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segunda-feira, maio 24, 2021

O EXPERIMENTO SEM FUTURO DOS APRENDIZES DE FEITIÇEIRO

 


Os tempos atuais são tempos muito difíceis em razão de que a verdade e o bom senso estão sendo jogados na lata de lixo sem o menor escrúpulo. É evidente que há dois bandos de alucinados disputando espaço na mídia com a única (e incoerente) ambição de tentar convencer os outros de qualquer forma de sua verdade. São, mais ou menos, como os crentes que insistem em querer fazer os agnósticos serem salvos pela força de sua insistência, rezas e discursos repetidos. O grande problema, de todas as coisas deste tipo, é que, apesar do baixo nível de educação, as pessoas costumam fazer o que lhes dá na cabeça e seguir os líderes que queiram. Seja alguém preparado, ou não; com capacidade, ou não, de resolver os problemas; com propensão, ou não, para estadista; falastrão, ou não. A questão é que, contra os quereres de uma parte do que se pensa a inteligência nacional, o povo embicou para o outro lado. E para tentar mudar o rumo da disparada parece que estão usando de tudo que é possível. Acontece que a manipulação só se torna possível quando tem traços de realidade. Os exemplos são claros, e não me proponho a participar desta disputa tresloucada de versões, porém, é indiscutível que a mídia e as pesquisas, por exemplo, estão muito longe de exercer o seu papel que seria de refletir e analisar a realidade. A mídia é um caso muito mais complexo por sua composição multidiferenciada, mas, no seu todo, somente tem tido um papel vergonhoso de difundir a versão que lhe interessa de todos os fatos. A atenção dada a fatos irrelevantes, mas, espetaculares, sob o ponto de vista de tentar reforçar seus interesses, tem nos proporcionado a elevação de personagens de terceira ou quarta classe ao centro do palco quando nem mereciam estar sob as luzes. São escolhas que tornam a grande imprensa, principalmente, cada vez mais irrelevante na medida em que se dissocia da realidade e dos interesses de seus leitores. Há um enorme negacionismo em quem acusa os outros de negacionista, pois, insistem, em negar a realidade dos fatos. Basta ver, nos exemplos recentes de pesquisas de opinião, que se deixou de lado as pesquisas, no sentido de buscar, efetivamente, a opinião pública para uma versão socialmente nefasta de escolher amostras seletivamente, de modo que não se procura mais verificar o que o público pensa, mas, determinar sua opinião. Ou seja, deixaram de ser pesquisas para serem ferramentas de tentativas de formar a opinião pública. O filósofo Habermas já dizia que “Não pode haver intelectuais se não há leitores”. Agora, se pretende fazer eleição sem eleitores e líderes sem votos contra uma população que deseja comércio aberto, renda, empregos e liberdade. E, mais do que isto, aprendeu que ao povoar as ruas faz diferença. É um experimento de manipulação que não tem como dar certo.

domingo, maio 02, 2021

A TRAGÉDIA DA VACINA

 


A Covid é uma catástrofe? Claro que é quando se vê o que acontece  na Índia, no Peru, na África do Sul e no México, talvez, na  Argentina ou na Indonésia. Não no Brasil, como artificialmente se propaga, embora a questão seja grave, mas, dentro dos limites esperados. Sim a Covid está se tornando uma tragédia global, uma catástrofe de proporções imensas. E também é verdade que todos os países estão despreparados para epidemias similares. É a amarga verdade. Não sabemos os chineses-onde não há nenhuma transparência- mas a catástrofe que o mundo está sofrendo com a covid mostra que o mundo ocidental é muito mais despreparado e desigual do que se pensava. São os mais pobres as grandes vitimas de toda esta tragédia seja em que país for. E, em muitos deles, a falta de preparo, em especial político, acrescentou aos problemas da doença o peso das medidas restritivas que aumentaram enormemente a pobreza. Também, não se pode esconder a realidade- é que os países mais pobres não tem como obter vacinas. E, sem vacinas, é previsível que venham uma segunda e uma terceira onda. É o que ocorre na Índia, por exemplo, ou no México. Estes países, seus governos, podem ter cometidos muitos erros, porém, há uma realidade inescapável, que é a de que nenhum governante é Deus. Não podem; ninguém sabe como impedir a morte. E a epidemia leva uma quantidade previsível de pessoas, independente das medidas tomadas, dependendo das condições e do sucesso de políticas públicas, o que depende também do grau de educação da população. E, em casos como o do México, com centros populacionais muito densos, o vírus tende a se espalhar com mais rapidez. No entanto, há um fator mais danoso ainda: os países mais pobres não tem como obter vacinas. Por quê? Aqui entra em cena os interesses financeiros dos países mais desenvolvidos que, certamente, causarão milhões de mortes. É de conhecimento público que  o Canadá e os Estados Unidos bloquearam as renúncias de direitos de drogas na OMC para as vacinas do covid. Isto limita a muito a produção que, se o código fosse aberto, poderiam ser produzidas em muitos locais. De fato entregaram quase um monopólio para o Serum Institute of India, um grande produtor que pode abastecer cerca de metade do globo, ou seja, algo como 4 bilhões de pessoas. Há toda uma história complicada em torno disto, mas, o fato é que metade do mundo espera vacinas de  um instituto na Índia. É de espantar que não existam vacinas suficientes? Grande parte dos contratos que foram feitos, no mundo inteiro, são promessas de vacinas. E, com no estágio em que se encontra a Índia, que não tem doses nem para eles mesmo, o que se pode esperar? A verdadeira tragédia é que, se não há vacinas suficientes, se deve ao bloqueio do acesso às patentes de vacinas na OMC, que, em nome das grandes empresas farmacêuticas, criou a escassez de vacinas. Onde o bom velhinho Joe Biden ou Justin Trudeau e tantos outros “bons” dirigentes entram nisto? Estes bons homens sabem do que acontece e fazem de conta que não é problema deles. Talvez por egoísmo, que aliás pode custar caro com um mundo tão interconectado, mas, nada fazem para vacinar o mundo, que seria a atitude decente a ser feita. Afinal quanto mais tempo se leva mais são as chances de novas variantes, novas mutações, que se espalharão, o que poderá tornar a pandemia incontrolável. Falam sempre mal do capitalismo. Mas, o capitalismo é feito pelos homens. Não foi o capitalismo que privatizou um bem público. Em outras palavras, os países pobres estão pagando pelas vacinas preços muito mais altos do que os ricos e, muito mais ainda, em termos de vida. As vacinas, originalmente, foram bens públicos, criados para serem compartilhados, porém, agora o mundo não está recebendo vacinas porque transformaram a pandemia num negócio. E, não se enganem, esta situação é fruto de um conluio de governantes de países desenvolvidos com os detentores de grandes fortunas. Não se enganem há muitas fortunas sendo feitas com o infortúnio de milhões de pessoas. E aqui, no Brasil, estas vergonhosas medidas restritivas são também provenientes de interesses políticos e financeiros escusos. A tragédia do coronavírus não veio sozinha. 

Ilustração: Guia do Estudante.