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quinta-feira, novembro 26, 2015

O comportamento nas redes sociais exige limites


Há certos tipos de comportamento que me incomodam e, por ser uma pessoa até certo ponto antiga, ainda do tempo em que o Brasil possuía tecnologia de boas maneiras, me incomodam muito mesmo, até mesmo em alguns bons amigos que tenho, a forma como agem na internet. Não sei explicar, sob o ponto de vista psicológico, que, por sinal, não é meu forte, a razão, porém, elas existem, pois, assim como acontece com muitas pessoas que pegam na direção de um veículo ou de motoqueiros, que se acreditam ases do motociclismo, muitas vezes, também as pessoas que se colocam diante da tela de um computador parecem perder a própria personalidade e passam a agir como se fossem selvagens ou brutos. É a impressão que tenho quando vejo certas coisas, em especial, no Facebook ou no Whatsapp, embora seja quase ausente de sua utilização pela interatividade que provoca.
Sou um dos que creem que as redes sociais são um importante instrumento de relacionamento. Acredito mesmo que, hoje em dia, seja imprescindível estar nelas que nos auxiliam sob diversos aspectos da vida e da profissão. Para mim, é impossível não estar, por exemplo, na internet e, com extrema frequência, uso os e-mails, sou um blogueiro permanente e gosto de passear no Instagram. Enfim, sou um dinossauro com certa tendência para o mundo digital, mas, embora faça diferença entre as mídias digitais e o  mundo real, não creio que a ética que nos move possa ser diferente e não nortear o nosso comportamento em ambas as esferas. Não é o que parece acontecer com muitas pessoas que parecem mudar completamente de personalidade pelo seu comportamento no mundo digital.  
É comum que, por exemplo, me surpreenda com pessoas que, face a face, sejam muito delicadas e tolerantes em relação as opiniões alheias e se comportem na discussão virtual como se fossem verdadeiros trogloditas. Também me espanta, fora a quantidade de besteirol que se reproduz, os convites inumeráveis para jogos ou temas que, em nada, nos interessam, além da quantidade de comportamentos e fotos inapropriadas, de vídeos preconceituosos ou até mesmo pornográficos, de correntes sem sentido, de convites religiosos ou orações sem consideração pela religiosidade do outro e comentários completamente descabidos. E, para minha surpresa, partem, justamente, de pessoas que jamais pensaria que se comportariam assim. Como sou tolerante e democrático prefiro não dizer nada, todavia, também, em muitos casos, surgem as ameaças de ser excluído pelo silêncio ou deixar de ser amigo por não ler algo que, no fundo, é coisa de quem não tem o que fazer no momento. São formas comuns que costumam desfazer as imagens pessoais nas redes (e, por via de consequencia, fora delas). Isto sem contar os casos de vaidade explicita, de pessoas que não dão um passo sem um selfie ou um comentário. Longe de mim querer moldar todo mundo, mas, por que se expor além do necessário, se isto é até perigoso para a própria vida? Não, não pretendo ter uma resposta. Mas, previno aos amigos, que evitem certas imagens, que usem as imagens privadas com moderação. Afinal ninguém precisa saber o que você come e bebe nem passa suas férias.  Menos ainda ficam bem os palavrões ou os comentários maldosos  ou falar mal de colegas de trabalho, de faculdades ou até mesmo de empresas. É preciso lembrar que seu procedimento na internet pode subsidiar tanto os bandidos que assaltam pessoas como também os conteúdos podem gerar uma imagem completamente falsa de sua pessoa. Lembre-se que o ambiente digital é público e tudo que se vê nele é como um cartaz posto no meio da rua. Seja prudente e cuide da sua imagem.



domingo, novembro 08, 2015

A desmaterialização e a imprecisão da imprensa


Uma das dúvidas mais interessantes, no momento, e, isto ficou bem claro, no 19º ENAI - Encontro Nacional da Imprensa, que reuniu as associações e entidades de imprensa e jornalistas, no último sábado, dia, 07 na Assembleia Legislativa de Rondônia, é o que a imprensa se tornou hoje. No passado isto era muito claro. Se podia determinar com clareza quem pautava a notícia, quem divulgava, quem fazia ser e acontecer. Havia até mesmo jornalistas que faziam, no bom sentido, a notícia. Antes a imprensa tinha nome, sobrenome, endereço certo, uma identificação precisa. É o que não acontece, agora, quando a imprensa, como o mundo, se desmaterializa, se desmancha no ar. Snodew, por exemplo, foi mais devastador que qualquer das grandes redes mundiais de imprensa.
Na verdade a imprensa, hoje, como acentuou José H. Oliveira Júnior, presidente da Agência Brasileira de Notícias-ABN, pode ser um blog. Pode também ser um vídeo que se espalha na internet e vira viral. Uma foto no Instagram, um comentário no Facebook pode se tornar, num instante, mais forte que páginas e páginas num jornal ou telejornal repetitivo, de vez que, ao mesmo tempo que a imprensa se desintegra, se fragmenta, parece, aos olhos de todos, mais igual do nunca, mais a mesma coisa, nas notícias “pega e cola” de todos os órgãos de comunicação, que surgem padronizados, iguais, pasteurizados de tal forma que as imagens, fotos, palavras são as mesmas, como se fosse modificado apenas a marca de quem veicula. Em certos momentos parece que só existem algumas notícias e algumas pessoas tal a falta de assuntos novos. Tudo fica parecido como os restos num grande lixão. É o grande paradoxo: uma imprensa imensamente fragmentada para produzir notícias padrões. Um mar de veículos com as mesmas notícias compactas, iguais, simulacro de verdade que se afirma mais pela repetição do que pela qualidade. E, em geral, repetição de notícias ruins no teor e na essência.

É o por isto que se pergunta, os jornalistas se perguntam, o que é a imprensa hoje? Uma boa resposta, tomada pela média das conversas, é de que ninguém sabe. Vivemos uma fase de transformações que deve construir um novo modelo, um novo paradigma de imprensa. Hoje, porém, parece que circulamos sem definição entre o velho e o novo, sem saber bem o que flutua ou afunda. De certo sabemos que a imprensa nunca mais será a mesma. E também que terá que ser exercida, cada vez mais, como sempre foi dentro de determinados parâmetros de ética, com qualidade e, quando bem feita, contra. Seja contra o governo, contra as grandes empresas, contra os interesses escuros e escusos, mas, a favor da verdade e do esclarecimento. E, como disse muito bem Domingues Júnior, diretor do Departamento de Comunicação Social do Governo de Rondônia (Decom), buscando a excelência no que se faz, pois, a essência de qualquer imprensa não pode deixar de ser a notícia bem feita. 

Ilustração: conversasdavida.blogspot.com