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segunda-feira, janeiro 25, 2010

As ilusões nas manchetes



Se há uma coisa em que o governo atual do PT tem sido competente, como até o governador José Serra reconheceu, é no marketing. Não somente foi competente para eleger Lula como também tem sido em tornar certas afirmações muito discutíveis como é o caso de que o Brasil entrou na rota do desenvolvimento sustentável, que houve diminuição da desigualdade de renda, aumento da classe média, que o governo investe muito mais do que os governos anteriores ou ainda a ilusão de que o Brasil foi um dos últimos países a entrar na crise e um dos primeiros a sair com o corolário de que a economia brasileira seria hoje uma das mais sólidas do mundo. O que o não se diz é que, efetivamente, países como a China, a Índia, a Austrália, a Coréia do Sul, Polônia ou mesmo a Indonésia nem entraram em recessão e até cresceram enquanto nós passamos um primeiro semestre difícil e, no fim das contas, tivemos uma leve queda do produto.
Para quem acompanha os discursos do governo parece que vivemos no melhor dos mundos possíveis. Porém, a realidade desmente este discurso ufanista quando verificamos que as indústrias nacionais estão desaparecendo sucumbindo à competitividade por falta, principalmente, de educação, de pouca inovação, de investimento, de crédito e ainda por cima por ter, reconhecidamente, um dos piores ambientes de negócios do mundo (uma carga tributária pesada e uma legislação trabalhista que, sob todos os pontos de vista, é anacrônica e onerosa). Só mesmo do ponto de vista de quem arrecada, e arrecada muito, sem ter que gerar riquezas se pode vender a ilusão de que conseguimos criar uma economia que se auto-sustente. A maior comprovação disto é o enorme aumento da informalidade que se transforma nos camelôs, nos sacoleiros, nas estratégias de sobrevivência que passam pelo contrabando, a venda de produtos piratas e até mesmo o próprio crime.
É claro que, em ano de temporada eleitoral, tentará se vender, como se vendeu descaradamente, que o ano de 2009 foi o ano de grandes realizações e que só tivemos um resultado ruim por problemas externos, mas, que, em 2010, será diferente. Deve ser na medida em que o dinheiro que entrar no caixa do governo saíra correndo novos contratos, aumentos do funcionalismo e assistencialismo muitos já aprovados a toque de caixa no ano passado. È preciso, mais do que nunca, criar a ilusão de a economia vai bem para poder ganhar as eleições. Depois irá voltar a cair. E isto tem nome: voo de galinha. Que será nosso futuro se não caminharmos para uma política mais crítica capaz de reconhecer que só com um diagnóstico correto e fazendo as reformas necessárias o desenvolvimento será possível de fato e não apenas a ilusão que se vende nas manchetes.

terça-feira, janeiro 19, 2010

EU FIZ CHOVER...



Depois de mais de cinco anos volto ao Rio de Janeiro. Voltar ao Rio é uma experiência ao mesmo tempo inebriante, nostálgica e inesperada. Confesso que deixei de voltar, para lá, por ter me envolvido num tiroteio de AR-15 na Linha Vermelha, o que acabou com meu desejo de usufruir do lugar, que, por muito tempo, pensei seria minha morada e do qual não pensava em sair. Voltar ao Rio foi, portanto, rever um velho amor, voltar a constatar como o Rio de Janeiro continua lindo e com um plus que foi o de rever meu querido amigo Luiz Carlos Marques e minha irmã, Tirzah, a Mãe Isa de Água Santa, a quem devo muito pelo carinho, acolhida e apoio. Assim, devo confessar que voltei ao Rio como um filho pródigo volta para sua casa. E ainda tive o prazer de beber uns chopes no Mondego com meus sobrinhos Hilário e André que fizeram questão de me levar até o hotel numa prova de carinho com o tio desgarrado.
E foi uma volta anônima e triunfal. Que teve de tudo um pouco. Desde passear pelo calçadão da Nossa Senhora de Copacabana, beber um chope no Dom Luiz, comer sardinha no Beco das Sardinhas, ouvir música no Beco do Rato ou participar de uma roda de samba chuvosa no Largo da Nossa Senhora da Prainha bem ali ao lado do Angu do Gomes. Olhar a cidade da Urca ou beber um chope no Sindicato do Chopp reclamando do fechamento da Help também valeu ou passear de metrô para comprar algumas peças de informática no Shopping da Informática. Confesso que não tive animo de ir ao Canecão assistir o show de Ney Matogrosso. Não que ele não seja bom, mas, a chuva foi muito forte ao ponto do Luiz Carlos ter comentado que não precisava chover tanto para confirmar minha sina de que toda vez que vou ao Rio mal chego chove! E olha que faziam dias que a temperatura beirava os 40, 41 graus sem uma gota de chuva. Foi só chegar que fiz chover, como na música, fiz também relampear sem que o céu deixasse de ser azul e o Cristo Redentor me acenasse dizendo que um pau de arara de Rondônia havia aportado para constatar que o Rio continua lindo, aprazível, desfrutável, maravilhoso como só o Rio pode ser com ou sem choque de ordem.
O que posso dizer do Rio é que não vi nada, um traço sequer de violência. O que vi muito foram os bons shows da Lapa, o tráfego complicado da Avenida Brasil, que parece ser um problema eterno, mas, até parece menos problemático que o trânsito de Porto Velho, embora, pelo tamanho, mais demorado. A surpresa de ver que o Engenhão foi um grande achado, um estádio de futebol com todo conforto incrustado bem no meio do meio do subúrbio. E verificar também que, com o tempo, perdi alguma noção de localização, mas, não ao ponto de não reconhecer as vias principais como as do Centro, a 24 de Maio ou a Dias da Cruz, no Méier. Enfim foi uma viagem nostálgica, bela e curiosa que teve até o encontro com uma catita em pleno Petisco da Vila, em Vila Isabel, terra de Noel e Martinho, o que não impediu que bebesse ali um chope com colarinho bem gelado saudando o prazer de voltar a ver que o espírito carioca sobrevive com sua malícia, picardia e ritmo, tanto que o tamanho do rato, ao longo do tempo, foi se transformando tanto que, no fim, já se dizia que tinha sido um gato que transitou pelos salões da tradicional casa da Vila.

segunda-feira, janeiro 11, 2010

SEM DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL



O governo não faz o dever de casa

Sem dúvida está dando pano para as mangas a questão do Plano de Direitos Humanos do atual governo que, por decreto, quer impor certas teses polêmicas e recorrentes como a de subjugar a imprensa e rever a lei de anistia. Não se trata de, como tenta passar o presidente Lula afirmando que assinou sem ler, um simples caso de desatenção. A dura realidade é que existe, por detrás do decreto, a filosofia que o governo Lula, nestes últimos sete anos, desenvolveu de forma agressiva por meio de políticas que buscam ampliar a influência do Estado na economia e em todas as esferas da sociedade. Acontece que, de fato, quem move a economia não é o governo. É a iniciativa privada, daí, apesar dos inúmeros PACs, pois, já fizeram PAC de tudo e para tudo, o governo termina tentando desesperadamente fazer mudanças por decreto. A dura realidade é que o governo não gera desenvolvimento. No máximo cria o ambiente para gerar, daí, o governo Lula não ter tido sucesso em gerar o desenvolvimento sustentado. Como no governo FHC,o atual tem se caracterizado pela descontinuidade do crescimento com anos de índices altos seguidos de quedas. O famoso voo de galinha.
A razão para isto é simples. Não se preparou o país para um crescimento de longo prazo seja por falta de uma maior poupança interna, seja pela melhoria da educação, pela segurança institucional, pela diminuição do custo dos impostos ou pela desburocratização da sociedade, mas, principalmente também porque o país continua sem infraestrutura adequada para um ritmo de crescimento a taxas altas. E este sim é um papel essencial do governo que não tem sido feito. Claro que não faltam desculpas para explicar a ineficiência do papel do Estado como gerador das condições básicas e essenciais para o desenvolvimento econômico e social da nação. O governo Lula tenta caracterizar a precariedade da atual infraestrutura como resultado de décadas de descaso e de pouco investimento, porém, é preciso lembrar que já está no poder a sete anos, ou seja, já é um governo de longo prazo, portanto, não pode mais se eximir de sua parte de responsabilidade.
E suas falhas são gritantes quando se trata de obras de infraestrutura. Nem é preciso citar os casos escabrosos como o da “Operação tapa-buraco” das estradas brasileiras ou os gastos faraônicos em aeroportos, mas, basta dar uma olhada no balanço de obras do seu primeiro mandato e, também, os parcos resultados do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Os números oficiais indicam que menos de 50% das metas planejadas do PAC foram atingidas e é preciso ver que aí se incluem os investimentos privados entre 2007 e 2009. Segundo a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), o Brasil precisa investir R$ 88 bilhões a cada ano para equacionar os problemas. Estima-se que o governo petista investiu no período apenas R$ 24 bilhões/ano. Não faltam indicadores que mostrem a inércia do governo federal. Nos transportes, 70% da malha rodoviária estão ruins ou em péssimas condições de rodagem, daí as perdas na produção de grãos, que chegam a 12% da safra de arroz e a 7% da de soja. Sem falar nos números recordes de acidentes com mortes originados por estas más condições. Na área de energia, a recente queda em cascata da energia de uma das principais linhas de transmissão, a partir de Itaipu, deixando o Centro-Sul do país às escuras e, na sexta-feira passada, a queda em Rondônia e Acre são alertas sobre a falta de investimentos. E para o país crescer 4,5% ao ano, será preciso adicionar 4.100 megawatts de eletricidade/ano (pouco mais de um terço da capacidade de geração de Itapu). Sem isto, o risco de um novo apagão é enorme, nos próximos anos. Bastam estes dois setores para mostrar como a nossa competitividade é afetada pela falta de eficiência de um governo que cobra tudo do cidadão e da iniciativa privada, mas, apesar da intensa propaganda oficial, não tem feito seu dever de casa. Nem melhora seus gastos nem investe no que é essencial para garantir o crescimento econômico.

quinta-feira, janeiro 07, 2010

SOBRE A NECESSIDADE DE...



EDUCAÇÃO NO SHOPPING PORTO VELHO
Recentemente por uma questão de comodidade tenho ido muito, no período noturno, até a praça de alimentação do Porto Velho Shopping Center. Minha família até estranha por nunca ter sido dado a andar em shopping fora do Estado. O fato é que nós mudamos (mesmo um papagaio velho como eu) e assim passei a freqüentar o local., apesar da dificuldade que se tem de arranjar uma mesa e o problema de quem bebe um chopinho que é o de ter que levantar e ir comprar toda vez que precisa de outro. A questão, porém, que desejo tratar transcende a praça de alimentação e passa por dois problemas sérios e interligados: lixo e má educação.
É claro que a destinação do lixo, desde que os homens passaram a viver em grandes aglomerações, sempre foi um problema e um desafio. Com o surgimento das cidades, depois da urbanização crescente, o problema aumentou de maneira exponencial. Também não se desconhece que, em nenhuma outra fase do desenvolvimento humano, produziu-se tanta quantidade de lixo que derivam basicamente do aumento populacional e da intensidade da industrialização. Também não é novidade que, nesta questão, o Brasil ainda é um país muito atrasado. Em todos os sentidos: seja na destinação do lixo como nas tecnologias utilizadas no seu tratamento. Mais ainda: o comportamento de grande parte da população em relação ao lixo é primário e irresponsável. Claro que isto é um reflexo das condições de pobreza e da falta de educação, porém, sempre se espera que em determinados locais, como um shopping center, isto seja atenuado pela gestão e os cuidados que um investimento deste tipo requer. Infelizmente não é o que acontece no Porto Velho Shopping seja na praça da alimentação, seja em algumas lojas ou, dizem as mulheres, nos banheiros femininos, que se transformam em verdadeiras pocilgas e, neste caso, penso que se trata de um problema de pessoal ou de administração.
É verdade que a população de Porto Velho não colabora. Um exemplo bastante preciso disto é dar um pulo nas Lojas Americanas do shopping. Desconheço, e meu filho, Igor, que se diz um cliente cativo da loja em outros estados, disse que também não viu uma unidade desta rede tão dessarrumada e descuidada. Claro que vejo também a quantidade de gente que circula por lá e os absurdos que fazem de abrir embalagens que não se deve abrir ou, como foi comum neste fim de ano, fazer o absurdo de colocar os filhos sobre brinquedos da loja apenas para tirar fotos, além, das tentativas de furto que sempre existem. No entanto, o enorme fluxo de pessoas exige mais organização ainda e até mesmo um serviço de educar os clientes orientando sobre o que podem ou não podem fazer. Infelizmente é a nossa realidade: o Porto Velho Shopping também ao modernizar a comercialização terá exerce um papel educativo, pois, muitas pessoas, não sabem seus limites nem suas obrigações. Tanto que é comum na própria praça de alimentação não cuidarem de colocar as bandejas no local adequado, nem de jogar fora os resíduos nas lixeiras. Claro que a falta de educação e a maior dificuldade de tratar o lixo são coisas interligadas, porém, um estabelecimento complexo como é um shopping deve mobilizar seus lojistas e sua publicidade para a educação popular sobre o uso de um equipamento que é um dos sintomas de modernidade e de civilização e, por isto, deve ser tratado com o zelo e o carinho com que se prega ser indispensável tratar o meio ambiente. Há também o aspecto de embelezamento: o Shopping Porto Velho é um dos locais aprazíveis da cidade e, portanto, merece que a população cuide de ajudar a transformá-lo no centro de compras e lazer a que se propõe ser o que somente será possível com educação e bons cuidados ambientais.