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terça-feira, dezembro 20, 2022

O RESCALDO ANUNCIADO DE MAIS UMA COPA PERDIDA

 


Vivemos numa época na qual os valores se inverteram e isto se demonstra, em especial, no (mau) jornalismo que se pratica e, mais do que nunca, se viu antes e depois da Copa do Mundo do Catar. É claro que, quando um time perde, se procure ver os erros. E, deve-se fazer isto, mas como forma de aprendizado e não para buscar os culpados, execrar jogadores que, algumas vezes, deram o melhor de si para ganhar. Ganhar um campeonato, uma competição passa por um punhado de coisas, porém sempre se inicia pela administração mais alta, por quem dirige e escolhe os que vão comandar os jogadores e as estratégias para fazer uma equipe vencedora. E também não se pode esquecer que se precisa de um time com bons jogadores, que joguem em conjunto, e contem com fatores tão imprevistos como uma coisa chamada sorte. Há grandes equipes, como, por exemplo, a da Holanda de Joan Cruijff ou a própria seleção brasileira de 1982, que não ganharam a copa. Jogadores excepcionais, então nem se fala. A questão central é que, hoje, não se faz mais uma análise do futebol em si. Como o próprio futebol foi fortemente mercantilizado, mundializado, não apenas nivelaram sua prática, mais pelo lado da força física do que pelo talento e a habilidade. Basta ver, e  comparar, por exemplo, com o basquetebol. A seleção norte-americana de basquetebol, o mais alto nível de basquete no mundo, é uma seleção quase imbatível, que perdeu, ao longo do tempo, muito poucas vezes. Já a seleção brasileira de futebol, que, relativamente, deveria ter a mesma posição no esporte bretão, ao longo do tempo, perdeu tantas vezes que se perdeu a conta. Qual a grande diferença? No basquete não se perde de vista os fundamentos. No futebol não se observa isto. Há uma obsessão pelos números sim, pela posse de bola, pelo número de passes, pelos chutes a gol, todavia quantas vezes não assistimos jogadores tidos como estrelas executarem lances bisonhos por não saberem chutar ou cabecear. Nesta Copa do Catar os passes errados e os gols perdidos demonstram isto. Alguns chutes de profissionais regiamente pagos foram vergonhosos. Como vergonhosa foi a cobertura da Copa pela imprensa brasileira (e mundial também). Quantas vezes os fatos não são distorcidos e se apresentam versões estapafúrdias do que acontece? Basta ver que, insanamente, quando o Brasil ganhava era tido como imbatível. Perdeu os jogadores viraram moleques, indignos de vestir a camisa amarela. Fora as fofocas que criam, como a sobre o jantar dos jogadores num restaurante chique ou porque Neymar cumprimenta Messi isto se trata de um deboche com Mbappé. Pelo amor de Deus! Deve-se julgar o que se faz em campo. O grande erro vem do passado. Perdemos esta Copa muito antes. Tite, depois de ter perdido a última Copa e de ter perdido a Copa América havia demonstrado, sobejamente, suas limitações. Não há culpa. Há erros que não são apenas de um ou de outro.  É do conjunto da obra. Descascar Neymar é um absurdo. Ele, visivelmente, jogou machucado. No sacrifício por desejar ganhar a Copa. Na França, os franceses reconhecem a grandeza de Mbappé e de seus companheiros. Sabem que a vitória e a derrota são do jogo. O Brasil, macunaímente, digere e cospe quem, com ou sem razão, se destaca. Aqui a mediocridade não aceita superação. Corta a cabeça de quem ousa se levantar e ter notoriedade ou opinião. Nosso futuro é caminhar sempre em busca do passado.  

domingo, dezembro 18, 2022

COOPERATIVISMO É O CAMINHO PARA UM FUTURO MELHOR

 


O Encontro Nacional de Jornalistas e Formadores de Opinião, realizado pelo Sicredi nos últimos dia 15 e 16 deste ano, proporcionou a reunião de mais de 60 profissionais de todo o país para terem uma imersão no cooperativismo. Em Porto Alegre receberam as boas vindas do presidente do Conselho de Administração da SicrediPar, Fernando Dall’Agnese, e depois assistiram a apresentação institucional feita pelo Diretor Executivo do Sicredi, César Bochi. Após um intervalo foram saudados por Manfred Dasenbrock, Diretor do Woccu e Presidente da Central Sicredi PR/RJ, e, em seguida, assistiram a palestra “Cooperativismo de Crédito no Mundo”, com Elissa McCarter LaBorde, CEO do Conselho Mundial das Cooperativas de Crédito (Woccu). Fabiola Motta, Gerente Geral da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCN) discorreu sobre a “Reformulação do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo (SNCC). E finalizando as palestras do dia, Ronaldo Vieira da Silva, Chefe-Adjunto do Departamento de Promoção e Cidadania Financeira do Banco Central do Brasil palestrou sobre o “Panorama da Cidadania Finaceira”. Os jornalistas e formadores de opinião também tiveram a oportunidade de visitar o Centro Administrativo do Sicredi (CAS) e, em Nova Petrópolis, a nova agência da Sicredi Pioneira, onde foram recebidos pelo Presidente da Cooperativa Pioneira, Tiago Luiz Schmidt. É preciso acentuar que Nova Petrópolis é o berço do cooperativismo financeiro do Brasil porque foi lá, em 1902, que o padre Theodor Amstad, reuniu um grupo de produtores rurais para fundar a primeira cooperativa de crédito do país e da América Latina, justamente, a Sicredi Pioneira. O que foi demonstrado, inúmeras vezes, por palavras e por amostras práticas, é que o modelo de cooperativismo de crédito possui como premissa essencial atender as necessidades das pessoas, por meio de um ciclo virtuoso, que proporciona o uso dos recursos captados na região, evitando sua evasão, e sendo aplicado na área de atuação da mesma cooperativa, gerando desenvolvimento e prosperidade para pessoas e para o local. Ou seja, em si mesmo, pela forma, a cooperação já é inovação, por prover novas formas de resolver os problemas, e, principalmente, por unir os esforços e sedimentar a cooperação entre as pessoas da mesma comunidade. Foi ressaltado também que o Sicredi, conta, hoje, com mais de 5,5 milhões de associados, possui um resultado líquido de R$ 4,8 bilhões e está presente em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal, através de 5 centrais, 108 cooperativas e mais de 30 mil colaboradores em 1.600 municípios. O mais importante, no entanto, foi a mensagem que foi passada para os participantes de que o futuro precisa ser cooperativista. A razão está em que as instituições de crédito tradicionais não alcançam as regiões onde os recursos são escassos e o acesso é limitado. Nem se preocupam com a missão de levar educação e inclusão financeira para que seja possível as pessoas realizarem seus sonhos.  Neste sentido, podemos dizer que o movimento cooperativista tende a ampliar a sua presença no país, porque, na contramão das grandes instituições financeiras segue abrindo Postos de Atendimento e Relacionamento. Isto porque, para o cooperativismo, é fundamental estar junto às pessoas, entendendo suas dores e necessidades. Não se trata apenas de oferecer benefícios financeiros, mas de consolidar a colaboração entre pessoas com interesses em comum. Unir em prol de um mesmo objetivo, alcançar resultados e benefícios que, provavelmente, não seriam conquistados sozinhos. Um futuro melhor para o Brasil passa, necessariamente, por um grande avanço do cooperativismo.

quarta-feira, março 02, 2022

OS SINAIS DA DESMATERIALIZAÇÃO DA REALIDADE

 


É um problema demasiado humano, talvez provindo do desejo de sermos “realistas”, somente nos ocuparmos daquilo que é imediato, dos problemas políticos e/ou econômicos tidos, no presente, como mais relevantes. Daí, é uma tendência inevitável, nos ocuparmos de fazer distinções fundamentais entre o que é importante, ou não, para o futuro. Tendemos a tratar exclusivamente do momento, do que está na moda. Isto é visível, por exemplo, pela atenção que se dá pela intervenção da Rússia na Ucrânia. Efetivamente, embora não se possa desconsiderar os aspectos humanos, não está acontecendo nada de muito diferente do que sempre foi a tônica das grandes nações, das nações com poder: o utilizam para impor seus desejos. Claro que isto tem consequências, mas, são consequências muito menos de longo prazo do que, por exemplo, os grandes avanços na desmaterialização da economia cujo principal motor está sendo o Metaverso. As transformações que esta nova forma de interagir irá provocar já se torna visível no aumento de sua popularidade, e visibilidade, que atrai a atenção de empresas e investidores. Um dos sinais da importância que terá vem de que as grandes marcas de luxo do mundo identificaram o seu maior potencial, que é o da  vontade humana de ser o que quiser, sem limites ou julgamentos. Hoje, são óculos especiais que podem nos levar acima das limitações dos cinco sentidos, nos levar para um mundo imaterial onde podemos satisfazer nossos desejos usando o  campo da realidade virtual, da realidade aumentada e da própria holografia. Também o surgimento de Plataformas de Games (Roblox, OpenSea, SandBox, Fortnite e outras) ocupando um mercado global de US$300 bilhões (universo dos Games) compreensivelmente incomoda muito o Google, o Facebook, a Apple e a Microsoft que tentam dominar o mercado da Geração “Z” (nascidos entre 1995 e 2010) e da Geração “Alpha” (nascidos depois de 2010) por entenderem que seu comportamento, visão, idéias, determinarão o consumo global do futuro. Assim, foi premido pelas circunstâncias, por se sentir atrasado, que o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg mudou o nome de sua empresa para “Meta” e anunciou o “Metaverso” com um aporte de US$100 bilhões de investimento. O poder de transformação desta nova realidade virtual pode ser avaliado pelo fato da Ralph Lauren com a Plataforma Zepeto, feita com um investimento da SoftBank e um valuattion superior a US$1 bilhão, alcançou rapidamente mais de 1 milhão de visitantes na sua loja virtual. Se formos falar de marcas estrangeiras a quantidade no Metaverso é imensa, desde Coca-Cola, Nike, Gucci, Balenciaga, OutBack, Rolls Royce, Hermés, Adidas e Blueberry-somente para mostrar empresas conhecidas. O fato marcante é que esta camada nova  da realidade, integrando os mundos real e virtual em um ambiente imersivo, um universo que só existe teoricamente, no Brasil, se calcula que já agrega mais de 5 milhões de seguidores! E se estima que, até 2030, segundo a Revista Cult, surgirão dentro dele diversas profissões. Por enquanto, é sintomático que a Boticário, via Plataforma Avakin, obteve mais de 9 milhões de visitantes em sua loja virtual. Que a BioBots, uma Startup brasileira de publicidade, especializada na criação de Avatares de “Influencers” e famosos, como por exemplo a versão digital da Sabrina Sato, chamada “Satiko”, faturou  R$20 milhões e prevê aumentar seu faturamento para R$50 milhões até 2023. Todavia, um sinal forte do futuro que nos espera  vem dos Fundos Imobiliários e Fundos de Investimento especializados em negócios do  “Metaverso”. Um deles, recém lançado pela XP e Rico, prevê R$100 milhões de aporte inicial. Não se enganem: em uma década o mundo não será mais o mesmo. O intangível e as infinitas possibilidades da imaginação humana nos levarão para um mundo muito diferente.

Ilustração: Tecmundo.com.br.

segunda-feira, janeiro 17, 2022

SOBRE UM HOMEM ABENÇOADO

 


Hoje, 17 de janeiro de 2022, o inesquecível amigo Euro Tourinho, se vivo, faria 100 anos. É, por um lado, uma data alegre por trazer a recordação de uma pessoa que foi sábia, generosa, querida e, acima de tudo, humana. Por outro lado, traz um sabor amargo de sua falta, de não poder dar-lhe um longo abraço e passar alguns bons momentos ao seu lado. É o meu sentimento. Não, certamente, o dele que morreu suavemente, como morrem os passarinhos, e, com uma certeza, que me deixava angustiado, de que já havia cumprido sua missão na terra, que muitos dos seus haviam ido e que era chegada a hora dele ir também. Por algum tempo até tentei dizer-lhe que isto não era verdade, que ele ainda tinha muito para fazer, que havia todo um futuro ainda pela frente. Não era o sentimento dele. Em parte por ter perdido sua esposa, Dona Maria Kang, que foi seu complemento indispensável pelo tempo afora, em parte por ter sentido a partida de pessoas queridas muito próximas e quase todos de sua convivência e geração, mas, penso que ainda mais, porque, de repente, sua mobilidade, agilidade e força ficaram em algum canto no caminho e, com dificuldades nas pernas, não se mostrava o mesmo homem ativo, incansável e sempre disposto a participar de alguma solenidade, festa ou encontro. Talvez também o fato de não ter mais as obrigações com a redação do Alto Madeira o tenham afetado, porém, nos últimos tempos, antes de morrer, se tornava claro que se preparava para seu fim e suas atividades visavam apenas diminuir os problemas do depois para os seus. Uma das últimas conversas que tivemos, e gostava muito de conversar com ele sobre quase tudo, ele me dizia que seria homenageado pela UNIR com o título de Doutor Honoris Causa, o que não aconteceu por seu falecimento, e leu um trecho do discurso que preparava. Como sempre, uma pessoa humilde e cônscio da pequenez humana, começava o discurso diminuindo os seus méritos. Na ocasião pedi que não o fizesse. Exaltei o fato inconteste de ter sido o redator-chefe de fato do Alto Madeira por mais de cinco décadas e, mais do que isto, ser, depois do Marechal Rondon, a pessoa mais conhecida de Rondônia, porém, mais ainda por ter participado como ninguém da história de Porto Velho e do Território e depois Estado. Ele ficou meio comovido, alegre e me deu um abraço carinhoso. Não chegou a receber a homenagem devida que seria o título de Honoris Causa, mas, a meu ver, cumpriu sua missão e, muitas vezes, durante a loucura que foi, e continua sendo, esta pandemia do Covid-19 fico pensando que olhar teria para um tempo tão sem noção. E, apesar do sentimento imenso, irreparável de sua falta, fico pensando que foi um homem abençoado, que até morrer morreu no momento certo. O que, de forma alguma, não preenche a imensa lacuna que deixou na nossa cidade e nas nossas vidas, porém, as sementes que deixou continuam a mostrar que a nossa samaúma continua a manter a floresta através dos tempos.