Total de visualizações de página

sexta-feira, dezembro 14, 2018

A FLEXIBILIDADE DOS HORÁRIOS NO MUNDO DO TRABALHO



Embora o mundo esteja mudando muito rapidamente nem sempre isto é percebido pelas pessoas, principalmente, as que estão em cargos de chefia. No Brasil isto é uma realidade latente. Basta ver que ainda existe muita cobrança sobre a questão do horário de trabalho das pessoas. A própria modificação da lei trabalhista, que dá maior flexibilidade para todos, por exemplo, foi imensamente combatida pela percepção pouca prática dos próprios sindicatos, que não compreendem os novos tempos. Ainda trabalham com a concepção de que é melhor manter privilégios para poucos do que conseguir gerar renda para muitos. É preciso ver que o sucesso no trabalho não pode ser mais medido pela presença, pelo número de horas que a pessoa passa no seu local de trabalho, mas, sim pelos resultados que consegue. Basta ver que a Gallup verificou que 43% dos americanos empregados passavam o tempo trabalhando remotamente a partir de 2016, um aumento de 4% desde 2012. Mais importante ainda a percentagem de trabalhadores norte-americanos que trabalhavam fora do escritório aumentou de 24% para 31% no mesmo período de 4 anos. Assim a  Gallup verificou que as oportunidades de programação flexível e de trabalho, a partir de casa, desempenham um papel importante na decisão de um funcionário de aceitar ou deixar um emprego. Pelo menos, nos Estados Unidos a agência constatou que "Os funcionários estão forçando as empresas a quebrar as estruturas e políticas tradicionalmente estabelecidas que influenciavam seus dias de trabalho".
É uma nova forma de ver as coisas que é correta: não é ter alguém sentado numa mesa de escritório por um determinado número de horas por dia que irá aumentar a produtividade da empresa. Ele pode passar horas sentado sem produzir nada. Esta a razão pela qual deslocar o local ou as restrições físicas do trabalho  para onde o trabalhador vai se aplicar melhor aos trabalhos de escritório / criação / serviços é uma grande vantagem. É claro que, cada caso é um caso, mas, há grandes oportunidades criativas para dar flexibilidade aos funcionários da linha de frente. Mesmo que o seu trabalho exija sua presença física, isto também não significa que ele nunca poderá atender a questões pessoais importantes, como necessidades de saúde e resolver seus problemas bancários na hora do expediente. Cada vez mais, e, em 2019, isto deve se acelerar, começaremos a ver que o dia de trabalho de tamanho único será substituído por algo muito mais fluido e flexível, com modificações baseadas em tempo e localização, adaptadas tanto aos objetivos da empresa quanto às necessidades dos seus funcionários. Este dia de trabalho adaptável não é um benefício só para a empresa ou benefício para o funcionário, certamente, não será a exceção à regra e sim um imperativo estratégico para as empresas que quiserem se manter produtivas nos novos tempos. A maior prova é uma pesquisa de Werk revelando que 37% dos funcionários nos Estados Unidos não se sentem inspirados ou energizados por seus locais de trabalho físicos na atual estrutura de jornada de trabalho. Também que quando os funcionários são sobrecarregados com horários de início rigorosos e longos deslocamentos, eles são geralmente menos capazes de se envolver em uma vida saudável e fornecer cuidados adequados para seus filhos e entes queridos. Claro que os escritórios físicos não serão extintos, porém, a flexibilidade dos horários e o trabalho em casa, definitivamente, vieram para ficar. Aqui vale lembrar  as palavras da CEO da Microsoft, Saty Nadella, "O trabalho não é mais um lugar para onde você vai. O trabalho é fazer as coisas acontecerem onde você está."


sexta-feira, novembro 30, 2018

ANOTEM O NOME DELE É LISCA, O SEMEADOR DO IMPOSSÍVEL



Loucura e genialidade sempre andaram muito próximas. E o meu personagem deste Brasileirão é, sem dúvida, o melhor técnico do torneio. Bem, Felipão poderia ser melhor, mas, não é. Efetivamente, ao meu ver, fez menos do que se esperava dele, embora este menos tenha sido muito bem feito. Mas, seus feitos atuais não são iguais, nem chegam perto, na verdade, do que fez o senhor  Luiz Carlos Cirne Lima de Lorenzi, muito mais conhecido como “Lisca Doido”. Doido??? Que me perdoem os que pensam o contrário, porém, deveria ser conhecido mesmo como Lisca Gênio. Basta pensar que acumula em sua carreira como técnico feitos impensáveis, como, por exemplo, fazer o Juventude recuperar uma vaga na Série C, eliminar o Grêmio no Gauchão de 2012; no Guarani livrou o time da série C; também devolveu o orgulho ao Náutico, quando, depois de longo tempo, voltou a vencer o Sport, sedimentou a volta do Paraná nos primeiros jogos do ano passado e, este ano, fez o Ceará, numa campanha histórica, escapar do rebaixamento.
Quando o Ceará terminou o primeiro turno com apenas 3 pontos ganhos e Lisca assumiu o Vozão, a equipe nordestina se encontrava na lanterna do Brasileirão, e, muitos comentaristas abalizados já o consideravam um time  “garantido” na série B 2019. Não contavam com Lisca. E a chegada do treinador modificou todas as expectativas, e fez o Ceará chegar na penúltima rodada salvo do rebaixamento e fazer, no segundo turno, uma campanha notável acumulando até agora 40 pontos mais! Ou seja, fez 78% dos 51 pontos possíveis! Como se explica isto? Afinal o elenco pouco mudou e o Ceará teve antes bons treinadores. Bem, a verdade é que Lisca não se explica. Ele, com sua experiência de técnico andarilho, semeador de bons times nas divisões de baixo, é, hoje, um treinador dos melhores que este país tem. E não digo isto por ser um torcedor do Ceará. É claro que isto pesa para louvá-lo, mas, o reconhecimento seria quase o mesmo se tivesse feito a façanha por qualquer outro time. O que pesou, de fato, é que ele sabe tirar dos seus comandados o melhor possível, tem o indiscutível dom de saber estruturar uma equipe, de infundir ânimo e entusiasmo no seu time. Ora, podem dizer, todavia, amigo não é só ele. É verdade. Há outros técnicos que fazem a mesma coisa, que tem a mesma capacidade de construir equipes. O que Lisca tem a mais, seu toque de gênio, é sua coragem de, por exemplo, ter pego o Internacional destroçado e ser o seu condutor para a segunda divisão, sem medo. Assim, como sem medo, pegou um Ceará destroçado e salvou. Quantos terão o mesmo talento e coragem? Doido? Doidos assim são indispensáveis para fazer história. E este ano Lisca fez! Contra os que não sabem sonhar mostrou que o impossível não resiste a um trabalho bem feito. Salve Lisca, os torcedores do Ceará e os reconhecedores de talento te saúdam!

quinta-feira, novembro 08, 2018

OS DESAFIOS DO GOVERNO BOLSONARO



O novo presidente da República, Jair Bolsonaro, possui uma oportunidade única de fazer com que o Brasil avance, realmente, em direção a um futuro melhor. O otimismo que o envolve começa pelo fato de que, ao contrário dos presidentes anteriores, sua ascensão é bem vista pelos principais parceiros e países do nosso país. O comportamento do mercado e a queda do dólar são os sintomas mais evidentes desta visão, mas, já houve manifestações de que os investimentos estrangeiros deverão também aumentar com o novo governo. Neste sentido, a sua sinalização de que pretende negociar com o mundo inteiro, bem como melhorar o ambiente de negócios, inclusive com maior privatização e desburocratização, soa como música aos ouvidos dos empreendedores e investidores nacionais e estrangeiros.
O governo Bolsonaro, no entanto, terá que fazer alguns esforços em áreas que precisam, efetivamente, de uma maior atenção e são importantes instrumentos para a geração de emprego e de renda, bem como fundamentais para iniciar um novo ciclo de desenvolvimento econômico. Claro que a economia surge como prioridade. Sem o controle das contas públicas, sem os recursos para manter as atividades administrativas e os investimentos necessários em infraestrutura, o seu governo terá muito maior dificuldade. Todavia, neste primeiro ano, bastará que tome as iniciativas corretas para que já passe a ter um crescimento mínimo de 3%, o que não é o ideal, mas, o possível no início de governo. O setor financeiro deve merecer atenção especial. Como também o turismo, que tem um imenso  potencial, se  tratado com o foco que merece. Este ano o substancial aumento de turistas no carnaval já mostrou a força do setor, mas, dados do Conselho Mundial de Viagens (WTTC), demonstram que o turismo tem sido responsável por um em cada cinco empregos gerados no mundo na última década. No Brasil são 2,9 milhões de empregos e 6% do Produto Interno Bruto-PIB, bem abaixo do que representa o setor no PIB Mundial (10,4%). E o Brasil, que possui vantagens competitivas diferenciadas, com um amplo leque de  paisagens, clima e cultura para os mais variados perfis de viajantes, pode abocanhar um pedaço muito maior do mercado mundial de turismo. Previsões modestas detectam a capacidade de, em dois anos, criar, pelo menos, 1,8 milhões de empregos e injetar cerca de R$ 10 bilhões no país somente com medidas acertadas, como uma melhor divulgação, desburocratização, redução de impostos para a atração de investimentos no setor.  Acrescente-se que, o turismo tem um enorme efeito cascata, por abranger mais de 60 tipos de atividades econômicas, e ainda permitir a utilização de jovens no mercado do trabalho, ajudar na revitalização e conservação dos patrimônios histórico, artístico e cultural. É claro que isto passa também, em determinados locais, como o Rio de Janeiro ou Fortaleza, pelo combate à violência, o que é bem mais complicado. Ocorre que, em outros espaços do Brasil, em particular na Amazônia, bastará um programa de investimentos bem feito, e envolvimento da população em projetos de turismo regionalizados, para se conseguir aumentar, significativamente, o fluxo de turismo. E o turismo é um indutor de uma necessidade básica do país: uma educação de qualidade. Aliás, espera-se que o governo Bolsonaro faça o que, efetivamente, nunca foi feito na educação: um esforço sério e continuado de melhorar o nível da escolaridade brasileira. Há muito o que ser feito, mas, iniciar um grande esforço na área é essencial e uma tarefa urgente.

sexta-feira, outubro 26, 2018

A DESSARUMAÇÃO DO SISTEMA POLÍTICO



Lula, que sempre foi o dono do Partido dos Trabalhadores-PT, afirmava que quando assumisse o governo daria solução para os problemas brasileiros. E passou mais de trinta anos chamando os outros partidos de corruptos, pregando a divisão de classes (o nós contra eles), xingando as elites (ainda quando comandava o país, ou seja, quando era ele é a elite-mor). Não se pode dizer que não teve seus quinze minutos de fama: amparado na multiplicação das benesses a sindicalistas, órgãos de comunicações e movimentos sociais montou a maior claque que o Brasil já teve. E, navegando no crescimento mundial e na liberação do crédito, fez a população acreditar que o Brasil, de uma hora para outra, tinha acabado com a fome, criado uma via de desenvolvimento sustentável e se transformado em país de primeiro mundo. A fantasia durou enquanto duraram as burras cheias de dinheiro do tesouro. Já no final do seu segundo mandato as coisas estavam feias, mas, pioraram significativamente quando entregou o cetro à Dilma Roussef, apresentada como a “gerente”. E ela gerenciou a derrocada por quatro anos. E, não satisfeita, apesar do rombo que o caixa apresentava, partiu para ganhar um segundo mandato, onde não somente gastou milhões com empresas de marketing político e de comunicações, utilizando amplamente as mídias sociais, inclusive fazendo o que, hoje, acusam Bolsonaro de fazer, o WhatsApp, com mensagens propagandísticas. Elegeu-se, mas, a deterioração do governo e do partido já havia alcançado limites inimagináveis: nunca antes neste país houve tanta corrupção. Todos os outros partidos estavam envolvidos, pois, o PT havia comprado todo mundo no atacado ou no varejo. A Lavajato explodiu o tumor e a credibilidade do PT foi para o ralo. O povo viu que Lula havia acusado os outros do que sabia fazer muito bem. Não são as mídias sociais, nem a inteligência ou a esperteza de Bolsonaro que estão derrubando o PT. O PT, hoje, luta contra o povo que acreditou nele. Pode mudar as cores, todavia, não pode mais se apresentar com a cara limpa e honesta que um dia já teve. Efetivamente, o povo não esquece o estelionato eleitoral de que foi vitima, da enganação maciça, da tapeação gigantesca que foi a reeleição desastrosa de Dilma. Nem de que, com ela, começou a pagar a conta do que o PT denomina, hoje, dos “anos felizes”: recessão, desemprego, corrupção e endividamento. Bolsonaro foi o felizardo por sua luta contra o que sabia ser errado. Com todas as suas contradições e limites encarna a mudança. Encarna a decência contra a corrupção, a esperança de paz contra a violência predominante, a esperança na política e nos políticos. É uma aposta que pode não dar certo? É. Mas, o povo não quer mais o PT. O PT não entendeu que não luta contra Bolsonaro, mesmo com a fala lúcida de Mano Brown. Luta contra a maioria da população que não aceita mais o partido. Não há a mínima condição do PT ganhar. Os petistas se desesperam gritam, esperneiam, choram, chamam os outros de fascistas, inventam fakes, usam crianças numa propaganda que chega às raias da inconsequência, querem puxar o tapete, mudar o mundo e as regras. O problema é que a democracia é uma questão aritmética, de voto: ganha quem a maioria quer. E o nome está na rua, na mídia e estará nas urnas do dia 28: Jair Bolsonaro. É uma aposta na interrogação, porém, os brasileiros preferem o desconhecido ao que já se provou ineficiente e danoso. Bolsonaro é a desarrumação popular contra tudo que está aí e que o povo não quer mais.

terça-feira, outubro 23, 2018

APROXIMA-SE DO FIM A GUERRA ELEITORAL DAS SANDICES



Esta é, sem dúvida, a campanha mais bizarra, mais surpreendente, violenta e  insólita que o Brasil já assistiu.  Jair Bolsonaro e o poste de Lula continuam trocando pérolas, se estapeando, se esmerando em dizer besteiras e acirrar os ânimos entre suas duas claques. O democrático, e moderado, Haddad, que dizem os seus adeptos, não tem o menor pendor para ser fascista, foi o primeiro a dizer que Jair Bolsonaro é um "anti-ser humano a ser varrido da face da Terra". E, claro que como Lula ele não sabe de nada, enquanto o PT tentava emplacar a hastag #BolsonaroAnticristo no Twitter. Vindo da esquerda petista qualquer coisa é normal. Por outro lado, Bolsonaro disse que “A faxina agora será muito mais ampla, se essa turma quiser ficar aqui vai ter que se colocar sob a lei de todos nós, ou vão pra fora ou pra cadeia. Esses marginais vermelhos serão banidos de nossa pátria”. Ele colocou a lei no meio, mas, é uma afirmação que tem muito pouco de bom senso. E que joga lenha nos ataques e acusações de fascismo contra ele, que nem liga, e contra seus eleitores que, estimados em mais de 60 milhões, estão bem longe de ser isto. Chamo tudo isto de “fumaça eleitoral”. O problema é que isto desviou a campanha de qualquer discussão importante. Virou um desvario virtual onde muitas pessoas que pensam se perderam e passaram a se comportar como policiais da opinião alheia, com professores, que deveriam educar, partindo para acusações infundadas, a repetir slogans vazios e até mesmo utilizando palavras de baixo calão. É um festival de sandices que só desperta o pior do ser humano e nojo de olhar para o Facebook ou ver as “descobertas” e fakenews, via whatsapp, que são enviados como se fossem o suprassumo da sabedoria humana querendo colonizar a cabeça alheia. Me poupem! Ninguém, com a idade que tenho, vai conseguir mudar meu modo de pensar, nem me impedir de analisar com os meus próprios neurônios.
Bolsonaro, é claro, tem seus problemas. Não é um mito. É um homem que encarnou a vontade de milhões de mudança. E a mudança é contra o PT com toda razão. Afirma Sérgio Pardellas, num artigo denominado de “A cristianização de Haddad” (https://istoe.com.br/a-cristianizacao-de-haddad/) que “o partido que se recusou a assinar a Constituição de 1988, votou contra o Plano Real, não topou participar da coalizão em torno de Itamar Franco pós-impeachment de Collor e que buscou a hegemonia por meio do aparelhamento do Estado, da corrupção institucionalizada e da perseguição inclemente a adversários políticos, muitos tratados como ‘inimigos a eliminar’, não dispõe de autoridade moral para entoar, aos 48 do 2º tempo, a cantilena da aliança do ‘centro democrático’- desde que encabeçada pelo PT. Repetindo a sentença-sinceriCIDio de Gomes: o partido que adota a mentira como dogma de ação ‘vai perder e vai perder feio’”. É o que se constata de todas as pesquisas sérias que foram feitas, neste segundo turno, onde Bolsonaro supera a casa dos 60% dos votos válidos e se consolida como virtual presidente com uma vantagem acima de 21,5 milhões de votos. A rejeição de Haddad é muito maior e o Ibope constatou que 60% dos eleitores não votam no candidato petista. Esta a razão pela qual afirmo que, quem está indo contra ele está indo contra a maioria do povo brasileiro. São os fatos. O PT já teve esta maioria a seu favor. Não tem mais. O PT luta contra o povo brasileiro. Por isto, não importa o que façam, digam, estrebuchem, chiem. No domingo perderão. Já perderam. Só irão constatar na contagem dos votos.


segunda-feira, outubro 22, 2018

A VIA CRUCIS DO PT E DA ESQUERDA BRASILEIRA



É impressionante a fragilidade do discurso de esquerda nesta eleição de 2018. Se uma de suas capacidades sempre foi a de vender o sonho, o imaginário, novas formas de ver o mundo, o que se mostra, nesta eleição, é que se encontra à direita da direita, de vez que, hoje, luta pela conservação do “status quo”, ou seja, são os verdadeiros conservadores. Nesta eleição bradam, desesperadamente, pelo politicamente correto, quando toda a cúpula petista se encontra na cadeia ou processada, e, sem a menor lógica, incorporam nos seus programas a descriminalização das drogas, o aborto e a liberdade de criminosos. Ignorando a vontade popular pregam a volta dos “bons tempos”, que não pode ser representado por eles, basta ver que escondem Dilma Roussef, o retrato do desastre econômico e são guiados por Lula, um detento.  O resultado é o que se vê: os segmentos ditos de direita, mesmo sem dinheiro e imaginação, conseguiram criar um conjunto de imagens, de estatísticas, de slogans que empolgam o eleitorado. O comportamento politicamente incorreto de Bolsonaro deixa os adversários encurralados numa armadilha: para tentar miná-lo precisam dizer que são politicamente corretos, quando não o são. Então, só restam os argumentos rasteiros: Bolsonaro é fascista, racista, misógino, homofóbico, e, agora, para completar, desonesto.
É um ótimo discurso para Bolsonaro. Principalmente, que sem poder sair do canto do ringue, a esquerda em geral, e os petistas em particular, se exasperam e exercem a censura, o moralismo, o policiamento e até o xingamento contra os que pensam diferente, em suma, perderam o patrimônio de ser a vanguarda da sociedade e foram empurrados para exercer o papel da direita mais extrema, de repressão, de acusações infundadas, de  policiamento ostensivo e antidemocrático da opinião e dos direitos alheios. É uma completa inversão de papéis: a esquerda se tornou extrema-direita! O que não enxergaram, até por problemas ideológicos, é que não existe ideologia nenhuma na ascensão de Jair Bolsonaro. Uma parte é culpa do insucesso do governo petista na economia, mas, outra parte é porque Bolsonaro encarnou o reclamo popular pela decência na vida pública. Contra isto não adianta dizer que Bolsonaro representa a barbárie (atribuindo a si mesmos os papéis de iluminados). Bolsonaro somente usa o figurino que o povo deseja de moralista, militar e defensor da ordem pública. Caiu nas graças do povo porque apareceu gritando primeiro contra a desordem, a desorganização, a anarquia de Brasília! Ganhou notoriedade por representar o diferente no meio do discurso tosco, comum e mentiroso dos políticos.  O capitão caiu na graça do povo e ganhou notoriedade por ser um “outsider”. E a participação de militares no seu governo é vista como um sinal de que se terá ordem no futuro, como um aviso de que as coisas irão mudar. Invés de causar temor, causa satisfação. E é contra este sentimento que a esquerda e o PT lutam. Querem derrubar Bolsonaro de qualquer jeito. Não respeitaram nem o seu bucho aberto por uma facada, mas, estrebucham desesperadamente na mão dos brasileiros que ignoram, sistematicamente, seus ataques, respondendo com o aumento da vantagem de Bolsonaro sobre seu adversário. A esquerda, que ironia, se colocou contra o povo! Irão se desesperar, sem jeito, até serem derrotados fragorosamente nas urnas no próximo dia 28 de outubro.


terça-feira, outubro 16, 2018

VITÓRIA DE BOLSONARO DEVE SER POR UMA DIFERENÇA MUITO MAIOR



A primeira pesquisa Ibope/Estado/TV Globo divulgada na segunda-feira, 15, confirmou o que as outras existentes já afirmavam: Bolsonaro aumentou a distância em relação ao seu adversário. Mas, os  59% das intenções de votos de  Jair Bolsonaro (contra 41% de Haddad), considerando-se apenas os votos válidos, uma  diferença a favor do candidato do PSL expressiva de 18% de vantagem pode ainda aumentar muito mais. É o que mostra a pesquisa Datafolha de 10 de outubro, onde Bolsonaro obteve 58% das intenções de voto, enquanto que para Haddad este número foi de 42% e apontava que a rejeição a Haddad agora é muito maior do que a de seu adversário: 47% dos pesquisados afirmam que não votariam nele em hipótese alguma enquanto que para Bolsonaro a rejeição foi de 35%. Este é um indicador que a campanha eleitoral em rádio e televisão de Bolsonaro está sendo mais eficaz do que Haddad em provocar o aumento da rejeição do concorrente.
Isto em grande parte porque Bolsonaro está sendo beneficiado por dois fenômenos conjuntos: 1) O PT optou por uma campanha de ataque ao que considera pontos negativos do seu concorrente e taxando-o de fascistas; 2) Há um grande sentimento antipetista e anti-Lula que, segundo pesquisa, dois terços dos brasileiros desejam que continue preso. A pecha de fascista em Bolsonaro parece muito pouco eficaz. Afinal se trata de um nome que, no primeiro turno, recebeu 49 milhões de votos e, como a insensatez do ataque se espalha, nas mídias sociais se torna mais negativo ainda com os petistas convictos tachando os eleitores de Bolsonaro de fascistas. É muito fascista no Brasil inteiro pelo visto. Só aumenta a rejeição ao PT e ao seu candidato.
Também o PT não desce do salto alto e não fez o seu “mea culpa”, apesar de toda a sua direção já ter experimentado a cadeia. Neste ponto, o senador eleito, Cid Gomes, detonou uma crítica que foi contundente: o PT agia como se fosse “dono do Brasil” e o Brasil é, de fato, um país complexo. Nem mesmo adiantou a retirada de Lula das imagens e a mudança nas cores, eliminando o tradicional vermelho do PT e adotando o verde-amarelo, a marca negativa do partido, pois, como também adotou uma agenda onde as propostas de governo continuam sendo vagamente expostas ( o que também acontece com Bolsonaro)  as campanhas investem nos conflitos no campo moral e cultural, que sempre foi o forte do populismo no PT, porém, que, agora, parece Bolsonaro e sua equipe têm aplicado esta técnica com muito mais eficácia. Nada parece mover as tendências, o que favorece Bolsonaro, principalmente, porque se persistem estas condições, é   provável que o capitão deve vencer a corrida presidencial com uma ainda mais larga margem de vantagem. De vez que, dada a expressiva diferença de votos em favor de Bolsonaro que não foi captada pelos institutos de pesquisa, tudo leva a crer que parece haver muitos eleitores que evitam declarar publicamente sua opção por Bolsonaro, mas, são votos que podem produzir uma vantagem numérica ainda maior. O primeiro turno mostrou isto concretamente e, com o pouco tempo existente, e a mais completa falta de opções no quadro atual, onde são limitadas as chances de mudança, tudo indica que Bolsonaro deve vencer com uma diferença muito maior.

quinta-feira, outubro 11, 2018

HADDAD NÃO É MAIS LULA?



No primeiro turno Haddad usou a bandeira vermelha do PT e saiu dizendo, a Deus e o mundo, que era Lula. Até teve a coragem de usar uma máscara do seu líder. O resultado foi o que se viu: Bolsonaro teve 49.276.990 votos (46,03% dos válidos), e Haddad, 31.342.005 (29,28%). Assim Bolsonaro teve 17.934.985 votos a mais. Bem, o segundo turno é outra eleição? Pode Haddad virar? As respostas são sim e sim, habitualmente. Porém, na situação atual a possibilidade disto ocorrer é muito mais de não e não. A razão é que já no primeiro turno a eleição polarizou-se e os que não votaram em Bolsonaro, fora os brancos e nulos, ou seja, votaram em outros candidatos foram um pouco mais de 26 milhões. Decorre disto que, se Bolsonaro só tivesse o mesmo número de votos, Haddad, para vencer,  precisaria buscar para si cerca de 70% dos votos que foram dados a todos os outros candidatos.
A dificuldade imensa disto é que Haddad não consegue obter nem mesmo os votos que Lula poderia alcançar. Piora ainda mais a possibilidade quando se verifica que o primeiro turno mostrou um forte sentimento antipetista que se ancora numa situação real: Lula e os principais nomes do Partido dos Trabalhadores ou estão presos ou estão condenados pela Justiça por corrupção e outros crimes. A farsa do “golpe” recebeu uma condenação pública em Minas Gerais com Dilma Roussef acabando em quarto lugar na eleição para o senado. E não foi só ela: Suplicy, um símbolo do PT e uma liderança paulista também perdeu para o senado, mesmo sendo favorito. E, como o PT também teve apoio de outros partidos, que participaram do botim com ele, as lideranças, os velhos caciques que o apoiaram, foram, exemplarmente, castigados. É o caso de Romero Jucá, de Requião, de Raupp e tantos outros.
Qual a estratégia de Haddad para tentar reverter o jogo? Segundo tudo indica é amenizar o discurso petista, buscar o centro, não ir mais pedir conselhos de Lula na cadeia de Curitiba. Ou seja, Haddad não é mais Lula. O grande problema desta estratégia é que não basta deixar de usar o vermelho ou trocar as cores de sua campanha para verde e amarelo. Como deixando de ser Lula irá segurar os votos que são de Lula? O que é certo é que ao se afastar de Lula deve desagradar a uma parte do seu próprio eleitorado. E assumir mais o seu lado Haddad. Bem, outro problema é que o próprio Haddad não está fora dos problemas que o PT possui: além de processos tem contra si também a pecha de ser um administrador não muito competente. Haddad pode não ser Lula, mas, pode não ser muita vantagem voltar a ser Haddad.

terça-feira, outubro 09, 2018

O COMÉRCIO EM 2030 SERÁ MUITO DIFERENTE



Como será o comércio em 2030? Mais sustentável e inclusivo? Estas foram   perguntas que nortearam o debate na edição 2018 do Fórum Público da Organização Mundial do Comércio (OMC), que aconteceu entre os dias 2 e 4 de outubro, em Genebra, na Suíça. O que ficou patente no encontro foi que as mudanças tecnológicas e sociais provocarão uma grande transformação da sociedade e vão gerar novos hábitos de consumo, fazendo com que o ato de ir às compras no futuro seja muito distinto do de hoje. Uma das expectativas é a de que, em 2030, o varejo será lazer, com as  fronteiras, entre ambos, desaparecendo, de vez que as experiências de compras únicas e personalizadas para consumidores serão cada vez mais digitais. A expectativa também é de que o acesso aos bens predomine sobre a sua posse. Outra previsão é a de que a cadeia de abastecimento irá adaptar-se a prazos de entrega cada vez mais curtos. As mudanças na procura e as possibilidades ofertadas pelas novas tecnologias vão fazer com que os processos de produção se tornem mais locais com a produção feita por impressão 3D e 4D, o que impulsionará o comércio.  Os clientes forçarão os varejistas a caminhar mais no sentido da omnicanalidade, integração entre todos os canais, de tal modo que a norma será comprar o que se quiser, como e quando se quiser, o que irá requerer uma interação mais intensa entre as empresas e a logística. A loja física deve continuar a desempenhar um papel importante na comunicação da marca e na atração do cliente. E mesmo os negócios puramente on-line, chamados de "pure players", amparados na análise de dados, acrescentarão lojas físicas ao seu canal online.
Uma tendência que parece inevitável será das cidades reduzirem a prioridade dos veículos. Decorrente disto a necessidade de criação de jardins e praças e de ambientes mais acolhedores. Isto deve levar a uma revalorização dos centros das cidades, mais amigáveis para os pedestres, e com uma maior dinâmica  e atividades como os festivais urbanos, pois, o lazer deverá ganhar maior expressão nessas áreas. Na verdade, os centros comerciais serão comunidades de uso misto e incluirão todos os elementos para a vida cotidiana, misturando escritórios, varejo e áreas residenciais. E passarão a incluir novos serviços, como ofertas educativas, espaços de co-working, zonas de armazenagem e serviços de saúde. Com o aumento das vendas online serão necessárias menos lojas para cobrir um mercado. Em contrapartida, os consumidores serão mais exigentes e cobrarão experiências mais personalizadas. A tecnologia digital reformulará as lojas físicas para melhorar a experiência de compra e reduzir custos. E não será nenhuma surpresa a introdução de com robôs no varejo para a automatização de processos.  O Big Data e análise de dados aprofundará o poder de previsão e o  entendimento das emoções dos clientes. É varejo concorrerá com o lazer focado na personalização de produtos para manter a fidelidade dos clientes. Surgirão novas soluções que não se tem como prever, mas, veículos autonômos recolherão os produtos devolvidos em casa dos clientes ou em pontos definidos. A logística recorrerá à analise de dados para serem mais eficazes, o que tornará os processos de entrega e devolução  bem mais eficientes. O artesanato, em  2030, será um novo segmento do comércio. O consumidor está cada vez mais interessado em produtos artesanais e marcas locais devido ao aumento da procura por experiências únicas e autênticas, daí,  o número de negócios independentes deve aumentar. Além disto, as próprias grandes cadeias de varejo vão desenvolver conceitos e marcas com aparência independente para ocupar uma parte deste mercado. Não há dúvida de que a  beleza e a saúde serão setores que ganharão imenso impulso. Graças ao Instagram, Facebook e da vontade de  aparecer continuamente, os negócios da beleza e cirurgia estética, focados na melhoria da imagem, tendem a ter um forte crescimento, bem como a procura de bem-estar fará crescer os serviços de "wellness" e as lojas de alimentação .
Nos combustíveis, os a previsão é do surgimento de mini hubs logísticos. Os  serviços serão centrados nos veículos elétricos, porém,  incorporarão mais oferta de comércio e de lazer devido aos tempos de espera dos carregamentos. Devido à sua localização, converter-se-ão também em locais de mini distribuição e incluirão diferentes opções de ponto de retiradas de mercadorias (os "click & collect"). O que parece ser uma tendência consolidada é a de que os consumidores serão mais sensíveis às experiências do que para a aquisição de bens, o que aumentará o nível de competitividade. Na prática desparecerão as grandes diferenças de preços entre os artigos de luxo e os comuns e o consumidor tenderá a compras no curto prazo, com os produtos baratos, ou no longo prazo, com os produtos de maior qualidade.


segunda-feira, outubro 01, 2018

ELEIÇÃO NÃO É RISCO PARA A DEMOCRACIA



Muitos analistas, apressados ou influenciados pela mídia ou mesmo pelas redes sociais, afirmam que o país está dividido entre Bolsonaro e PT, daí que, qualquer deles que ganhe, a ingovernabilidade ameaça o próximo governo. Sinceramente esta não é minha leitura da situação atual. É visível, por exemplo, o desgaste do PT, mesmo no seu núcleo mais forte, o Nordeste. Haddad, segundo o último levantamento do Ibope, alcança apenas 29% dos votos, enquanto Bolsonaro, sem base partidária forte e sem horário eleitoral, consegue ter 17% dos votos. E a propaganda do  candidato do PT, Fernando Haddad,   prometendo que os bons tempos de Lula voltarão parece não surtir o efeito desejado. Ninguém parece ter saudades deste passado, exceto os próprios petistas.
Talvez ainda esteja muito recente na mente das pessoas o próprio anúncio eleitoral da campanha de Dilma Roussef que prometia a felicidade, a volta dos bons tempos de Lula, mas, entregou ao país a maior recessão econômica de sua história. Basta verificar que saiu deixando 12,3 milhões de desempregados, com uma inflação em 9,3%, uma retração do Produto Interno Bruto-PIB de -3,9%, a aceleração da dívida interna que aumentou mais de 70%, sem contar a perda de valor das empresas nacionais do qual a  assaltada Petrobrás foi o maior exemplo. Ninguém deseja mais a volta do PT dos “nós e eles”, afora os petistas que, por problemas com a justiça ou ideológicos, aceita a tosca versão de Lula e deseja vingança contra os “golpistas”, que promoveram o impeachment de Rousseff. O problema disto é que os supostos “golpistas” são a maioria do povo brasileiro.
Quanto a Bolsonaro (PSL) é verdade que se trata de um candidato impregnado de conservadorismo, bem como, parte de seus adeptos fazem manifestações de racismo e homofobia. Porém, muito mais do que isto sua força se deve apelo aos valores familiares, à necessidade que as pessoas sentem de ordem, de segurança, da volta, aí sim onde estão as verdadeiras saudades, dos tempos em que se podia circular pelas ruas sem medo de assaltos ou de tiros. Bolsonaro pode até não ganhar, mas, no momento atual, é quem mais representa a necessidade de paz que o país anseia. É paradoxal que um capitão do exército, uma pessoa com personalidade contraditória como ele, encarne, hoje, as aspirações nacionais. No entanto, ele sim é o representante do desejo da maioria por ser, de fato, o único que mobiliza a população, inclusive parte contra ele. Mas, isto não autoriza ninguém, inclusive por seus atos e palavras, a crer que sua eleição seja uma ameaça às instituições.
Penso que não importa quem ganhe não há riscos para a governabilidade, que já passou por testes bem duros nos últimos tempos. A questão muito maior que envolve a atual eleição é se iremos avançar ou não, além de Lula. Na verdade é sua sombra que tisna a atual eleição, de vez que, mesmo na cadeia, ainda manipula seu partido e interfere, de forma indevida, no processo eleitoral. Mas, somente isto é feito com a conivência de grande parte da imprensa (por ele muito favorecida) e pela manipulação de dados das pesquisas. Apesar dos pesares, mesmo com o acirramento de opiniões, a democracia se fortalece com eleições.

sexta-feira, setembro 28, 2018

O CANDIDATO MASSA DE BOLO




É um exercício inútil, bem sei, mas, em época eleitoral, gosto de fuçar nos números das pesquisas. Foi o que fiz com os últimos números do IBOPE  relativos aos resultados divulgados no último dia 24 de setembro que estão disponíveis por estado no link https://g1.globo.com/politica/eleicoes/2018/eleicao-em numeros/noticia/2018/09/26/pesquisas-ibope-nos-estados-veja-evolucao-da-intencao-de-voto-para-presidente-26-09.ghtml. É verdade que faltam lá os números dos estados do Paraná e do Espírito Santo, mas, não eliminam a possibilidade de se fazer algumas análises, quando as eleições estão, aparentemente, polarizadas, de vez que Bolsonaro surge com 27%, seguido por Haddad com 21% e o mais próximo deles seria Ciro com apenas 12%.  
Vendo os dados por estado o que salta aos olhos é que Bolsonaro vence em 15 estados e no DF, incluindo os três maiores colégios eleitorais: São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Já Haddad só lidera em sete estados, todos do Nordeste. Fora eles, somente Ciro Gomes ganha no Ceará. Quando se somam os votos totais, considerando apenas os válidos, ou seja, considerando 20% a menos dos votos, se verifica que Bolsonaro apresenta 30, 7 milhões de votos contra 23,4 milhões de Haddad, uma diferença muito significativa de 7,3 milhões de votos. Acrescente-se que Haddad no Nordeste inteiro consegue ter uma diferença de 3,9 milhões de votos, o que é muito significativo, porém, só em São Paulo, ironicamente, onde o petista foi prefeito da capital, Bolsonaro consegue ter uma diferença de 5,6 milhões de votos. No Rio de Janeiro, a diferença é de 2,1 milhões de votos; em Minas Gerais de 1,6 milhões de votos e no Rio Grande do Sul é de 1,2 milhões de votos.  Em suma, é uma surra monumental, considerando o atual retrato do instituto de pesquisa.
Interessante também é verificar que, se considerarmos os votos válidos, teríamos, sem considerar os dois estados que não aparecem na pesquisa, algo como 109.587.875 votos válidos ( pode ser alguma coisa mais ou menos). Não precisamos ser muito exatos numa especulação. Ora, os demais candidatos reuniriam, neste contexto, algo como 23% dos votos válidos, ou seja, considerando que Bolsonaro possui 28% deles e, pelos dados por estados, Haddad somente 23,1%, então ainda existem cerca de 25% dos votos em disputa e não apenas os 18% dos brancos e nulos ou dos que não sabem ou não responderam. Talvez isto explique muito dos ataques insanos, de última hora, contra Bolsonaro: a decisão desses votos se dará na última e decisiva semana. O esforço, a artilharia pesada que se vê contra Bolsonaro, mesmo aceitando os números do IBOPE, parece comprovar que o temor real é de que Bolsonaro ganhe mesmo no primeiro turno. Inclusive porque, no Nordeste também, o antipetismo cresce de uma forma exponencial. De qualquer forma o que os dados mostram, de vez que a própria pesquisa informa que 85% dos votos de Bolsonaro são cristalizados, é que carece de sentido pensar que será possível batê-lo fácil se houver um segundo turno. Seja quem for encontrará um candidato com forte contingente eleitoral  nos maiores colégios eleitorais do País e que se assemelha a massa de bolo: quanto mais batem mais cresce.

sexta-feira, agosto 31, 2018

A MARÉ BOLSONARO



A chegada de Bolsonaro em Porto Velho, com a manifestação apoteótica que lhe foi prestada, a partir do Aeroporto Jorge Teixeira de Oliveira, demonstra que é impossível não considerar a caminhada do, até então deputado, um fenômeno eleitoral. Não são os gritos de “Mito” ou o refrão gritado de “Um, dois, três, quatro, cinco, mil, queremos Bolsonaro presidente do Brasil” que, parte dos seus fãs apaixonados, que o qualificam assim, mas, o fato irrefutável, que tem ocorrido em muitos outros lugares do País, que sua chegada reúne uma multidão, de uma hora para outra, sem que haja um partido ou organização planejando. Trata-se, isto sim, de um reconhecimento de que, para o bem ou para o mal, no meio de uma política pantanosa, Bolsonaro surge como alguém verdadeiro, de opiniões e que atende a uma necessidade que a população sente de rumo, de direção, de segurança.
Confesso que o fenômeno, no começo, me pareceu uma reação anti-petista, anti-esquerda. Afinal, sua candidatura é posta como uma candidatura que busca resgatar os valores da pátria, da família e até mesmo da religião, embora, sem um definição de qual delas. Parecia mesmo que fosse uma oposição à Lula da Silva. Pode até ter sido. Não é mais. Pelo que estou vendo houve um alargamento de sua base que somente se pode explicar pela necessidade de esperança. Na areia movediça da política, diante do bombardeio de notícias sobre corrupção, diante da própria falta de firmeza da justiça, quando surge alguém que não foge de seus princípios, que não tergiversa, que não esconde o que é, mesmo com todas as suas limitações, passa a encarnar o papel de um condutor, de uma pessoa que pode canalizar as energias para construir o novo.
Na minha opinião falta muito para se considerar Bolsonaro presidente eleito (mesmo sendo o fenômeno que já é), todavia, os seus opositores o estão ajudando muito. A tentativa de demonização que fazem, quase infantil, de querer atribuir a ele homofobia, ou de menosprezar as mulheres ou não ter sensibilidade social ou mesmo capacidade intelectual, não vão muito longe. Somente se pode suplantar a esperança com mais esperança. Se um dos outros candidatos não passa a simbolizar a esperança para os brasileiros, sua eleição será inevitável. E, por enquanto, nenhum dos outros consegue mobilizar, como Bolsonaro tem feito, os eleitores. Em Porto Velho, nesta sexta-feira, tive que ceder e dar minha mão à palmatória. Não se pode mais tratar Bolsonaro sem considerar que é o mais forte candidato à presidência, no momento. A maré Bolsonaro já existe. E com possibilidade de virar tsunami.

terça-feira, agosto 28, 2018

A FORMULA CONHECIDA PARA O BRASIL CRESCER SEM MÁGICA



É preciso que as pessoas entendam, pelo menos, um pouco de economia. É claro que, se quisermos ser um especialista na matéria leva anos e é muito difícil. Entender profundamente de economia é uma tarefa para a vida toda. Porém, há toda uma soma de conhecimentos econômicos que já se estabeleceram e fazem parte, por assim dizer, do senso comum. E, para dizer de uma forma bem simples, são parte da sabedoria popular como é notório, por exemplo, que quem gasta mais do que tem se endivida ou que, para poupar, se deve gastar menos do que se ganha. Mas, há outros tipos de conhecimentos econômicos tão simples que, mesmo assim, ainda não foram absorvidos pelo público em geral.
Um deles é o de que não se pode ter um país desenvolvido sem liberdade econômica, segurança, inclusive jurídica e escolaridade. Liberdade econômica é se poder empreender sem o ônus de um estado pesado, sem uma burocracia excessiva e sem uma carga tributária pesada-como ocorre no nosso País. Segurança, inclusive jurídica, é ter segurança mesmo, não se ser assaltado, mas, também as leis não mudarem de uma hora para outra, de forma que se possa ter um horizonte para os negócios, ou seja, o que se chama previsibilidade. E escolaridade porque nenhum país se desenvolve com uma quantidade grande de analfabetos.  Todos os países desenvolvidos possuem, em média, mais de 13 anos de escolaridade. Aqui, Lula da Silva, vendeu, e convenceu muita gente, de que seria possível se transformar o Brasil sem educar sua população, um verdadeiro conto do vigário. Só prova que ele foi muito bom em vender ilusões. No entanto, é preciso pensar no futuro.
E pensar no futuro é cobrar do nosso futuro presidente, seja quem for, se exigir, até para dar o seu voto, que se comprometa com estas metas que são essenciais para se ter um desenvolvimento de verdade: 1) fazer um programa efetivo de alfabetização melhorando a escolaridade; 2) simplificar, desburocratizar as leis tributárias, trabalhistas e os regulamentos, em especial relativos ao meio ambiente; 3) Fazer a reforma tributária; 4) Criar incentivos para o empreendedorismo, inclusive facilidade de crédito; e 5) Implantar um grande programa de primeiro emprego para os jovens. Como se observa, na prática, é fazer o que fizeram os países, como a China e a Coréia do Sul, que fizeram um esforço real de planejamento, de educação, de empreendedorismo e de criação de um futuro melhor para sua população. E para isto não se precisa de um super-presidente, nem de um salvador da pátria. Se precisa sim de determinação, de vontade de mudar esta nossa triste realidade, fruto de uma política econômica centrada no aumento do estado, no consumo,  e não na produção, que é o caminho, sem fazer as reformas essenciais que o País tanto necessita. É preciso que o próximo presidente faça apenas o feijão com arroz para preparar o futuro com que tanto sonhamos. Controlar as contas públicas e criar condições para que as pessoas se desenvolvam, criem negócios, sejam protagonistas de suas vidas. O estado é um ser estéril. Só serve para os que dele se servem e, em geral, contra a população. 

Ilustração: onfloow.com. 


segunda-feira, agosto 13, 2018

UM CONSTRUTOR DE SONHOS COM AS PALAVRAS




O nosso querido amigo Lito Casara, indiscutível mestre do chorinho com o seu bandolim mágico, me emprestou para ler o livro da Editora Record, “Ficha de Vitrola & Outros Contos”, do seu parceiro, no clássico da música popular brasileira “Matinês” Jaime Prado Gouvêa. Já sabia que devia ser muito bom, porém, fui surpreendido com a capacidade de escritor do mineiro, pois, não consegui parar mais. Só parei quando terminei de ler o livro todo. É uma leitura, sem dúvida, deliciosa. Não somente por Jaime ser um ser, mesmo na literatura, essencialmente musical, como também porque transparece nas letras sua alma de boêmio, sua imensa capacidade de construir narrativas que prendem e revelam um sólido intelectual.
Suas histórias, que, mesmo quando não expressa de forma clara, são mineiras, cantos mineiros, possuem também o lado universal com o qual todo ser humano se identifica. Seu livro de contos é um livro urbano, um livro em que sua imaginação percorre as ruas, a cidade, passeia pelos sons, máquinas, odores, mormaços e pedras não deixa de ser, em momento algum musical, não apenas pelas alusões constantes a vitrolas, ou o ambiente dos bares que, junto com o álcool, exigem sons, porém, ainda mais por suas citações de preferências artísticas que vão dos mineiros (Milton Nascimento e Fernando Brant) brincar com Charlie Parker, bordejar Caetano, Torquato Neto, Macalé, Caymmi ou Paul McCartney, com a mesma sensibilidade devoradora que junta Odair José, Bee Gees, Nara Leão, Martinho da Vila, Elvis Presley até abusar com Nat King Cole, Roberto Carlos e Antônio Carlos & Jocafi. É uma salada que pode ter tanto Chopin, quanto Lindomar Castilho, Wanderley Cardoso ou mesmo “Que c’est triste Venise” com Charles Aznavour, todavia, encaixadas em contextos nas quais se tornam indispensáveis como referências para personagens que destilam suas desesperanças ou reproduzem destinos familiares.
Apesar de, em muitos momentos, ser triste e pesado, como a vida, o que não falta no texto de Jaime é beleza, imaginação, uma concisão das palavras que vai se incrustando em nós como as valsas ou os rocks lentos que se insinuam em estórias do cotidiano que são, sempre, poéticas, com citações literárias de grandes pensadores, poetas e escritores, como Nietzsche, Homero, Joyce, Rimbaud, Robert Frost, Dumas, F. Scott Fitzgerald, Edgar Allan Poe, Ascenço Ferreira e Paulo Mendes Campos, cujo um dos textos dá título ao conto “Batuque dos gambás”. Efetivamente se trata de um autor refinado. Não é uma leitura para incultos nem enquadrados, embora esses também possam ler para compreender que quem tem cultura e visão larga escreve bem melhor. E é o que muito me agrada em Jaime. Seu descompromisso com filosofias ou tribos, com padrões, inclusive na literatura, do qual um maravilhoso exemplo é o conto “Relatório de viagem”, que faz, com maestria, sobre os ocupantes das poltronas de um ônibus, onde revela a vida e os pensamentos dos passageiros, ou em outro no qual o filho mais novo do sargento Lima depois de ter aprendido a voar despenca sobre a cristaleira para encher os olhos de vidro.
Há na escrita de Jaime o prazer e a dor de viver. Seja no tédio, um tema constante, na repetição dos destinos ou mesmo no novo começo que nunca se sabe onde vai terminar. É a incerteza que faz seus contos, em certos momentos, quase serem poemas trágicos ou desconcertantes. Todos, porém, latentes de lirismo. Ler Jaime Prado Gouvêa é um mais um prazer que a vida nos dá. É como escutar uma música de qualidade em letras, sorver um bom vinho, fazer o suave e desesperado amor que seus personagens transmitem. É para quem gosta de boa literatura. Não deixem de ler!

segunda-feira, julho 16, 2018

NÃO SE PESCA BOA NOTÍCIAS NAS REDES SOCIAIS




Que nós vivemos uma época confusa ninguém, de sã consciência, duvida. A questão é que os velhos valores, as instituições que existem, em grande parte, deixaram de funcionar num mundo de imensas diversidades. Isto danificou, de forma irreversível, o conceito de “audiência” que, no passado, era igualado a consumidor. Aliás, tanto televisões abertas, quanto rádios, revistas e jornais eram feitos para a grande massa e dispensavam a necessidade de um conhecimento mais profundo de cada um dos leitores, espectadores, e, atualmente, dos internautas. Assim não havia a necessidade de atingir demandas segmentadas ou individuais. Se vivia em torno de um leitor médio, uma abstração. Sem outras alternativas o leitor consumia o que estava disponível, embora insatisfeito.
A internet produziu uma transformação impensável antes no modelo de negócio da mídia que, agora, precisa, necessariamente, de uma adaptação radical, para a qual, até agora, não se mostrou preparada, de vez que o poder do consumidor foi acrescido com informações alternativas que qualquer um fornece via mídias sociais. E, embora exista, o consumidor, em geral, não vê grandes diferenças entre o jornalismo e as informações, por exemplo, do Facebook ou do Whatsapp. Claro que não é tudo igual. Normalmente, a informação jornalística é confiável. É checada antes de ir à público. O jornalista, via de regra, tem muito mais consciência de que tem responsabilidades e obrigações com o que notícia. Já quem posta alguma coisa não pensa nos efeitos, nem tem a mínima noção dos efeitos ou da responsabilidade pelo que faz. Haja vista o imenso compartilhamento dos fakes e notícias mais toscas, sem pé nem cabeça que fazem. Agora mesmo na Copa reproduziram, somente mudando o nome de personagens, a mesma notícia de que o Brasil havia vendido a Copa por um acordo com a Fifa, sem tirar nem pôr o texto da copa que a França venceu no passado! Santo Deus!
A grande verdade é que o consumidor é quem  decide o que consome, onde consome, quando consome, mas, por outro lado, muitos que são consumidores também escrevem, programam e editam na mídia social. Ora, é lógico que, como são muitos, eles atingem melhor individualmente a interesses diversos, mas, estão melhor preparados para fazer isto do que, por exemplo, sites, portais, jornais e revistas de notícias? É claro que não. Estes possuem um foco nas notícias, vivem de procurá-las e verificar seu grau de confiança. Por isto, de fato, é muito difícil veicularem notícias falsas. Até tem muitas que, por reprodução, podem ser distorcidas. No entanto, nem dá para comparar com o nível de notícias sem base, sem sentido, falaciosas, mentirosas mesmo, que transitam nas redes sociais, onde, é preciso dizer, rola um clima de torcedor de futebol, que somente veicula o que favorece o seu time. A importância que se dá, no momento, ao que se escreve, ou edita, nas redes sociais provém, em boa medida, do desconhecimento que as grandes empresas de mídia continuam a ter dos seus consumidores. Na medida em que se assenhorearem melhor do mercado, criarem uma forma de receber e pagar bem pelos conteúdos que o público deseja, com certeza, será muito menos influente o papel das mídias sociais. É a falta de informação que torna a rede social importante para muita gente que, por ironia, não confia nos meios de comunicação e valoriza fontes ainda muito menos confiáveis.

Ilustração: Lagoinha.

segunda-feira, abril 30, 2018

INOVANDO PARA FACILITAR O ACESSO E A LEITURA




O Gente de Opinião (https://www.gentedeopiniao.com.br/) não mudava o seu sistema faz 12 anos e sua apresentação continuava igual, nos últimos  sete anos. Agora, porém, a partir do meio dia do último dia 27 de abril, o leitor deparou com um site inteiramente renovado: mais leve, mais dinâmico, porém, sem deixar de lado a pretensão de ter rapidez e qualidade da informação jornalística, ao mesmo tempo, que procura expor todos os lados de um determinado assunto.
O certo é que o novo site se destaca pela usabilidade, ainda que esteja investindo em vídeos e procure utilizar, cada vez mais, os efeitos de multimídia. No entanto, a mudança atende às demandas de leitores que reclamam da dificuldade de utilizar os sites de notícias existentes pelos problemas de acesso ao conteúdo, a poluição de muitos deles e, principalmente, pela demora. A instantaneidade, queiram ou não, se impõe em veículos que buscam a modernidade.
Sem dúvida, a nova cara do Gente de Opinião consolida uma etapa de um processo, que o coloca como um dos sites mais acessados do Estado de Rondônia, com destaque para a sua pouca rejeição e o  grande tempo de permanência dos web-leitores, o que demonstra o interesse pelas matérias, o que, aliás, tem um adendo: uma parte significativa de seus constantes leitores provém do exterior, inclusive pelo interesse que a Amazônia produz. A nova plataforma, além de estar mais fácil e leve de navegar, integra os diversos canais de acesso: site, celular e tablete. De fato,  o formato se adequa a cada dispositivo e se destaca pela qualidade que possui em todos eles.
Entre as mudanças no processo, na página inicial do site, os conteúdos passaram a ser organizados de forma que possibilita um acesso rápido aos assuntos principais, com destaque para as notícias mais lidas e os colunistas, de forma que as informações, além de ficarem mais fáceis de serem encontradas, estão mais leves, sem perder a atenção constante pela qualidade. No entanto, como informam seus editores, este é um processo em transformação que busca dois objetivos básicos: ampliar a facilidade de acesso ao público e fazer um site de notícias mais regionalizado e com maior qualidade.  A estrutura foi planejada  para se alternar com facilidade entre os conteúdos na página inicial, permitindo assim mais clareza e  uma navegação com maior rapidez. O Gente de Opinião com esta mudança procura tornar a navegação o mais simples possível, intuitiva mesma, para ser o que é sua vocação: um site feito com carinho para informar cada vez melhor e com mais qualidade.

segunda-feira, fevereiro 26, 2018

A ECONOMIA CRIATIVA E O CARNAVAL



No mundo cresce a importância do que se denomina de economia criativa, ou seja, o setor econômico formado pelas indústrias criativas, aquele conjunto de atividades econômicas que na produção e distribuição de bens e serviços utilizam a criatividade e as habilidades dos indivíduos ou grupos como insumos primários. No Plano Nacional de Economia Criativa, publicado em 2012 pela Secretaria da Economia Criativa, a economia criativa abrangia os seguintes setores: Música, filme e vídeo, TV e rádio, Mercado editorial, Design e moda, Artes visuais, Artes cênicas e dança, Cultura popular, Publicidade, Arquitetura, Jogos e animação, Gastronomia, Turismo e Tecnologia digital. A abrangência da economia criativa, que tem como matérias primas a inteligência e a criatividade humanas, incluem atividades tradicionais e modernas, mas, apresenta possibilidades praticamente ilimitadas de desenvolvimento.
Entre estas, e é pouco reconhecido pelos setores públicos, se encontram duas grandes expressões culturais brasileiras: o futebol e o carnaval. Este último, porém, parece mais do que qualquer outro, uma síntese da economia criativa, de vez que demonstra e expõe a extraordinária inteligência e a criatividade do brasileiro, que, faz uma festa fantástica que se destaca para o mundo inteiro. No entanto, até mesmo sendo uma enorme fonte de atividade econômica, pois, este ano, por exemplo, bateu recorde de movimentação econômica girando R$ 11 bilhões, envolvendo cerca de 10,7 milhões de turistas brasileiros e 400 mil estrangeiros, uma festa que foi 20% maior que a anterior. Inclusive agregou Belo Horizonte como uma nova praça de atração que se juntou ao Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Recife e Olinda e Fortaleza, que já eram atrações tradicionais.
Não há estatísticas de qualidade sobre o carnaval em Rondônia, mas, principalmente o de Porto Velho também já representa uma movimentação significativa para a economia local. No entanto, como foi representativa a ausência do Galo da Madrugada este ano, o carnaval, como outras festas populares, continua a não ser olhado com o carinho devido. São inúmeras as exigências e taxas que se cobram de quem deseja colocar seu bloco na rua e, muitas vezes, os foliões que somente desejam brincar se veem tratados como se isto fosse um crime quando é uma manifestação artística e uma atividade econômica. Ao contrário do que se pensa, quem faz carnaval, normalmente, tem que trabalhar muito tempo, muitos carnavalescos o ano todo, para desfilar nos três dias. E esta atividade deveria, isto sim, ser olhada com carinho e incentivada. Não é fácil, por exemplo, manter uma tradição como a da Banda do Vai Quem Quer por tanto tempo. Os blocos tem uma história e um papel importante na união social e na economia de uma cidade. Carnaval, por mais que os desinformados pensem que não, é coisa séria e é um fator econômico e social que faz parte da cultura de uma cidade. Quem o faz, e faz bem, deveria receber apoio e aplausos e não, como é comum, reclamações dos que não gostam e empecilhos para fazer com que as pessoas se divirtam e tenham lazer. Algo que falta muito em nossa cidade.


segunda-feira, fevereiro 19, 2018

A MERCADORIA QUE MAIS FALTA NO MERCADO


Viver nunca foi fácil-esta é uma verdade. Mas, antigamente, não se precisava de muito conhecimento, de muita informação para se viver. Não havia, como agora acontece, a obrigação que, muitos possuem de estar sempre bem informado, o que acaba gerando muita angústia e ansiedade, pois, não é mais possível ao ser humano ficar por dentro de tudo.  Devo dizer que nem tento, mas, vejo muitos amigos pensando que atualizar-se é imprescindível. Há muita informação sendo produzida e o seu acesso é cada vez mais fácil, o que dá a impressão de se entender de tudo. É um luxo que não pretendo ter. Sei que meu saber é limitado. E também que a informação não é mais sinônimo de resolução de problemas. Pode ser até a causa deles. Até porque o excesso de informação pode até ser pior do que a ignorância.  Aliás, segundo a Universidade da Califórnia, em San Diego, os americanos consomem 34 Gigabytes de informações por dia. No Brasil deve ser menos, porém, a confusão não deve ser menor. Acrescente-se que, por digerir este gigantesco fast-food digital, muitas pessoas começam a pensar que sabem de tudo e de tudo entendem. Sem perceber que o excesso sempre prejudica a qualidade. E, no mundo atual deve-se ser especialista: saber muito só de poucas áreas.

Num mundo cada vez mais caótico, ao mesmo tempo em que se tem, cada vez mais, explicações, há um vácuo imenso entre explicações, de fato, científicas e a realidade, ou o que quer que pensamos ser real. De fato, para sermos exatos, tudo é representação e versão no mundo atual. Efetivamente, estamos presos numa cultura de ruído. Para onde quer que nos viremos acabamos sendo enredados nas malhas da notícia, da música, dos smartphones, dos ipods, dos alto falantes e da TV nos espaços públicos. Sem contar que, até mesmo nos locais de refeições, mesmo em locais abertos, o som alto de bandas de rock se associam à fala alta das pessoas para nos perturbar. E, nas ruas, os motores de veículos e motociclistas nos assustam com seus decibéis (no Rio de Janeiro o matraquear de armas pesadas).  O som, a palavra, as imagens nos envolve, nos arrasta, nos consome junto com a ideia maluca (e difundida sem contestação e sub-repticiamente) de que precisamos estar em comunicação o tempo todo. A mídia é selvagem no mundo moderno. Não temos com ela uma relação ecológica. A qualidade se perdeu na quantidade e o silêncio é difícil de ser ouvido, como deve ser, como algo necessário, essencial para se poder ter equilíbrio, pensar, se encontrar com o nosso mundo interior. O cérebro humano não é preparado para absorver tantas informações ao mesmo tempo. Mas, a competição requer produção seja do que for. O homem competitivo desrespeita os seus limites, porém, gera tanto informação, quanto lixo. E só sabe diferenciar quem tem sabedoria. Uma mercadoria muito em falta no mercado de celebridades instantâneas. Por isto, os quinze minutos de fama estão caindo para quinze segundos. 

Ilustração: Muitas Mídias - WordPress.com. 

quinta-feira, fevereiro 08, 2018

FAKE NEWS É CRIME


É risível, em muitos momentos, o contorcionismo que, os que, hoje, se dizem de esquerda, mas, que se esquecem que até pouco estavam mandando, desmandando e se lambuzando no governo, ou seja, sendo mais direita que a própria direita, fazem para tentar voltar ao poder. Campanhas a favor do voto nulo, que só favorece a um improvável candidato, ou a de que “eleição sem Lula é farsa” são de um infantilismo a toda prova, na medida em que, até pouco tempo, defendiam que ficha suja não poderia, de forma alguma, participar da eleição. Como Lula, agora, é ficha suja, então, para ele as leis não valem? É, como se observa, o jogo dos que, não importa os meios, o que vale são os fins, alcançar as tetas do tesouro a qualquer custo, que, no passado, levaram países inteiros, como a Rússia, à bancarrota e, nos dias atuais, infernizam a vida dos venezuelanos. Se existe uma coisa que os fatos comprovam é que não pode existir democracia com o predomínio do estado. Só há, portanto, democracia, mesmo que digam que é formal, sob o capitalismo. Pode ser que venha a existir outra forma, porém, no mundo atual, ou se vive no capitalismo, com os males que tiver, ou se vive sob uma ditadura de um grupo que domina o estado. O resto é conversa para boi dormir.
O último deste tipo de malabarismo vem dos especialistas em mídia da esquerda que criticam a criação de grupos por parte da Polícia Federal para discutir formas de coibir os fake news (notícias falsas) no período eleitoral. O notável raciocínio que é de que o combate a este tipo de crime visa privilegiar a grande mídia e cerecear o crescimento dos portais e blogs independentes, que, segundo os próprios, fazem o enfrentamento ao monopólio da informação. Em síntese dizem que é um golpe articulado pelo governo Temer para restringir a liberdade de expressão de veículos alternativos de mídia, no ano eleitoral. E justificam que isto, os boatos, sempre aconteceram em eleições, bem como que o monitoramento exclui os meios de comunicação da mídia tradicional. Assim, supostamente, se perderia pluralidade e circulação de informações.
Ora, todavia, que tipo de informações vão se perder? As falsas. De fato, manipulação de informações podem ser feitas pelos meios tradicionais, porém, há uma pluralidade deles, a favor e contra, muito mais contra o governo. Depois os meios de comunicação estampam sua responsabilidade e, mesmo que não o façam, devem primar pela qualidade, o que não é como desejam, isenção. Jornais, revistas, televisões tem interesses próprios, refletem a sociedade. Mas, quem responde pelas notícias falsas? Depois do dano realizado, é claro, será muito difícil recuperar os estragos, todavia, pelo menos, ao se identificar e punir quem os fez, efetivamente, se cumpre a lei.
O esquerdismo infantil confunde tudo. Liberdade de expressão não é se poder, como fazem muitos deles, fabricar notícias, por mais absurdas que sejam, como se fossem verdade para atender seus interesses. Não pode ser aceitar que a falsidade, a mentira e os boatos possam intervir na vida social ou no processo eleitoral. Não se pode confundir liberdade com licenciosidade. Fake news devem ser punidos sim. E ao criar um grupo para identificar os autores, e punir, a Polícia Federal presta um relevante serviço ao País.  Fake news pode ser tipificado como crime contra a honra, como calúnia, injúria ou difamação, mesmo que ainda não exista uma legislação específica. E como criminosos devem ser tratados quem os cria e divulga. As mídias sociais não estão acima da lei e quem as usa para divulgar mentiras, ou difamar pessoas, tem que sofrer as penas que as leis preveem. Não há democracia sem respeito às regras, sem respeito às leis.


Ilustração: Ontotext.

sábado, janeiro 27, 2018

A ESQUERDA É UMA RELIGIÃO


Walter  Benjamin foi quem disse que o capitalismo era uma forma de religião.  Não deixava de ter uma visão correta ao pensar que, como qualquer pessoa obcecada, o capitalista é uma pessoa que só tem uma ideia: ganhar dinheiro. Mas, fico tentado, por pura ironia, a dizer que, quem se pensa de esquerda, hoje, no Brasil, é também um religioso. É, no mínimo, um adepto do fervor anticapitalista. Foi Marx quem, num momento impensado, estimulou, sem desejar, é claro, a religião mais autêntica do país, no momento, ao dizer que “os filósofos limitaram-se a interpretar o mundo de diversas maneiras; o que importa é modificá-lo”. As palavras, como grande parte do Marx escreveu, são poderosas, mas, ele acreditava que o capitalismo estava prestes a ruir, quando, na verdade, estava ainda na infância. Como vidente Marx se não foi cego, no mínimo, teve uma visão muito deficiente. No entanto, incitou os idiotas a agir sem pensar, daí, a multiplicação do marxismo vulgar e ativista, especialmente de álcool e de sofá, que se constata no presente.
Não é preciso de muito discernimento para verificar que o capitalismo é, por excelência, quase sinônimo de crise. O que se observa, porém, e Marx foi um precursor desta visão, é que sua capacidade de adaptação, de sobrevivência se mostra, cada vez mais, forte na medida em que a fragmentação e a complexidade do mundo aumentaram. E a explicação maior para isto reside, justamente, em que se baseia num sistema de decisões difusas, ao contrário, da visão socialista que depende da centralização. Crise, desigualdade, crescimento, inclusive dos problemas, é o cerne mesmo do capitalismo, mas, não, como pensaram Marx e Engels, a pobreza, até porque a pobreza é relativa. O que as pessoas de esquerda não sabem agora, é o que fazer. São simplesmente contra. Ficam fazendo o discurso idiota contra os ricos, os grandes bancos, as grandes empresas, a Globo, a elite e por aí vai, mas, não respondem a uma pergunta simples: como substituir o atual sistema? Que sistema propõem para substituir o capitalismo? Como fazer? Quanto a isto a resposta é um profundo silêncio. É como o médico que tenta tratar da doença sem um diagnóstico e não sabe o remédio que vai dar ao paciente. E esta situação mostra que é preciso, de novo, ser marxista antes de Marx, ou seja, interpretar a realidade atual. Não adianta querer mudar o mundo, rapidamente, sem saber para onde. Ficar chorando as pitangas por Lula, ficar protestando apenas, reclamar do “mordomo de vampiro” ou dos coxinhas, estigmatizar Bolsonaro, é uma delícia; fazer faixas e usar camisas “Fora Temer” é fácil, bem como usar o Facebook para atacar quem pensa diferente, mas, pensar e propor mudanças para a nossa realidade é que o problema. É o vazio do pensamento, de propostas e de lideranças que transforma o país num deserto de ideias e o esquerdismo numa fé inabalável.