Total de visualizações de página

segunda-feira, junho 27, 2016

CRÔNICA DA PACIÊNCIA PERDIDA


Não sei se vocês ainda lembram, mas, a afastada presidente Dilma, lá pelo começo de março, fez, em rede nacional, um discurso culpando a crise mundial pelos problemas do Brasil e pedindo paciência aos brasileiros.  Recebeu, como bela e imediata resposta, pelo país inteiro, e ainda mais nas grandes capitais, gritos, vaias, xingamentos, panelas batendo e buzinas protestando contra seu pedido bizarro. Não era para menos, pois, no seu discurso, no Dia da Mulher, teve o desplante de dizer que as dificuldades que o país estava passando resultavam da crise financeira mundial e da "maior seca da história", e completou com assombrosa falta de senso que "Entre muitos efeitos graves, esta seca tem trazido aumentos temporários no custo da energia e de alguns alimentos. Tudo isso, eu sei, traz reflexos na sua vida. Você tem todo direito de se irritar e de se preocupar. Mas lhe peço paciência e compreensão, porque esta situação é passageira". Incrível, mas, teve a coragem de dizer que o Brasil tem condições de vencer os "problemas temporários" e que o governo absorveu, até o ano passado, todos efeitos negativos da crise e que "agora" tem "que dividir parte deste esforço com todos os setores da sociedade”, de forma  que a vitória "será ainda mais rápida se todos nós nos unirmos neste enfrentamento”. São palavras de quem, como se viu a forma com que foi festejado seu afastamento, se encontrava completamente fora da realidade.

A cristalina verdade é que o brasileiro não tem mais paciência nem compreensão. Os números da violência refletem isto, mas, não são frutos apenas dos roubos gritantes e sorrateiros, como no caso ora revelado dos consignados, e da corrupção que a Lava Jato já mostrou ser sistêmica. É muito mais do que isto. A revolta do brasileiro, que se revela diariamente, vem de que os políticos que deveriam ser os canais de resolução dos problemas da sociedade viraram solucionadores de seus próprios problemas. A sociedade brasileira acordou ao ver que, além de arcar com uma carga monstruosa de impostos, de carregar no lombo o desperdício e a corrupção, ainda por cima suporta a mais hedionda burocracia do mundo. É incrível a carga de exigências de atestados, de documentos, de comprovações que os brasileiros enfrentam a cada dia. Até em bancos oficiais, que deveriam primar por atender ao público, para se ser atendido, é preciso enfrentar três filas ou para pagar impostos se sofre com emissões de guias, com cadastros, com senhas e acessos que não funcionam. A verdade é que, qualquer coisa pública no Brasil, funciona sempre contra o brasileiro. O governo nos ensina que só temos deveres, seja de pagar impostos, de prestar informações, de estar com tudo em dia, mas, por outro lado, e os direitos? Os direitos, como se comprova parece que se restringem aos cidadãos de primeira classe, os poderosos e os políticos, ou aos que nada tem que são assistidos como “coitadinhos”. Enfim, chegamos ao cúmulo do absurdo quando o Partido dos Trabalhadores, ao ascender, perseguiu, justamente, quem trabalha. Não é de estranhar, portanto, que não haja mais paciência nenhuma nem com a política, nem com governos. O Brasil precisa, inclusive para voltar a ter paciência, de menos governo, menos impostos e menos ainda de burocracia. 

segunda-feira, junho 20, 2016

AINDA SOMOS REFÉNS DA CRISE


Uma das coisas que, posso até não ter conseguido, mas, sempre tentei e continuo tentando é pensar, pensar por meus próprios parâmetros. Apesar de que as pessoas pensem que se trata de uma tarefa fácil não é. Tanto que me espanto com a quantidade de pessoas que, mesmo apresentando um vasto tempo de leitura, e até mesmo ostentando prestígio intelectual, são incapazes de escapar das prisões de uma ideologia. Em certos momentos, em que vejo como se expandiu a capacidade de reproduzir chavões, até tenho a impressão de que as pessoas perderam a capacidade de pensar, de raciocinar. É impressionante a quantidade de repetidores de ideias alheias, meros militantes de pensadores mortos e, pior, muitas vezes, se utilizando de uma repetição vazia, o que chamamos de vulgar mesmo.
A safra, por exemplo, são das pessoas de direitas, que pensam que são esquerdas, que, sem a menor capacidade de distinguir alho de bugalho, defendem, por exemplo, a aceitação fanática de ideias alheias a favor de bandeiras de justiça social, de defesa dos pobres, dos fracos e oprimidos. São os que louvam Cuba, por exemplo, e gozando das prerrogativas, ainda que boas, do nosso parco capitalismo, xingam, freneticamente, os outros de burgueses, coxinhas e outros adjetivos menos carinhosos ao defender o indefensável governo Dilma. São os grandes detentores da verdade, que continuam certos contra todas as evidências. São os mesmos que, antes, não viam problemas em Sarney, Renan, Jucá, Raupp & quejandos e, agora, os condenam veemente apenas porque estão a favor do “golpe”. Que golpe? O que as ruas, a população pedia? Um golpe, realmente, muito estranho.
É impressionante que, na era digital, de ondas contínuas de informações, ideias, e plataformas democráticas, com tantas informações, o fanatismo faça com que alguns acreditem que é a Rede Globo, a Veja e o Estadão que fazem a cabeça das pessoas. E, me causa mais espanto ainda, por ver que não são populares, como comumente se diz, mas,  professores, mestres e doutores, que não conseguem enxergar por cima dos muros e grades das universidades. E se olham, não conseguem ver a realidade, envoltos no que pensam ser a salvação da humanidade, a ideologia marxista, socialista. Ideologia que só apresenta uma solução que é a de pegar em armas e lutar por  suas ideias. Mas, para quê? Para implantar as ditaduras que já se mostraram sem futuro, como da extinta URSS ou de Cuba, em gradativa ( e longa) extinção.
O que é estranho, mais ainda, é que são os mesmos que criticam os xiitas por sua ignorância e seu fanatismo. São pessoas de ideias fixas que, desfrutando dos bens e prazeres que o capitalismo proporcionou, bradam contra os empresários, gananciosos, que “nada fazem de bom para a sociedade” esquecidos, porém, que são eles que produzem, que criam bens e serviços. Volto a dizer que não há futuro com sociedades dirigidas por governos totalitários. Que revoluções cubanas, russas, nazistas, fascistas são todas muito parecidas e somente satisfazem o desejo de alguns pelo poder. Não há verdades supremas nem incontestáveis e, se desejamos uma sociedade melhor, temos que aprender, em primeiro lugar, a deixar o fanatismo e o radicalismo de lado. Por causa deles, por causa de ideias que, supostamente, fariam o paraíso na terra, já morreram milhões. Por isto, se é verdade que o governo Temer é uma porcaria, ainda é mais puro que o governo passado. Já é uma depuração dele. Precisamos avançar. E só avançaremos com estabilidade e paz social. Sem superar o passado recente, sem sepultar, de vez, o governo passado, não avançaremos. Precisamos fazer isto nem que depois, se for o caso, também sepultemos o governo presente e interino. Toda economia somente melhora quando se tem estabilidade e perspectivas. Sem um governo permanente continuamos reféns dos ideólogos sem cabeça e da crise.