacional do Projeto Palco Giratório 2014, que será estendido para mais de 120 cidades brasileiras que receberão 768 apresentações artísticas previstas para acontecerem até o mês de dezembro. O público rondoniense teve a oportunidade de assistir, na noite da quarta-feira (19), no Teatro Um do Sesc Esplanada, o espetáculo de abertura comandado pela Companhia Solas de Vento, de São Paulo, com a apresentação do espetáculo “Homens de Solas de Vento”. É a 17ª edição do Palco Giratório, uma ação ímpar no cenário cultural brasileiro, que muito tem ajudado na consolidação, na promoção e difusão das artes cênicas a partir da circulação de espetáculos, grupos e coletivos de teatro, dança e circo. Trata-se de uma iniciativa, de caráter nacional do Serviço Social do Comércio-SESC que tem como objetivo estimular o exercício da cidadania cultural, a diversidade, a formação e o desenvolvimento de aptidões e práticas artísticas que envolvem oficinas, debates, intercâmbios, pensamentos e conversas com os públicos depois dos espetáculos.
É, no momento atual, sem sombra de dúvidas, o maior estímulo nacional ao estudo, à pesquisa de metodologias e de criação artística e de fomento às produções locais, ao mesmo tempo, que estabelece parcerias institucionais e favorece o intercâmbio cultural entre os artistas, produtores e o público.  Esta ação somente se torna possível pelo sistema de gestão compartilhada entre o Departamento Nacional do SESC e seus departamentos regionais que, em cada estado, possibilitam uma ação cultural que se caracteriza por uma imensa diversidade e efetiva abrangência nacional. Importante também é o fato de se ter estabelecido uma rede de artes cênicas e consolidado uma Curadoria Nacional que faz a seleção de espetáculos para compor a programação do Palco Giratório a partir de critérios que se baseiam na filosofia dos grupos, na capacidade de formar e na criatividade, de modo que, o que se busca, é dar oportunidade ao diverso sem perder de vista os impactos e os contextos sociais. A gerente de cultura do Departamento Nacional do SESC, Márcia Rodrigues, afirmou que serão mais de 500 mil pessoas assistindo às apresentações nos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal. Para ela, "O Palco Giratório existe há 17 anos, este é o quarto ano de lançamento nacional, pela primeira vez, com muito orgulho, sendo realizado em Rondônia. Nosso objetivo é promover o intercâmbio e a articulação de grupos teatrais, de dança, enfim, formar aldeias culturais. Saímos do tradicional eixo sul, consolidamos novos lugares e públicos".

Mas, o que de fato diferencia o Palco Giratório é sua capacidade de promover o que o próprio Ministério da Cultura não consegue, que é uma política cultural que fomenta a formação e a criatividade. O projeto abre espaço para o novo e consegue abranger os diversos olhares da produção nacional, a partir de uma avaliação sensível e honesta dos artistas e seus trabalhos, sem privilegiar, como normalmente acontece, os nomes já estabelecidos e atentando para os processos e dinâmicas capazes de gerar discussões, reflexões e até mesmo a perplexidade. Enfim, a grande vantagem do projeto tem sido a capacidade de fortalecer e desenvolver a produção local e lhe proporcionar possibilidades de alcançar outras fronteiras. Nada mais significativo que registrar o depoimento do ator Daniel França, de um grupo do Amazonas, que fez questão de deixar claro sua felicidade em participar afirmando que "Nunca imaginei que eu pudesse ser integrante do Palco Giratório. Era um sonho pra mim, e hoje me sinto feliz e realizado com isso. O Sesc é uma instituição privada que não deixa o teatro morrer, e que faz por nós, artistas, muito mais até do que o poder público faz". De fato, o Palco Giratório é um grande promotor das novas formas, um repositório de diferenças e uma amostra de que é possível se promover cultura de forma democrática, coletiva e representativa da riqueza cultural brasileira. Por isto mesmo é um projeto que veio para ficar e de que se pode construir um país melhor com trabalho e a determinação, mas, sem o desejo impor formas, mas, sim a capacidade de organizar, de coordenar a imensa diversidade que caracteriza o nosso país. O Palco Giratório é a maior prova de que não se pode desejar inovar com um pensamento único. Só a diversidade é que nos salvará. 

sábado, março 15, 2014

O descontentamento surdo


Quando se olha para trás e se observa a eleição da atual presidente, Dilma Roussef, se constata que o Partido dos Trabalhadores-PT e seus candidatos estavam numa situação muito mais confortável. Lula conseguiu, com uma estratégia esmagadora e a fragilidade e incompetência da oposição, fazer Dilma vencer a eleição para a Presidência, em grande parte pelo fato da economia brasileira, aparentemente, andar bem, pois, se gabavam, com farta publicidade, de ter superado o baque causado pela crise mundial de 2008 e, para demonstrar isto, mesmo sem pesar os custos, trabalharam (e abriram generosamente os cofres) para que o crescimento do Produto Interno Bruto-PIB, em 2010, atingisse, na única vez que se conseguiu isto no governo petista, o recorde de  7,5%. Nem mesmo o alerta da inflação alta de 6,71% afetou o resultado, de vez que, para gregos e troianos, se exibiam os números do aumento de emprego, de renda da população e a continuidade de uma política que se trombeteava correta.
Calaram-se, sufocados pelos alaridos e a propaganda eleitoral, o fato de que nada havia mudado substancialmente. A carga tributária continuava a ser a mais elevada do mundo, os juros continuavam a ser altos (embora suavizados), a desindustrialização era, como tem sido, contínua e, o mais significativo dos sinais, os investimentos, para quem conhece economia a única forma possível de aumentar o PIB no médio prazo, continuava no mesmo patamar do início do século. De nada adiantava alertar, como se alertou, que as palavras otimistas de Mantega de que teríamos “quinze anos de crescimento sustentável” não se sustentavam; que, sem investimentos, o voo de galinha voltaria a se repetir, seria inevitável. E, para tentar evitá-lo, houve mesmo esforços de facilitar o crédito, estimular o consumo e até mesmo de desonerar certos setores, mas, como seria de se esperar, esforços inúteis.
O governo petista tem um pecado original: é contra o sistema de mercado. Tem a filosofia de tentar controlar o mercado, de influir no mecanismo da oferta e da procura por um voluntarismo que a história já provou ser inútil. E, dentro de tal filosofia, construiu uma política econômica contraditória que, ao mesmo tempo, que não faz a lição de casa de cortar os gastos públicos e tornar as despesas públicas mais eficientes tenta controlar a inflação aumentando as taxas de juros, ou seja, dando um tiro no próprio pé, de vez que, pelo menos, um terço de suas dívidas são indexadas aos juros. Também apresenta uma péssima execução dos programas e projetos, inclusive o Plano de Aceleração do Crescimento-PAC, uma peça publicitária que envolve no mesmo saco investimentos públicos e privados, mas, onde a execução acontece apenas nos projetos privados. Nunca antes neste país, para usar o chavão lulista, se conseguiu um recorde tão grande de obras públicas paradas, de projetos que não saem do papel. E o resultado também é visível: os gargalos da infraestrutura, os péssimos serviços públicos, o sucateamento da educação e da saúde. 
Acrescente-se que o bem-estar que as pessoas sentiam antes, com o crédito farto e ganhos salariais, desapareceram com Dilma. Hoje, o endividamento geral e os salários que despencaram, a falta de bons empregos (o mercado desemprega os salários altos e emprega os de baixo custo), a reposição magra azedam o humor em relação ao governo. E a inflação se tornou um perigo real, embora o governo deseje pregar que se trata da oposição ou de muita imaginação de quem afirma isto. Porém, é a realidade do mercado onde a alta dos preços atinge quase todos os setores econômicos, mas, bate mais forte na alimentação e nos produtos dos supermercados, os insumos básicos, do dia a dia. Hoje, o descontentamento surdo vem de quem tem contas para pagar e, no fim do mês, percebe como subiram os serviços de cabeleireiro, manicure, escola, curso de inglês, telefone, gasolina, passagem de ônibus, alimentação e tantas outras coisas. Se Dilma Rousseff e Lula desconhecem esta realidade, e somente tratam de agradar o PMDB e o PT que brigam pelo supérfluo , é porque suas despesas são custeadas por outros. Mas, seria de se esperar que, pagando tantos assessores regiamente, estes, pelo menos, alertassem que, com a situação inflacionária atual, com o descontentamento silencioso que se propaga, a reeleição petista é um osso duro de roer mesmo contando, como conta, com uma poderosa máquina de propaganda, a boa vontade da imprensa e dos institutos de pesquisa e uma imensa quantidade de comissionados. Afinal o Titanic também parecia sólido. 

Ilustração:  www.lepanto.com.br

quinta-feira, março 06, 2014

O Paraguai não é aqui



Que o mundo muda muito e rápido todo mundo sabe, mas, quem, objetivamente, poderia pensar que o Paraguai seria um exemplo para o Brasil? Bem, para quem somente pensa no nosso país vizinho como um sócio menos importante, deveria observar que, no mês passado, uma Missão Empresarial Brasil-Paraguai, composta de 178 empresários ou representantes de empresas e entidades brasileiras, esteve em Assunção, capital do país, para conhecer de perto os incentivos oferecidos para investimentos estrangeiros e casos de empreendedores que já estão instalados no país. A missão foi organizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pela Rede Brasileira de Centros Internacionais de Negócios (Rede CIN), e liderada pela Federação das Indústrias do Paraná (Fiep).
Sabe qual o resultado? Saíram de lá com inveja do que viram e a impressão de que o Paraguai está se modernizando e nos deixando para trás em muitos setores e, pasmem, em especial, em competitividade, de vez que muitos dos empresários disseram que o modelo de política de desenvolvimento industrial adotado pelo governo paraguaio deveria servir de exemplo para medidas efetivas que recuperem a competitividade da indústria brasileira. Surpresos? Então, observem as palavras ditas pelo empresário Rommel Barion, vice-presidente da Fiep e coordenador do Conselho Temático de Negócios Internacionais da entidade, “O que vimos aqui nos mostrou que se o Brasil não reagir para resolver seus problemas, vai ficar para trás” e acentuou que “No Paraguai, onde os custos de produção são, em média, 35% menores que os do Brasil, vimos que é possível criar um ambiente mais favorável”. Mas, o que mais impressionou os empresários foi verificar que o Paraguai tem uma economia estável, um sistema tributário simples, uma carga tributária muito menor que a do Brasil e uma legislação trabalhista simples ainda que assegure direitos ao trabalhador. Em suma, o Paraguai é  um país bom para se investir, que respeita as leis e possui bons marcos regulatórios.
Se alguém tiver dúvidas a respeito que consulte o presidente da Fiep e comandante da Missão Empresarial, Edson Campagnolo, que, em artigo publicado, no dia 06 de março,  na Gazeta do Povo, um dos principais jornais do Paraná, escreve sem rebuços que “Hoje, o ambiente de negócios no Paraguai é muito mais atrativo aos investidores que o do Brasil. A começar pela carga e pelo sistema tributários, infinitamente mais leves e simples. Vantagem especialmente para empresas que utilizam o território paraguaio como base exportadora. Pelo Regime de Maquila, é possível uma empresa produzir e exportar a partir do Paraguai com imposto único de 1% sobre o valor agregado dos produtos”. Até mesmo a energia elétrica, produzida por Itaipu, tem um custo menor lá, correspondendo a um terço das praticadas no Brasil. Campagnolo, com perspicácia, nos mostra que a missão serviu para alertar que precisamos encarar, urgentemente, as reformas necessárias para ter competitividade ou os investimentos e os empregos mudarão para o outro lado da fronteira. Sem querer promover a debandada de empresários nacionais para o país vizinho observa, com acuidade, que fazer os deveres de casa compensa, posto que o Paraguai com uma economia estável e a inflação controlada cresceu, vejam a ironia, 14,1% em 2013. E a formula é bem simples: o poder público, agora com Horácio Cartes, mais do que nunca, vê o empresário como propulsor do desenvolvimento do país e busca facilitar o surgimento e o fortalecimento das empresas incentivando a geração de emprego e renda. Pena que o Paraguai não é aqui. 


Foto: Agência FIEP/Gilson Abreu

domingo, março 02, 2014

Acabou-se a festa....


Embora não possa negar a idade, de fato, pelas probabilidades estatísticas estou mais pra lá do que pra cá, com os meus próximos sessenta e quatro, não me considero um saudosista. Em termos, no carnaval e na música, reconhecidamente sou.  E já tendo vivido os velhos carnavais do Rio de Janeiro, de Recife, Salvador e Porto Velho, certamente, tenho sólidas razões para ter saudades. Afinal quem conheceu os carnavais de outrora não pode olhar senão, com uma certa nostalgia, os carnavais atuais. A grande realidade é a de que, apesar da festa ter crescido em tamanho, perdeu em uma série de outros quesitos, entre eles, os mais sensíveis de paz, beleza e alegria.
Hoje, Porto Velho, por exemplo, estava um convite ao sono, como ontem, aliás, quando a Banda do Vai Quem Quer, uma tradição mantida duramente por Manelão, foi, por fim, interrompida. Não foi, efetivamente, a primeira tentativa. O carnaval de Porto Velho veio vindo, morrendo aos poucos, com intervenções de autoridades que impuseram regras e censuras a bailes, corsos, carros alegóricos, enfim, acabando com o desfile que já foi um dos pontos altos dos dias de Momo. Ultimamente nem mesmo a subvenção pública salvava os blocos de parecerem uma paródia dos velhos tempos, sem graça, sem samba, sem a alegria que, no passado, fazia o carnaval ser carnaval. Sem contar que sumiram muitos dos complementos que faziam sua beleza.
Se não me engano começou quando Jânio Quadros era presidente da República e proibiu o uso de lança-perfumes. Depois, mudaram o desfile, por razões diversas de um lugar para o outro, e sumiram as serpentinas, os confetes, as fantasias e até mesmo os bailes maravilhosos de outrora, como foram os do 5º BEC, do Ypiranga, Ferroviário e outros sempre muito prestigiados pelo povo até porque, agora, se cobra uma fortuna sobre direitos autorais, de forma que utilizar músicas se torna quase inviável.  O que vemos, hoje, aqui em Porto Velho, é o que sobrou da resistência: poucas, modestas escolas de samba, que teimam em desfilar com enorme esforço pessoal de alguns abnegados. Eles lutam, mas, o carnaval não tem mais o mesmo encanto e não temos perspectivas de reviver os velhos tempos.
Não é muito diferente mesmo no Rio ou em Salvador. O carnaval, por lá, virou um grande negócio que engorda diretorias de escolas e blocos, hotéis, fazedores de abadás, e o que acontece de real mesmo é a aglomeração dos jovens, com roupas padronizadas, em torno de bares e casas noturnas. Ah! Tem o desfile da Sapucaí. Outro grande negócio que virou palco de desfile de celebridades enxertadas com silicone. Longe, bem longe, estamos dos sambas enredos de verdade, uma mistura de samba do crioulo doido e ingenuidade que tinha sabor. Hoje até o samba tem gosto de linguiça. Nem queira saber como se fabrica.  

Não, por acaso, me vi revendo Capiba, Nelson Ferreira, as velhas marchinhas de carnavais passados, como a de Francisco Alves cantando “Ó pé de anjo! Pé de anjo/ és rezador, és rezador/ Tens o pé tão grande que é capaz de matar Nosso Senhor”. Neste domingo, pensativo, ponderei para mim mesmo, que Nosso Senhor, mesmo vítima do pezão pode ressuscitar. O carnaval brasileiro está difícil. Ingressou, definitivamente, no mar da mediocridade geral. Prefiro o sossego que assistir a maior festa nacional ter se transformado num imenso zumbi. Nós, brasileiros, estamos provando que chegaremos ao passado sem ter tido presente. O carnaval de hoje é um imenso velório disfarçado de alegria. As cinzas se espalham antes da quarta-feira.