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domingo, abril 18, 2010

Os jornais não morrerão



Recentemente, mais precisamente no último dia 15 de abril, o Alto Madeira completou 93 anos. São poucos os jornais que alcançam tanto tempo, mas, há jornais que viveram, ou vivem, mais de 300 anos como o holandês Haarlems Dagblad, fundado em 1656 - 351 anos atrás. O campeão anterior era o sueco Post och Inrikes Tidningar, publicado diariamente desde 1645, segundo a Associação Mundial de Jornais, que parou de circular em janeiro, depois de 362 anos e passou a circular apenas na internet ainda que somente em três cópias de papel do jornal feitas e arquivadas em bibliotecas universitárias para manter a tradição. É fato que morte de jornal é muito comum, como de revistas e, mesmo hoje, apesar de ser uma mídia nova, de sites, mas, ao contrário das visões pessimistas de 50% dos editores de jornais, rádios e tevês dos Estados Unidos, que acreditam que seus veículos não vão sobreviver nos próximos anos sem que se descubram novas fontes de receita, não creio nesta profecia. Não é saudosismo, pelo fato de ter vivido em redações, ter sido até redator-chefe, uma palavra que, hoje, soa estranha.
Também não me baseio apenas na convicção do pesquisador e jornalista Clay Shirky, norte-americano, que acredita que sem os jornais ocorreriam mais corrupção, daí, a sua crença, para mim utópica, de que as pessoas perceberiam isto e buscariam uma forma de financiar a produção deste tipo de conteúdo. O raciocínio de Shirky me parece bom quando afirma que a rede desestabilizou os jornais por dois lados. O primeiro, pela migração dos anunciantes para as mídias on-line. O efeito de publicidades em jornais, rádios e televisões, por serem mais difusos, não garantem eficácia, a internet apresenta formas mais quantificáveis para avaliar o custo e o retorno da propaganda. O outro ponto seria a tendência dos leitores de usar a internet para personalizar os conteúdos que desejam ler. Quanto mais as pessoas interagem na rede, mais se trocam informações, menos os grandes portais detêm poder- o que é verdade em termos. Para Shirky a vantagem do jornal é que a rede não conseguiu superar o modelo dos jornais para realizar jornalismo de fiscalização. Este ponto de vista é sustentado pelo argumento de que, por circunstâncias históricas, os jornais concentram receitas de anunciantes que excedem seus custos, de forma que podem gastar para a produção de matérias de fiscalização do poder público. Assim haveria um efeito colateral como função social do jornalismo impresso que seria de coibir o mau uso do poder. Para ele, se não estivessem os diversos conteúdos sendo embalados e vendidos juntos, não existiria a fiscalização do poder público pelas mídias pela falta de receitas suficientes para que os veículos fossem independentes. Eles estariam vulneráveis para as sanções de grandes empresas e dos governos – os tradicionais grandes anunciantes. De fato concordo que a grande imprensa tem sido mais competente que a internet. E que esta não consegue financiar este tipo de conteúdo, mas, não concordo com Shirky que seja por ser caro e por não ter retorno imediato. Minha visão é a de que os jornais são um meio diferente e que sua fortaleza reside na análise, na opinião, no exame, digo mesmo que até na autópsia do fato. A internet não. É um meio em que se procura interação, imagem e não leitura. Para mim o caminho para a sobrevivência dos jornais deve também passar pelo bom jornalismo de fiscalização, mas, creio que o jornal há de sobreviver por ser um meio capaz ultrapassar a superfície da notícia, de gerar novas interpretações e debates. Para mim a internet, como comprovam a crença em noticias das mais absurdas, torna o leitor mais passivo, daí, minha crença de que os jornais sobreviverão sempre e sempre serão alimentadores, diria que até mesmo irão pautar, a internet como já fizeram com o rádio e a televisão. A crise do jornal é uma crise não do meio, mas, da criatividade e do empreendedorismo que estão faltando na sua direção.

Um grande jornal com grandes nomes



O Alto Madeira faz 93 anos. Não são muitos que podem se gabar de uma façanha deste tamanho. Basta verificar que, em termos cronológicos, o Correio Braziliense, o Jornal do Commercio de Recife, e o Jornal do Comércio do Rio de Janeiro são os mais antigos do país, mas, apenas para efeito cronológico, pois, muitas vezes, tiveram sua circulação interrompida. O jornal considerado mais antigo mesmo, em circulação permanente, é O Estado de São Paulo, que já completou 135 anos, mas, convenhamos, São Paulo é São Paulo. Completar 93 anos aqui é outra coisa. È mais que um atestado de competência. É mesmo uma glória. Ainda mais num país que começou a ter publicações periódicas com um século de atraso em relação aos demais países do novo continente numa região que se caracteriza mesmo é por ser e se manter selvagem inclusive comercialmente falando. Jornais e revistas na Amazônia são como plantas na natureza: nascem e morrem rapidamente. Muito mais no passado. Hoje isto acontece mais com os sites de noticias.
O certo é que, hoje, o Alto Madeira somente é superado em longevidade pelo Jornal do Commércio, de Manaus, o mais antigo em atividade na região, que foi fundado em janeiro de 2004. É um orgulho e uma tradição que foi mantida muito mais pela paixão pelo jornalismo, pela consciência de muitas pessoas de que se trata de um patrimônio cultural do Estado e pelo desejo de ter um jornal que seja o que um jornal deve ser: combativo e independente. Claro que não imparcial. Claro que não sem interesses. O mundo não é perfeito e o Alto Madeira é um retrato do mundo, do nosso mundinho, por isto mesmo, nem melhor nem pior do que ele é. Apenas tão somente um jornal do tamanho de nosso Estado e, por tal razão, como temos vocação para a grandeza, um grande jornal.
E é um grande jornal por razões muito claras. Sua longevidade se deve, em primeiro lugar, a que sempre foi o abrigo da notícia pela notícia. Quando ela existe e é verdadeira não se sonega. É publicada por mais que seja dolorida a publicação. È importante, é significativa vai ser publicada. È claro que este não é um processo imparcial. Todos os que fizeram o Alto Madeira sempre tiveram lado, opinião, alguns até certezas que se provaram infundadas, mas, jamais, e esta é uma norma que faz dele um grande jornal se negou voz ao outro lado. A crítica é feita, a notícia é dada, mas, também a quem se sente atingido é dado o direito de desmentir, de expor sua versão, de, quando for o caso, provar que se errou. E, quando o jornal erra, como já aconteceu diversas vezes, teve sempre o cuidado de se retratar, daí, sua credibilidade através dos tempos.
Porém, a grande realidade é que o Alto Madeira não seria o Alto Madeira sem ser, como sempre foi, um jornal aberto para os homens e as ideias. Pela sua redação passaram grandes jornalistas como Petrônio Gonçalves, Ary de Macedo, Vinicius Danin, Ivan Marrocos, Roberto Vieira, Sérgio Valente, Simeão Tavernard, Pedro Gondim, Kleon Maryan, Pedro Gondim, Edmar Coelho, o capitão Esrom Menezes, o Bahia e Paulo Correia para citar os já falecidos. Mas, ainda permanecem nomes como os de Ciro Pinheiro, Marlene Rolim, o próprio decano de nossa imprensa Euro Tourinho, Viriato Moura, Valdemir Caldas, Sued Pinheiro, Lúcio Albuquerque, Aluízio Pimenta, Marcus Vinicius Danin, Adelino Moura, Renato Rondon, Reis de Souza, Rocco, Aminéia Capistrano, Parayba, Antônio Roque e tantos outros que seria fastidioso enumerar. Quem quer encontra espaço no Alto Madeira e escreve o que quer sem censura e com liberdade. È por tal razão que me orgulho de também ter feito parte, um pouco, de sua história e comemoro feliz seus 93 anos certo de que, sem muito esforço, irá chegar, para nosso orgulho, aos cem anos cada vez melhor.

terça-feira, abril 13, 2010

A POSSIBILIDADE REAL DE UMA HERANÇA MALDITA



O governo Lula, o governo atual, não pode negar que teve um tempo longo de bonança internacional, ao contrário dos anteriores, e que, além disto, teve a seu favor a austeridade e a responsabilidade que Fernando Henrique implantou na economia. Em outras palavras, o fundamento dos bons tempos não foi de Lula, mas, de FHC. E, mesmo quando houve uma crise, como a de 2008, esta, pela primeira vez, com todos os problemas, veio a nosso favor, pois, deslocou o eixo do crescimento do mundo para a China e os emergentes, o que nos favoreceu. Enfim, Lula pegou um cenário internacional estável e construtivo. Deveríamos, isto sim, ter crescido mais. E crescer mais era o que Lula tinha se proposto e, convenhamos, falhou. O voo de galinha continua a ser a trajetoria da economia brasileira vide o resultado negativo de 2009 e a previsão positiva de 2010. E 2001?
Bem, os economistas bons acreditam que os Estados Unidos devem crescer algo em torno de 2,5%, já este ano, derivado de seu bom desempenho nas exportações e a forte desvalorização do dólar. A favor disto conta também a volta de investimentos em setores importantes, como o de energia, e, em alguns setores, tem havido uma redução mais acelerada dos estoques, bem como o mercado de trabalho parece estar mais estável, porém, só a obtenção de um crescimento, como o previsto, já influi sobre o resto do mundo. Também se, entre os emergentes, a bonança não é, não será, igual para todos se espera um crescimento de 9,5% da China, e há um grupo, que inclui a Ásia, os países petroleiros e o Brasil, em que o crescimento será muito forte. Embora existam atrapalhando os países bálticos, Europa Oriental, Grécia, Rússia, Argentina, Venezuela e México Com tudo isto, o PIB mundial deve crescer, em 2010, em torno de 3%. Ou seja, os quase 6% do Brasil não serão lá nenhuma Brastemp. E, em 2011, o crescimento deve voltar a se complicar. Por que?
Por causa da crise e das eleições o governo abriu as burras. Porém, se os gastos de consumo se elevaram, as próprias análises governamentais mostram que os investimentos no desenvolvimento da economia cresceram muito pouco. Mesmo admitindo-se que, como foi divulgado, a execução do PAC, que é a menina dos olhos do governo, tenha sido os 40% divulgados é muito pouco. Seja por demonstrar uma execução baixa, seja porque os problemas de infraestrutura e de investimentos requerem um esforço muito maior. E, para piorar, mesmo com tão baixo desempenho, os gargalos se acentuaram, inclusive na questão da mão de obra. Sobram empregos que exigem qualificações que os brasileiros despreparados não possuem. Assim, se todos consideram ser viável que o país cresça acima de 5%, em 2010, economistas sérios não acreditam que esta taxa seja sustentável ao longo dos anos. As pressões inflacionárias mostram que a economia doméstica está indo no caminho do aquecimento excessivo em 2010, daí, o desejo do Banco Central já expresso de aumentar os juros. É poristo que a oposição já está preocupada com os rumos do atual governo que aumentando os gastos, para a campanha eleitoral, criou mais pressões inflacionárias e uma situação fiscal muito mais apertada, o que pesa contra o ritmo de crescimento nos anos seguintes. A ironia é a de que ,quem tanto falou em herança maldita, pode acabar, de fato, deixando uma, se não houver uma condução melhor da política fiscal e monetária.

sábado, abril 03, 2010

Há solução para o trânsito de Porto Velho?



Bem, é verdade que se pode dizer que o problema de trânsito não é um monopólio de Porto Velho, mas, também se pode dizer que antes nós tínhamos um trânsito que se não era pacífico não tinha esta violência de agora, esta completa falta de regras e opções, os engarrafamentos, a grosseria, a falta de educação e, principalmente, o desagradável fato de que os acidentes se tornam rotina com os corpos estendidos no chão com escoriações e, muitas vezes, com a morte ceifando vidas preciosas. Num ambiente deste, diante do fato de que, mesmo quando se abre ruas, como a parte nova da Avenida Pinheiro Machado, muito pouco melhora é que se tornou também comum perguntar: se o trânsito de Porto Velho tem solução e quando ela virá.
Não se espera, certamente, como muitos ousados e mirabolantes pensam de um metrô nem mesmo da construção de viadutos que, dizem os especialistas, somente transportam o problema de um lado para o outro. Então qual a solução se solução existe? É claro que há soluções. Claro também que não é aceitável justificar os problemas com apenas com o crescimento da frota de veículos. Em parte o maior estímulo ao crescimento da frota reside na falta de um transporte coletivo que dê o mínimo de conforto e condições as pessoas e, ainda por cima, é muito caro pelo que oferece. Porém, qualquer que sejam as soluções elas passam por um estudo do sistema viário de Porto Velho que tem sido tratado com um amadorismo desalentador seja na hora de introduzir modificações, seja na hora de permitir, por exemplo, que prédios, inclusive públicos, agravem o problema ao levar para regiões já congestionadas mais circulação e, consequentemente, maiores problemas de circulação. Um exemplo bem negativo vem da própria Prefeitura que criou um centro de formação de professores, onde existe o Teatro Banzeiros, numa região central aumentando a quantidade de veículos na região central. Região, aliás, que já´deveria ter sido alvo de um tratamento prioritário tantos são os problemas de circulação por ali. Até mesmo o estacionamento é problemático e já pede medidas drásticas, talvez como estacionamentos subterrâneos ou pedágio urbano, quem sabe limitação de trânsito por final de placa do veículo ou mesmo a transformação em parte do centro num imenso calçadão.
Especulações à parte qualquer solução que se venha a implantar exige antes um estudo profundo da problemática, que, de forma simplificada, reside no excesso de veículos individuais circulantes em contraposição à falta quase completa de qualidade do sistema de transporte coletivo. Esta situação, evidentemente, pode ser extrapolada para todo o sistema, que, além de não ter sido concebido para a demanda atual (o último estudo sério do sistema viário foi feito na década de 80) ainda foi agravado pela facilidade de aquisição de veículos individuais aliado as vantagens de sua utilização cotidiana em contraponto com a ausência de transporte coletivo. O cidadão de Porto Velho precisa ter um carro, uma moto, uma bicicleta, um jumento que seja, pois, não pode contar com ônibus. Aliás, a alternativa que as pessoas tem é muita cara que é o táxi e, hoje, por mais incrível que pareça, o mototáxi que, apesar de todas as suas inconveniências e perigos, se tornou um alívio para as classes de renda mais baixa como meio de locomoção. De qualquer forma a solução do problema do trânsito de Porto Velho deve, necessariamente partir da avaliação do sistema urbano como um todo, e depois integrar um conjunto de diversas ações setoriais, inclusive com a criação de ciclovias, novas avenidas e ruas, em sistemas binários que ofereçam alternativas novas e a oferta de um bom serviço de transporte coletivo. È claro que a solução para o trânsito de Porto Velho existe e não deve ser única, nem exclusiva, porém, não virá se não houver uma cobrança política muito forte da população.