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terça-feira, outubro 17, 2023

O HARAQUIRI ELEITORAL

 


O governo deve servir ao povo e não o povo ao governo- isto deveria ser uma regra básica da boa administração. No Brasil não é. Os governantes de plantão fazem o que bem entendem sem atentar para o bom senso e, como tem sido comum, também pagam o preço por suas decisões. O governo Lula da Silva, seguindo a norma da velha política, se comporta como se o mundo não tivesse mudado até mesmo depois de uma pandemia. Como, desde meados dos anos 90, sempre o governo tem optado por aumentar impostos para cobrir suas despesas se comporta como se o tempo não houvesse passado. Como se a carga tributária não tivesse chegado a níveis mais altos dos que admissíveis para uma economia como a nossa. Como se Bolsonaro, com todos os erros que possa ter, não tivesse existido e comprovado que, com desoneração, as coisas ficam mais baratas, as famílias compram mais e o PIB-Produto Interno Bruto e a arrecadação aumentam, como ficou evidente em 2022. Então, então, o que temos visto é a reoneração dos impostos, medidas que visam somente arrecadar mais e cobrir os rombos de despesas maiores. A opção do governo Lula tem sido clara: mais governo e mais impostos. A reforma tributária, que se esperaria que fosse para simplificar e diminuir impostos, até agora, dentro da incerteza que a cerca, tem tido textos que simplificam, porém aumentam os impostos. O setor de serviços, por exemplo, se mobiliza freneticamente para impedir que as alíquotas cresçam estratosfericamente. O próprio relator da reforma afirmou, categoricamente, que seria impossível não esperar que a reforma não aumentasse os impostos. É com esta impopularidade que o governo federal está lidando. E, para se livrar de tamanho fardo, vendeu aos governadores, em cima de uma reforma que não se sabe o que vai ser, que é preciso aumentar a alíquota do ICMS de 17% para 21,5%! Ou seja, disse que, com os novos impostos, mesmo que haja uma regra de compensação, é preciso aumentar também o ICMS. Antes apenas 13 estados haviam embarcado nesta barca furada. Rondônia não era um deles. Agora, com uma manobra com todos os pecados da ausência de diálogo, o governo de Rondônia embarcou também por este caminho. Os deputados estaduais que aprovaram já experimentam o mau gosto da impopularidade. O governo ainda não. A população ainda não sentiu os efeitos. Os empresários, mais conhecedores dos efeitos, se revoltaram. A ida de mais de 90 entidades para reclamar na Assembleia Legislativa demonstra que manter a lei que foi sancionada  é assumir a crise. Os burocratas do governo somente pensam no seu financiamento e nos compromissos assumidos, mas a economia é uma ciência triste. Vai ensinar a eles que a esperteza tem um preço eleitoral muito caro. Alguns deputados já estão pagando. O governador e o candidato do governo estão dispostos a pagar? O estrago vai passar, é claro, pela cesta básica, mas o efeito será bem maior: cada bebedor de cerveja do estado vai lembrar muito bem a quem deve estar pagando seu prazer mais caro.

quinta-feira, outubro 05, 2023

O LEÃO ESTÁ SOLTO NAS RUAS

 


Não há como negar a notável campanha que o Fortaleza realiza na atual Sul Americana, basta dizer que foi o time que alcançou mais vitórias e só teve uma derrota em 11 jogos. A LDU de Quito, que também fez uma campanha belíssima, chega à final com 7 vitórias, 4 empates (o dobro do Fortaleza) e 2 derrotas. Em saldo de gols, o Fortaleza possui 16 gols, com dois jogos a menos que o time colombiano, e sofreu 9 gols. A LDU, nos seus 13 jogos, fez 22 gols e sofreu 7, o que mostra sua imensa capacidade defensiva, comprovada por não sofrer nenhum gol do Defensa y Justicia, um time argentino difícil de não fazer gol em casa. Então, teremos na final o melhor ataque contra a melhor defesa, mas isto não quer dizer nada. Enquanto o Fortaleza tem a seu favor o entusiasmo e o forte desejo de fazer história, de fato, a mística da LDU é bem maior, são mais experimentados nos grandes embates, de forma que não ponho a mão no fogo por nenhum dos dois. Será um grande jogo- é minha única certeza. Mas, temos que elogiar e ressaltar a campanha do Tricolor de Aço. Um time que, em 2018, estava na Série C do brasileiro e, agora, disputa a final da Sul Americana, depois de fazer boas campanhas na Série A, ou seja, tem demonstrado consistência nos últimos anos, é raro. E não se pode deixar de elogiar sua direção, que deu estabilidade ao time e ao seu treinador. Aqui vale lembrar que, citando um exemplo clássico, a Orquestra Sinfônica de São Paulo foi maravilhosa sob a regência de John Neschling. Sem o maestro, pode o conjunto voltar a ter um alto nível de excelência, porém não será o mesmo, o som magistral que o mestre conseguiu obter era único. Em termos de futebol temos que nos dobrar a maestria do técnico argentino Juan Pablo Vojvoda, que se tornou, em números de jogos, o segundo maior treinador em jogos da história do time. Isto, é claro, colabora para que, com 79 vitórias, 35 empates e 40 derrotas e mais de 59% de aproveitamento somado a que consegue extrair o máximo de suas equipes, ainda que os investimentos sejam menores. É uma vitória do conjunto, mas com o indiscutível dedo de um maestro, a quem, merecidamente, deram tempo para trabalhar, um exemplo que deveria ser seguido por muitos outros times. É claro que torço, espero, que o Fortaleza ganhe da LDU, porém não há como não exaltar o feito da equipe neste na Sul Americana e neste ano de 2023. Que se cuidem o Leão está solto nos estádios e com o cuidado do seu treinador. Quem for fraco que se cuide. Porque se não for sólido quem estará nas ruas são os torcedores para comemorar mais uma vitória, mais um título.