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segunda-feira, fevereiro 26, 2018

A ECONOMIA CRIATIVA E O CARNAVAL



No mundo cresce a importância do que se denomina de economia criativa, ou seja, o setor econômico formado pelas indústrias criativas, aquele conjunto de atividades econômicas que na produção e distribuição de bens e serviços utilizam a criatividade e as habilidades dos indivíduos ou grupos como insumos primários. No Plano Nacional de Economia Criativa, publicado em 2012 pela Secretaria da Economia Criativa, a economia criativa abrangia os seguintes setores: Música, filme e vídeo, TV e rádio, Mercado editorial, Design e moda, Artes visuais, Artes cênicas e dança, Cultura popular, Publicidade, Arquitetura, Jogos e animação, Gastronomia, Turismo e Tecnologia digital. A abrangência da economia criativa, que tem como matérias primas a inteligência e a criatividade humanas, incluem atividades tradicionais e modernas, mas, apresenta possibilidades praticamente ilimitadas de desenvolvimento.
Entre estas, e é pouco reconhecido pelos setores públicos, se encontram duas grandes expressões culturais brasileiras: o futebol e o carnaval. Este último, porém, parece mais do que qualquer outro, uma síntese da economia criativa, de vez que demonstra e expõe a extraordinária inteligência e a criatividade do brasileiro, que, faz uma festa fantástica que se destaca para o mundo inteiro. No entanto, até mesmo sendo uma enorme fonte de atividade econômica, pois, este ano, por exemplo, bateu recorde de movimentação econômica girando R$ 11 bilhões, envolvendo cerca de 10,7 milhões de turistas brasileiros e 400 mil estrangeiros, uma festa que foi 20% maior que a anterior. Inclusive agregou Belo Horizonte como uma nova praça de atração que se juntou ao Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Recife e Olinda e Fortaleza, que já eram atrações tradicionais.
Não há estatísticas de qualidade sobre o carnaval em Rondônia, mas, principalmente o de Porto Velho também já representa uma movimentação significativa para a economia local. No entanto, como foi representativa a ausência do Galo da Madrugada este ano, o carnaval, como outras festas populares, continua a não ser olhado com o carinho devido. São inúmeras as exigências e taxas que se cobram de quem deseja colocar seu bloco na rua e, muitas vezes, os foliões que somente desejam brincar se veem tratados como se isto fosse um crime quando é uma manifestação artística e uma atividade econômica. Ao contrário do que se pensa, quem faz carnaval, normalmente, tem que trabalhar muito tempo, muitos carnavalescos o ano todo, para desfilar nos três dias. E esta atividade deveria, isto sim, ser olhada com carinho e incentivada. Não é fácil, por exemplo, manter uma tradição como a da Banda do Vai Quem Quer por tanto tempo. Os blocos tem uma história e um papel importante na união social e na economia de uma cidade. Carnaval, por mais que os desinformados pensem que não, é coisa séria e é um fator econômico e social que faz parte da cultura de uma cidade. Quem o faz, e faz bem, deveria receber apoio e aplausos e não, como é comum, reclamações dos que não gostam e empecilhos para fazer com que as pessoas se divirtam e tenham lazer. Algo que falta muito em nossa cidade.


segunda-feira, fevereiro 19, 2018

A MERCADORIA QUE MAIS FALTA NO MERCADO


Viver nunca foi fácil-esta é uma verdade. Mas, antigamente, não se precisava de muito conhecimento, de muita informação para se viver. Não havia, como agora acontece, a obrigação que, muitos possuem de estar sempre bem informado, o que acaba gerando muita angústia e ansiedade, pois, não é mais possível ao ser humano ficar por dentro de tudo.  Devo dizer que nem tento, mas, vejo muitos amigos pensando que atualizar-se é imprescindível. Há muita informação sendo produzida e o seu acesso é cada vez mais fácil, o que dá a impressão de se entender de tudo. É um luxo que não pretendo ter. Sei que meu saber é limitado. E também que a informação não é mais sinônimo de resolução de problemas. Pode ser até a causa deles. Até porque o excesso de informação pode até ser pior do que a ignorância.  Aliás, segundo a Universidade da Califórnia, em San Diego, os americanos consomem 34 Gigabytes de informações por dia. No Brasil deve ser menos, porém, a confusão não deve ser menor. Acrescente-se que, por digerir este gigantesco fast-food digital, muitas pessoas começam a pensar que sabem de tudo e de tudo entendem. Sem perceber que o excesso sempre prejudica a qualidade. E, no mundo atual deve-se ser especialista: saber muito só de poucas áreas.

Num mundo cada vez mais caótico, ao mesmo tempo em que se tem, cada vez mais, explicações, há um vácuo imenso entre explicações, de fato, científicas e a realidade, ou o que quer que pensamos ser real. De fato, para sermos exatos, tudo é representação e versão no mundo atual. Efetivamente, estamos presos numa cultura de ruído. Para onde quer que nos viremos acabamos sendo enredados nas malhas da notícia, da música, dos smartphones, dos ipods, dos alto falantes e da TV nos espaços públicos. Sem contar que, até mesmo nos locais de refeições, mesmo em locais abertos, o som alto de bandas de rock se associam à fala alta das pessoas para nos perturbar. E, nas ruas, os motores de veículos e motociclistas nos assustam com seus decibéis (no Rio de Janeiro o matraquear de armas pesadas).  O som, a palavra, as imagens nos envolve, nos arrasta, nos consome junto com a ideia maluca (e difundida sem contestação e sub-repticiamente) de que precisamos estar em comunicação o tempo todo. A mídia é selvagem no mundo moderno. Não temos com ela uma relação ecológica. A qualidade se perdeu na quantidade e o silêncio é difícil de ser ouvido, como deve ser, como algo necessário, essencial para se poder ter equilíbrio, pensar, se encontrar com o nosso mundo interior. O cérebro humano não é preparado para absorver tantas informações ao mesmo tempo. Mas, a competição requer produção seja do que for. O homem competitivo desrespeita os seus limites, porém, gera tanto informação, quanto lixo. E só sabe diferenciar quem tem sabedoria. Uma mercadoria muito em falta no mercado de celebridades instantâneas. Por isto, os quinze minutos de fama estão caindo para quinze segundos. 

Ilustração: Muitas Mídias - WordPress.com. 

quinta-feira, fevereiro 08, 2018

FAKE NEWS É CRIME


É risível, em muitos momentos, o contorcionismo que, os que, hoje, se dizem de esquerda, mas, que se esquecem que até pouco estavam mandando, desmandando e se lambuzando no governo, ou seja, sendo mais direita que a própria direita, fazem para tentar voltar ao poder. Campanhas a favor do voto nulo, que só favorece a um improvável candidato, ou a de que “eleição sem Lula é farsa” são de um infantilismo a toda prova, na medida em que, até pouco tempo, defendiam que ficha suja não poderia, de forma alguma, participar da eleição. Como Lula, agora, é ficha suja, então, para ele as leis não valem? É, como se observa, o jogo dos que, não importa os meios, o que vale são os fins, alcançar as tetas do tesouro a qualquer custo, que, no passado, levaram países inteiros, como a Rússia, à bancarrota e, nos dias atuais, infernizam a vida dos venezuelanos. Se existe uma coisa que os fatos comprovam é que não pode existir democracia com o predomínio do estado. Só há, portanto, democracia, mesmo que digam que é formal, sob o capitalismo. Pode ser que venha a existir outra forma, porém, no mundo atual, ou se vive no capitalismo, com os males que tiver, ou se vive sob uma ditadura de um grupo que domina o estado. O resto é conversa para boi dormir.
O último deste tipo de malabarismo vem dos especialistas em mídia da esquerda que criticam a criação de grupos por parte da Polícia Federal para discutir formas de coibir os fake news (notícias falsas) no período eleitoral. O notável raciocínio que é de que o combate a este tipo de crime visa privilegiar a grande mídia e cerecear o crescimento dos portais e blogs independentes, que, segundo os próprios, fazem o enfrentamento ao monopólio da informação. Em síntese dizem que é um golpe articulado pelo governo Temer para restringir a liberdade de expressão de veículos alternativos de mídia, no ano eleitoral. E justificam que isto, os boatos, sempre aconteceram em eleições, bem como que o monitoramento exclui os meios de comunicação da mídia tradicional. Assim, supostamente, se perderia pluralidade e circulação de informações.
Ora, todavia, que tipo de informações vão se perder? As falsas. De fato, manipulação de informações podem ser feitas pelos meios tradicionais, porém, há uma pluralidade deles, a favor e contra, muito mais contra o governo. Depois os meios de comunicação estampam sua responsabilidade e, mesmo que não o façam, devem primar pela qualidade, o que não é como desejam, isenção. Jornais, revistas, televisões tem interesses próprios, refletem a sociedade. Mas, quem responde pelas notícias falsas? Depois do dano realizado, é claro, será muito difícil recuperar os estragos, todavia, pelo menos, ao se identificar e punir quem os fez, efetivamente, se cumpre a lei.
O esquerdismo infantil confunde tudo. Liberdade de expressão não é se poder, como fazem muitos deles, fabricar notícias, por mais absurdas que sejam, como se fossem verdade para atender seus interesses. Não pode ser aceitar que a falsidade, a mentira e os boatos possam intervir na vida social ou no processo eleitoral. Não se pode confundir liberdade com licenciosidade. Fake news devem ser punidos sim. E ao criar um grupo para identificar os autores, e punir, a Polícia Federal presta um relevante serviço ao País.  Fake news pode ser tipificado como crime contra a honra, como calúnia, injúria ou difamação, mesmo que ainda não exista uma legislação específica. E como criminosos devem ser tratados quem os cria e divulga. As mídias sociais não estão acima da lei e quem as usa para divulgar mentiras, ou difamar pessoas, tem que sofrer as penas que as leis preveem. Não há democracia sem respeito às regras, sem respeito às leis.


Ilustração: Ontotext.