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sábado, dezembro 31, 2011

Salve 2012!


É culpa do fim do ano. É inevitável que se faça um balanço dos dias passados, que se busque erros e acertos, horas de felicidade e os tempos difíceis, os obstáculos que tivemos. Ainda mais quando as estatísticas implacáveis nos alertam que o brasileiro, comum, o brasileiro que sua, luta e paga impostos, vive de crédito e está endividado. Endividado, mas, feliz. Talvez por sermos a sexta economia do mundo. Um pouco por mérito, um pouco porque os outros quebraram no caminho. Não importa. Olhamos para trás e quem, ontem, nos parecia rico, hoje, amarga dias difíceis e, como um corredor que passa pelos que cansaram, nós sentimos fortes.
E, uma dúvida que não se tem, é a de que o brasileiro tem por profissão a esperança, embora duvide muito de que não desiste nunca. Aliás, motivos não faltariam para desistir, porém, nesta hora de reflexão, de renovadas esperanças, o melhor é deixar para trás as coisas tristes e seguir acreditando que o amanhã será melhor. Vou, como se trata do ano do Dragão das Águas, no horóscopo chinês, na umbanda de Ogum e Iemanjá, em busca de uma camisa amarela. Não para sair por aí e sim, calmamente, curtir um bom charuto cubano, com champanhe, jogar conversa fora, desejar votos de dias melhores para amigos e familiares, enfim, fazer o ritual de fim de ano, que exige também uma boa libação alcoólica, comida farta e alegria. Pelo menos, por um dia, ostentarei pose de rico.
Devo dizer que me despeço de 2011 sem magoas e sem remorsos. Foi um ano bom, difícil, muitas vezes, amargo. Recordo alguns rostos que ficaram no caminho que me fazem falta, que gostaria de poder dizer-lhes, meus amigos, bebamos pelo novo ano. Enquanto tiver memória essas belas pessoas não terão esquecimento. Também me faz falta alguns amigos vivos que tomaram outros rumos, como o parceiro e chorão Lito Casara que, se não estivesse pelas Minas Gerais, estaria na calçada tocando choro para se despedir chorando do velho ano e saudar o choro do novo. Luiz Carlos Marques, evóe meu mano, saudades do Beco do Rato, das chuvas do Rio de Janeiro, embora, este pernambucano de Belém, a vida toda continuará sendo rondoniense. A vantagem da vida é que surgem novos amigos, como o Felipe Veras, um católico crente de pouco mais de vinte anos, que me ensina que o futuro é sempre melhor e como um verdadeiro adepto de Santo Agostinho, que seremos sempre salvos, apesar e, por causa, do nosso amor pelas mulheres, pela bebida, pela música, pela poesia, por gostar de viver.
Tudo isto serviu mesmo só de pretexto para dizer a todos que 2012 será sim muito melhor. Que viver é ser, enquanto se pode, matéria consciente. É ter a capacidade de ver que a vida é bela, imensa, surpreendente e, contra os céticos, renovável. Por tudo isto, meus amigos, meus irmãos de aventura, que tudo se realize no ano que vai nascer. Saúde muita, dinheiro, se possível, e bom humor para temperar os novos dias. Feliz 2012! Feliz ano novo!

O muito que se torna nada


Bem, meus amigos, muitos de vocês dirão que não tenho jeito. Que, por detrás da fama de ser, digamos, brincalhão, para não ser mais duro comigo mesmo, não consigo ficar quieto, nem deixar de apontar certas coisas. É verdade. Parece que o menino travesso, que vive dentro de mim, não se conforma em ser o homem maduro e resignado. Quando menos espero me dá uma revolta com certas coisas e não dá mais para segurar. Não explode o coração, porém, explodem as palavras. E não há nada que me faça ficar mais impaciente do que a forma como a educação é tratada no país. Agora mesmo, por exemplo, o Censo de Educação Superior 2010 me faz, mais uma vez, gritar contra o que denomino “discurso da educação”, que é a farsa de que se investe e se melhora a educação.
Pode-se pensar, e até dizer que se trata de uma cruzada minha contra Lula. Que Deus o conserve com saúde desde que longe do governo. Não é. Antes de Lula também o discurso da educação, invés de se cuidar da educação, já existia e depois dele continua. A questão é que o discurso de Lula sempre foi o do triunfalismo, de festejar, por exemplo, que nesta década, o crescimento do setor mais do que duplicou, chegando a 6,4 milhões de estudantes, sepultando os vergonhosos índices de outrora, de 8% da população com terceiro grau. Agora, apontam, que estaria por volta dos 13%, mas, os números mostrados carecem de respeito, pois, se sabe que, muitos, são manipulados. A educação nossa continua uma tragédia. Numa comparação, por exemplo, com a Europa, se formos verificar os jovens que frequentam cursos superiores, certamente, estaremos na idade média. A expansão que fizeram, para quem é professor e acompanha o ensino, sabe que, na base do “vamos de qualquer jeito”, perseguindo mais os efeitos político do que fazer, de fato, uma revolução educacional, nós afundamos no pântano. Aumento de cursos de forma acelerada, vagas a granel, pouco treinamento, professores pegos à laço, só podiam dar no que deu: a baixa qualidade.
Aponta-se que 73% dos alunos do ensino superior são da rede privada, uma rede beneficiada, lambuzada de favores nos anos Lula. Encheram-se as salas, porém, sem cursos de gabarito Hoje, o Ministério de Educação tenta organizar a bagunça classificando e, como a diarista que não fez o trabalho, dando uma arrumada para enganar que fez a limpeza. Como solução miraculosa anuncia-se o corte de 50 mil vagas ociosas e só na área da saúde foram 148 cursos penalizados pelas más condições que apresentavam. Para o discurso que denomino de “democratismo”, aquele que prega que todo mundo pode ser universitário, se trata de uma crítica até mesmo fascista. Há, contra toda a lógica e os custos, quem acredite que o importante é aumentar o número de diplomados, ainda que sem condições e sem qualidade. A prática está provando que a tese é falsa. Além da mercantilização do ensino superior a assombrosa verificação de que há pessoas com diplomas que não sabem escrever revela, cristalinamente, que há propaganda demais para pouca qualidade. E que pessoas despreparadas fingindo saber podem ocasionar grandes tragédias.
A triste realidade que vejo todo dia é que os alunos tem cada vez menos interesse na vida acadêmica. Não apenas porque o diploma já não lhes garante empregos e bons salários, de imediato, porém, porque as nossas escolas, as nossas faculdades e universidades, em especial, ainda vivem no século XIXX. Ou mudam seus métodos, ou se tornam instâncias reais de aprendizagem, com o uso de meios e tecnologias modernas, ou tendem a se tornar, na sua quase totalidade, feudos de falsa ciência, assembleias em que burocratas discutem se o governo irá dar 4 ou 5% de aumento, enquanto os alunos zombam de velhos e novos professores que fingem que ensinam, mas, ganham menos do que os policiais que, pelo menos, brigam por aumentos de 44%. E, mesmo quando perdem, conseguem ganhar mais de 20% o que mostra que são mais competentes ou mais armados em seus pleitos. De qualquer forma não há como melhorar sem educar. E não se faz isto sem passar do discurso da educação para sua prática. De discurso, de números e de falas que provam que melhoramos estamos cansados. É preciso melhorar de verdade.

segunda-feira, dezembro 12, 2011

É preciso uma mudança real na economia


A grande realidade é que somente pelo trabalho duro, pela atividade diária de construção das coisas e, no caso das pessoas e do país, pela educação, pelo aumento da escolaridade, pode haver progresso, no entanto, nossa economia é ditada pelo predomínio da ideia do capital, ou seja, o pensamento de que quem tem recursos está mesmo centrado em quantos por cento uma aplicação gera (embora não gere nada se não for aplicada em capital produtivo, ou seja, num negócio que crie serviços ou produtos). O maior problema brasileiro, no momento, é este. O governo de Dilma Roussef, mesmo com o crescimento nulo do Produto Interno Bruto, no 3º trimestre, vacila entre atender os interesses dos mercados financeiros dos quais depende para rolar a dívida e as necessidades de políticas que estimulem o crescimento, mas, como é natural, impactem sobre os spreads e juros absurdos que as bancas cobram. Embora com sucessivas quedas da taxa Selic o que se observa é que, utilizando o espantalho da situação externa, os juros brasileiros continuam a ser um dos mais altos do mundo favorecendo as atividades especulativas e dificultando a vida de quem precisa produzir.
É um falso problema colocar que fortalecer o mercado interno depende das condições externas. Aliás, a melhor forma para se preparar contra uma crise global sempre foi buscar tornar o ambiente interno melhor o que não se irá conseguir desestimulando os empresários e sem uma perspectiva otimista sobre o futuro. O nosso caminho para o futuro, além de deixar de fazer o discurso da educação e educar de fato, é o de criar um projeto de país o que passa por fazer menos propaganda e investir mais em programas e projetos que funcionem como uma correia de transmissão para muitas cadeias produtivas que precisam ser energizadas. Os recentes picos de crescimento do país tem se alicerçado nos investimentos em infraestrutura e construção civil que se demonstram fortes meios de ativar a economia.
A desindustrialização do país, que por mais que neguem, é evidente, se efetua por conta da dificuldade do nosso ambiente de negócios. A agenda de modernização que impunha as reformas tributária, trabalhista e a desburocratização esbarraram nos vícios políticos e, infelizmente, a competitividade brasileira acabou ficando restrita ao agronegócios a alguns outros poucos setores. Não há milagre a ser feito quando temos como melhor e pior parceiro a China. É preciso que, além de medidas pontuais como a redução de impostos, se adote medidas que visem, efetivamente, recuperar a competitividade do país e mesmo que não se façam as reformas, paulatinamente, se criem as condições de modificar o nosso ambiente de negócios. Não se pode enfrentar o novo se aferrando ao passado. É indispensável que o país avance o que não será feito sem um esforço real de mudança. Sem que se deixe de empurrar os problemas com a barriga.