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terça-feira, novembro 27, 2007

O EGO E OS ERROS



Todas as vezes que o ego está inflado se torna um péssimo conselheiro. Lembro-me de uma notável consultora pernambucana que, reiteradas vezes, afirmou que de nada vale a auto-referência. Não adianta ser o maior, o melhor, o mais notável para si próprio. Na verdade é preciso, inescapável que exista o reconhecimento público. Ou seja, o melhor jogador do mundo pode não ser Pelé. Pode ser que exista escondido nos confins da China ou na Conchichina um jogador mais excepcional do que ele. Pobre de quem for, pois, conhecido e reconhecido mesmo é Pelé. De nada vai adiantar ficar gritando, esperneando lá nos ventos frios ou nas noites quentes, que o bom é ele. Será tido somente como uma comprovação de desespero e, quando muito, falta de juízo, puro destempero.
O comentário vem a propósito do comportamento e dos ataques feitos ao governo e ao presidente Lula da Silva pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Só pode ser desespero, excesso de ego, falta de capacidade de criar uma estratégia capaz de virar o jogo ou, em último caso, como afirmam alguns, sinal de senilidade. Vá lá que Fernando Henrique Cardoso se julge o maior e mais competente de todos os presidentes da República. Neste aspecto, o do ego extremamente inflado, aliás, não ganha também de Lula, mas a grande diferença é que o atual presidente está ativo e muito ativo no jogo até ao ponto de querer mudar suas regras enquanto FHC é, por mais que rumine e grite, passado. É, reconhecidamente ex e não há como influir mais do que já influi até mesmo porque seu partido, a rigor, aceitou ser mero coadjuvante por não ter feito o que se esperava que fizesse: ser uma verdadeira oposição.
E fazer oposição não é atingir pessoalmente a pessoa de Lula da Silva. Não é querer desmerecer seus inegáveis créditos, mas cobrar dele as promessas que não fez, a lama em que se atolou, o caminho sem volta e sem futuro em que se encontra. E isto não se faz querendo apequenar sua estatura e caminhando, mas, efetivamente, mostrando que se, no passado, parecia saber o caminho, agora, se encontra em pleno o mar à deriva. Não combater o bom combate; não ser duro nas horas em que precisava ser duro é o grande pecado do PSDB e, infelizmente, FHC é seu símbolo-mór. Tivesse, como seria de se esperar, por ocasião do Mensalão feito todos os esforços para apear Lula do poder e, hoje, a situação seria outra. Nem FHC nem o PSDB o fizeram. Fizeram o diagnóstico errado de que Lula sangraria até o fim do mandato subestimando o poder de fogo de quem sabe fazer política (e populismo) e estava com o poder nas mãos. Deu no que deu e está dando. Lula continua a ser uma peça central na vida do país e, contra todas as expectativas, continua sendo um líder. FHC é uma sombra do passado. Suas catilinárias soam mais como um eco ou um grito de inveja vindo do passado.

O ATROPELAMENTO LEGALIZADO



Ao sair, atabalhoadamente, em defesa da manutenção de Chávez na Venezuela, que vê como uma “democracia”, embora meio esquisita para os parâmetros que definem uma, Lula da Silva, na verdade, saiu em defesa própria e, na prática, quis estabelecer que não importa o tempo que um dirigente passe no poder, mas que a questão é o seu sucesso “popular”. Em suma para quê constituições estipularem prazos para líderes tão bons quanto eles que tratam dos interesses maiores da nação e o do povo cuidando da sua felicidade? Por que subordinar a excelência a uma mera formalidade eleitoral se, por tanto tempo o princípio da alternância no poder só deu errado? Melhor ficar com Chàvez e com ele que, como se sabe, deram certo, certíssimo depois de 500 anos de incompetência governamental. E, sem discutir a forma como foram feitas, disse que “a Venezuela já teve três referendos, já teve três eleições não sei para onde, já teve quatro plebiscitos. O que não falta é discussão.”
Bom, também deve entender que há discussão demais no Brasil. Uma decorrência natural de seu discurso é a de que, apesar de ter dito que não quer, seu companheiro Devanir Ribeiro (PT-SP) tem toda a razão em defender a convocação, também, de plebiscitos para que o povo diga que quer Lula da Silva, ou seja, o queremismo é indispensável, de vez que antes neste nunca se teve tanto êxito, nunca se deu tão certo. Ou seja, é só fazer igual a Chávez e ficar mais 25 ou 30 anos no poder ou, quem sabe, se igualar a Fidel Castro, seu impecável modelo de democracia. Afinal, quem como Lula tanto lutou contra a ditadura, um grande líder sindical, um democrata inegável jamais irá contra as leis, principalmente aquelas que lhe assegurarem poder por tempo indeterminado. Inútil, portanto, buscar comparações no presente ou no passado com este governo incomparável e infalível. Só há dois tipos de brasileiros que reclamam do governo atual: os pessimistas, que jamais enxergarão que chegamos ao ápice da perfeição e as viúvas de Fernando Henrique, enciumadas com sua superação inacreditável pelas realizações dos últimos quatro anos. Aliás, diga-se de passagem, as viúvas empedernidas porquê, como todos reconhecem, até pelos Renans, Sarneys, Romeros e Jobins, nunca antes houve neste país dois governos tão parecidos no uso da máquina do Estado e na perseguição aos servidores públicos e assalariados.
Lula da Silva, por mais que negue, como não teve e nunca terá nenhum pudor em fazer qualquer coisa para permanecer no poder, ao defender Chávez, de fato, está defendendo a necessidade de deixar uma porta entreaberta no caminho do 3º mandato. Em última instância, defende que a continuidade é legal quando o dirigente tem êxito mesmo contra a lei. Não chega a ser nenhum primor de tese de Direito nem de lógica, mas, para que servem se não se adaptam aos desejos do Grande Timoneiro? O atropelamento, desde que em proveito próprio, é razoável e legal.

domingo, novembro 18, 2007

OS JOVENS DESAMPARADOS



Quando em campanha o reeleito Lula da Silva sempre falava em infância e juventude. Lembro que uma de suas bandeiras foi o badalado e falido programa “Primeiro Emprego” que, segundo ele, não deu certo “porque algumas leis no Brasil pegam e outras não”. Um engano e uma falta de auto-crítica. Não se trata de lei, embora a do Primeiro Emprego fosse ruim. É falta mesmo do que tanto criticou no passado: determinação e políticas públicas. Depois do consenso sobre a educação não creio que haja um consenso tão grande da sociedade sobre o dever do governo de desenvolver políticas, ações e atitudes que assegurem formas de proteção e integração das crianças e dos adolescentes. Todas as discussões sobre o assunto concordam que não têm sido tomadas iniciativas importantes pelos três entes da Federação (a União, os estados e os municípios) e que, as iniciativas privadas são insuficientes para tratar do tema, até porquê as leis cerceiam qualquer ação por todos os lados. Basta ver que as crianças não podem trabalhar, mas podem ficar na rua à mercê de todo tipo de assédio e de deseducação, afora ser utilizada como pombo-correio de quadrilhas.
A questão crucial é que não basta dar direitos por leis ou incluí-los na Constituição. È preciso que tais direitos tenham substrato econômico ou instrumentos de sustentação. Assim dizer que as crianças e adolescentes possuem direito à saúde, educação, esportes, artes e lazer, no papel, é fácil. Difícil é organizar a administração pública para que isto, efetivamente, aconteça. Os jovens não se tornam criminosos apenas pela pobreza, como muito pretendem dizer. A desigualdade pode até contribuir, mas, a estufa dos criminosos é a falta de padrões, do que fazer, do ócio, da falta de orientação para que tenham algum tipo de ocupação seja um trabalho, esportes ou arte. Quando isto não existe, como ocorre hoje nas nossas periferias, o caminho natural é o das drogas, da prostituição, do crime, da procura de resolver os problemas de uma forma que parece mais fácil, porém, se revela cruel e socialmente insana.
Não resolve fazer barulho ou correr para criar medidas emergenciais, como quando, no último mês de fevereiro, no Rio de Janeiro, uma criança foi barbaramente morta por adolescentes em desvio de conduta. A violência não nasce de um momento para o outro nem é reprimida também de forma rápida, exceto da também grotesca forma dos esquadrões da morte. Somente com estudos, políticas públicas adequadas, mudanças legislativas pensadas e relevantes sensíveis às necessidades desses segmentos poderemos mudar a realidade atual e não nas ondas do imediatismo, quase sempre sob a urgência provinda de crises, escândalos ou distúrbios sociais. Há ações que devem ser imediatas, como as escolas de tempo integral, criar empregos e estágios para os jovens, programas de integração social via artes e esportes, afora as experiências de êxito de outros países em diversos programas. No entanto, aqui, se começa pelo fim. Não se busca impedir que o jovem seja um criminoso, mas, tentam baixar a idade da responsabilidade do menor como se os seus problemas pudessem ser solucionados na área criminal. Que País!

quarta-feira, novembro 07, 2007

OLHAR DO ALTO É UMA BELEZA



Uma grande farsa obscurantista

No passado o famoso “Clube de Roma” praticamente lançou o mundo numa angústia existencial ao predizer que, no máximo, em 2005 não teríamos mais petróleo disponível, entre outros fatores de produção. O catastrofismo da época, baseado no tipo de produção que consumia muitos recursos naturais, não deixou de ter seus benefícios tanto que surgiu o “Toyotismo”, ou “Acumulação flexível”, uma reestruturação da economia que mudou o sistema de produzir miniaturizando os produtos que passaram a ser mais informação do que matéria. Por outro lado também produziu malefícios, pois, surgiu a Organização dos Países Produtores de Petróleo-OPEP, cartel que, até hoje, manipula a distribuição de renda do mundo com aumentos sucessivos dos barris de petróleo com o apoio do sistema financeiro.
Qual o motivo para lembrar deste passado? De certa forma o tema atual dos muitos tipos de Ecologistas (ecólogos, ecólatras, ecopatas, ecochatos & outros) agem como se soubessem os destinos do mundo, como se fossem donos da “incontestável verdade”, comunistas modernos, que pretendem nos dizer o que devemos fazer e como. Isto é ainda mais verdade como, quando agora, por qualquer motivo, nos passam no rosto o aquecimento global como culpa do industrialismo. Em momento algum, porém, desejam abrir mão dos modernos meios de comunicação, dos processos industriais, das remunerações, do nível de produção e do consumo que este industrialismo permite. Na verdade, em especial, as grandes ONGs e as nações mais ricas pregam a ecologia e a preservação como uma necessidade a ser feita pelos países, ou regiões, justamente que não possuem o conforto e os níveis de qualidade de vida que experimentam, ou seja, pimenta nos olhos dos outros é refresco. È ótimo falar de consumismo, a partir de Nova York ou de São Paulo. É uma beleza falar em preservar florestas ou concessões florestais a partir de Brasília ou de Washington. É uma maravilha dizer aos outros como devem se portar e que estão destruindo a natureza enquanto gozam do supérfluo retirando de quem deseja viver o essencial.
Conservar a natureza todo mundo quer. Falar a seu favor tomando chope ou fazendo discursos é uma beleza. Agora é preciso verificar que, por exemplo, há na Amazônia uma população que precisa viver e não é menos racional do que qualquer outras pessoas do mundo. Então por que desmata? Para responder é só perguntar por que, no passado, eles também desmataram suas florestas. Se estão arrependidos deve ser um arrependimento bem oculto, pois demonstram orgulho de seu desenvolvimento e de seus níveis de vida e desenvolvimento. O que todo mundo deseja é mais conforto, segurança e lazer o que, infelizmente, não pode ser atingido sem produção, ou seja, destrição, poluição e custo ambiental. Usar o aquecimento global como forma de impedir o progresso da Amazônia e de outras regiões pobres é um grande farsa obscurantista.

domingo, novembro 04, 2007

O NEGÓCIO É A AMOSTRA


AH! AS ESTATÍSTICAS....

Um dos sintomas mais terríveis e denunciadores da completa falta de ética que grassa no mundo atual é o da forma como são feitas, manipuladas e divulgadas as estatísticas. É claro que isto piora nos períodos eleitorais, porém, mesmo fora dele, há uma completa falta de transparência do processo de levantamento, produção e divulgação de dados, em especial governamentais, que são manipulados ao bel-prazer dos governantes de plantão. Informações que deveriam ser coletadas e usadas para fins de planejamento acabam maquiadas, ou deturpadas, com o único propósito de fazer propaganda de administrações, administradores e ideologias nem sempre democráticas. Antigamente, no regime militar, a preocupação se restringia a diminuir os índices oficiais de inflação, entre os quais ninguém esquece o famoso “expurgo do chuchu” da cesta básica. Hoje, sem o menor pudor, se muda a metodologia do Produto Interno Bruto-PIB para inflar o crescimento oficial.
Isto acontece no nível federal que, uma das últimas façanhas cometidas, foi rever, pela terceira vez, o número de homicídios do ano passado e, por incrível que pareça sempre para baixo. Um esforço, aliás, inútil na medida em que por mais que conseguissem baixar chegaram somente ao dissabor de constatar que o Brasil, este oásis de bem-estar e de progresso, teve, em 2006, o dobro do número de mortes do Iraque. Nem quero lembrar, aqui, dos famosos estudos, verdadeiras construções laudatórias do novo ciclo de progresso que experimentamos, que provam que “nunca antes este país” esteve tão bem e que exaltam a inserção de 6 milhões no mercado formal (com a imensa contribuição de R$ 60,00 do Bolsa-Família) nos fazendo crer que estamos no melhor dos mundos. O problema sério das estatísticas é que não podem esconder o espetáculo diário da corrupção sistêmica do poder público (enquanto aumentam a carga tributária com CPMF), a falta de segurança, de saúde, de educação, o “apagão aéreo”, que nunca termina, agora o “apagão do gás”, a crise do leite que foi criada com a incorporação de um elemento antes insuspeito na sua composição (a soda caústica) que os maldosos afirmam que faz parte do plano do governo de acabar com os pobres e, nem vamos falar, da inflação disfarçada ou dos juros altos que são temas constantes dos analistas econômicos.
A questão real é a de que as estatísticas, cada dia mais, perdem a credibilidade. Por exemplo, enquanto se anuncia uma criação recordes de empregos a taxa do desemprego, mesmo a medida pelo governo, teima em não sair dos 9%, a produtividade cai e a massa salarial também, no entanto, se formos crer nos discursos do governo o país nunca esteve melhor. O problema é que, estatisticamente falando, quando se compara o crescimento do país no primeiro governo FHC a taxa média de crescimento foi de 2,6%, no segundo de apenas 2,1% enquanto os quatro primeiro anos de Lula da Silva tiveram uma média de 2,6%. Pode até parecer que está melhorando, mas, se verificarmos que durante o 1º mandato de FHC o mundo cresceu a uma taxa média de 3,7%; no 2º, cresceu 3,6% e durante o governo Lula cresceu 4,9% temos que, na verdade, em relação ao mundo o Brasil está só diminuindo de tamanho, pois no 1º mandato de FHC crescemos 69,5% do crescimento mundial, no 2º descemos para 58,7º e, finalmente, com Lula estamos pior ainda, pois só crescemos 54,4% em relação ao crescimento mundial. Claro que estamos ano vamos crescer muito mais. Houve uma mudança na metodologia do IBGE.