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domingo, dezembro 20, 2009

A HORA DE SERRA



A recente pesquisa feita pelo Instituto Vox Populi, para a revista IstoÉ, mostra que o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), continua cada vez mais firme na liderança da corrida presidencial, com 39% das intenções de voto. Depois surgem empatados tecnicamente, em segundo lugar, Dilma Rousseff (PT), com 18%, e Ciro Gomes (PSB), com 17%. A pequisa ganha mais relevância por dois fatos recentes. O primeiro é que se trata da primeira pesquisa feita depois do programa partidário do PT, exibido no dia 10 último, em rede nacional centrado nas figuras de Dilma e de Lula da Silva. Assim o que os dados dizem é que, mesmo com a imensa exposição e com a ida de Lula e Dilma tentando transformar Copenhague em palco eleitoral, o desempenho da petista, tecnicamente, não variou em relação a outro levantamento do Vox Populi, feito dias antes de o PT ocupar o horário nobre da televisão por 10 minutos, e avançou apenas um ponto percentual, ou seja, dentro da margem de erro, em relação à pesquisa do Ibope. Em outras palavras, Dilma não decola e, para piorar, os especialistas, com bases nos dados da pesquisa, afirmam que com 41% de rejeição sua possibilidade de crescimento não é muito grande, em outras palavras, Lula transfere votos sim, mas, em grande parte já transferiu quase tudo que podia por Dilma ser uma completa desconhecida que ele vem tentando com enorme esforço transformar em uma figura pública.
O segundo fato relevante é, sem dúvida, a desistência do governador de Minas Gerais, Aécio Neves, que, com enorme bom senso e desprendimento pessoal, compreendeu que a hora é de Serra abrindo caminho para a passagem de quem apresenta, como na eleição anterior, o maior cacife eleitoral. É um gesto que, de um lado, fortalece a candidatura de Serra, mas, por outro não deixa de também dar maior dimensão à própria figura do governador mineiro que poderia tentar fazer o que Alckmin fez e acabou sendo um desastre para seu partido. Sendo um político novo e com amplo trânsito com o governador paulista a saída de Aécio é um passo estratégico para fortalecer sua imagem pública e, eleito, como será, senador numa futura administração tucana terá um imenso espaço para consolidar-se com uma opção presidencial no futuro.
Tudo parece indicar que a hora é mesmo de Serra. Afinal os dois mandatos de Fernando Henrique e de Lula foram conseguidos graças a manter patamares de intenções de votos semelhantes aos ostentados por Serra e, para melhorar sua situação, depois dos problemas em que Temer esteve envolvido a sugestão de Lula de três nomes para vice azedou as relações PT/PMDB. O que deve ficar pior na medida em que as eleições nos diretórios estaduais de ambos os partidos escancarou o racha nos interesses estaduais mostrando que a repetição da aliança com o PMDB nos Estados está cada vez mais complicada. Em conversa com auxiliares nos últimos dias, o presidente Lula da Silva admitiu que, em pelo menos cinco Estados importantes, seu candidato terá que subir em dois palanques (Minas Gerais, Bahia, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Pará), mas, há problemas em outros estados que nem se pensava como em São Paulo, Ceará, Paraná e Goiás com sérias dificuldades de soldar uma união em torno de Dilma. Há mesmo no PT quem considere que seria bem melhor trocar de candidato.

segunda-feira, dezembro 14, 2009

A agropecuária sob uma nova inquisição



Recebi da Associação dos Pecuaristas de Rondônia-APR/RO o livro de Nelson Ramos Barretto e Paulo Henrique Chaves “Agropecuária-Atividade de Alto Risco” editado pela Editora Artpress. Que a agropecuária é uma atividade de alto risco, para quem é economista como sou, não é nenhuma novidade. Pode-se dizer até como Sherlock Holmes que “È elementar, meu caro Watson”. A questão é que o livro é de grande valia e revelador das dificuldades adicionais que, no Brasil, o agronegócio tem que enfrentar e vencer. Neste sentido é um livro indispensável por revelar muita coisa que permanece oculta sob os conhecidos chavões sociais que são alimentados por um projeto de estatização que, em nome de uma suposta pobreza, na verdade solapa a eficiência econômica e os valores democráticos.
É espantoso o que o livro elenca de leis prejudiciais, de intervenções maléficas do governo que são, sempre, contra os que trabalham por criar riquezas a partir da terra. Principalmente são dissecadas as formas solertes de atentado contra o direito de propriedade, que é uma ameaça constante brandida contra o setor pelo Movimento dos Sem Terras-MST, alimentado por verbas públicas e, muitas vezes, por organizações religiosas que ultrapassam os limites de seu sacerdócio para, em nome de uma melhor distribuição social, fazer política ignorando que, conforme as palavras de Jesus, a função religiosa se destina a modificar a realidade não pela insuflação ao ódio e a luta de classes, mas, pela mensagem do amor.
Como muito bem acentua o livro a questão da reforma agrária, na atual realidade, “é uma incoerência governamental inusitada no planeta” na medida em que, como comprovado pelas próprias pesquisas públicas, os novos assentamentos, quando conseguem produzir, produzem uma quantidade irrisória e sem sustentabilidade econômica, além de ser comprovado que respondem por 20% do desmatamento da Amazônia. Efetivamente os assentamentos rurais, com áreas cada vez menores, que, supostamente, deveriam ser para diminuir os conflitos no campo e proporcionar aumento da produção proporcionando renda aos “sem terras” somente tem servido para criar uma indústria de vendas de lotes e aumentar a tensão no campo. Neste sentido o livro é precioso ao acentuar que “Há no país cerca de 4,5 milhões de propriedades rurais, número equivalente à soma das propriedades rurais dos Estados Unidos, Canadá, Austrália e Argentina juntos” e que, apesar do governo destinar ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, em 2008, R$ 2,5 bilhões, cerca de duas vezes e meia o que destina ao Ministério da Agricultura e Pecuária o que se faz, de fato, é incentivar problemas no campo e a destruição do meio ambiente, pois, apesar de hostilizado por agroreformistas, organizações religiosas e ONGs é o agronegócio quem produz com eficiência. E o agronegócio produz para sustentar seus algozes na medida em que, para as empresas e empreendedores são exigidos índices de produtividade enquanto nada é exigidos dos assentados. Ou seja, é uma aberração que se consolida ainda mais com as exigências feitas por leis esdrúxulas, como a do georeferenciamento, que demonstra a intervenção desastrada, estapafúrdia e ditatorial de um estado que oprime a quem lhe dá o pão e o leite. Recomendo a leitura que é esclarecedora sob todos os pontos de vista.

sábado, dezembro 05, 2009

Pela internacionalização do Aeroporto Jorge Teixeira



O Brasil, todos sabem, é um país continental que possui 5.507 municípios. Só isto já demonstra a importância dos transportes, mas, quando se pensa em transporte no país ainda se pensa, essencialmente, em estradas embora todos saibam que as hidrovias e as ferrovias deveriam ter tido mais atenção e investimentos. O fato inconteste é que sem transporte o Brasil foi, no passado, um país desarticulado, um imenso arquipélago com ilhas isoladas, vivendo em função dos seus limites territoriais. Somente com a construção de Brasília e com a visão grandiosa de JK de abrir estradas, com todos os erros dela decorrentes e perpetuados, uniu os 8.5 milhões de quilômetros quadrados de nosso território por uma malha rodoviária em condições ruins e em detrimento da rede ferroviária e da navegação de cabotagem, todavia, consolidou de fato um país.
Até hoje falta uma política de transporte eficiente em nosso país o que causa graves prejuízos à nossa economia. Recentemente um estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento-BID, por exemplo, demonstrou que esta é uma grave falha que implica no fraco desenvolvimento dos paises latino-americanos de uma forma geral. O que pouca gente não sabe é que existem poucos países continentais como o nosso. Contam-se nos dedos, pois, há apenas do nosso tamanho os Estados Unidos, Canadá, Austrália, China e Rússia. E, em países assim, tudo é longe e a única ferramenta eficiente para a sua sustentação econômica, integração e desenvolvimento são as asas de seus aviões. O conceito que fazemos de transporte aéreo é que os aviões servem somente para transportar executivos e turistas ricos em suas viagens de negócios ou férias, mas, não é verdade. Efetivamente a maior parcela de eficiência e rapidez dos serviços que recebemos é proveniente da eficiência dos nossos aviões. Nem precisamos lembrar dos casos extremos de resgate aeromédico, transporte de órgãos para transplantes, todavia, há muitos outros como os correios, compensação bancária, compensação de vale refeição e cartões de crédito, jornais e revistas para regiões remotas, encomendas urgentes, peças de reposição, deslocamentos urgentes, viagens a negócios, turismo, pulverização das lavouras, enfim, são inúmeros os casos em que se depende da eficiência dos nossos aviões. E o Brasil possui a segunda maior frota de aviação geral do mundo, a segunda maior frota de helicópteros, aviões agrícolas, aeronaves executivas e a segunda maior infraestrutura aeroportuária do planeta. Se tudo isto parar durante duas semanas imagine o caos que não teríamos. Aliás, já tivemos com o apagão aéreo um aperitivo disto. Porém, quem mais sentiria seriam os executivos. Já pensou um executivo se deslocando num carro ou ônibus de Porto Alegre à Porto Velho para uma reunião de negócios? Lembro sobre a importância do transporte aéreo para cobrar a internacionalização do Aeroporto Jorge Teixeira que só existe de internacional o nome. Qual a razão para tão pouco empenho em internacionalizar nosso aeroporto quanto ele é essencial para a integração latino-americana? Este mês mesmo tivemos a visita de uma comitiva de peruanos que teve de ir até São Paulo para vir à Porto Velho. O mesmo acontece com chilenos e bolivianos. È incrível que o aeroporto internacional de São Luiz viva às moscas, sem turistas e nós, aqui, com uma grande demanda não podemos ter voos internacionais por falta de alfândega. È preciso que nossas lideranças políticas despertem e se mobilizem pelo transporte aéreo que, no nosso caso, exige, impõe uma rápida internacionalização efetiva do aeroporto do Belmont. A integração, a Saída do Pacífico se fará pelas estradas, porém, os executivos para fazer negócios precisam do transporte aéreo, daí, ser imprescindível nosso aeroporto ser internacional diminuindo as distâncias e criando a rapidez e a proximidade indispensável para que nossas relações com os vizinhos se concretizem e se fortaleçam. Internacionalização já!