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sábado, março 28, 2015

A crônica dor de barriga brasileira


A prisão de ventre ou intestino preso (termos populares pelos quais são conhecidos a constipação e obstipação) se observa quando a pessoa evacua menos de três vezes por semana. Na prisão de ventre as fezes, geralmente, ficam duras, secas, pequenas e difíceis de eliminar. Algumas pessoas com intestino preso acham dolorido tentar evacuar, e, frequentemente, experimentam a sensação de inchaço e intestino cheio. O fato real é que as funções normais de excreção do corpo não funcionam. Em geral as pessoas, embora se sintam incomodadas, com uma prisão de ventre moderada não precisam tomar laxantes. Porém, para muitos que fizeram mudanças na dieta e estilo de vida, e ainda assim continuaram com o intestino preso, o médico pode receitar laxantes por um período curto de tempo, afim de aliviar a situação. O duro mesmo é quando a prisão de ventre se prolonga, o que requer o uso de medidas mais drásticas que não as caminhadas, beber mais água e tomar os laxantes, normalmente, utilizados nesta situação. É preciso, em casos assim, um acompanhamento médico e, em alguns casos, medidas radicais. E tudo porque um setor importante do corpo não funciona bem e, justo, aquele que precisa expelir os elementos nocivos.
Infelizmente, no momento, o Brasil experimenta uma enorme (e prolongada) prisão de ventre, se formos comparados com um corpo. Efetivamente, para um país funcionar bem é preciso, indispensável que seus órgãos políticos processem bem as demandas públicas. É o oposto do que acontece no país: passamos por uma imensa e crônica incapacidade de processar as necessidades da população, ou seja, de fato, os organismos políticos não funcionam, não processam, nem expelem os materiais nocivos ao funcionamento da política. Estamos sim, emperrados, com um imenso bolo que faz com que os intestinos políticos fiquem presos não por dias, mas, por meses, anos e, o que é pior, o médico que nos trata deve ser um daqueles “sem noção”, cubano do “Mais Médicos”, que não entende nem as causas, nem da prevenção e/ou do tratamento para nos  ajudar a obter alívio.
Acontece que, para sobreviver, o corpo terá que, fatalmente, expelir os elementos nocivos. Afinal, com o constante agravamento da “prisão de ventre”, será impossível continuar negando os fatos. Infelizmente, conforme a experiência nos ensina, a dor irá se tornando insuportável e, com o tempo, será preciso, sem dúvida, buscar soluções, inclusive aquelas que exigem remédios mais drásticos. Não há muito a ser feito. Dor de barriga pode ser ignorada por algum tempo, relevada mesmo, mas, chega uma hora que o corpo não pode mais continuar mantendo o que lhe faz tanto mal. Há certas doenças que precisam ser tratadas e, é claro, quanto mais se demora o tratamento mais problemas teremos para voltar a ter uma vida normal.


Ilustração: www.comocurar.net

segunda-feira, março 16, 2015

O leão está solto nas ruas



Podem tentar esconder, escamotear, distorcer, mas, enquanto a manifestação “chapa branca” da sexta-feira foi um fiasco, um desperdício, por outro lado, tivemos, no domingo, um notável espetáculo cívico. E não há palavra melhor para descrever a horda verde-amarela que invadiu as ruas do Brasil pedindo o impeachment de Dilma e o fim da corrupção, coisas que estão, pelo menos no imaginário popular, amplamente ligadas.
Não se precisa nem discutir a diferença de números alegada. O fato é que um chamamento difuso, sem uma organização centralizada, sem a participação de partidos, sem lideranças claras conseguiu levar para as ruas milhares de pessoas, quase todas com roupas verdes e amarelas, sem apoio financeiro (não se distribuiu nada, nem se pagou ninguém) e até mesmo sem objetivos definidos, palpáveis, senão o de demonstrar sua insatisfação com o governo, não deixa de ser um fenômeno que famílias inteiras, estudantes, donas de casa, crianças, propiciassem um espetáculo de bom comportamento reclamando, democraticamente, contra o um governo inteiramente desacreditado, que diz uma coisa e faz outra e ainda tenta, de todas as formas, descaracterizar quem aponta os seus erros.
Diziam que era um movimento “gourmet”, de elite, que apenas iriam os “coxinhas”. Depois tentaram caracterizar o ato como antidemocrático que eram os que “pregavam o 3º turno” ou até mesmo “a direita fascista” que deseja a volta dos militares. Nenhum dos rótulos pegou. Pegou mesmo, e com o susto da surpresa, as avaliações dos números de cidades, não apenas nas capitais. Os números divulgados pela Policia Militar, que no Brasil, historicamente, sempre faz essas avaliações, foram contestados pelos estupefatos governistas que se negam a ver, o que o país todo já mostrou por meio de diversos panelaços e apupos: o povo quer democracia, de fato, e mudança na economia. O povo de fato está de saco cheio de enrolação, de candidatos que pregam uma coisa na campanha e fazem outra e, principalmente, da corrupção desenfreada que vem ocorrendo, nos diversos níveis governamentais, porém, que, como apontou Eduardo Cunha, tem sua fonte “do outro lado da rua”.

Não importa se foram os mais de um milhão em São Paulo ou se os quinze mil de Porto Velho ou os supostos 50 mil de Brasília. O que importa é que “nunca antes neste país”, nem mesmo Collor teve uma rejeição tão alta. O que importa é que predominaram os gritos de “nossa bandeira não é vermelha e sim verde e amarela” pedindo a saída de Dilma e do PT, demonstrando o cansaço com um governo pelo qual não se sentem representados. E isto é ainda mais fantástico por não se ter visto nenhuma presença política significativa, nenhuma citação, bandeira ou sigla de qualquer partido ou político. Voluntária, ou não, com toda a tranquilidade, transparência, a manifestação pacifica foi um gigantesco e homérico protesto contra o que o governo fez e faz. Foram manifestantes que, majoritariamente, se posicionaram contra o governo. E mais: em todo Brasil. O governo tentará desmentir, negar, dizer que isto é “democrático”, que “ouviu as ruas” e desculpas congêneres, mas, precisará fazer muito. Precisará se mexer, sob pena, de se tornar, em muito pouco tempo, completamente sem a menor representatividade, um governo tão sem rumo e legitimidade, que será impossível impedir que o impeachment seja a única solução possível. Sob a cabeça de Dilma pende a espada da insatisfação popular e esta não se pode comprar com os recursos da corrupção. Será preciso dar respostas às demandas das ruas. 

quinta-feira, março 12, 2015

Mídias sociais tendem a aumentar a influência no consumo


Uma pesquisa norte-americana, feita durante um período de mais de dois anos, pela CivicScience, mapeou o que influencia mais os consumidores na hora de comprar, onde comer e o que assistir: anúncios na TV, propaganda na internet ou conversa nas redes sociais. Observando os resultados durante um tempo a empresa chegou a alguns resultados:
1)      Que a influência da TV sobre o comportamento do consumidor está diminuindo. E mais pelo encolhimento significativo da influência da televisão;
2)      O clima (por lá, é claro) influencia muito. Quando o clima é quente, as pessoas são mais influenciadas pelas redes e com a temperatura mais baixa a influência da TV é maior;
3)      Os anúncios na internet apresentam um crescimento gradual, mas, com menos volatilidade que TV ou mídia social.

O questionário foi respondido por mais de 17 mil adultos norte-americanos e o total de respostas variou entre 2 mil e 5 mil, de forma que se trata de uma pesquisa bastante representativa. Há, no entanto, algumas análises que foram feitas que devem ser levadas em consideração. Apesar de tudo, a pesquisa mostra que existe uma crescente percentagem de consumidores dizendo que conversas em redes sociais são as que mais os influenciam. A proliferação dos dispositivos móveis, por exemplo, é outro fator importante de modificação. Durante este mesmo período de tempo, os dados mostraram que os possuidores de smartphones passaram de 53% para 67%, e os usuários de tablets passaram de 32% para 52%. Ou seja, o acesso a mídias sociais está ficando maior e, por incrível que pareça, isto não significa que há menos gente assistindo episódios inteiros de conteúdo de TV. Estes números continuaram praticamente iguais no mesmo período. Porém, os que se dizem mais influenciados pelos anunciantes da TV são muito mais “tradicionais” nos seus atributos. Eles tendem a ter mais de 45 anos, assistem a mais de quatro horas de televisão por dia, preferem meios tradicionais de comunicação (ligação via telefone fixo) e, a maioria, se não todos, compram em lojas físicas. Eles são mais propensos a dirigirem carros produzidos nos Estados Unidos e a comer nas redes de fast-food. Enquanto que o segmento que alega ser mais influenciado pelos comentários das redes sociais tem certa tendência feminina; são mais propícios a ter entre 18 e 29 anos; dizem ser viciados em devices digitais; preferem comer nos restaurantes casuais ou locais; dirigem carros feitos no Japão; e assistem TV por outros aparelhos. É neste grupo que os anunciantes precisam focar, já que são consumidores que prestam muita atenção em comentários, e o botão de compartilhar está a um toque de distância. A vantagem deste público é que podem ser fortes aliados para a aceitação de um produto. Há um dado importante que é o fato de que os anúncios digitais conseguem atingir no pico 14% dos consumidores, ou seja, não funcionam tão bem, o que é um fator de dificuldade para quem vive de publicidade digital. Vale ressaltar que a pesquisa é norte-americana. Mas, não deixa de ser uma luz de farol para o nosso futuro. Tenho sérias dúvidas sobre sua validade entre nós, porém, não tenho dúvida nenhuma de que o forte aumento do número de equipamentos móveis transforma o mercado brasileiro e, com certeza, modifica também a forma de avaliar os produtos e aumenta a influência das mídias sociais.