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domingo, dezembro 31, 2017

O QUE O GOOGLE REVELA DO BRASIL


Quando se fala na influência sociais das redes na formação das opiniões não deixo de ser um pouco (pouco?) cético. Pelo menos, no Brasil, penso que, por muito tempo ainda, a TV Globo, embora não sendo o Grande Irmão, que os radicais costumam pintar, ainda será muito mais influente que as redes sociais. É claro que, com certos descontos, no que diz ao mercado. Quando se trata de consumo, de fato, as redes sociais estão se tornando, cada vez mais, relevantes.
No entanto, basta verificar quais os assuntos que os brasileiros mais pesquisaram no Google, em 2017, para se ter o tamanho da influência das redes sociais. Nos cinco primeiros lugares nas buscas aparecem: 1) Big Brother Brasil; 2) Tabela do Brasileirão; 3) Enem; 4) Marcelo Rezende; e 5) O Chamado. Alguma surpresa para o fato de que a televisão seja a fonte dos interesses maiores? Bem, então, vejam os por quês mais perguntados pelos brasileiros: 1) Por que o Brasil não está na Copa das Confederações?; 2) Por que o Zeca vai ser preso? 3) Por que Evaristo saiu do jornal Hoje?; 4) Por que Claúdia Leitte saiu do The Voice?; e 5) Por que Pedro Bial saiu do BBB?. Não precisamos discutir a relevância destes assuntos, mas, é possível que olhando o que os brasileiros desejam saber a coisa melhore.
Quando se vai ver a busca pelo “O que é”, então, vemos que o brasileiro tem, efetivamente, interesses espantosos. Assim os cinco significados mais buscados são: 1) O que é pangolim?; 2) O que é sararah?; 3) O que é TBT?; 4) O que é um ábaco? e 5) O que é sororidade?. Se examinarmos as buscas veremos que um refere-se ao reino animal, dois à linguagem digital, um, sobre o ábaco, que é surpreendente, diz respeito à história e/ou à matemática e só o último tem alguma coisa a haver com política e/ou movimentos sociais.

Longe de mim desejar fazer ilações apenas de alguns indícios, mas, quando se observa que as cinco personalidades mais citadas foram, por ordem, William Wack, José Mayer, Leo Stronda, Fábio Assunção e Pabllo Vittar, então, fico, sinceramente, em dúvida se o nível de educação do Brasil não é superavaliado. E, aproveitando a deixa, espero que a educação do Brasil melhore, na medida em que, se ficar do jeito que está, ou piorar, vamos sair do nível da fofoca para a criação de uma fábrica de monstros em série. De qualquer forma o Google diz muito sobre nós mesmos. 

quinta-feira, dezembro 28, 2017

NADA SERÁ COMO ANTES EM 2018


Bem, todo fim de ano, queiramos ou não, é tempo de renovação. Senão, de fato, ao menos de esperanças. A partição do tempo em períodos, no caso ocidental de meses e anos, tem o dom também de, periodicamente, nos trazer a sensação de que haverá mudanças. E, comprovamos que elas sempre existem, para o bem ou para o mal. Embora, com o passar dos anos, como vamos ficando mais velhos, possa até parecer que, no palco da vida, não existe nada original, de vez que as coisas se repetem, no entanto, não se repetem da mesma forma. Há sempre algo de novo, por mais que desejemos pensar com os padrões antigos. E há alguns visionários, como Ray Kurzweil, um inventor e futurista, que aposta que o passo acelerado da inovação tecnológica continuará multiplicando-se. Para ele, “Nós não vamos experimentar 100 anos de progresso no século 21 – será algo como 20.000 anos (no passo de hoje),” diz. Se as tecnologias criadas nos últimos anos são a fusão de milênios de trabalho, ciência e progresso humano, então, mesmo com o parto difícil da prosperidade brasileira, e de muitos outros países atrasados, temos que acreditar no futuro. Apesar de tudo, há vida inteligente na terra. Há quem, certamente, evolua.
Exemplos disto são, nem tanto para nós, pobres brasileiros, os mercados mundiais em ascensão. Espera-se, por exemplo, que, em 2018, as principais tendências de negócios sejam em tipos de tecnologias novas como os drones, cuja estimativa é de que decolem e, pasmem, pelo menos nos Estados Unidos, passem a fazer o serviço de Delivery, ou seja, as pizzas passarão a ser entregues via drones. Também o site de tecnologia TechCrunch aponta que o mercado de RA (Realidade Aumentada) e RV (Realidade Virtual) deve crescer e movimentar 108 bilhões de dólares até 2021. Representações virtuais possibilitam imersão em filmes, games, simulações para treinamento e começam a gerar hologramas. Não é à-toa que o Pokémon GO, o game de Realidade Aumentada da Nintendo, tornou-se um fenômeno mundial. Bem, para quem não tem água, energia e esgoto, pensar em Internet das Coisas parece um sonho irreal, mas, a integração dos sistemas tecnológicos, que é uma decorrência dela, fatalmente nos alcançará. Assim como já começamos a comprar ingressos no Cine Aráujo, do Porto Velho Shopping,  graças à automação que deve aumentar ainda mais, mesmo nos socavões do mundo. E o que dizer da Inteligência Artificial? Que está nos cercando, de forma inevitável. Como não se pode viver longe da Internet é preciso lembrar que

os assistentes pessoais Echo e Google Assistant oferecem uma eficiente e informativa interação. O Echo, assistente da Amazon, é um dos itens mais vendido na Amazon.com. Segundo a Morgan Stanley, mais de 11 milhões de pessoas já contam com o assistente, e segundo a VoiceLabs, 24.5 milhões de assistentes pessoais estariam sendo vendidos até o fim de 2017. E o Watson? O sistema da IBM, para empresas, conta com a inteligência artificial mais avançada já criada. É uma prova que computador pode compreender e responder à linguagem humana, o que já mudou a forma como interagimos com as máquinas. E, se pensa mesmo que nada não muda, não ouviu falar da máquina, criada pela empresa Hanson Robotics, o simpático robô,  que chegou a falar que possuía alma,  agora Sophia é um cidadão saudita. A condecoração ocorreu no evento de tecnologia Future Investment Initiative, em Riad, capital da Arábia Saudita. Não fazemos ideia do que uma "cidadania para robôs" representa, mas, não se pode deixar de ficar  impressionado, ao saber que a máquina recebeu a nomeação e fez um discurso de agradecimento. Como acreditar que, em 2018, as coisas serão as mesmas?

segunda-feira, dezembro 11, 2017

ENSINANDO O POUCO QUE SEI DE MÍDIA SOCIAL


Mídias sociais são um novidade muito recente. São, segundo os especialistas, um grupo de aplicações para Internet que permitem a criação e troca de conteúdo de forma fácil e barata e a criação e a colaboração compartilhada. Também se afirma que as mídias são apenas mais uma forma de criar redes sociais, inclusive na internet.  De modo que elas podem ter diferentes formatos como blogs, compartilhamento de fotos, videologs, scrapbooks, e-mail, mensagens instantâneas, compartilhamento de músicas, crowdsourcing, VoIP, entre tantos outros. E, cada vez mais, se afirmam como ótimos canais de marketing digital. Aí é que a porca torce o rabo.
Toda hora aparece algum guru nas redes sociais se autoproclamando capaz de fazer com que qualquer leigo se transforme num grande influenciador, numa pessoa capaz de gerar grande conteúdo e uma imensa legião de seguidores, quando não de transformar qualquer empresa ou marca num sucesso, ou como costuma se dizer, viralizar, ou seja, ganhar grande repercussão, ser top trend, ou seja, um conteúdo dos mais vistos e compartilhados. As promessas, neste sentido, são ótimas, porém, o que entregam, não se enganem, geralmente, é muito pouco. Há muito mais “chutadores” do que especialistas reais na área.  E, vou logo dizendo, sou só um curioso, um fuçador, mas, não gosto de que me enganem, nem que enganem as pessoas.

Em geral esses falsos gurus afirmam que a questão é de “atrair o interesse das pessoas” ou de “gerar valor” e prometem grande visibilidade e exposição rapidamente. Já fiz experiência com alguns e ganhei alguma experiência. Uma coisa que posso dizer, com consciência, é que alguns até conseguiram viralizar um conteúdo ou outro, mas, com a mesma rapidez que aparecem, como estrelas cadentes, caem. Uma das poucas coisas que sei sobre mídia social é que se a firma, a marca ou a pessoa não oferecer valor de forma permanente o que se pode ganhar se perde ainda mais rapidamente. Mídia social não é um lugar para se promover vez por outra. É preciso atenção permanente e foco no público que se quer atingir, o que não é nada fácil de delimitar, saber quem é e qual o motivo que o leva a acompanhar seu site ou blog. O que sei é que será sempre uma troca desigual, pois, você terá que oferecer sempre valor e somente pedir algo uma vez ou outra. Por isto mesmo, como foram criadas para ser uma janela da vida social de uma pessoa, não servem para ser, como muitos fazem, um local para se poluir com a marca ou tentar impressionar pelo número de vídeos. Lembro aqui uma grande consultora que conheço, Áurea Castilho, que afirma que “Não há nada pior que você fazer propaganda de si mesmo”. Assim é preciso, necessário, indispensável entender que a questão não é fazer publicidade e sim fornecer valor, de fato, para as pessoas. As mídias sociais geram um tipo novo de comportamento e ensinam que é uma armadilha pensar que se deve centrar em publicidade sem fornecer bons serviços, sem gerar valor. Quem fornece o que as pessoas ou as empresas desejam conseguem mais clientes, vendas e fidelidade do que os que, insistem, em fazer apenas publicidade.

Ilustração: Dicas sociais.  

terça-feira, dezembro 05, 2017

O JORNAL EM BUSCA DE UM NOVO MODELO


Houve um tempo onde o jornal foi a única maneira viável de se manter informado, de se ter acesso as notícias. O jornalismo, nesta época, arrebanhava leitores, era o centro das atenções e, por isto mesmo, quando bem feito, se traduzia, de imediato, em gordas receitas publicitárias. O fim desta era de predomínio, e conforto, das mídias impressas se verificou com o surgimento da publicidade digital, e se agravou, depois, com as mídias sociais. O jornal, de fato, foi levado as cordas, de vez que as receitas se evaporaram. A publicidade diminuiu e o jornalismo passou a perder fatias expressivas de suas receitas. De forma que, início dos anos 2000, os jornais, as revistas, a mídia impressa, de uma forma geral, começaram a escorregar, alguns lentamente, outros, de forma acelerada, para o abismo.
A publicidade na mídia impressa perdeu proeminência e seus números, ainda mais comparados aos custos, pareciam minúsculos comparados ao alcance do meio digital, das redes sociais, capazes de atingir, e segmentar, um  público cada vez maior. As receitas de impressão despencaram, a web assumia de vez o protagonismo e até se apregoava, reiteradamente, que era o fim do papel, que ninguém mais lia os papéis. O jornalismo teve que, rapidamente, se adaptar. As mídias de papel tiveram que aderir ao digital para sobreviver. As formas digitais tomaram, definitivamente, o palco e, como consequência, os jornalistas foram demitidos, as redações ficaram vazias, e a questão ficou reduzida a produzir conteúdo da forma mais barata possível. Claro que não foi a solução para os problemas, na medida em que a qualidade do jornalismo diminuiu sem impedir que uma sucessão de empresas fechassem suas portas. É uma competição desigual: mídias sociais proporcionam conteúdo gratuito. Jornalismo tem custos e custos elevados. Não tem como competir com preços livres. E o modelo de vida baseado na publicidade está morto e enterrado. É preciso um novo modelo.
Até agora não parece ter se encontrado este caminho. Mas, por outro lado, há uma explosão de mídia impressa e segmentada acompanhada de uma mortalidade muito elevada. Isto somente mostra que existe espaço, e mercado, para o jornalismo de qualidade; que, ao contrário do que muitos apregoam, o jornal, a revista, não vão morrer. Persiste, todavia, o grande problema como fazer um jornal, uma revista lucrativa. A mídia impressa, a velha e boa mídia impressa, tem lugar no mundo moderno, mas, precisa ser de boa qualidade, analítica, agregar informações relevantes. Num momento em que há uma falta de confiança generalizada nas instituições, nos políticos e nos poderes, que põe em risco a própria democracia, em que o capitalismo que garantiu a liberdade, o individualismo e a fé estão sendo questionados, as pessoas, cada vez mais, procuram quem possa lhes dar direção, parâmetros,  meios de entender a realidade e agir. Este é o papel dos jornalistas que farão a mídia impressa sobreviver. O  caminho não pode ser o da rapidez do mundo midiático, do fast-food das notícias ou do desfile de fofocas sobre celebridades. O público já recebe isto de graça nas redes sociais. Já está viciado nos cliques. O jornal, a revista para criar um novo público precisa desintoxicar, ultrapassar o superficial e oferecer aos que procuram verdades, a melhor versão possível dela. Só isto não basta. Fazer jornal está além dos jornalistas. Ainda falta quem delineie uma forma lucrativa de fazer mídia impressa, mas, a crise é a mãe da invenção. Enquanto isto não acontece muitos jornais e revistas continuarão a morrer.


Ilustração: Jornal Correio do Brasil.