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quarta-feira, setembro 28, 2016

UM SAMBA ENREDO DE VILA ISABEL



Quando se fala de escola de samba no Rio de Janeiro, embora existam muitas escolas maravilhosas, há algumas que são como os grandes clássicos ou os grandes times: por mais que não tenha a glória de outrora continuam lendários. Não escondo que, por razões históricas e sentimentais, Mangueira, Portela e Vila Isabel se inserem, para mim, na ordem das grandezas incomensuráveis. Suas cores, a beleza dos seus desfiles, o som, a dança, o samba e a história falam por si só. Dão a tais escolas uma aura que poetiza o seu entorno. E, por mais que digam que o carnaval de hoje já não é mais o mesmo, devo dizer que isto não importa. Ainda há vida nas quadras, nas rodas de sambas e mesmo nas disputas dos sambas enredos.
E sinto este frescor e esta vida quando, como agora, uma profusão de sambas enredos disputam a oportunidade de serem escolhidos para o desfile das escolas. Em particular, por amizade, me importo muito com o desfecho da escolha do samba de Vila Isabel. Lá um dos sambas, que tem como tema a cor do som, é o de Grande da Caneta que divide a autoria com Betinho Santana, Almeidinha, Malandro Maneiro e Ricardinho Professor, os dois últimos que são os interpretes. Como acontece com os sambas enredos atuais a música é bem melhor do que a letra, embora muito bem adaptada, e gosto muito do refrão que diz:
“A Vila é raça, é amor pra vida inteira/ o som da cor que faz o corpo balançar/ A negritude que orgulha a sua tez/ vem kizombar outra vez!”
A kizomba é um estilo musical e de dança africana, que surgiu, em Angola, a partir da fusão do semba, do zouk e de outros gêneros estrangeiros, como o merengue e algumas baladas da Música Popular Brasileira (MPB). A palavra, porém, que se originou a partir do kinbundo - língua africana que ainda é falada na Angola, ajudou a construir algumas expressões e termos brasileiros com o significado de "exaltação do povo", como forma de celebrar a vida e a libertação dos escravos africanos. Kizombar é um aproveitamento, como fazem muitos compositores, de palavras que nem sempre são correntes. Mas, corrente mesmo é a paixão pelas escolas, as disputas que marcam a escolha dos sambas enredos. Torço pela vitória deste samba enredo de Vila Isabel. Não poderei, ir as quadras para assistir, como em anos passados, o processo de seleção, mas, gostaria muito de poder “kizombar outra vez” no carnaval de 2017 com o samba de Grande Caneta e parceria. Quem sabe? De qualquer forma para quem quiser sentir um gostinho do samba enredo postei no Jornal Diz Persivo (http://persivo.blogspot.com.br/). É uma forma de, mesmo distante, dizer para os amigos de Vila Isabel que estão no meu coração e lembrança.



sexta-feira, setembro 23, 2016

STARUP DAY SEBRAE: UM EVENTO INOVADOR E NECESSÁRIO


Sem dúvida foi uma excelente iniciativa do Sebrae a realização do Sebrae Startup Day, evento realizado, no dia último dia 22 de setembro, com a participação de 48 cidades de todo o Brasil com o objetivo, além de fomentar o ecossistema inovador brasileiro, apresentar a experiência Sebrae Like a Boss de atendimento às startups nos estados. Em Porto Velho o evento aconteceu no 2º piso do Porto Velho Shopping e foi um grande sucesso. O evento proporcionou a oportunidade de troca de experiências (palestras, debates, encontros, hangouts) e atividades práticas (workshops, oficinas, treinamentos), e até de meetups com os principais atores do ecossistema para networking.

Vale ressaltar que, ao nosso ver, faltou, pelo menos em Porto Velho, o que pode perfeitamente ser corrigido em outras oportunidades, uma maior integração com as instituições de nível superior. É fundamental que se desperte, em especial nos universitários, a ideia da necessidade do empreendedorismo,  de passarmos da fase em que o jovem se prepara para obter um emprego para que crie suas próprias oportunidades. Neste sentido é indispensável acentuar que o termo “starup” foi utilizado na bolha da Internet, entre 1996 e 2001, para denominar um grupo de pessoas trabalhando com uma ideia diferente que poderia fazer dinheiro.
Além disto, startup sempre foi sinônimo de começar uma empresa e fazê-la funcionar. No fundo, a definição mais exata é a de que startup é um grupo de pessoas à procura de um modelo de negócios repetível e escalável, trabalhando em condições de extrema incerteza. Subjacente a isto também existe a ideia de que se trata de uma empresa com custos de manutenção muito baixos, mas, com possibilidade de  crescer rapidamente e gerar lucros cada vez maiores. Há, como se observa, sempre a incerteza, ou seja, não há como afirmar se a ideia e/ou projeto de empresa irão dar certo ou ao se provar sustentáveis. O que é muito importante, por isto o evento é inovador, é a propagação da necessidade do empreendedorismo, como forma de melhorar a vida do país, e, principalmente, entre os jovens, bem como buscar modelos de negócios. Que iniciativas como estas se reproduzam em prol de um país melhor.  

quarta-feira, setembro 14, 2016

UM BELO LIVRO DE RECUPERAÇÃO DA NOSSA HISTÓRIA


O livro “A Cidade Que Não Existe Mais” da Editora Temática, de Júlio Olivar, é, sem dúvida, um livro muito fácil e agradável de ler. Que não se pense, porém, que o fato de ser simples, e leve, indique falta de conteúdo e de complexidade. Efetivamente, é um livro rico de informações e de indagações na medida em que, embora alegue ser a visão de história de um jornalista, não deixa de ser um grande livro de história. Existem vários fatores que comprovam isto. Em primeiro lugar o próprio tema. Santo Antônio do Rio Madeira, de fato, não morreu e sim ampliou-se em Porto Velho e, ao escavar o passado, Olivar mostra que, de certa forma, este continua a repetir-se. Somos, como no passado, ainda o fim do mundo, os sertões, o lugar da desarrumação, da violência e do aventureirismo, mas, nem por isto também isento de poesia e de beleza. 
Em segundo lugar, o livro recupera, moderniza digamos assim, informações preciosas sobre a história de Porto Velho e, por extensão, do Mato Grosso  e do Amazonas. Desfilam vultos cuja grandeza é inconteste, no entanto, despidos do manto mítico que o tempo costuma dar, como foram os casos de Costa Marques, Joaquim Augusto Tanajura, Aluízio Ferreira, Mário de Andrade, Major Amarante, Aureo Melo só para citar alguns. Em terceiro lugar, para não alongar mais a lista de motivos, examinando os fatos sem a determinação de ser juiz, Olivar abre espaço para novas abordagens, ao deixar em aberto episódios e versões sobre um passado já não tão recente, mas, sem tantos intelectuais, historiadores e escritores que tenham se debruçado na busca de iluminar a história e não apenas de repetir as lendas.  
Para quem, como nós, portovelhenses, nativos ou adotados, que estamos permeados pelos eflúvios da história de Santo Antônio, somente as fotos existentes reunidas já dariam um valor inestimável ao livro, todavia, a visão que nos oferece do passado é um excelente retrato para nos lembrar que temos sim uma história, uma grande história. O que precisamos, e muito, são de pessoas que, como Julio Olivar, se disponham a fazer, como fez, um verdadeiro trabalho de pesquisa para, ao recuperar o passado, buscar tornar o futuro diferente, de vez que a memória é a base cultural da grandeza de qualquer povo. E nós precisamos, mais do que nunca, cuidar da nossa memória. Precisamos de muito mais Júlios escrevendo sobre Rondônia.