Total de visualizações de página

sexta-feira, agosto 26, 2011

A Cegueira Ideológica


A Incompetência Política

A crise, assim como a desigualdade, é inerente ao capitalismo. Ao contrário do pensamento ideológico de que a crise irá acabar com o capitalismo, pelo menos, no horizonte previsível a premissa não se sustenta. Até parece que sempre as crises só o fortalecem. Mas, não se pode fazer nada contra a fé, tanto que, apesar da queda do muro de Berlim ter mostrado, definitivamente, que as sociedades planificadas não têm futuro ainda há os que acreditam piamente que a única alternativa que desponta no horizonte é o socialismo, quando, não resta a menor dúvida, que se trata de um sistema que, na realidade, tolhe o progresso, a eficiência e a liberdade.
Apesar disto, mesmo que a História tenha demonstrado claramente ser um horizonte aberto, e não um sistema lógico que terminaria, inevitávelmente, numa sociedade sem classes, há os que, cegos na sua ideologia, continuam a acreditar que são os arautos do futuro e que possuem a fórmula e o conhecimento do bem-estar, ainda que todos os que disseram saber, quando chegam ao governo, fazem igual, ou pior, do que os antecessores e, ainda se gabam, de que todos fazem igual. Sob muitos pontos de vista, mesmo para os países em desenvolvimento, o mundo tem melhorado, porém, só apontam para o fato de que a miséria e a fome (que eram muito piores) continua a existir e que as fortunas de 357 multimilionários ultrapassam o PIB de vários países europeus desenvolvidos. Tudo isto é verdade, porém, o problema não é do capitalismo, um sistema que é feito pelos homens, porém, dos próprios homens, que não conseguem criar formas políticas capazes de eliminar os problemas humanos mais graves.
O mais fantasmagórico de tudo isto é que os mesmos que dizem querer a democracia, a liberdade e o bem-estar de todos desejam, e tentam até mesmo de forma despudorada, manietar a imprensa. O argumento mais usado é de que os fatos, as notícias são selecionadas, apresentadas, valorizadas ou desvalorizadas, mutiladas ou distorcidas de acordo com as conveniências do grande capital. Assim, dizem que, por exemplo, o governo Lula da Silva teria sido vitima de uma imprensa cujo objetivo maior seria o de impedir os cidadãos de compreender os acontecimentos e o seu significado, bem como sempre atacando o governo por ser um governo voltado para o povo. Ainda que se aceite que haja esta inaceitável e impossível manipulação da imprensa em geral quem estaria mais habilitada para fazê-la: o governo ou as grandes empresas? Claro que é o governo que, cada vez mais, seja por cercear anúncios de cigarros ou bebidas, seja por aumentar os recursos de publicidade, seja por criar agências e direcionar as notícias tem muito mais poder de fazer isto que qualquer projeto particular. Mas, se faz isto, o que se vê é que não deseja apenas isto. Esta conversa de regulação é uma procura de retorno à censura.
A volta da censura vem sob o argumento de que os jornais e as cadeias dedicam cada vez mais tempo ao entretenimento e menos a grandes problemas e lutas sociais. Afirmam os defensores de uma “imprensa realmente livre” que os temas impostos pelos editores e programadores – agentes mais ou menos conscientes do capital – são concursos alienantes, a violência nas suas múltiplas frentes, a droga, o crime, o sexo, a subliteratura, o cotidiano e a vida amorosa de celebridades, a apologia do sucesso material, as férias em lugares paradisíacos, etc. Assim fariam para evitar que os cidadãos pensem. Esta seria a tarefa permanente dos media. É uma meia verdade. A mídia reflete a sociedade. Se as pessoas gostam disto são servidas pelo que gostam. Não é a Rede Globo que produz a deseducação, embora possa até multiplicá-la, mas, é a grande deseducação pública que gera a Globo como ela é. A Globo é competente: faz o que o público deseja. A política brasileira tem sido incompetente: gera a falta de educação e de cultura que induz a programação da Globo a ser o que é.

Fonte de Imagens: http://www.taringa.net/posts/info/3162575/Frases-de-Politica.html

domingo, agosto 07, 2011

A presidente Dilma na corda bamba


É claro que o loteamento político dos cargos entre os partidos, a unção à chefia de cargos de pessoas desqualificadas, a corrupção, o apadrinhamento, o nepotismo e o uso privado dos recursos públicos não são criações do Partido dos Trabalhadores,nem da presidente Dilma, mas, a república sindical estabelecida por Lula da Silva,com o amordaçamento e eliminação de qualquer oposição consistente,permitiu que estes vícios históricos se alargassem e se tornassem grandes barreiras à boa gestão pública. A imprensa tem sido o último baluarte de oposição e, sejamos claros, não por não estar também atrelada ao governo (as verbas e patrocínios bem distribuídos tornam também a cumplicidade dela evidente), porém, pela desfaçatez que passou a existir,a partir do fato de Lula ter escondido o Mensalão debaixo do tapete. Muitos, a partir daí, com a falta de princípios que o caracterizam passaram a considerar normal o que se tem como desonesto. Afinal “se todo mundo faz”... O resultado é que se acumularam as práticas e as evidências explodiram no colo da atual presidente.
É fato que as denúncias são recentes dos desvios nos ministérios dos Transportes, Agricultura e Cidades. Porém, são práticas novas? De forma alguma. Como comprovam a constatação de que os dirigentes destes órgãos não são novatos na função. São todos parte do antigo esquema de Lula que partidarizou a máquina pública e ofereceu a alguns feudos que serviam a fins nada republicanos. São estas velhas práticas que, hoje, emparedam as ações do governo federal e deixam a presidente Dilma Rousseff numa encruzilhada. Principalmente, pela razão de que,ao assumir o papel de “faxineira”,foi ela mesma que defenestrou o esquema do Ministério dos Transportes. E a grande verdade é que conseguiu também o feito de fazer com que os próprios peemedebistas brigassem,como foi o caso de Michel Temer e o senador Romero Jucá,ambos seriamente atingidos pelos estilhaços do escândalo do Ministério da Agricultura. Para significativos setores políticos, em especial algumas velhas raposas da política, Dilma quer refazer o governo rifando seus aliados e, por tal razão, já se observam sinais de que haverá troco.
A presidente segue seu projeto de limpeza, mas, como esta somente atingiu, até agora, os outros partidos, qualquer nova ação que for feita terá profundos efeitos colaterais. A demissão de 27 funcionários da cúpula dos Transportes mostra que, ao contrário de Lula, Dilma não quer conviver com a suspeita de corrupção em seu governo e não hesitou em queimar seu principal auxiliar, Antonio Palocci, quando necessário, porém, é preciso acentuar que quase todas as áreas sob comando de aliados políticos seguem um padrão similar de preenchimento de cargos. Se a limpeza começar a ser feita de fato o resultado tanto pode ser de paralisia do governo, que não já não prima pela eficiência, e até mesmo da queda por falta de sustentação política. Portanto, Dilma tem pela frente um desafio gigantesco: compatibilizar as composições políticas com a necessidade de manter o rumo, a imagem e a consistência do governo. O grande problema é o de que o nosso sistema de governo é um presidencialismo de coalizão, um sistema em que o Poder Executivo divide espaços nos ministérios com aliados no Legislativo. A lógica que suporta esta distribuição de forças, porém, no governo atual está sendo muito distorcida contra os aliados que ainda veem no comportamento da presidente uma forma sutil de surrupiar o poder que possuem em prol do PT. Dilma, para ter sucesso, terá que mudar sem provocar os efeitos colaterais que farão explodir os aliados de seu próprio partido. Até onde terá tal habilidade política reside o resultado de seu movimento para sair da inércia em que o governo se encontra e buscar novos caminhos para o país.

Ilustração: http://robertodelorena.blogspot.com/2010/04/dilma-na-corda-bamba.html

quarta-feira, agosto 03, 2011

Brasil só um pouco maior


O momento escolhido não o foi por acaso. É uma ação estratégica porque o governo se encontra acuado e a economia nacional sente os impactos negativos da desindustrialização, filha do câmbio sobrevalorizado, juros e impostos muito elevados e a concorrência desigual de países como a China, bem como do grave e crônico problema, a corrupção, que inunda as manchetes e corrói também a competitividade do País. É de se louvar, portanto, que utilizando o slogan "Inovar para Competir. Competir para Crescer", a presidente Dilma Rousseff tenha lançado, como uma nova política industrial, tecnológica, de serviços e de comércio exterior, o Plano Brasil Maior.
São ações que tentam retomar uma agenda positiva o que deve sempre ser louvado, porém, é preciso recolocá-las dentro de seu contexto e dimensões. Antes de tudo não se pode dizer que há um plano quando o que existe mesmo é um conjunto de medidas pontuais que buscam garantir a sobrevivência de setores que sofrem com a competição dos importados, beneficiados pelo câmbio irreal. Assim foi traçado, para o período 2011-2014, a meta de aumentar a competitividade dos produtos nacionais a partir do incentivo à inovação e à agregação de valor. Ocorre que, ao contemplar somente a indústria na sua desoneração, começa por iniciar tardiamente um processo esperado e desejado, porém, de uma forma desbalanceada. A maior prova desta falta de visão geral econômica decorreu das palavras do presidente da Federação do Comércio de São Paulo, Abram Szajman, que foi taxativo afirmando que o plano "Deveria ser permanente e direcionado a todas as atividades econômicas", completando suas palavras com uma queixa explicíta de que é uma estratégia para "corrigir pontualmente os efeitos, pela incapacidade de se atacar diretamente as raízes do problema" citando a falta das reformas, o desequilíbrio cambial e as elevadas taxas de juros, para concluir com a sentença da relatividade das medidas: "Enquanto os juros cobrados no Brasil se mantiverem no topo do mundo, a taxa de câmbio vai continuar distorcendo nossa real capacidade competitiva."
É uma análise correta e clara. Não adianta o ministro da Fazenda, Guido Mantega, dizer que o mercado brasileiro deve ser usufruído pela indústria brasileira e que o conjunto de medidas a fortalece a e dá condições de competir com os outros países. Qualquer economista ou empresário sabe que mesmo com essas medidas de estímulo à indústria, o país deve continuar importando muito e, no máximo, se atenua os impactos que o setor industrial vêm sofrendo com a valorização do real, diante da baixa do dólar. O denominado plano Brasil Maior é um avanço. É, pelo menos, um sinal de ação diante de um quadro adverso, porém, é ainda muito pouco para mudar o ambiente empresarial do País. O Brasil ficou maior, é verdade, mas, ainda muito pouco para ser o País do presente que precisa ser.