Em
épocas, como as atuais onde a palavra recessão se não anda na moda paira no ar,
é sempre necessário que se busque, especialmente, nos negócios, soluções
criativas. Aliás, modernamente, a chamada indústria criativa, ou seja, a
indústria sem chaminé que vive mais das idéias e de cabeças que pensam passou a
ser, de fato, um fator decisivo no aspecto econômico, porém, nestas como em
outras atividades, a questão do ambiente adequado é essencial. É sob este ponto
de vista que a situação atual de Rondônia padece de um mal que, infelizmente,
não tem sido tratado que é o de não se dar uma maior atenção aos setores
culturais, aos setores criativos que são uma fonte fundamental da atividade
econômica.
Sintomático
disto é, por exemplo, que o Teatro Estadual se arraste por diversos governos
sem que a obra tenha sido até hoje inaugurada. Há a promessa do atual
governador de que este longo calvário terá fim em dezembro, mas, mesmo assim é
uma obra apenas. Um teatro deve ter todo um aparato artístico, toda uma
programação, toda uma estrutura por detrás que, para nossa tristeza, não tem
sido pensada. O Teatro Amazonas, por exemplo, foi todo remodelado, todavia, lá
sua programação não incluiu apenas uma apresentação histórica de uma ópera como
também se criou até grupos teatrais, orquestra sinfônica e toda uma escola de
pessoal. Pelo que temos noticia nada disto foi pensado até agora por aqui,
apesar do anúncio festivo da inauguração.
Para
piorar é um fato constatado ( e não somente em nosso estado) que, quando se
fala em cortar despesas, a primeira coisa que acontece é cortarem recursos
justamente no que, embora devesse ser considerada uma fonte de criação de
riqueza, é sempre visto apenas como despesas e, para desgosto de artistas,
artesãos, criadores de uma forma geral, a tesoura cai sempre sobre os eventos
de cultura e de lazer, inclusive o carnaval que é a festa popular mais forte do
País, uma marca mesmo de nossa cultura.
Sob
o risco de parecer herético digo mesmo que toda e qualquer indústria moderna
precisa incorporar a economia criativa como forma de gerar mais valor em suas
mercadorias. Não é preciso de muita argumentação para se mostrar que não existe
grande produto sem marca e, no fundo, marca é propaganda, uma forma artística
de se mostrar que um produto tem qualidades diferentes ou superiores. Rondônia
precisa valorizar sua economia criativa, ou seja, ter seus valores criativos
exaltados e reconhecidos ou seguiremos sendo eternamente uma terra sem valores
próprios. Antigamente éramos a terra da cassiterita. Já nos caracterizamos por
ser um eldorado, mas, ainda não firmamos uma marca que caracterize Rondônia. Ou
fazemos isto com competência criando uma indústria criativa nossa ou seremos
eternamente a terra do “já teve”. E, de fato, já tivemos de tudo, mas,
corremos, hoje, o risco de ficarmos marcados apenas pelas marcas negativas.
Rondônia tem muita criatividade. É indispensável fortalecê-la, usá-la para
exaltar muitas coisas positivas, inclusive o céu sempre azul, quase tão azul
quanto o céu grego.