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sábado, setembro 24, 2005

MANIFESTO ANTI PIZZA

Por favor, pizza não! Nada contra tão saboroso prato, porém pizza deve ser feita em local adequado, com ingredientes corretos, com a mão de quem sabe manejar com carinho e gosto uma comida que, por sua universalidade e tradição, deve ser motivo de orgulho e de prazer. Façamos pizza como deve ser: com a reverência, os ritos e a preparação devida a um prato tão saboroso.
Senhores parlamentares não façam concorrência aos "pizzaiolos". Inclusive por razões pessoais, de vez que seu mandato pode ir para o local errado com a indigestão que, certamente, virá. Caras Excelências, podem crer, pizza por aí não dá. O melhor mesmo é comer pizza em outro canto e fazer o que deve ser feito: apurar, punir e cassar. Pizza não! È o manifesto de toda a nação. Se querem fazer façam, porém podem crer os culpados e os omissos serão punidos. É esperar para ver.

pizza.jpg Posted by Picasa

sexta-feira, setembro 23, 2005

A Indústria de Projetos Inúteis

O presidente Lulla da Silva sancionou, hoje, dia 23 de setembro de 2005, o projeto Fábrica de Escola. À primeira vista um excelente projeto que tem como objetivo incluir no mercado jovens de 16 a 24 anos pertencentes a famílias com, no máximo, renda de 1,5 salário e que estejam regularmente matriculado numa escola. Também louvável a preocupação de buscar parceria junto ao empresariado e as instituições com fins não lucrativo.
No entanto o real problema de projetos iguais a este é o de que o governo não se propõe a bancar os seus custos. Assim, além de repassar a execução para a iniciativa privada exige que esta durante o prazo mínimo de seis meses ofereça aos participantes uniformes, alimentação, vale-transportes e seguro pessoal e de acidentes. Não bastasse exige uma série de esforços burocráticos de acompanhamento, apresentação de comprovantes e prestação de contas, ou seja, o governo entra com uma parcela mínima de recursos e empurra o problema para os outros. É verdade que paga aos jovens que fazem o curso profissionalizante uma bolsa auxilia de R$ 150,00 (cento e cinqüenta reais), porém isto serve mais para distorcer a seleção do que para ajudar o projeto, pois, nesta faixa de renda, muitos vão fazer somente para ter acesso aos recursos invés de buscar a capacitação.
É triste, portanto verificar que uma prática antiga continua em pleno vigor: a do governo fingir que trata dos problemas criando projetos sem recursos e sem possibilidade de modificar de fato a realidade. È uma indústria de projetos inúteis que só cria burocracia e só dá resultado nos poucos casos em que algum funcionário público abnegado ou alguém com características invulgares de sacrifício em prol dos outros utiliza os parcos recursos para gerar algo maior. Na maioria das vezes acontece como acontece com os cursos do FAT são feitos para serem feitos, apressadamente, com os recursos mal gastos quando não desviados e servem meramente para algumas entidades que o aplicam de forma mais satisfatória ainda que com grande sacrifício pelo fato dos recursos não serem suficientes para bancar os custos.
É mais triste ainda verificar que as boas idéias, principalmente para os jovens, continuam sendo utilizadas apenas para demagogia e publicidade. Que para o segmento mais importante e mais sofrido de nossa sociedade, os jovens, cujas despesas deveriam ser consideradas investimentos, continuam a não existir recursos e tudo que é feito depende muito mais de pessoas que, voluntariamente, se sacrificam para criar um mundo melhor.

quinta-feira, setembro 22, 2005

O SILÊNCIO É UMA FORMA DE PODER


O Discurso Imperial
A professora Marilena Chauí, a quem não se pode negar o brilho de uma inteligência sutil, possui uma lógica toda particular e digna de estudos. Principalmente depois de ter ficado tanto tempo calada diante da partidarização da máquina pública, da sindicalização do governo e da corrupção sistêmica seguida de assalto aos cofres públicos patrocinada por Dirceu, Genoíno, Delúbio & outros inocentes, agora, explica, em carta aos seus alunos, que nunca esteve calada. E aponta o culpado: a mídia. Aí, há de se convir, sem muita originalidade.
Original, sem dúvida, é sua capacidade de reconstituição histórica. Somente pinça, convenientemente, os fatos que podem sustentar sua tese de que Lulla e o PT são estigmatizados pela mídia quando nenhum outro partido teve tanto espaço nem foi menos questionado em suas práticas. Ela, todavia só enxerga o fato iniludível de que Lulla da Silva, por não gostar de ler e de estudar, conforme comprovado pela prática, foi sempre acusado de ser despreparado para o cargo de presidente da República. Incompreensíveis não são as críticas que foram feitas, mas a falta de estruturas políticas que permitam isto e a omissão da mídia em relação aos “erros” que os companheiros já apresentavam ao longo do tempo.
No entanto a professora, como de resto uma enorme ala do PT, ou por cegueira ideológica ou por incapacidade de lidar com o real, apesar de afirmar que sempre esteve “consciente dos limites” dos meios de comunicação que, para ela, é “um campo público de direitos regidos por campos de interesses privados” (o que se pode dizer de qualquer campo, aliás, inclusive o próprio estado), não via nenhum problema nisto quando a mídia ajudava o PT a ser majoritário, agora, porém, quando seu partido fez do setor público um campo de interesse e da corrupção privada relembra, no melhor estilo delubiano, que, num artigo do ano passado, quando explodiu o caso Waldomiro já havia prescrito da solução maravilhosa: a reforma política!
E, num trabalho teórico maravilhoso, termina por se considerar “a vitima” da mídia (mídia, por certo, é uma abstração pouco digna se considerada como um conjunto). No fim traça seu auto-retrato: uma mulher, intelectual, petista que, para seu próprio espanto, se tornou uma torturada pela imprensa que quer, de qualquer forma, arrancar palavras de uma pobre professora que somente desejava falar quando conveniente. Neste sentido bastante coerente com o comportamento de Lulla da Silva que fez o possível para criar uma imprensa domesticada, cândida e servil seja centralizando verbas seja tentando criar mecanismos legais de coerção ou só permitindo acesso aos cordeirinhos que repetissem o discurso encomendado.
Espantoso, de fato, é que uma intelectual, uma pensadora adote o silêncio quando se precisam de vozes que esclareçam e guiem, inclusive seu próprio partido, num momento de confusão e escuridão. Se bem que fica evidente que seu foco é Spinoza, que não gosta de pensar sobre o real, pois até ao escolher o título de um ciclo de conferências não refletiu sobre o futuro e ainda culpa a imprensa por fazer uma correlação tão óbvia quanto ligar Pinochio com as mentiras da cúpula petista. E não há dúvida que dá a mínima para contradições na medida em que, como figura pública, o seu “Não falo”, por si só, já equivale a um discurso. E um discurso imperial. Afinal somente quem tem poder pode se dar ao luxo do silêncio.

quarta-feira, setembro 14, 2005

A Lógica dos Trópicos

Embora a ciência seja o que os cientistas concordem com o que ela é, no entanto há alguns consensos explícitos mesmo nas complexas Ciências Sociais. Assim é indiscutível, que, nas sociedades de mercado, a produção é resultado da iniciativa privada e o governo, quanto mais cobra impostos, mais participa da produção nacional dela retirando recursos, menos bem faz. É uma lógica que parece não funcionar nos trópicos, especialmente no Brasil. Basta verificar o relatório do Banco Mundial denominado “Fazendo Negócios 2006: Criando Empregos”. Lá se constata, a partir da análise de 10 tópicos que o Brasil é um dos piores lugares do mundo em termos de ambiente para negócios e investimentos.
Para se ter uma idéia clara o estudo, que abrangeu 155 países, o Brasil aparece em 119º lugar depois de quase todos os países da América do Sul. Pasmem, em termos de ambiente para investimentos, estamos depois da Bolívia (111º lugar), do Paraguai (88º) e do Uruguai (85º) anos luz longe da Argentina (77º) e do Chile (25º), o melhor posicionado da região. Sabe qual a razão? Abrir uma empresa brasileira e os gastos com impostos são tópicos nos quais estamos entre os mais atrasados do mundo. Uma empresa brasileira consome 2.600 horas/ano somente para pagar impostos sendo estes, a burocracia e o caro e complexo sistema judicial considerados entraves imensos para o desenvolvimento dos negócios.
Em suma a nossa lógica é uma lógica perversa. O Estado que deveria criar um ambiente para a geração de riqueza e de empregos é o principal obstáculo para a livre iniciativa, daí os elevados níveis de informalidade que crescem na medida em que é impossível ser empreendedor num ambiente no qual se é perseguido pelos burocratas e pelos impostos. E para quê? A resposta mais evidente é que os mensalões, malas e cuecas da vida se alimentam, justamente, de criar facilidades para os espertos, porém, com um ambiente, assim não se cria prosperidade nem desenvolvimento. È a triste lógica dos trópicos.

sábado, setembro 10, 2005

VOU ME EMBORA PRO BUTÃO!

Sob o ponto de vista espiritual e ético há uma medida de felicidade comum a todos os homens: a posse do necessário para a vida material, ter a consciência tranqüila e fé no futuro. Já os mais materialistas são adeptos de que a medida da felicidade depende de cada um. Os consumistas dizem que o dinheiro não compra a felicidade e sim manda buscar! Há até pesquisadores que já estimaram o custo da felicidade: US$ 25 mil dólares/ano. Dizem, no entanto que só existe uma correlação entre renda e felicidade nos patamares mais baixos, pois a partir dos citados 25 mil a renda passa a não influir muito no grau de felicidade, embora, em geral, os muito ricos sejam mais felizes. O que é incontestável é que a falta do dinheiro atrapalha muito a felicidade. E isto posso afirmar, para vocês, com conhecimento de causa.
No Brasil sei que o economista Eduardo Giannetti da Fonseca, professor do Ibmec, se ocupa do tema e até esteve em Oxford, na Inglaterra, por três meses e meio a convite do Center for Brazilian Studies, no Saint Anthonys College, fazendo pesquisas sobre os custos escondidos da civilização. Giannetti não vê uma relação simples entre indicadores objetivos e subjetivos de bem-estar, pois não detectou uma correlação entre os indicadores objetivos e os subjetivos, ou seja, nem sempre quando o material melhora o espiritual acompanha. Assim a felicidade entre os povos, ricos e pobres, não varia muito apesar da diferença de renda e mesmo entre os povos que melhoraram, às vezes até quadruplicaram seu nível de renda, o bem-estar não melhorou na mesma proporção. A questão mesmo se situa em que, no mundo moderno, a riqueza e o consumo, em especial, estão se tornando o padrão dominante de medida da felicidade. Não é um padrão bom, confiável nem sequer muito desejável, pois pode ser a fonte de muitas frustrações.
O certo é que não se pode medir felicidade, porém tem muitos pesquisadores tratando do tema e tentando. Até já se constatou, por exemplo, que os casados são mais felizes. E criaram uma medida da felicidade para os países entre 0 e 10 na qual o Brasil estaria, como os demais países, da América do Sul entre 6 e 7, porém muito menos feliz do que se imagina. Pensar sobre a felicidade é uma questão séria. Sou mais pela constatação simples de que felicidade corresponde a se sentir feliz com a vida que leva. E fico com inveja mesmo é do Butão. Lá o rei Singye Wangchich adotou como medição do produto o FIB- Felicidade Interna Bruta e suas políticas públicas, a partir dos anos 70, possuem como objetivo aumentar a felicidade da população. Vou me embora pro Butão! Mesmo sem ser amigo do rei já gostei!

quarta-feira, setembro 07, 2005

CULTURA E LIVROS

Não posso me esquecer de Castro Alves em “O Livro e América” onde diz: “Por isso na impaciência/Desta sede de saber,/Como as aves do deserto/As almas buscam beber.../Oh! Bendito o que semeia/Livros... livros à mão cheia.../E manda o povo pensar!/O livro caindo n'alma/É germe — que faz a palma,/É chuva — que faz o mar”. E dele pulo para Oswaldo Siciliano, que vive de livros, e afirma: “Esperamos que o índice de leitura per capita (do Brasil) salte de 1,8 livros/ano para 3 livros até 2022”. A média dos países desenvolvidos é de 5,5 livros/ano. Isto mostra que a cultura, que é fundamental para atender às necessidades de geração de emprego, renda e melhoria de vida brasileira, e também a falência da educação que resulta no analfabetismo vigente, inclusive político. Quem não lê é um cego com bons olhos. È claro que a questão do livro passa pelo baixo poder aquisitivo de nossa população, mas também faltam boas bibliotecas, mais livrarias e marketing e distribuição dos livros. É essencial que os bons governos, se é que ainda existem ou existiram, lutem pela melhoria da escolaridade e pela valorização do livro para que a leitura deixe de ser uma coisa elitista. Infelizmente sem leitura, sem livros, não há cultura nem desenvolvimento. Precisamos brigar por mais bibliotecas, livrarias, campanhas para livros. Até me anima, por mais que promova seu comércio, o fato da TV Globo fazer campanhas por seus autores, colocar livros nas mãos dos artistas de novelas. Contra os que, por exemplo, atiram contra Paulo Coelho sempre pondero que, além de um texto bom, sua grande obra reside em fazer com que os brasileiros (e outros também) leiam. Qualquer governo que mereça o nome deve, no mínimo, criar mais bibliotecas, fazer campanhas pelos livros, ajudar a publicá-los e torná-los o mais barato possível. É um programa mínimo de governo, mas, sem cultura, estamos condenados a repetir a saga de eleger os oportunistas e ignorantes de sempre. Livros, livros.

sábado, setembro 03, 2005

O CUSTO DA PRESERVAÇÃO

A preservação ecológica é um dos temas dominantes nas revistas e em qualquer projeto de governo e assume uma importância maior ainda quando se trata de uma região amazônica que é sempre objeto de matérias em que se critica o seu desmatamento. Ora, é óbvio, ninguém discute a questão de que seja necessário cuidar dos recursos dessa região que é a maior reserva florestal do mundo, porém há, em relação ao nosso território, um exagero que não é acompanhado dos recursos indispensáveis para contrabalançar a renda que estamos perdendo com o não aproveitamento das riquezas naturais. Agora os países mais ricos do mundo, o famoso grupo G-7, somente aceitam projetos para a proteção da floresta tropical, mas ficam calados quando se cobra mais verbas para outros projetos da região, cujos recursos alocados é insignificante, e até se opõem denodamente à projetos essenciais para o nosso desenvolvimento.
Na verdade o Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais Brasileiras, mais conhecido como PPG-7, pode até ter recursos, como dizem, recursos no valor de US$ 1,5 bilhão de dólares, mas a pergunta correta é para serem gastos em que? Não será na manutenção das pessoas, quando muito em infra-estrutura, porém somente aquelas que não gerarão maior desenvolvimento. Se bem que o grosso do programa consiste de pesquisas. Como tais pesquisas, assim como foi a implantação do SIVAM, requer uma capacitação e equipamentos que não são produzidos na própria Amazônia os efeitos multiplicadores regionais são pouco sentidos localmente. O exemplo de Rondônia é gritante. Embora os recursos do PLANAFLORO, programa que instituiu o zoneamento econômico ecológico de Rondônia, tenham sido importantes para consolidar determinadas estruturas seus efeitos foram muito pouco sentidos na economia não só pela diluição, ao longo do tempo, mas pela necessidade de muitas empresas externas para sua consecução. Na verdade o Estado estaria pior sem a vinda dos recursos, mas esses se destinaram a organizar espacialmente o Estado e foram insuficientes para gerar um impacto maior impulsionando a economia. Não será diferente com qualquer recurso para a proteção ambiental ainda mais se considerarmos que uma parte acaba sendo destinada à fiscalização e a burocracia que tem dificultado as atividades extrativas, sobretudo madeireiras.
O grande problema é o da premissa de que o desenvolvimento sustentável além de ser um objetivo desejável é também economicamente mais produtivo e interessante. A tese é boa, mas a realidade esta longe dessa utopia, pois é possível que se houvesse uma contabilidade ambiental, isto é um balanço dos recursos desperdiçados e das externalidades, ou seja, das conseqüências que os danos ambientais trazem sobre outras pessoas ou firmas, socialmente, se poderia comprovar o fato, mas, nos tempos atuais, individualmente, ou em termos de empresas, os custos de preservação são altos e não há como arcar com eles. Uma comprovação evidente é a de que no nosso Estado as exigências sobre o setor madeireiro exterminaram com mais de 2/3 das empresas existentes na década passada e ameaçam exterminar mais, sem resultados melhores em relação ao desmatamento. Se, principalmente para as pequenas empresas o setor tornou-se inviável pelos elevados custos, isto não alivia a natureza porque vão migrar para outras atividades, como a pecuária, que também exigem desmatamento. Sob o ponto de vista ambiental isto é bom? É duvidoso. Sob o ponto de vista da renda e do emprego é péssimo. Não adianta políticas de fiscalização ou debitar o fato ao subdesenvolvimento, mas à questão econômica. Aqui vale



a pena lembrar as palavras esquecidas de um ex- Prefeito de La Paz, Luiz Alberto Erena Valle, que disse que os países ricos que nos cobram agora a conservação das florestas, que dizem para não queimarmos ou cortarmos, não dão respostas para como iremos viver. Eis a questão básica: preservar sim, mas e o custo da preservação quem banca? Ou teremos que nos conformar com a pobreza em nome da ecologia? Pimenta nos olhos dos outros sempre foi refresco.