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sábado, setembro 21, 2013

A necessidade de valorizar a economia criativa

Em épocas, como as atuais onde a palavra recessão se não anda na moda paira no ar, é sempre necessário que se busque, especialmente, nos negócios, soluções criativas. Aliás, modernamente, a chamada indústria criativa, ou seja, a indústria sem chaminé que vive mais das idéias e de cabeças que pensam passou a ser, de fato, um fator decisivo no aspecto econômico, porém, nestas como em outras atividades, a questão do ambiente adequado é essencial. É sob este ponto de vista que a situação atual de Rondônia padece de um mal que, infelizmente, não tem sido tratado que é o de não se dar uma maior atenção aos setores culturais, aos setores criativos que são uma fonte fundamental da atividade econômica.
Sintomático disto é, por exemplo, que o Teatro Estadual se arraste por diversos governos sem que a obra tenha sido até hoje inaugurada. Há a promessa do atual governador de que este longo calvário terá fim em dezembro, mas, mesmo assim é uma obra apenas. Um teatro deve ter todo um aparato artístico, toda uma programação, toda uma estrutura por detrás que, para nossa tristeza, não tem sido pensada. O Teatro Amazonas, por exemplo, foi todo remodelado, todavia, lá sua programação não incluiu apenas uma apresentação histórica de uma ópera como também se criou até grupos teatrais, orquestra sinfônica e toda uma escola de pessoal. Pelo que temos noticia nada disto foi pensado até agora por aqui, apesar do anúncio festivo da inauguração.
Para piorar é um fato constatado ( e não somente em nosso estado) que, quando se fala em cortar despesas, a primeira coisa que acontece é cortarem recursos justamente no que, embora devesse ser considerada uma fonte de criação de riqueza, é sempre visto apenas como despesas e, para desgosto de artistas, artesãos, criadores de uma forma geral, a tesoura cai sempre sobre os eventos de cultura e de lazer, inclusive o carnaval que é a festa popular mais forte do País, uma marca mesmo de nossa cultura.
Sob o risco de parecer herético digo mesmo que toda e qualquer indústria moderna precisa incorporar a economia criativa como forma de gerar mais valor em suas mercadorias. Não é preciso de muita argumentação para se mostrar que não existe grande produto sem marca e, no fundo, marca é propaganda, uma forma artística de se mostrar que um produto tem qualidades diferentes ou superiores. Rondônia precisa valorizar sua economia criativa, ou seja, ter seus valores criativos exaltados e reconhecidos ou seguiremos sendo eternamente uma terra sem valores próprios. Antigamente éramos a terra da cassiterita. Já nos caracterizamos por ser um eldorado, mas, ainda não firmamos uma marca que caracterize Rondônia. Ou fazemos isto com competência criando uma indústria criativa nossa ou seremos eternamente a terra do “já teve”. E, de fato, já tivemos de tudo, mas, corremos, hoje, o risco de ficarmos marcados apenas pelas marcas negativas. Rondônia tem muita criatividade. É indispensável fortalecê-la, usá-la para exaltar muitas coisas positivas, inclusive o céu sempre azul, quase tão azul quanto o céu grego.

 

domingo, setembro 01, 2013

Só oscilações à vista




O governo comemora o fato de que a economia cresceu 1,5% no 2º semestre. Não há como não concordar que o comportamento da economia foi melhor que o esperado e melhor que o anterior, mas, é preciso lembrar que isto já aconteceu inúmeras vezes na história recente e não assegura nada a respeito do comportamento futuro. Há dados que, se forem mantidos no tempo, são muito bons. Um deles é o aumento da taxa de investimento e do consumo privado que cresceu, mas, perdendo participação no PIB. O consumo público também, ao aumentar, nos leva a ter certeza de que a poupança está crescendo como proporção do PIB. Bem como a agropecuária e indústria cresceram sua participação na economia deslocando os serviços. É uma mudança necessária por causa do imenso passivo externo. O governo alega que este rombo está sendo coberto por investimento direto, produtivo. Mas, capital externo tem de ser remunerado, seja por juros, lucros e dividendos e, num prazo maior, isto é insustentável e se transforma, como sabe quem entende o mínimo de finanças, numa bola de neve. Neste sentido é bom que a taxa do câmbio tenha se depreciado. O exame, portanto, dos dados nos induz a pensar que o resultado foi mesmo muito bom e alguns setores econômicos, se mantiverem o comportamento, farão uma grande diferença, todavia, deve-se olhar com a frieza do curto prazo e de que foi uma oscilação. Nada nos dá certeza, pelo menos por enquanto, que se trata de uma tendência.
Para manter, porém, o foco é preciso afirmar que a produção atual depende do investimento passado. E, como se sabe, a taxa de investimento em relação ao PIB, de 18,6%, com muito esforço 19%, têm sido muito baixa. Mesmo o crescimento apontado no trimestre, embora acima do passado, ainda está muito longe dos desejados 23 a 25% que nos permitiriam ter um crescimento sustentável em torno de 5%. Por isto não é crível argumentar com um crescimento trimestral anualizado de 6%. A causa está no baixo investimento do passado. Também não existem, pelo menos de forma visível, fatores que indiquem que os bons resultados do trimestre se devam a algum tipo de política pública. O governo parece continuar a querer insistir no esgotado modelo de incentivo ao consumo, mas, o crédito, seu motor, bateu no teto e os índices da taxa de emprego já acendem o sinal amarelo mostrando que os caminhos devem ser outros. Não dá para acreditar que, com as eleições na porta, o governo mude de rumo. Deverá insistir na formula de tentar incentivar o consumo. Como o governo já sinalizou, com a relutância em diminuir ministérios, que não fará uma política fiscal mais dura nem, em compensação, melhorará os gastos e investimentos públicos de forma significativa, não há como não considerar que continuaremos a verificar oscilações na atividade econômica e o termômetro delas são as expectativas: os empresários demonstram muito pouco otimismo em relação ao futuro. E sem o otimismo deles é impossível pensar que as taxas de crescimento alcem voos mais altos. O previsível são as oscilações.