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sexta-feira, setembro 27, 2019

O INFERNO ASTRAL DOS TÉCNICOS



A bem da verdade não há nada de muito novo no fato de que três técnicos de futebol sejam demitidos de uma hora para a outra, exceto ser em lote e as decisões terem sido noturnas. A tônica forte da vida dos técnicos brasileiros é um retrato da nossa mentalidade: o imediatismo. Basta uma sequência de maus resultados para qualquer técnico, por melhor que seja, ficar com uma espada sobre a cabeça. No caso atual, se olharmos para o trabalho do Cuca, ainda que possa ter seus problemas, é um reflexo também da falta de um ambiente estável no São Paulo. Já Zé Ricardo nem teve tempo, a rigor, de mostrar nada. Inclusive, se comparado ao grande rival do estado, o Ceará, que se encontra a 7 jogos sem vencer, os quatro dele deveriam ser tolerados. Ainda mais que a defesa do Fortaleza, mesmo com Ceni, não apresentava um bom rendimento. Já Oswaldo de Oliveira é uma ironia das grandes. O Fluminense, mesmo com dois a menos, fez seu melhor jogo dos últimos tempos. A vida de técnico não é mesmo nada fácil.
Aliás, numa entrevista muito feliz, Sampaoli, se queixava das críticas aos técnicos, de não compreender nossa mentalidade. E apontava para Mano Menezes, um treinador de qualidade, que saiu do Cruzeiro, depois de uns resultados ruins, e só obteve vitórias no Palmeiras. Ele seria ruim em Minas e bom em São Paulo? Não. O exemplo inverso é o de Rogério Ceni que estruturou o Fortaleza e teve uma trajetória vitoriosa, a ponto de ser aclamado como o melhor técnico que a equipe já teve, mas, não conseguiu, na sua curta passagem pelo Cruzeiro, nada de relevante. É um técnico ruim? Claro que não. Tem toda razão Sampaoli quando afirmou que “Não se crê em alguém, o resultado muda tudo e torna alguém bom ou ruim. Há mais modificações do que do treinador em si. Que treinador é descartável e só é bom quando ganha e mal quando perde. Acaba sendo mais importante o roupeiro do que o treinador. Treinador se vai sempre”. É a pura verdade. É indispensável se mudar esta mentalidade de curto prazo e dar estabilidade aos técnicos para fazer um bom trabalho. Lembro aqui os técnicos Odair Helmann, do Internacional e Tiago Nunes, do Atlético Paranaense. Trata-se de dois grandes técnicos. Este ano o Internacional, até agora, não ganhou nada. Já o Atlético Paranaense ganhou a Copa Brasil. Será que por isto o trabalho de Tiago é melhor do que o de Odair? Difícil de dizer. Futebol também é acaso, é sorte, inclusive dos jogadores. Odair perdeu o campeonato gaúcho nos pênaltis. Tiago conseguiu eliminar o Flamengo e o Grêmio nos pênaltis. Um lance diferente podia ter mudado tudo. O Edenílson, por exemplo, foi crucificado por um lance que, dificilmente, Marcelo Quirino fará outro igual. E, aqui, entra o imponderável, inclusive a condição física e psicológica dos jogadores. Muitos deles não jogam o que podem por falta de treino ou por excesso de jogos. E, se o resultado não vem, a culpa será sempre do técnico. Os dirigentes deveriam ser muito mais cuidadosos tanto para contratar técnicos (e jogadores) como para dispensar. Pensar em criar um estilo de jogo e uma equipe, como no passado, quando se sabia quem iria jogar e se decorava o nome dos jogadores. Os times mais vitoriosos fazem isto. Cito o Grêmio que, em parte pela estrela e a competência de Renato, busca manter e reforçar uma equipe. De qualquer jeito a vida de técnico não tende a ser nada fácil mesmo. Lembro de, pelo menos, dois deles que tiveram um imenso sucesso com seu time e, mesmo assim, foram dispensados: Diego Aguirre, no São Paulo, e Lisca, no Ceará. Se houvesse bom senso e uma visão de longo prazo, certamente, as equipes seriam bem melhores e o inferno astral dos técnicos mais atenuado.

quinta-feira, setembro 05, 2019

A (IN) VERDADE NAS REDES SOCIAIS



Ninguém, que analisar a vida moderna, pode negar que as redes sociais expandiram a comunicação e são presentes na vida da maioria das populações, especialmente urbanas, bem como se tornaram importantes na relação clientes/consumidores. Na prática, os canais de comunicação ficaram mais abertos à interação, o que, sem dúvida, gera oportunidades, porém, também cria grandes desafios. O maior deles diz respeito as informações que circulam nas redes. Todos nós, empresas ou pessoas, estamos sujeitos ao uso do nosso nome por outros e isto se torna, cada vez mais, um problema na medida em que, por incrível que pareça, um estudo do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), dos Estados Unidos, garante que as notícias falsas se espalham pelas redes sociais com uma velocidade seis vezes maior do que as notícias verdadeiras. E, para tornar o estrago maior ainda, as pessoas retêm as notícias falsas por longos períodos, principalmente, quando estão aliadas às crenças que as pessoas alimentam. Assim, se uma informação falsa sobre um político que não gosto circula, eu (e você também) estamos mais propensos a lembrar desta informação por muito mais tempo.
Como alguém que já foi vítima de informações falsas sei muito bem que isto é verdade. Já tive blog invadido com post que nunca colocaria sendo colocado em meu nome. Já experimentei o dissabor de veicularem e-mails em meu nome com fins escusos e até mesmo postarem no Facebook informações que não postaria porque, no momento, só posto poesias ou músicas, justamente, porque as disputas político-partidárias altamente emocionais, derivadas das eleições presidenciais, criaram um clima que tornou o Facebook o maior palco da insensatez e da sem noção. Aliás, faz tempo que não opino, nem discuto em redes sociais. E até, diante da insensatez do que se posta, escrevi um livro (já publicado) com o nome de “Troféus de Caça-Contos da Era Digital” onde demonstro que as pessoas, nas redes sociais, talvez, por pensarem erroneamente, que são anônimas, perdem completamente o bom-senso e se comportam como se tivessem perdido, no mínimo, metade dos neurônios.
A verdade é que, queiramos ou não, o  ambiente digital se impõe na nossa vida e não podemos prescindir dele. No entanto, também traz muitos desafios.  Cabe a todos nós, pessoas e empresas, saber utilizar bem essas ferramentas. Embora muitos falem e escrevam sobre elas, de fato, ainda são muito recentes e estamos aprendendo a utilizá-las. É um processo educativo, porém, penso que as pessoas devem ter muito mais cuidado com o que dizem e escrevem nas redes e, em especial, se certificar se o que veem, realmente, partiu de quem aparece como autor. Nunca é demais lembrar que o que mais circula nas redes são as notícias falsas, as fake news. E que, como escreveu Mark Twain, muito antes de existirem as redes sociais: “Para quem só tem um martelo, todo problema parece um prego”. Verifique e pense antes de bater. Não que vá fazer muita diferença, mas, pelo menos, não estará contribuindo para o festival de falta de bom senso que inunda as redes sociais.

Ilustração: https://www.rappler.com/.