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quinta-feira, novembro 26, 2020

DARWIN E A CONSPIRAÇÃO DO SILÊNCIO

 


Bem a velhice não é um tema muito interessante. Lembro que, jovem, recém desperto para o mundo, olhava para meu pai, na época um “velho” de 50 anos, e pensava o que ainda desejaria da vida. Mas, de fato, nesta idade, ele já se comportava como um senhor vetusto, como uma pessoa que tinha a obrigação de ser severo, de ser um farol para os seus pares e família. Talvez, por isto, apesar de meu amor por ele, e reconhecer que foi muito mais inteligente e talentoso do que sou, jamais quis ser exemplo ou farol de coisa alguma. Apesar de ser um professor, por convicção, não criei, como vejo muitos outros fazerem, discípulos. Sempre trabalhei imaginando que as pessoas devem pensar por si próprias. Quem sabe se errei muito por isto? Mas, me consolo por ver que, muitos, hoje, estão bem distantes do que desejaria, porém, pelas cabeças deles mesmo (por mais que pense que as cabeças deles são ruins!). Não quero me distanciar, porém, da questão da velhice. Ultrapassei daquela época do meu pai, em muito, na idade e, hoje, ainda olho para frente, até mesmo pensando que velho mesmo são os que possuem dez anos a mais do que eu! Embora reconheça, como o fez Simone de Beavouir que existe uma conspiração de silêncio sobre a velhice. É claro que isto é uma atitude social ocidental cristã. A questão do envelhecimento não é igual em todas as culturas. Até entre os índios há os que, por tradição, matam, por rituais, os velhos, bem como os que os conservam como guardiões da oralidade, autoridades morais e detentores do conhecimento. Entre nós, hoje, com os meios digitais, são as crianças que detém o conhecimento e riem de nós, dinossauros, ignorantes de sistemas operacionais. Mas, entre muitos índios, a morte prematura de seus anciões, como acontece hoje com o coronavírus, desorienta essas populações que ficam sem seus guias. Há, no meio científico, contudo, o embasamento a favor da velhice. Por exemplo, o neuropsicólogo russo Elkhonon Goldberg, no seu livro livro “O Paradoxo da Sabedoria (2005)” afirma que a sabedoria é uma forma de processamento mental muito avançada, de forma que somente se consegue com o tempo e que somente atinge seu auge apenas na velhice- diz ele  que justo  quando a capacidade do cérebro começa a diminuir. Este processo aparentemente contraditório é a base de sua tese que, por sinal, me parece muito correta. Para Goldberg a sabedoria dos mais velhos permite se ter a capacidade de “saber” a solução de problemas complicados ou inesperados de forma instantânea, sem esforço mental, bem com a capacidade de prever eventos que pegam as pessoas desprevenidas. Bom, aqui tenho minhas dúvidas, embora tenha visto isto em alguns velhos (mais em velhas, na verdade). Mas, me ocorreu que fizeram um escarcéu sobre a morte violenta de uma pessoa de cor no supermercado, enquanto a morte de milhares de velhos não teve muita importância. Não tive como não lembrar de Simone e de sua conspiração do silêncio acerca da velhice. Com a pandemia parece que ela foi quebrada, de vez que o que mais se ouviu foi que “O vírus só mata os idosos”. É como se dissessem que só morrem os que tem que morrer. É um sinal claro dos tempos. Numa humanidade estilhaçada pela falsa moral, pelo coitadismo e pelo politicamente correto somente merecem atenção as grandes generalizações e o que rende manchetes, como fumaça na Amazônia, racismo, a discussão inútil de autoridades sobre a vacina, tolas afirmações sobre a China ou as fofocas requentadas de Obama. A morte dos velhos, de milhões de velhos, só afeta as famílias. Só contam como mais vítimas para as estatísticas que são usadas para criticar as autoridades. Darwin, mais do que nunca, diria que nada mais natural: os mais frágeis estão mesmo destinados a desaparecer. Porém, se fosse assim, os homens não existiriam mais. 

 


segunda-feira, novembro 02, 2020

AS LIÇÕES DE UM MESTRE

 


O ex-técnico do Santos, Jesualdo Ferreira, sem dúvida um grande técnico, um ser humano educado e competente, em entrevista ao Globo Esporte, demonstra toda sua sabedoria quando, mesmo tendo sido injustamente dispensado, mostra que não guarda mágoas de sua recente passagem pelo Brasil e usa seu espaço para demonstrar como aprendeu e o quanto nós estamos desorganizados e atrasados, em termos de organização do futebol. Com razão ele diz que, apesar de suas qualidades, é incerto o sucesso do futuro técnico do Palmeiras, Abel Ferreira, e explicou: “Sei que, nos próximos quatro meses, o Palmeiras tem mais de 20 jogos, e aí é um grande problema no Brasil: não há tempo para se trabalhar. Trabalhar não é só falar, dizer coisas boas ou ruins. Para organizar uma equipe, você tem que falar, formar e treinar. Se não fizer isso, não consegue”, daí, o treinador português ter dito que “O tempo é muito curto porque os torcedores e a imprensa são muito exigentes. Têm muita paixão, gostam muito de futebol, e querem ganhar se possível para ontem, o que é impossível”. Ele também, com a experiência que teve no Santos, reconhece que o campeonato brasileiro é o mais difícil do mundo, dada a maratona que os clubes são submetidos e por  não possuírem a organização que deveriam ter, nem há condições dos treinadores executarem seu trabalho, pois, não há tempo e as pressões vem de todo lado. Por isto não hesita em dizer que “O futebol brasileiro questiona o que se passa com os treinadores brasileiros e o motivo de o futebol aqui não ir para frente. Mas ninguém pergunta o que o futebol precisa fazer na sua organização para os treinadores terem sucesso no Brasil. O que tem que fazer? Há uma pandemia que para o futebol por quatro meses e volta tudo do mesmo jeito, sem se adaptar o calendário? Não há igual”.  O que ele não quis dizer-por delicadeza e não se pensar que estava magoado- é que o futebol brasileiro é um exemplo de desorganização. Basta ver a situação de grandes times, como o do Cruzeiro, do Santos, do Vasco e até mesmo do próprio Flamengo, que melhorou muito sua administração, mas, ainda sofre com problemas extra campo. Afinal, como lembra Jesualdo, para se trabalhar bem, para se criar uma equipe, não basta reunir os jogadores, que são seres humanos, e dar instruções e treinos. É preciso também se ter uma boa retaguarda, que inclui uma situação financeira estável, acompanhamento médico e psicológico, bem como uma tabela bem feita que faça um balanceamento dos jogos. Assim, muitas vezes, o sucesso de um treinador é menos dependente de sua capacidade do que das condições que encontra. Sabiamente, por conseguinte, pede que para Abel Ferreira ter sucesso que tenha apoio. O sucesso de um treinador é o sucesso de um clube, de um time, mas, diretoria, imprensa e torcedores não podem se comportar, da forma como se comportam, querendo resultados em cinco, seis jogos. Nenhum treinador, mesmo que se chame de Jesus, faz milagres. O sucesso de qualquer equipe, no futebol e em qualquer esporte, é um trabalho empresarial. O que se faz fora do campo reflete dentro. Não é possível, por exemplo, os jogadores terem bom desempenho, quando, ao menor erro, são cobrados como se fossem criminosos. É preciso organizar o futebol no médio e longo prazo. E aprender que ganhar e perder faz parte de qualquer esporte.

 

sábado, outubro 24, 2020

A LIBERDADE DE EXPRESSÃO E SUAS NUANCES

 

Sem dúvida muitas coisas no mundo mudaram para melhor. Apesar de todo o clamor que as reclamações por justiça e por igualdade reverberam, no entanto, é preciso verificar que se baseia, em geral, numa tese falsa: a de que o capitalismo não melhorou as condições mundiais. Muitas coisas melhoraram muito, inclusive a liberdade de expressão. Basta ver que, com as redes sociais, se mobiliza a população, sobretudo jovens, para contestar formas de autoritarismo e até mesmo as práticas da  administração pública até em nações onde a imprensa não é livre. Mas, é preciso deixar claro também que, algumas coisas, como o poder não mudaram. Ao contrário os poderosos se tornaram mais poderosos ainda. Neste sentido, é preciso ter a visão do que, de fato, é atentado à liberdade de expressão e o que não é. Uma resposta dura de um dirigente contra uma pergunta impertinente, mal educada e até grosseira de um repórter (muitas vezes despreparado ou mal intencionado) não é um ataque à liberdade de expressão, por exemplo. É um ataque existir uma política de buscar atingir os órgãos e os jornalistas de oposição. Mas, também aqui, isto não significa, como hoje, muitas vezes, se procura impingir que o governo tenha obrigação de sustentar empresas que o atacam. Assim, é possível que, de fato, muitas vezes, quando se reclama de ameaças à liberdade de expressão, acabe se fazendo o jogo de quem deseja apenas continuar vivendo de verbas públicas. A liberdade de expressão está em risco no Brasil? Não. Aumentou o risco da liberdade de expressão nos últimos tempos no país? Não. Algo similar ocorre nos EUA onde não é o fato de Trump não gostar de responder a perguntas ou não receber alguns jornalistas que põe a liberdade de expressão em risco. No Brasil e nos Estados Unidos é um fato que nunca se teve tanta liberdade de expressão. Nos dois países, com certeza, a liberdade de expressão é tão livre que se fala muita coisa que não se deve, ou seja, até abusam (e muito) dela.Aliás, os politicamente corretos, como muitos outros que se revestem de ovelhas em sua defesa, desejariam mesmo era cercear tanto a imprensa, quanto a mídia social. Estranho é que a organização não-governamental londrina “Article 19” acaba de lançar o documento “Global Expression Report 2019/2020”  que, segundo sua diretora-executiva Quinn McKew, traz “resultados preocupantes” afirmando que “a deterioração do direito de falar e saber gerou uma atmosfera de medo e desconfiança, com jornalistas e ativistas em todo o mundo sob risco de perseguição, detenção arbitrária, tortura e assassinato”. Receio que o documento reflita mais certa “visão” do que a realidade, pois, classifica a China, Índia, Turquia, Rússia, Bangladesh e Irã como “em crise”. Até aí tudo bem, embora, convenhamos, faltam outros países onde é notória a completa falta de liberdade de expressão, mas, afirmar que países como os Estados Unidos e Brasil apresentam “declínios acentuados” de liberdade de expressão é, no mínimo, um erro metodológico enorme ou, o que pode ser muito pior, um viés da forma como o estudo foi feito. Há partes do documento que são bem feitas, mas, algumas afirmações me parecem totalmente infundadas para respaldar os resultados como as de que a crise da saúde é também a crise da liberdade de expressão, ou que, nos EUA, aumentou as respostas negativas a pedidos de informação, bem como que os governos locais e estaduais restringiram o acesso da imprensa a eventos públicos. Ora, convenhamos, jornais não são neutros. Se atacam os governos, e normalmente o fazem, a própria Ong reconhece, a reação é normal. Também chega a ser risível a afirmação de que o Departamento de Justiça continuou a perseguir o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, nos termos da Lei de Espionagem e buscar sua extradição do Reino Unido. Como também dizer, ou sugerir, que o acirramento, a polarização das mídias sociais, seja um sintoma de problemas de liberdade de expressão, quando reflete o maior interesse por política, se bem que exposto com a falta de educação vigente. Ou que o presidente Bolsonaro fez pessoalmente dez ataques a jornalistas por mês! Ele bateu em alguém? Prendeu algum? Impediu de dizer o que pensa? Bem, como um esforço para verificar o estado da liberdade de expressão, o documento tem seus indiscutíveis méritos, mas, a meu ver, deveria ter pessoas de diferentes visões para analisar seus dados. Não posso assegurar que a minha visão seja melhor, mas, para dizer que a liberdade de expressão “está declinando” falta, pelo menos, ao documento um referencial temporal e uma análise mais teórica do que seja “liberdade de expressão”, embora sobrem indicadores dela. Para quem desejar ler o documento o acesso é possível no link https://www.article19.org/wp-content/uploads/2020/10/GxR2019-20report.pdf.

Ilustração: http://jornalheiros.blogspot.com/.

segunda-feira, outubro 19, 2020

A ECONOMIA COMPORTAMENTAL, O MIX DE ECONOMIA COM PSICOLOGIA

 


É verdade que, desde Keynes, os progressos na economia tem sido feitos, fundamentalmente, por agregação. São, de fato, por assim dizer, incrementais, sem tocar nos grandes fundamentos do estado da arte. No entanto, não se pode deixar também de acentuar que alguns novos desenvolvimentos são muito interessantes. Não tanto sob o aspecto econométrico, que tem sido acentuado mais pelo desenvolvimento da inteligência artificial, porém, do que denominamos de economia comportamental, a união, quase heterodoxa da psicologia e da economia que se consolidou, de forma inesperada, com, em 2002, o Prêmio Nobel de Economia para o psicólogo Daniel Kahneman, que, por sua obra, e determinação, fez mais do qualquer outro para criar o campo da economia comportamental. Mas, o que é economia comportamental? Uma definição possível é a de que seja o campo da economia que usa a psicologia com a finalidade de entender o comportamento e os processos de decisão de consumo dos agentes econômicos.

Para melhor esclarecer é preciso dizer que o comportamento é a forma como as pessoas reagem aos estímulos internos ou externos. Todas as decisões que tomamos, inclusive as econômicas, estão sujeitas à influência de fatores emocionais, culturais, cognitivos e psicológicos.  Na economia tradicional o comportamento dos agentes econômicos, como empresas, profissionais da área e o governo, possui o pressuposto da racionalidade, enquanto que a economia comportamental cria um contraponto à isto, sugerindo, ao acrescentar alguns fatores cognitivos e emocionais na tomada de decisões econômicas, que elas não são tão racionais como se pensa. Embora, verdade seja dita, esta vertente econômica se baseie no modelo tradicional "neoclássico", ao introduzir à psicologia se demonstra que, por exemplo, se trata de forma diferente a possibilidade de uma perda da possibilidade de um ganho ou que a forma como se oferta um produto pode influir no seu consumo.  Nem todos concordam com isto, pois, por exemplo, Nick Chater, psicólogo da Warwick Business School , é um crítico da abordagem da economia comportamental por entender que "O cérebro é a coisa mais racional do universo", embora complemente que "mas a maneira como resolve problemas é ad hoc e muito local." Ou seja, na sua visão formular leis gerais do comportamento humano pode não ser um caminho muito bom. O que não impede que a Economia comportamental seja uma das ideias mais quentes, inclusive em políticas públicas. Até o governo britânico usa a disciplina para melhorar suas políticas públicas e mesmo a Casa Branca criou sua própria equipe de insights comportamentais. De qualquer forma compreender a psique do consumidor e a irracionalidade da tomada de decisão humana parece ter um caminho promissor. E muitos governos, organizações e empresas estão utilizando seus princípios para criar  produtos ou serviços vencedores, inclusive também como meio para testar no mercado novas soluções.

Ilustração: https://i.pinimg.com/.

sexta-feira, outubro 09, 2020

O Importante não é a rosa, é o escândalo

 

Com os avanços da internet, da comunicação on-line, da instantaneidade estamos, cada vez mais, expostos à eliminação das barreiras, das paredes, das distâncias e se torna também muito mais difícil a privacidade, a linha entre o público e o privado, entre o certo e o errado, o aberto e o fechado. Também quase que nos obriga a tomar decisões com pressa, a decidir sem refletir, a tomar partido em causas que não precisamos participar, a agir, e com rapidez, porque as pessoas esperam, mais do que esperam, nos coagem por respostas. Sou dos que fogem desta loucura moderna. Muitas vezes, desligo o celular e o micro e deixo que o mundo corra sem precisar de minhas intervenções (que, aliás, penso que pesam menos a cada dia). O problema é que, muitas vezes, o meu isolamento, que se dá porque me basto, incomoda. Posso viver lendo, escrevendo ou apenas dormindo e bebendo um vinho sem grandes problemas, o que deve preocupar os outros. Já recebi até o elogio de ser anti-social, porém, a verdade é que se preciso do amor e das amizades, também preciso, às vezes, me isolar para poder compensar os desgastes ou me equilibrar quando não estou num dia bom. O inferno pode não ser os outros-como pensava Sartre-mas, também pode ser

E, muitas vezes, é num mundo onde tudo parece causar indignação. Quando vejo as movimentações, os comentários, as participações das pessoas nas mídias sociais, parece sempre ser a indignação que os move, os orienta. Parece que todo mundo está preocupado com o que é ofensivo ou injusto e se porta como o reparador das dores, que amplifica indignação e, não raro, deseja, através de sua voz, transformá-la num escândalo. E tudo se simplifica, se torna raso, infantil até se transmudar em um like ou um emoji raivoso. A comunicação via mídias sociais é uma conversa de surdos e, com razão ou sem, somente os próprios iniciadores se consideram o juiz do mundo até o ponto de, por exemplo, expulsar o outro de seu espaço, bloquear o próximo por não concordar com suas opiniões. Não há mesmo espaço, nem gentileza, para entender as razões do outro ou buscar mudar de opinião. No mundo da indignação somos envolvidos pela rapidez e o importante é a participação. É se render ao uso da nossa voz como irado contra o escândalo de alguém, pois, só atendendo à velocidade exigente do ciberespaço, onde todo mundo fala tudo  ao mesmo tempo, todo mundo precisa mostrar sua ira, cada vez mais forte, cada vez  mais boiada, para transformar o ultraje num escândalo.  De fato, as redes sociais é um espaço selvagem. É o espaço do grito dos sem voz. Dos inconformados sem razão, de vez que também, cada vez mais, não há diferença entre o que é relevante, ou não, do que deve ser prioridade ou relevado. Tudo nos causa indignação, um pequeno incidente ou uma grande injustiça. Porque nas redes sociais a reação imediata, estridente  e multiplicada iguala tudo.  Já não se protesta contra algo em específico, contra alguma coisa significativa. Se protesta por protestar (e há sempre motivos para o protesto) ainda mais quando o que importa é a rapidez com que manifestamos o desacordo. É o grito virtual, primeiro e forte que nos define e traz like e aprovações. Tenho saudades das passeatas, das marchas onde gritávamos slogans que tinham sentido, que buscavam soluções, manifestavam um desejo declarado de mudanças. Agora não se precisa de reflexão, nem motivos, nem de ter soluções. O que se precisa é de ter uma plateia que concorde que o importante é um grande escândalo. O importante não é o discurso, a reflexão, a mudança, a coerência ou a rosa. O importante é o tamanho do escândalo.

terça-feira, setembro 15, 2020

FLUTUANDO A FAVOR DO VENTO

 


Confesso que sou uma pessoa muito medrosa. Diria que até mesmo, como uma pessoa que tenta pensar, procura pensar, alguém que tem mais medos do que o normal, na medida em que se preocupa mais, estuda mais os diversos ângulos dos perigos. E perigos há muitos que a vida é uma aventura perigosa por mais tranquilo que seja você e por mais paz que deseje na vida. Aqui lembro, imensamente de meu pai, que repetia um bordão para nos incitar a sermos corajosos “Ou mato ou morro! Ou me escondo no mato ou escalo o morro!”. Aliás, dele há uma poesia que lembra muito o significado do heroísmo, cujos os versos, numa linguagem antiga, são reveladores: “No sucavão da glória! No sucavão da glória, eu vi as cuecas do herói”. Esta rememoração provém de que, como os chineses, meu pai dizia que “briga não é um comportamento de pessoas civilizadas” e aconselhava a correr delas, todavia, como os chineses,  recomendava que entre “eu” e “você” não existe alternativa, ou seja, nas situações extremas não é uma questão mais de ter medo, é uma questão de sobrevivência . Pensava nisto, com a morte de alguns amigos, de um grande amigo, em particular, o Carlinhos Toledo, com esta epidemia do vírus, do novo coronavírus. Quando o inimigo é imponderável e nos rouba coisas preciosas, como compartilhar a convivência, beber e rir juntos, abraçar uma pessoa querida, um amigo, não se tem também alternativas. Nestes meses de isolamento, com as restrições que ainda temos, mesmo que relaxadas, tivemos que relaxar o desejo tão acalentado de retomar a velha forma de vida, que continua a ser apenas um desejo. Por mais que queiramos, parece improvável que se possa usar o mundo, lá de fora, como no passado: a magia das saídas noturnas, dos bares, do futebol, dos jantares, da curtição do espaço público, do ar livre, de passear entre outras pessoas, por mais tentador que seja, é um risco, um grande risco. E, olhando para os que se foram, não há como não pensar na nossa vulnerabilidade, pensar que hoje estamos aqui, mas, tudo é tão rápido, tão fluído, tão frágil que, amanhã se foi, que nem teremos mais consciência da luz, da cor, da beleza do calor do qual tanto reclamamos e até da fumaça que nos faz respirar pior. Sei que já me perdi neste mar de pensamentos bobos- e a bobagem também faz parte da humanidade. Mas, é que, de qualquer modo, o isolamento me lembrou de uma verdade óbvia: não preciso nem sair de casa, nem  ficar imerso na televisão ou na internet, para me divertir. Voltei ao velho hábito de ler muito, que, com os whatssaps, os Facebooks, e-mails e sites tinha negligenciado. Adquiri, novamente, o velho hábito de beber vinho, duas taças, meia garrafa, no máximo, com sorvete e até me deixei ficar mais na cama, sem ter o que fazer, só pelo prazer de me espreguiçar, de curtir o prazer de não fazer nada. Esqueço o micro desligado, o celular e até as horas. Nada mais de me ligar no noticiário (excessivo nas notícias ruins), nem no econômico. Até arranjei uns mantras para meditação. E só busco falar, fazer coisas que me dão prazer, e bem devagar. E escrevo. Escrevo muito. Escrever, no entanto, é uma forma de prazer. E a vida? A vida está mais leve. É bom flutuar nela como uma pena ao vento. E lá vamos nós!

 

Ilustração: http://faceafaceblog.blogspot.com/.

 

 

segunda-feira, setembro 07, 2020

DINHEIRO EM ESPÉCIE NO BRASIL ESTÁ EM EXTINÇÃO?

 


Não somente porque meu celular pegou um vírus, mas, também por estar de férias, tenho dado um tempo para ler, ouvir música, ficar fora do mundo digital, de forma que não tenho dado muita atenção as mensagens, inclusive do Whatsapp. Então só agora vi, que o jornalista Lúcio Albuquerque me enviou uma provocação, com uma notícia do “Expressão Rondônia” sob o título “Projeto de Lei quer acabar com o dinheiro em espécie no Brasil” e me pergunta “Amigo, o que você pensa disso?”. Com certeza seria para alguma matéria dele, mas, depois de seis dias não tem mais como servir para ele, mas, me serviu para pensar um pouco sobre o tema. É uma ideia disparatada? Não. Inclusive não seria de imediato, mas, no prazo de cinco anos. Não seria o fim do dinheiro, mas, a adoção da moeda digital. Isto não é nem uma ideia nova. Já, em 1999, Milton Friedman, economista e ganhador do prêmio Nobel, um conhecido liberal, afirmava: “A internet será uma das principais forças para reduzir o papel dos governos. A única coisa que está faltando, mas, que será desenvolvida em breve, é um dinheiro eletrônico confiável”. Embutido aí se encontra o fim do dinheiro físico e a ideia, defendida não somente por ele, de que a moeda deveria ser uma instituição privada, num regime concorrencial e que as pessoas poderiam escolher que moeda usar. Hoje, a moeda que Friedman esperava que fosse feita já existe: o Bitcoin, que é privada e permite que as pessoas façam transações entre si sem interferência de ninguém. Mas, o Bitcoin é apenas a ponta do iceberg de uma mudança completa na forma que usaremos o dinheiro, pois, acreditem existem mais de 2.000 moedas criptodigitais querendo substituir as outras e o dinheiro, fora outros tipos de experiência. É minha convicção de que o dinheiro vai ganhar novos formatos, terá diferentes emissores e circulará livre pela internet como, hoje, se manda mensagens ou textos. Penso que, nos próximos anos, teremos um aplicativo no celular que será uma carteira digital onde guardaremos os diferentes tipos de dinheiro ou ativos digitais. Isto é o futuro. E agora é possível prescindir do dinheiro físico no Brasil? Se olharmos para outros países mais adiantados, por exemplo, a Suécia, mais de 80% de suas transações não são mais físicas e se estima que, em 2023, não haverá mais circulação de cédula física. Na China, outro exemplo de progresso do digital, os aplicativos, praticamente, acabaram com a circulação de papel moeda. Dois aplicativos, juntos, o WeChat e o AliPay, no 1º trimestre de 2019, transacionavam quase 8 trilhões de dólares. Estimava-se que mais de 85% da população chinesa faziam seus pagamentos por celular. Então, se no Brasil temos 231,6 milhões de celulares, o dinheiro em espécie deve estar em extinção, não é claro? A meu ver sim, mas, devagar com o andor. Recentemente lançaram a nota de R$ 200,00. Qual a razão? Com a liberação do auxílio emergencial, segundo o Banco Central detectou, aumentou o uso do dinheiro físico. A razão, aqui, o pensamento é próprio, se deve a que as camadas de mais baixa renda preferem, o que está ligado inclusive à questão de segurança e de escolaridade, o dinheiro físico. Assim, é verdade que o dinheiro físico está em extinção no Brasil, mas, deve demorar ainda muito mais do que as pessoas pensam. Moedas digitais exigem informação, daí, representam mais liberdade e mais responsabilidade, o que requer também mais educação. E educação, principalmente, financeira leva tempo.

 

terça-feira, agosto 25, 2020

O BODE EXPIATÓRIO TÁ OFF

 

Neymar perdeu para o Bayern de Munique? Não. Quem perdeu foi o PSG. Futebol é um esporte coletivo. E, apesar de ser um dos melhores jogadores do mundo, se há uma coisa comprovada, nos tempos atuais, é que quem ganha o jogo é a equipe. E, convenhamos, o Bayern ganhou porque mereceu ganhar. Ganhou nos detalhes da equipe que, apesar de ter menos qualidade coletiva, foi a que mais lhe deu trabalho. Um time que, em média, faz quatro gols por partida conseguiu fazer apenas duas jogadas em toda a partida e um gol chorado, mas, perfeito. Vamos buscar culpados pelo gol? Não. Foi efeito da busca constante, do indiscutível predomínio do Bayern que teve 62% de domínio de bola contra 38% do PSG. Domínio de bola não é tudo. É verdade, porém, é preciso ver que, em poucos momentos, o PSG pode jogar e seus destaques foram dois defensores: Thiago Silva e Herrera. A surpresa é que, no Bayern, não foi muito diferente. Seus melhores jogadores em campo, apesar de Colman ter feito o gol decisivo, foram Neuer, que fez uma partida soberba, Kimmich e Thiago Alcântara. Neymar não jogou bem. O mesmo pode se dizer de Mbappé, de Di Maria, de Marquinhos, de Paredes, de Verrati. Também não jogaram bem Lewandowski, Muller e Gnabry. Não que não tivessem se esforçado. Foram leões dentro de campo, mas, foi um jogo truncado, pegado, de pouquíssimas oportunidades reais. O Bayern levou a melhor porque foi melhor. Mas, poderia ter perdido. Neymar, Mbappé, Di Maria e Marquinhos tiveram, todos uma oportunidade, de marcar e, sejamos justos, Neuer esteve impecável, inclusive antes da bola chegar na sua área, se antecipando, antevendo as jogadas. Com outro goleiro, talvez, o Bayern não tivesse chegado lá. Mas, o Bayern foi, nesta Champions, uma máquina. Entrou, em todas as partidas, com gana, com a disposição de vencer, voltado para dominar e ganhar a partida. E a final foi uma final emocionante, disputada até o último minuto. Não há como procurar culpados depois de um grande espetáculo. Há sim, opções. Como técnico, esta é uma opinião minha, jamais deixaria de usar Icardi num jogo como este. Poderia não dar certo, todavia, não se descarta um jogador como ele numa final- é o que penso. Enfim, em todo jogo um time ganha e o outro perde. Venceu, com certeza, o melhor. Embora tenham tecido imensas loas à Neymar nesta temporada, sinceramente, não vejo assim. Ele, procurando jogar mais para o time, saiu de perto da área. E, não sei a emoção ou o desejo exagerado, fizeram com que perdesse a frieza, que sempre demonstrou na hora de fazer gol. Faltaram sim, os gols de Neymar, nas partidas finais. Ele errou muito nas finalizações. E, no futebol moderno, com quase todo jogador sendo um atleta, Neymar, raramente, conseguiria passar por três, quatro, como o time alemão marca quando está sem a bola. Neymar está longe de ser Garrincha, que, se jogasse, hoje teria muito mais dificuldades de fazer o que fez. Mas, façamos justiça, Neymar é o jogador mais caçado do mundo dentro de campo. Toda hora fazem faltas nele. Todos se preocupam com seu posicionamento ou quando pega a bola. E ele não é o super-homem. É um craque que gosta de jogar e vencer sempre- até nas peladas. A derrota para o Bayern mostrou seus limites. E o seu choro, no final, não foi coisa de menino. Foi frustração, o sentimento de perda de um momento que poderia ser maravilhoso. Ao chorar se mostrou apenas humano. E, despido da vaidade, ele, um homem que tem tudo que se possa querer materialmente, chorou, repudiando o capuz de bode expiatório da derrota do PSG. Podem dizer o que quiserem, mas, enfim, Neymar amadureceu. Na derrota mostrou que também sabe perder.

 

domingo, agosto 23, 2020

AS LOJAS AUTÔNOMAS ESTÃO CHEGANDO

A tendência dos empregos formais desaparecerem é antiga. E, hoje, com o fenômeno da “uberização” do trabalho, ou seja, com um novo formato de fazer negócios, por meio de tecnologias móveis, que conectam o consumidor, de modo mais direto, ao fornecedor dos produtos e serviços, agregando mais valor, menor custo e personalização, esta tendência tende a se acentuar, daí, o elevado aumento da informalidade nas novas ocupações. Este fenômeno deve se intensificar, a partir de que, a grande maioria das pessoas preferem não interagir com atendentes, o que originou um novo modelo de varejo e auto-atendimento, a loja autônoma. O maior exemplo delas vem dos supermercados que estão desenvolvendo novos modelos, como o Self Check-Out, onde o consumidor faz todas as tarefas por meio de um aplicativo no celular, sem funcionários e caixas. É um modelo que favorece extremamente os clientes, que passam, apenas com o uso de tecnologia, a fazer suas compras, mas, produzem uma enorme redução da utilização da mão de obra. Na loja autônoma, o cliente entra na loja, escolhe os produtos que deseja levar e os valores são cobrados no seu cartão de crédito virtualmente, sem filas no caixa ou se vendedor. Nem se pense que se trata de coisa do futuro. Não. Este tipo de loja de autoatendimento já é uma realidade e deve se espalhar mais rapidamente do que se pensa, por todos os lugares, inclusive no Brasil. Parece estar distante o tempo do consumidor entrar, comprar e pagar sem contato com colaboradores, apenas com a tecnologia como suporte, mas, isto não é verdade. Em muitos lugares já está se tornando parte da vida cotidiana das pessoas usar seu smartphone para entrar na loja, pegar os itens que precisa, conferir os produtos, confirmar o pagamento e ter o valor é cobrado no cartão de crédito, sem nenhuma intervenção humana. A loja só precisa, para sua operação, de um repositor, para fazer a reposição dos itens necessários, do aplicativo para compras e um software de gestão de quantidade e preços. No Brasil e na América Latina, a empresa Zaitt inaugurou a primeira loja autônoma, em 2017, em Vitória no Espírito Santo, e sua segunda, no ano passado,  no Itaim Bibi, na zona sul de São Paulo, que funciona 24 horas, sem atendentes, filas e caixas. A Onii implantou um modelo de loja autônoma que funciona dentro de condomínios residenciais inspirado nas lojas de conveniência Amazon Go, gigante varejista norte-americana. A única diferença é que, aqui, o cliente escaneia  ítem por ítem no celular para que a compra seja creditada no cartão cadastrado. Tudo é feito pelo próprio cliente. No começo de março, e estimulado pela pandemia, a empresa fechou 80 contratos para a instalação de lojas similares, mas, a previsão é de ter 200 lojas instaladas no país até o fim do ano. A empresa Carrinho Cheio, conhecida no norte do Paraná pelo seu delivery super rápido, agora, se lançou no mercado de lojas autônomas com sua primeira loja autônoma, em Londrina, denominada Carrinho Cheio Experience, localizada no Carbamall Palhano, shopping na Rodovia Mabio Gonçalves Palhano. Ainda é motivo de curiosidade e de atração. Mas, não por muito tempo. Este tipo de modelo é o futuro. Claro que as lojas com atendentes não desaparecerão, mas, irão conviver com a proliferação deste novo modelo.

segunda-feira, agosto 17, 2020

NÃO SE PODE FAZER REFORMA TRIBUTÁRIA DE FORMA APRESSADA

 

O ministro Paulo Guedes, apesar de seus inegáveis conhecimentos, em especial do setor financeiro, quando se trata da condução da política econômica tem se mostrado imensamente competente, em muitas coisas, é verdade, porém, em outras, talvez por falta de ter trabalhado no setor público antes ou por não ser um economista com conhecimento do lado da demanda, acerta no atacado, contudo, tem tido uma visão, para ser suave, míope quando se trata do varejo. Ninguém pode afirmar que não esteja certo ao se mostrar, como tem se mostrado, um liberal, quando pretende diminuir o tamanho do aparelho estatal. Não é, como o acusam, por querer vender e conceder tudo que vê pela frente, mas, por ter uma visão, correta, de que é a iniciativa privada que cria renda, empregos e crescimento. No entanto, como muito bem aprendeu, com a pandemia, viu que, ao criar o auxílio emergencial, estimulou o consumo e, grande parte do dispêndio com ele, acabou por voltar em forma de impostos. Pena que, influenciado por ver o funcionalismo público apenas como entrave, não perceba que, de fato, apesar dos evidentes problemas e distorções que existem, os servidores possuem o lado, muito positivo, de serem os guardiões da memória e da sabedoria da administração pública, bem como o que se gasta com eles dá um retorno ainda maior que o auxílio emergencial, de vez que são taxados (fortemente taxados, aliás) na fonte.  O contraditório é que o liberal Paulo Guedes, quando apresenta uma proposta de reforma tributária, parece ser tão estatista, quanto qualquer outro anterior, ao querer recriar um imposto sobre transações financeiras, ou seja, apenas sobre a movimentação do dinheiro, que, por mais que se tergiverse, tem na facilidade da cobrança sua eficácia, porém, é, claramente, uma cobrança tributária acumulativa. O ministro, infelizmente, se equivoca, pelo menos no seu discurso, ao dizer que pretende fazer justiça social diminuindo os impostos sobre a folha de pagamento. Qualquer especialista em tributos sabe que este é um caminho que pode melhorar o emprego, mas, não tem efeitos práticos sobre a desigualdade. Para melhorar a desigualdade o caminho seria diminuir os impostos sobre as pessoas físicas, sobre os trabalhadores. A proposta do governo, cujo fatiamento já é um erro, na medida em que não permite que se tenha uma visão da lógica que se pretende ter no novo sistema, pelo menos até agora, somente busca simplificar a forma do governo arrecadar e, talvez, até mais com um aumento significativo da alíquota, que dizem pode diminuir. É fácil ajustar as contas em cima do dinheiro alheio, mas, a realidade é que, da forma acelerada e somente redistribuindo internamente o peso dos tributos, a proposta governamental, da forma como se pretende, é pior do que a PEC nº 45/2019, que tem uma lógica interna e unifica mais impostos. O que é mais grave é que o pedido de urgência, numa reforma fatiada, tende a criar não uma reforma e sim um arremedo de reforma tributária. Uma boa reforma tributária tem que ser, obrigatoriamente, fruto de discussões técnicas e de convencimento político. Não pode ser feita de forma apressada sob pena de tornar o sistema ainda pior do que já é. Foram as sucessivas emendas feitas ao sistema tributário brasileiro que o tornaram tão complexo e ruim. A reforma tributária para ser boa e melhorar deve ser feita de uma forma abrangente e de uma vez só.

 

sexta-feira, julho 31, 2020

O MUNDO VAI MUDAR POR ONDE MENOS SE ESPERA


Ora, mesmo antes da pandemia, dizer que o mundo ia mudar não se tratava de uma profecia muito original. Com a pandemia, então, a mudança parece mesmo obrigatória, principalmente, quando se pensa que o uso dos meios digitais e o comércio eletrônico se expandiram até por necessidade. Uma das necessidades maiores foi sentida pelo setor educacional, de uma hora para outra, necessariamente precisado de ter continuidade por meios digitais. E, convenhamos, num país como o nosso a dificuldade, em especial, provém da ausência de programas escolares para adaptar os métodos de ensino aos novos tempos e, por questões que passam pelo custo do acesso de alunos a equipamentos e conexões. De formas diversas houve sim uma busca de se adaptar à conjuntura e até iniciativas muito originais, como a da Universidade Federal do Ceará, que criou um programa para proporcionar formas dos seus alunos a ter acesso a equipamentos, via o crédito. De qualquer forma o setor educacional foi muito prejudicado com a crise e a iniciativa privada se queixa de que tem problemas de manutenção de suas instituições com custos e inadimplência maiores. Isto aqui no Brasil. Imagine nos Estados Unidos onde se enfrenta uma crise maior, um declínio de matrículas, altos custos, problemas com adaptação dos currículos e também um lapso entre as necessidades do mercado e a adoção do ensino à distância. Se isto já se constituía num coquetel explosivo que colocava em xeque o combalido setor educacional imagine, então, o que não significou quando, o Google, em 14 de julho último, lançou novos programas de certificação profissional em análise de dados, gerenciamento de projetos e design de UX, a serem hospedados no Coursera, uma plataforma que cobra uma taxa mensal de US$ 49 para se ter acesso. Bem, de qualquer forma, para nós, parece um preço elevado (nada comparado com os custos da educação nos EUA), mas, a verdadeira bomba foi  o Google anunciar que vai fornecer 100.000 bolsas de estudo e vai conceder mais de US $ 10 milhões em doações a organizações sem fins lucrativos que se associarem  ao desenvolvimento da força de trabalho para mulheres, veteranas e minorias. Para completar também anunciou que os novos certificados de carreira profissional, que podem ser concluídos em seis meses, possibilitam  aos americanos oportunidades de emprego de alto rendimento. Também acenaram aos candidatos a emprego que tratariam tais certificados, que não exigem experiência prévia em graduação, como o equivalente a quatro anos de graduação. A iniciativa do Google é um duro golpe no ensino norte-americano na medida em que os que fazem seus cursos, 80% dos que concluem a certificação de especialista em suporte de TI, conseguiram um novo emprego ou ganharam um aumento. Experiência prévia e ensino superior não são necessários como pré-requisito para os cursos. E, uma vez concluídos, normalmente em três a seis meses, os participantes podem ter oportunidades  de trabalho com a gigante da tecnologia. Antes, a Microsoft já havia lançado uma iniciativa global para elevar as habilidades profissionais de 25 milhões de pessoas. As ambições-alvo à luz da pandemia são semelhantes ao Google no apoio a “programas de recuperação genuinamente inclusivos para fornecer acesso mais fácil às habilidades digitais para as pessoas mais afetadas por perdas de empregos, incluindo as com renda mais baixa, mulheres e minorias. " Impressionante, mas, tudo indica que a mudança deve começar pela educação.

Ilustração: https://senhoradesirius.wordpress.com/.


quarta-feira, julho 22, 2020

O NORTE TAMBÉM TEM CACHAÇA



Por intermédio do meu amigo Jackson Jibóia tive o prazer de ter acesso ao anuário “A Cachaça no Brasil-Dados de Registro de Cachaças e Aguardentes-Ano 2020” publicado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento-MAPA, que busca atualizar os estabelecimentos da área cadastradas no Brasil. Os dados se referem ao ano de 2019, o que é preciso ressaltar porque se trata de um setor muito dinâmico no qual as alterações, ainda mais com a atual pandemia, se verificam rapidamente. Também é preciso dizer que, conforme ressalta o próprio trabalho, o anuário atual modificou algumas formas do anterior procurando tornar os dados mais reais, mais transparentes, excluindo os produtores inexistentes, bem como fazendo diferenciação entre produtores e marcas. A publicação revela que, no ano de 2019, existiam 894 (oitocentos e noventa e quatro) produtores de cachaça registrados no Mapa. Minas Gerais ocupou a 1ª posição, com quase o triplo do 2º colocado, que é São Paulo. Mais uma vez evidenciou-se a concentração da produção de cachaça na Região Sudeste, com 622 (seiscentos e vinte e dois) estabelecimentos registrados, sendo que Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo e Rio de Janeiro juntos concentram cerca de 70% da produção registrada. A proporção foi igual ao ano anterior, com a região Nordeste com 129 (cento e vinte e nove) estabelecimentos,14,4%, a região Sul com 101 (cento e um), 11,3%, a região Centro-Oeste com 33 (trinta e três), 3,7% e, por fim, a região Norte, com somente 9 (nove) produtores, com a menor parcela, de 1%. Vale salientar que produção de cachaça acontece em 558 (quinhentos e cinquenta e oito) municípios brasileiros contando com o Distrito Federal, continuando a representar 10,02% do total. Com maior representatividade aparece a região Sudeste, com cerca de 22% dos municípios com produção de cachaça. Segundo a publicação, quando se refere ao Norte, não há estabelecimentos registrados para produção de aguardente e de cachaça nos estados do Amapá, Amazonas e Roraima, todos da região Norte, sendo a região com menor número de estabelecimentos registrados, destacando-se apenas o estado do Pará. A produção de cachaça em Rondônia e no Acre está restrita apenas a um estabelecimento que não se consegue saber qual é na publicação. A do Acre não tenho a menor dúvida que é a do meu amigo Jackson Jibóia que produz a Jibóia, uma cachaça que degustamos com muito prazer no Buraco do Candiru, que, aliás, a inclui nas suas camisas de carnaval e out-doors de eventos como parceiro. Já a de Rondônia tenho impressão que, embora existam outras,  não são registradas, de forma que penso que a registrada deve ser, até pelo tempo de existência, a do João Zanin, lá de Vilhena, que começou a ser produzida no ano de 2.000, a que também tem nome de cobra, Cachaça Sucuri, distribuída em pontos de venda de Ariquemes, Porto Velho, Mato Grosso, São Paulo, Curitiba e outros estados. Lá inclusive ela tem duas linhas, uma com envelhecimento de dois anos em barril de carvalho e outra com um ano de cura, inclusive com envelhecimento em barris de jequitibá. Pelo que sei, embora existam outras, é a cachaça mais famosa no Estado. Posso estar errado, mas, penso que ela é a que tem registro (também outros podem ter feito ultimamente), mas, são empreendedores como o Jibóia e o Zanin, que fazem com que nossos estados, Rondônia e Acre, apareçam no Anuário da Cachaça. São os pioneiros de uma tradição nacional que, orgulhosamente, se mantém também no Norte do País. Merecem os nossos parabéns que são extensivos também a outros que, infelizmente, pelo menos aqui em Rondônia sei que existem, e que não estão registrados.


terça-feira, julho 21, 2020

O NOVO NORMAL NÃO SERÁ TÃO NOVO



Há uma série de pensamentos sobre a vida depois da pandemia do novo coronavírus que me parecem irreais. As pessoas pensam, ou desejam acreditar, que o isolamento pode provocar uma mudança profunda na forma de pensar das pessoas, o que está longe de ser realidade. É verdade sim que altera a forma de vida, porém, me parece que, em que pese algumas atitudes de maior relevância em termos de solidariedade, que a crise leva mais longe ainda as diferenciações que já existiam e eleva o grau de egoísmo das pessoas. Basta ver que, por exemplo, muitas das pessoas que podem ficar em casa veem quase como um crime que outras pessoas, que não podem ficar em casa, procurem meio de sobreviver ou até mesmo façam críticas exacerbadas contra as festas de algumas pessoas (há os que não sabem viver sem festas, em geral jovens). Mas, a crise teve, em termos econômicos, um papel extremamente perverso: concentrou ainda muito mais a renda. Só o sistema financeiro e as grandes empresas lucraram com ela. E impulsionaram uma tendência profundamente anti-social que é a que, inclusive domina a mente de muitas pessoas que se consideram defensores dos pobres, que é a de que pensam na população mais vulnerável com os seus padrões, ou seja, de que essas vivem (e devem)  migrar para o digital. Mas, quem vive no mundo digital? É quem pode. São os que tem mais dinheiro, os que tem acesso a aparelhos e conexões melhores, os que podem se dar ao luxo de ficar comentando a vida, postando nos Facebooks, no Instagram ou comentando em grupos no Whatssap. Mas, esta é a realidade do interior do Brasil? É a realidade das periferias de Porto Velho? Não. Num país em que cerca de 70 milhões de adultos não completaram o ensino médio o mundo digital é uma irrealidade. Uma sondagem feita pela consultoria Usina de Ideias mostra, por exemplo, que 83% das pessoas perderam renda em Rondônia e que, em Porto Velho, mais de 58% das pessoas dependem do auxílio emergencial para viver. Não é a loucura, portanto, que fez as filas que observamos nas agências da Caixa Econômica Federal durante a pandemia, e sim a necessidade. Há muitos analistas, políticos e sociólogos, que se dizem socialistas em mesa de bar, que não sabem nada de povo, que não conhecem ninguém na Zona Sul ou Zona Leste, não conversam nem estão em contato com essa população desassistida. Basta ver  que na Fundação Universidade de Rondônia-UNIR, em relatório do CONSUN, o conselho universitário, sobre inclusão digital  mostra que somente 12,3% possuem uma conexão excelente e 44,4% uma boa e só 78% possuem conexão, assim mesmo grande parte por celular. E 30% possuem computador em casa, mas, de forma compartilhada. Ou seja, mesmo a nossa maior universidade não é digital tanto que se procura meios de ter aulas virtuais, embora, por diversas formas, se tenha atividades virtuais, na maioria,  por  plataformas externas. Então, não se espere muito do “novo normal”. Com certeza, as coisas levam muito tempo para mudar. E a razão está na cabeça das pessoas. Principalmente, das que pensam que sabem o que é melhor para os outros.


sexta-feira, julho 10, 2020

QUEM CORRE RISCO É OPINIÃO PÚBLICA



Cada vez mais as pessoas migram de determinadas plataformas para outras em busca de informações, sejam notícias ou produtos. Por exemplo, agora mesmo, se verifica uma queda de acessos no Facebook em busca de outros serviços similares.  Qual a razão? A razão é a mesma que afeta a grande imprensa nacional. O descrédito. Ou, como acontece com o Facebook, com um posicionamento que se pauta pela esquerda, pelo controle sobre opiniões divergentes, enquanto fecha os olhos para o que os que fazem o que querem,  que estão alinhados com suas opiniões. Uma coisa é fazer jornalismo, ainda que as mídias sociais sejam meios de opinião e não jornalismo, outra é buscar usar o jornalismo ou uma empresa usar a mídia social para justificar suas crenças e desejos pessoais, ou de seus chefes, ou defender a ideia de um estado que tudo domina e controla. Embora grande parte dos jornalistas só defendam mesmo sua carreira e não possuem, inclusive, preparo para ter opiniões próprias. De forma que o que se observa é o descrédito que já atingiu grandes redes de televisões, portais, emissoras, empresas e profissionais. É flagrante isto, por exemplo, com a campanha negativa que se faz com a crise do novo coronavírus. Que se seja contra Bolsonaro, que não paga, com razão, aliás, as vultosas somas que se pagava para manter uma imprensa submissa e lacaia, é compreensível. Não é compreensível é que pela repetição se deseje manter o país em permanente estado de medo para atingir o presidente e seu governo. Não é compreensível, por exemplo, que, apesar da comprovação patente do fracasso da política nacional de restrições às armas, se crie uma inflação de casos para justificar o que não deu certo. E como a grande imprensa, com a falsificação exagerada se encontra, cada vez mais, espremida e desossada pela internet, onde se debate tudo, que se queira, como se quer, utilizar uma legislação criada atabalhoadamente para sustentar a narrativa do medo na população evitando o contraditório. Há até mesmo a criação histérica de ataque a imprensa livre, que nunca foi tão livre antes, porque, agora, é o cúmulo, para a imprensa, qualquer pessoa pode contestar os dados fornecidos, cobrar a fonte da informação ou até mesmo mostrar, o que é muito normal, que o profissional apenas copiou uma notícia e não se empenhou em verificar sua autenticidade. Autenticidade? Meu Deus! Aqui me ocorre que é a grande imprensa, que publica quase a totalidade das notícias,  não checa nada! Até porque, a rigor, não se tem mais redações. A grande imprensa brasileira, com exceção dos colunistas, passou a ser um repassador de notícias. Não há mais repórteres, não se cria nada. Basta ver que até os mesmos erros são publicados da mesma forma em vários jornais, portais, emissoras e quejandos. Com a criação de leis para coibir a opinião quem, de fato, corre risco não é a imprensa livre, nem as grandes empresas que dominam a imprensa - que estas somente publicam o que lhe interessa, mas, a opinião pública livre, como as opiniões das mídias sociais que mostram o que a grande imprensa, por interesses próprios, não gosta de mostrar. Os que estão sendo atacados são os que conseguem se destacar por contestar o alimento ruim com que tentam alimentar a manada. Mas, pelo jeito, para muitos políticos o importante é que se tenha a mesma ração sempre. Uma ração diferente pode fazer com que o gado mude de direção- é o que pensam. O problema é que o povo não é gado.

quinta-feira, junho 11, 2020

É PRECISO DECRETAR O “NOVO NORMAL”



Já passamos pelo pior. Começam a aparecer em todo o mundo os sinais de que o bom senso começa a voltar. Houve um interesse mundial, por razões não muito claras, de vender o “lockdown”, bem como no Brasil, politizaram uma questão de saúde para fechar as atividades econômicas. Foi um erro, todavia, não tem mais como consertar. Também não há como continuar a manter, como se tem feito, as atividades econômicas, as atividades comerciais paralisadas. Houve erros de políticas muito graves nesta pandemia. Sem dúvida, fechar, como fizeram muitos países, estados, suas economias aceitando supostos “argumentos científicos” para decretarem lockdowns foi uma grande furada, mas, não tem mais jeito porque já destruíram as empresas, empregos e vidas sem, contudo, mudar o curso da pandemia. A verdade é que a economia de Rondônia, a do Brasil, vai custar a voltar aos níveis anteriores, porém, o governo federal conseguiu suavizar um pouco com o auxílio emergencial o impacto negativo sobre os mais pobres. Não importa, agora, também, embora fosse importante, verificar que o lockdown induzido pela pandemia foi em si um evento que produziu "vítimas em massa", com mortes por condições não tratadas de não-coronavírus e suicídios provavelmente superando em muito o número as mortes pelo vírus. Somente se presta atenção, no momento, nas mortes do covid-19 e não se calcula as mortes silenciosas, porém, como existem 45 mil de causas não identificadas, é possível que sejam, segundo estimam alguns médicos, o dobro do que as do coronavírus. O importante, agora, e aqui em Rondônia estamos fazendo a lição de casa, que é estabelecer protocolos para buscar retomar não a normalidade, que depois de tantos problemas, como costumam dizer será um “novo normal”. Não é possível, e esperamos que o governador Marcos Rocha esteja à altura do momento atual, que pense grande. Que pense que, por exemplo, não se pode deixar o Porto Velho Shopping fechado. Um shopping é um investimento muito alto e de custo de manutenção elevado. Parado muito tempo é um desserviço a qualquer cidade e a qualquer economia, pois, além de ser um centro de compras e de atividade econômica também funciona, por sua beleza e glamour, como um local para levantar o astral, para se ter prazer com os olhos. Esta compreensão já fez que, segundo levantamento da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), no país  238 shoppings  em 123 cidades de 17 estados tenham sido reabertos. É tempo de fazer isto também em Porto Velho e, por analogia, reabrir o comércio. Com protocolos adequados, com publicidade e conscientização os riscos serão diminuídos. E ficar em casa deve ser uma obrigação para os grupos de riscos e os contaminados ou com suspeitas. Não devemos nos deixar levar pelo medo irracional. É preciso retornamos ao normal, mesmo que seja um “novo normal”.

Ilustração: https://open.spotify.com/.

domingo, junho 07, 2020

O RENASCIMENTO POSSÍVEL



Que não há nada de novo no mundo bem o sabiam os sábios antigos. Assim, embora surpreendente para quase todos, a nossa velha companheira de todos os dias, a morte, abriu a porta da casa e se sentou no sofá através de um vírus que, nem sequer, é novidade, pois, através dos tempos, já teve mais de 150 mutações. E a morte, que está longe de ser a representação dela, que vemos, figurativamente, em geral negra ou um esqueleto carregando uma gadanha (foice), que sempre esteve ao nosso lado, mas, parecia distante, agora participa do nosso cotidiano de forma tão intensa que se banaliza. Apesar de, relativamente, não alcançar dimensões já alcançadas no passado, o medo que causa está bem no presente, nos discursos dos mais ricos, dos que podem se dar ao luxo de não fazer nada, no receio que estimula o fenômeno “fique em casa”, como se ficar em casa livra-se alguém do vírus ou da morte. É humano e compreensível: os homens pretendem ter poder sobre seus destinos. Bela ilusão que, modernamente, é estimulada pela ciência, outra ilusão que participa do atual balé das tolices. Sinto frustrar os iluminados que consideram a quarentena uma solução. Não há controle humano sobre o vírus. É o vírus que está no controle e, pasmem, se sabe muito menos sobre ele do que dizem os “cientistas”, nossos feiticeiros modernos. Pior ainda é que são os interesses e o marketing que nos dizem o que é “científico”. Mas, as discussões tolas estão nos noticiários, nas mídias sociais, nos posts e memes, nas agressões grotescas ou sutis. É hora de pensar que tudo isto é pura bobagem. Como pura bobagem é reclamar dos dirigentes, pedir união ou culpar o capitalismo. É ridículo pensar que, com  a crise do vírus, o  mundo irá mudar rapidamente ou nos levar a uma inusitada solidariedade. Só a falta de experiência ou de reflexão conduz a esses pensamentos. Esta crise é diferente de outras crises do passado sim, mas, nenhuma crise é igual. A questão é que a crise e a morte sempre estiveram ao nosso lado assim como o poder e a desigualdade. O mundo não é justo, nunca foi e somente será quando houver, se houver, uma igualdade das pessoas sobre o ponto de vista econômico e de educação. No nosso horizonte temporal estamos muito longe disto. Assim é melhor brandir a esperança: logo ali na frente haverá um “novo normal”, que nunca foi normal. Aproveite o tempo que tem. Você que pode ficar em casa, que, talvez, tenha amanhã, pare para repensar seus valores. Definir o que, realmente, deseja da vida. Se nós tivermos esta sorte, e a probabilidade está a nosso favor, no Brasil morreram menos pessoa este ano que no ano passado, procure ser mais tolerante, estudar mais, refletir mais. Um bom começo é pensar que, se você tem razão, o tempo dirá, porém, aproveite para fazer uma verificação se suas ideias correspondem aos seus comportamentos. De vez em quando é indispensável tirar os óculos ou a venda dos olhos. E ver os próprios erros é mais difícil do que os alheios. Posso estar errado, mas, creio na possibilidade do renascimento. Das artes, inclusive, depois desta crise até a próxima. 


terça-feira, junho 02, 2020

A COMUNICAÇÃO NA CRISE DO CORONAVÍRUS.



A Comunique-se, empresa especializada em comunicação, realizou, nesta terça-feira (02 de junho) um webinar denominado de “Impactos da Covid-19 na comunicação corporativa” na qual apresentou uma pesquisa onde mostrou alguns dados muito interessantes. Um deles foi o fato de que constatou que 83,3% das agências tiveram perdas de receita e estas foram muito mais elevadas entre as empresas micros e pequenas. Outras constatações feitas foram a de que 36,5% das empresas reduziram suas jornadas de trabalho e mais 23,4% anteciparam férias. Embora tenha sido uma tendência geral do setor manter seu quadro de funcionários mesmo assim 24,7% delas promoveram demissões. Outra tendência observada foi a do trabalho home-office. E aqui um resultado que deve impactar no futuro das empresas: 55,3% disseram que a produtividade aumentou com o trabalho em casa. E isto é mais significativo quando mais 30% disseram que a produtividade permaneceu no mesmo patamar, enquanto que somente 13,8% disseram que a produtividade piorou. Uma pergunta que foi feita na pesquisa tentando sondar o futuro mostrou que 38,2% das empresas, depois da crise, terão escritórios menores e home office parcial. Por fim, verificou-se que houve uma procura muito maior de conteúdo, o que demonstrou a preocupação das empresas em se comunicar, em não perder o elo com seus clientes, bem e-mail marketing, por ser um meio de comunicação mais efetivo e menor custo.

Os especialistas em comunicação corporativa que discutiram os dados e o que será o que chamamos de o “novo normal” consideram que a comunicação será essencial para a economia e para as empresas, porém, a questão fundamental será como as empresas irão cuidar das “pessoas”. A principal razão é a de que tão necessária quanto a comunicação externa, ou até mais, será a comunicação interna, de vez que o home office tem suas indubitáveis vantagens, todavia, também afeta o psiquê das pessoas e a cultura das empresas. É preciso ver que o coronavírus cria, ao mesmo tempo, medo, crise e oportunidades. E obriga, forçosamente, a mudar os comportamentos, de vez que as coisas estão mudando rapidamente. Neste sentido, quem se comunica bem durante este período, quem constrói bem seus conteúdos e age com transparência e rapidez tem maior chance de protagonismo. Este é um momento, de fato, de se ter uma comunicação séria, consistente com a ação das empresas e das pessoas. Comunicar e comunicar bem é uma necessidade nesta época tão conturbada. E quem comunicar bem, certamente, ocupará espaços e terá mais condições de recuperar os prejuízos que a crise acarretou em quase todas as empresas.




sexta-feira, maio 29, 2020

O CRESCIMENTO DO SEGMENTO ATACADISTA DISTRIBUIDOR EM 2019




COLETIVA DO RANKING ABAD/NIELSEN DESTACA REGIÃO NORTE E  OS CINCO MAIORES FATURAMENTOS DE RONDÔNIA NO SEGMENT

A ABAD (Associação Brasileira de Atacadistas Distribuidores), que representa mais de quatro mil empresas de todo o Brasil, de um segmento que movimenta 5% do PIB nacional, é responsável pelo abastecimento de mais de um milhão de pontos de venda em todos os 5.570 municípios brasileiros, promove estudos e pesquisas como o Ranking ABAD/Nielsen, realizado anualmente desde 1994, e divulgado pela Revista Distribuição, com o objetivo de fornecer uma radiografia do segmento atacadista distribuidor, o qual mostrou que, em 2019, o segmento atacadista distribuidor cresceu +4,5% em termos nominais e 0,19% em termos reais, atingindo faturamento de R$ 273,5 bilhões. Capitaneado pelo empresário Emerson Luiz Destro, que é diretor geral do Destro MacroAtacado, maior atacadista do Sul do país, e reeleito  presidente da ABAD no biênio 2019/20, os especialistas professor Nelson Barrizzelli, da Fundação Instituto de Educação-FIA e Daniel Asp Souza, gerente de atendimento de varejo da Nielson, fizeram uma apresentação geral dos resultados do setor em 2019 revelando que como grande empregador houve um crescimento de 5,5% no número de empregados diretos que terminaram o ano sendo 82.674. Interessante é que o estudo apontou a região Norte como o grande destaque em termos de crescimento de faturamento. Nesta  edição a região apresentou um resultado 32,7% superior ao ano anterior. Estão sediados na região Norte 16% dos atacadistas e distribuidores que que participaram do Ranking deste ano, correspondendo a 6% do faturamento total das empresas estudadas. 
Entre os 667 respondentes da pesquisa, 106 estão na região Norte, e 13 estão em Rondônia. Os cinco maiores faturamentos do setor no estado de Rondônia, em ordem decrescente, são as empresas: Friron (R$ 154,6 milhões), Tai Max (R$ 125,7 milhões), Nova Rover (R$ 59,1 milhões), Casa da Lavoura (R$ 39,7 milhões) e SB Log (R$ 36,9 milhões).  As top dez da Região Norte são:

TOP 10 EMPRESAS POR FATURAMENTO – REGIÃO NORTE


Classific.
Nome Fantasia
UF
Ano 2019
N
1
MERCANTIL NOVA ERA
AM
1.021.184.000
2
DUNORTE
AM
1.011.398.593
3
BIG AMIGÃO
AM
614.130.174
4
DISMELO
PA
532.573.810
5
DI FELICIA
AM
494.417.025
6
PREÇO BAIXO MEIO A MEIO
PA
410.439.575
7
MEIO A MEIO ALIMENTOS
PA
335.659.254
8
RECOL DISTRIBUIDORA
AC
314.834.134
9
ARMAZÉM BRASIL
AP
201.805.300
10
ECOACRE
AC
186.728.993



Interessante também na coletiva de Imprensa Online Ranking ABAD/Nielsen 2020 foi a informação de que, mesmo na crise do coronavírus, o  comércio alimentar é um dos poucos que têm se mantido em patamares razoáveis, com  o consumo dos produtos de alimentação, higiene e limpeza doméstica se mantendo estável. O faturamento do setor atacadista e distribuidor, que tem o pequeno varejista como o seu principal cliente, cresceu, em termos nominais, 4,5% em 2019, atingindo R$ 273,5 bilhões. É o 16º ano consecutivo em que a participação do setor permanece superior a 50% (atingiu 53%), reforçando sua abrangência e importância na economia brasileira.