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domingo, abril 15, 2007

A MANIPULAÇÃO OFICIAL

MALABARISMOS VERBAIS
Dizem-lá por Minas Gerais-que muita esperteza acaba sempre por comer o dono. É confiando na sabedoria mineira que vou esperar o desastre que ainda vai acontecer com o presidente Lula da Silva. Afinal, quero acreditar com Lincoln, que não se pode enganar todo mundo por todo o tempo. Veja, por exemplo, o comportamento de Lula no jantar com o PMDB quando se esforçou para limpar a barra de figuras que, num passado bem recente, os petistas só faltavam dizer que era a figura do diabo ou, pelo menos seu enviado. Lula, numa retórica demagógica, perguntou: "Qual cidadão de pensamento progressista em 1974 não votou no Quércia para senador? Quem é o progressista que, em 1978, não votava em Jader Barbalho no Pará para deputado federal?" É um contorcionismo espetacular, mas, o pior, é que a busca da limpeza de barra não pára nas palavras. Autorizado pelo Ministério das Comunicações Barbalho conseguiu transferir a concessão da TV Bandeirantes no Pará da empresa Rede Brasil Amazônia de TV para a firma Sistema Clube do Pará de Comunicação, da qual é sócio. A questão insanável é que a primeira estava imersa em dívidas com o fisco, a Previdência e o FGTS. O Sistema Clube Pará opera num azul de dar inveja. Ou seja, deixaram o mico para o governo e transferiram a renda para Barbalho. Uma maravilha!
Na verdade fatos para colocar Lula na parede não faltam. A questão real é que, como sempre se soube, não há oposição de fato. Quando o PT era oposicionista dominava toda o sistema sindical que era quem se movia para, supostamente, levantar as causas populares. Os sindicalistas ou estão no governo ou estão navegando em berço esplendido somente receando CPIs que mexam com as ONGs ou sindicatos por onde o dinheiro público mantém todos batendo palmas para um governo que somente faz um assistencialismo oficial bastante duvidoso. O “Apagão aéreo” acabou por desnudar o grau de incompetência do governo que, agora, anda cheio de receios com uma nova CPI do caos aéreo tanto que começou a afastar funcionários da Infraero como forma de afirmar que o governo está investigando. Vai ser difícil a oposição engulir por causa do advogado Roberto Teixeira, compadre e íntimo amigo de Lula, que teve um papel privilegiado na venda da Varig. Este é um dos motivos que assusta o governo. Há o temor de que o compadre do presidente se transforme no Paulo Okamoto da “CPI do Apagão aéreo” – Okamoto é o presidente do Sebrae, que pagou uma dívida de R$ 29,4 mil de Lula com o PT de forma bastante esquisita. O fato é que a compra da Varig pela Gol, um negócio de US$ 320 milhões, será um dos objetos de investigação da CPI do Senado, que acabou por privilegiar a Gol e a TAM. A convocação de Roberto Teixeira é certa. Resta saber se vão abrir sua caixa preta. Se isto acontecer talvez Lula tenha que fazer malabarismos na sua própria biografia. Basta que a oposição aterrisse e não seja apenas aérea como tem sido e não deixe os malabarismos verbais se transformarem em verdade pela manipulação do poder.

domingo, abril 08, 2007

MULHERES QUE FAZEM DIFERENÇA

ESSAS MULHERES MARAVILHOSAS E SEUS LIVROS INDISPENSÁVEIS
Falar de mulheres é falar de humanidade, de beleza e amor. Isto é mais verdade ainda quando se juntam mulheres e livros. E não consigo falar de livros sem lembrar os maravilhosos versos de Castro Alves:

“Oh! Bendito o que semeia/ Livros... livros à mão cheia.../ E manda o povo pensar!/ O livro caindo n'alma /É germe — que faz a palma, /É chuva — que faz o mar”.

No caso são as “benditas” que semeiam livros. Este texto é, na verdade, um reconhecimento e um agradecimento a três mulheres que, não somente por sua trajetória, como pela dedicação, o esforço e o trabalho de lançarem seus livros estão sedimentando a sociedade e a cultura de nosso Estado como já o tem feito, cotidianamente, sem o reconhecimento devido em suas tarefas diárias. È, de fato, uma louvação a três batalhadoras, guerreiras completamente distintas nas suas personalidades, porém com a vocação e o desejo de ser, a necessidade de criar, de fazer, de influir no nosso meio ambiente e, quando falo de meio ambiente o faço no sentido mais exato, no sentido que não distingue a Natureza da Cultura, que não isola o homem do seu mundo, mas procura dar à vida humana o significado mais profundo da igualdade e da beleza que requer as palavras não para o exercício do poder e sim para se doar ao próximo, pois a verdadeira liberdade consiste em ser livre para realizar o melhor que há em si que é sempre a auto-satisfação dos outros- o único meio real de se prosperar. Não há sociedade boa com violência, dominação e oportunismo.
Pedindo perdão pela digressão volto a elogiar os três livros lançados nos últimos quinze dias. O primeiro deles o de Marlene Rolim, “Gente Que Faz Rondônia-Fatos e Causos”, um livro de reminiscências e pesquisa que resgata uma parte importante da história de nosso Estado. O segundo de Mariluce Paes de Souza, “Governança no Agronegócio-Enfoque na Cadeia Produtiva do Leite”, que estuda uma cadeia importante de nossa economia sua estrutura, seus participantes e desempenho. Uma notável contribuição para melhorar o desempenho do setor. E, por fim, o livro de Carolina Rodrigues da Costa Doria, “Ecoturismo na Amazônia-Alternativa de Renda para as Comunidades Locais”, um exame da viabilidade do ecoturismo que vai além da Amazônia, feito em parceria com Claudia Azevedo Ramos. São sintomas de que Rondônia avança no sentido cultural, mas, principalmente, que a contribuição feminina para isto é, cada vez mais, importante. A estas maravilhosas mulheres os parabéns de todos nós que desejamos um Estado melhor e sabemos que sem cultura não há salvação.

domingo, abril 01, 2007

OLHOS E CÂMERAS TE PERSEGUEM...


PRIVACIDADE É PARA OS ANÔNIMOS
Ser uma figura pública, que muitos almejam, tem suas vantagens e desvantagens. Principalmente para quem possui “problemas” no passado, mesmo que os outros não descubram, é uma eterna lâmina pendente sobre a pessoa. Um caso recente, e didático, é o do escritor Günter Grass que, em agosto passado, pegou os alemães de surpresa depois de confessar seu passado, que omitiu durante cinco décadas, de participação na tropa de elite nazista Waffen-SS. E o fez no seu livro de memórias disparando uma imensa polêmica e o alçando aos primeiros lugares, mas a um custo altíssimo para o prêmio Nobel de Literatura de 1999.
Na autobiografia, Grass contou lembranças da infância em Danzig, as vivências como soldado, o sofrimento da fome enquanto prisioneiro de guerra do Exército americano e o período em Paris, quando transferia para o papel “O Tambor”, seu grande sucesso literário. A narrativa vai até o ano do seu lançamento que se tornou seu primeiro e mais famoso romance. Mas a passagem em que revelou ter feito parte dos pelotões da Waffen-SS foi, sem dúvida, o detalhe que causou todo o alvoroço e as altas cifras envolvidas nas vendagens. A primeira edição desapareceu das estantes em poucos dias, mas, a imagem de Grass saiu bastante destroçada. Agora, no seu novo livro, cujo título é um trocadilho. É o nome pelo qual os alemães chamam o mais ingênuo e atrapalhado personagem da tradição circense, o palhaço dummer August (o tolo Augusto). Günter Grass se mostra, assim, como uma pessoa exposta ao ridículo, acusa a mídia de tê-lo feito de palhaço, de transformá-lo num bobo da corte. O auto-retrato dele com cara de derrotado sob um chapéu pontudo, ilustração para o poema que dá nome ao livro, é um dos desenhos mais expressivos do livro. Mas outra possível tradução para o título é 'agosto tolo', lembrando ter ocorrido no mês "maldito" o escândalo que acompanhou o lançamento, porém nem de leve, agora, há a repercussaão que as quase 500 páginas de Beim Hüten der Zwiebel (Descascando a Cebola, tradução literal, a ser lançado no Brasil pela Record no segundo semestre) alcançou. A recepção da imprensa ao novo livro é fria. Culpar a imprensa, quando os fatos da vida o machucam não é uma novidade propriamente, é, em geral, a forma que todos usam, inclusive os políticos, porém não seriam figuras públicas sem ela. E,efetivamente, as críticas, o destaque dos cadernos culturais dos periódicos alemães, tudo que isto tem sido classificado pelo autor repetidamente como uma “encenação mediática”, uma “tentativa de destruição”, que o “magoou profundamente”, é inerente a qualquer figura que ocupa o centro das luzes. Embora não possa negar que é um processo cruel, para quem o sofre, é preciso ver que ninguém reclama quando o processo é elogioso. Então a questão é que, no mundo moderno, não deixe suas mazelas à vista. Se, por exemplo, for roubar gravatas certifique-se que está no Brasil e que o local não tem câmeras. Quanto mais um pai bater numa filha....