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domingo, julho 29, 2007

O FUTURO DAS VAIAS ANUNCIADAS

Embora FHC até hoje negue que tenha dito “esqueçam o que escrevi” que o PT transformou em símbolo de seu comportamento, hoje, em dia parece que quem tem amnésia geral em relação a todas as suas lutas antigas é o Partido dos Trabalhadores. E a amnésia parece ser recorrente, pois abarca até mesmo o mês passado. Basta ver, por exemplo, que pretenderam vender a absurda idéia de que a uníssona, gloriosa e contundente vaia dada no Maracanã ao ex-esfaqueado e, agora, mais “aéreo” do que nunca operário-presidente teria sido ensaiada, a partir de César Maia, com servidores municipais. Não conseguem encarar de frente o choque de realidade. Lula da Silva, no entanto, sabe muito bem como sua reeleição foi duramente conquistada não se ilude mais.
Tanto que não foi ao Rio de Janeiro, no final do Pan, nem foi ao Rio Grande do Sul que, previsivelmente, o esperavam para repetir a apoteótica ovação.
A esperteza do marketing oficial, então, depois da solidão, de deglutir da forma possível a indigestão do vomito popular sobre ele, resolveu ir lançar o Plano de Aceleração do Crescimento-PAC cercado de todas as garantias em Aracaju, terra de um dos petistas mais avaliados, no Nordeste onde a farta de distribuição de bolsas famílias, supostamente, o livraria de novas vaias. Todo cuidado como se observou foi inútil, embora a segurança tenha eliminado faixas que, certamente, incomodariam a visão, aliás, pouco utilizada de nosso timoneiro. Até em Sergipe as vaias o perseguiram demonstrando bem que se o seu partido e ele esquecem as promessas há muita gente que não se esquece do que prometeram e não cumpriram.
O que Lula da Silva e o Partido dos Trabalhadores esquecem, em primeiro lugar, é que há uma grande massa de primeira hora que deu sempre todo o apoio ao PT e a Lula e os encaram como grandes traidores. Isto ficou visível quando, no mês passado, uma manifestação da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal-Condsef, foi recebida, com parlamentares do PT e PCdoB, para solicitar pedir negociações entre servidores e governo. Já na época cinco categorias representadas pela Confederação estavam em greve (Ibama, Incra, Cultura, Datasus e CNEN). Houve o protesto realizado no Palácio do Planalto pelos servidores do Incra que foi respondido por Lula com a necessidade de se aprovar o projeto que quer regulamentar o direito de greve. Ou seja, respondeu com dureza aos desejos de negociação. E as greves e protestos só reivindicavam que o governo cumprisse os acordos firmados com as categorias em 2005 e que até o presente são solenemente ignorados. Em Sergipe, portanto, foram os servidores públicos que deram os primeiros sinais de sua insatisfação. A imprensa afirma que somente onze vaiaram. Há!Há! Não falam da enorme operação que tiveram que fazer para impedir que Lula da Silva tivesse outra vaia história nem que tiveram que reprimir e levar o presidente por outros caminhos para que não recebesse os apupos vindos da insatisfação popular. Agora vão ver que as vaias vão ser sim organizadas. Os insatisfeitos aprenderam o caminho.

quarta-feira, julho 25, 2007

SERÁ QUE VAI DAR CERTO UMA BOA IDÉIA?


UMA 51 NO MEIO DO CAOS
Quando, depois de um final de ano conturbado pelo “apagão aéreo”, se pensava que as coisas iriam, enfim, voltar à normalidade do passado, verificamos que isto, de fato, vai custar a acontecer. E o fizemos da pior forma. Por meio de uma tragédia que vitimou mais de 200 pessoas causadas pela explosão do AirBus da TAM no qual ficou explícito, no mínimo, uma grande falta de previsão, de dirigentes sérios. Se dúvidas houvesse o gesto obsceno do assessor internacional do Lula da Silva, Marco Aurélio Garcia, delatou, de forma inequívoca, o nível de gente a que estamos subjugados. Em qualquer ocasião seria um gesto reprovável, mas, neste contexto, um prato cheio para a mídia e para sermos, em prosa e versos, vendidos como atrasados e ignorantes no mundo inteiro. Para completar não faltou nem mesmo uma pane em radares dos Cindacta-4 da Amazônia com retorno de aeronaves internacionais e novos riscos de colisão de aeronaves na região amazônica. Hoje, sabemos que não houve o devido cuidado na escolha dos dirigentes do setor aéreo e, na verdade, não só dele. É fruto lamentável do que sabíamos de antemão: Lula não estava, e não está, preparado para governar o País. Porém, como ainda é o presidente, pode, pelo menos, ouvir mais.
Neste sentido, no meio de todo este caos, uma boa idéia foi levantada pelo secretário de Transportes do Estado do Rio, Júlio Lopes, que fez umas contas por alto e defende que o custo da construção de um novo aeroporto é mais do que a metade do que seria gasto na implantação do trem bala Rio-São Paulo. Disse Lopes que "Um novo aeroporto não sairá por menos do que algo entre R$ 5 bilhões e R$ 7 bilhões. Não é só construir a pista e o terminal. Será preciso fazer o acesso rodoviário e ferroviário para ligar o aeroporto a São Paulo, já que ele não deve ser construído a menos de 100 quilômetros do centro da capital paulista e de outros centros. Isso custaria mais R$ 1 bilhão ou R$ 2 bilhões". O custo estimado da ligação ferroviária Rio-São Paulo é de US$ 9 bilhões (cerca de R$ 17 bilhões), mas a grande vantagem do trem é a de desafogar o trafego aéreo, começar a mudar a opção brasileira de transportes e, por fim, poder contar com investidores internacionais, inclusive com o apoio da China que tem uma indiscutível competência no setor ferroviário. E, com a vantagem adicional de que os trens podem ser tão ou mais confortáveis que os aviões e não precisam parar com chuva ou neblina. É ótimo que o governo do Rio tente influenciar o governo federal a trocar o projeto de construção de um terceiro aeroporto em São Paulo pela adoção do trem de alta velocidade, principalmente para o usuário que poderá ter o embarque e desembarque no centro das duas capitais e tarifas menores e, para o país, que pode começar a dar uma guinada para o transporte ferroviário.

domingo, julho 22, 2007

BIODIESEL- A NOVA ENERGIA DO INTERIOR

Foi uma iniciativa vitoriosa, principalmente para a Prefeitura Municipal de Ariquemes, o "Encontro Intermunicipal de Biodiesel-A Nova Energia do Interior", no último dia 13 de julho, que congregou políticos e técnicos para discutir as possibilidades e lançar um projeto intermunicipal para viabilizar o uso do biodiesel em Rondônia, especialmente na região da Grande Ariquemes, que envolve os 13 municípios em volta. O encontro foi excelente para mostrar que a alternativa tem amplas condições de dar certo, porém envolve uma reestruturação do programa em nível governamental. A política energética nacional do biodiesel, centrada na inclusão da pequena propriedade familiar, cerceia os investimentos privados na medida em que, hoje, o biodiesel é feito a partir da soja e os outros tipos de cultura disponíveis são de custo muito mais elevado retirando a competitividade do combustível obtido. Não se pode assim embarcar na onda de euforia sem frisar que se há um aspecto bastante descuidado é o relativo ao mercado. Ainda mais quando fontes governamentais dizem que não haverá mais leilões de compras de biodiesel. Isto nos leva citar o caso da Oleoplan SA – Óleos Vegetais Planalto que inaugurou uma usina de biodiesel em Veranópolis, no interior do Rio Grande do Sul e já possui capacidade ociosa. Até agora, a usina forneceu 10 milhões de litros de biodiesel à Petrobras – o que equivale a 15% da produção prevista anual e será difícil vender para outros setores dado que o produto é cerca de 35% mais caro do que o diesel tradicional. Este fato foi que, na ocasião do Encontro, no painel que participei, procurei ressaltar. Efetivamente é o chamado mercado obrigatório, constituído pela Lei nº 11.097/05 que estabelece os índices de 2% até 2008 e 5% até 2013 para ser misturado com o diesel que cria um mercado, porém, com as 23 plantas existentes e em implantação, que já poderão produzir 928 milhões de litros, o mercado oficial já se encontra saturado. O outro mercado possível, o das empresas de transporte coletivo e de cargas encontra sérios problemas por causa do custo mais alto do combustível alternativo. Sobra, portanto como opção o mercado externo, que hoje se concentra na União Européia, no entanto não se pode esquecer que este já é o maior produtor da atualidade e que, por adoção de uma política agrícola protecionista, isto impede uma maior exportação brasileira para o bloco. Por tudo isto já se cobra a antecipação, de 2008 para este ano, da adição obrigatória de 2% de biodiesel ao diesel comum e os produtores querem que esse índice suba logo para 5% até 2010. De qualquer forma é preciso ter cuidado. O biodiesel pode ser uma ótima opção, mas ainda exige um tratamento da cadeia produtiva, uma reformulação do programa com atenção aos impostos e consolidar o mercado. Enfim, como em muitas outras coisas, o papel do governo é essencial e sua ausência sentida.