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sábado, dezembro 09, 2006

SOBRE MEMÓRIAS & ALQUIMISTAS

Um passeio rápido sobre os transformadores da vida no passado
Quem não se interessou em algum momento por alquimia? Eu também tive meus momentos de alquimista assim como enveredei pelo espiritismo, por um xamanismo e acabei, pasmem, por criar o meu induísmo à brasileira. Pois, meus amigos, uma dia já sonhei em ser casto, quis mesmo ser santo...Muito do que estudei nesta época o tempo levou assim como alguns papéis velhos de formulas e receitas foram queimadas por uma empregada ciosa que não compreendeu jamais porque me irritei tanto por ter queimado os papéis velhos que só alimentavam as traças. Muitas memórias perdi assim na vida por falta de um bom hardware, pela ausência de um scanner, alquimias modernas que no passado seriam considerados palavrões. E o micro não deixa de ser uma alquimia bem moderna. Um micro (que funcione) não deixa de ser um milagre humano só equiparável ao celular, que-dizem-serão, em breve, um só ou outro, quem sabe de tais alquimias?
O raciocínio sobre o assunto me veio da lembrança de que os egípcios, antes da era cristã, adquiriram grande habilidade na extração e no trabalho com metais. Até mesmo na coloração da superfície dos metais e na preparação das ligas que imitavam a aparência do ouro e da prata. Na Alexandria estas práticas se combinaram com a astrologia e a magia dos babilônios e com a filosofia dos gregos, daí foi um passo para esta fusão de conhecimento, especulação e misticismo passar para a Síria e a Pérsia e mais tarde, no século VII, para a Arábia. Os árabes pegaram, então a palavra grega chemeia, que se referia à imitação do ouro e da prata, juntaram o artigo árabe al como prefixo, e nos legaram a alquimia. Que tinha uma organização e algumas premissas fundamentais:

1. Toda matéria é composta de uma mistura de terra, ar, água e fogo, em proporções variáveis.
2. O ouro é o mais nobre e mais puro dos metais, seguido pela prata.
3. Qualquer metal pode ser transformado em outro, por um processo chamado transmutação, que consiste em modificar as proporções dos quatro elementos básicos.

Os alquimistas buscavam firmemente a transmutação de um metal básico em ouro, se supunha, podia ser conseguida com o uso de uma substância indefinida, a pedra filosofal. Assim como viviam a procura do elixir da vida e da panacéia. O primeiro a fonte da vida imortal e o segundo a cura de todos os males. Graças a Deus a inocência faz parte de todas as épocas. E naquela, pelo menos, acreditavam em coisas concretas não em palavras. Os alquimistas não podem ser subestimados. Seu trabalho foi, na verdade, a base real dos químicos modernos e fizeram experimentos tão importantes quanto são, hoje, os seqüenciamentos genéticos ou as sínteses de uma nova droga ou fibra. Os alquimistas não eram místicos ou charlatães inevitáveis e muito do seu legado persiste até hoje. Suas tentativas de todas as possíveis combinações das substâncias conhecidas, durante muitos séculos, possibilitou a rejeição das que não interagiam, e o registro lento e metódico das combinações e receitas que fizeram a química evoluir. A Química não seria uma ciência sem os alquimistas que construíram, exemplo, o esmaltamento de louças por Jabir (cerca de 760-815), alquimista árabe que se tornou conhecido dos europeus como Geber. Ele escreveu em seu Livro das Propriedades, que viajou do Oriente para o Ocidente uma receita como a abaixo descrita:

Tome uma libra de litargírio (composto de chumbo e oxigênio), pulverize bem e aqueça suavemente junto com quatro libras de vinagre de vinho, até reduzi-lo à metade de seu volume original. Tome então uma libra de barrilha e aqueça juntamente com quatro libras de água, até reduzir seu volume à metade. Filtre as duas soluções até que se tornem límpidas, e acrescente gradualmente a solução de barrilha à de litargírio. Forma-se uma substância que se deposita no fundo. Jogue fora a água e deixe secar o resíduo. Ele se tornará um sal tão branco como a neve.

Ou seja, como fazer o chumbo branco, utilizado durante séculos na esmaltação de louça e na pintura. Não somente por meio de receita como também por nomear e organizar os elementos os alquimistas deram uma enorme contribuição como foi o caso do que foi considerado o maior dos alquimistas árabes, Rhazes (865-925), cujo nome significa "homem de Ray", uma cidade da Pérsia. Num dos seus livros descreve inclusive qual deve ser o equipamento de um laboratório. Suas sugestões incluem, entre outras coisas os seguintes equipametos e utensílios: forno, fole, cadinho, alambiques, conchas, tenazes, tesourões, tachos, balanças, pesos, frascos, vidros, caldeirões, fogões, filtros, estufas, fornalhas, pratos, funis, banheiras. Talvez, hoje, se classifique um laboratório assim equipado como um covil de bruxa ou uma cozinha, porém, seria muito moderno para época, assim como, hoje, os grandes computadores nos parecem risíveis. E não se poderia subestimar Rhazes que conhecia muitos compostos químicos, incluindo possivelmente os ácidos sulfúrico e nítrico, bem como classificou a matéria como animal, vegetal ou mineral. Os alquimistas não estão chegando, porém, olhando para a nossa realidade, bem que estamos precisando de alguns.

quarta-feira, novembro 29, 2006

A INCIPIENTE ARTE DIGITAL

Um tempo, que me parece longínquo, me considerei um poeta. Uma ilusão talvez. Talvez nem mesmo existam mais poetas e a poesia seja um vicio do passado, de pessoas como o poeta Vinícius de Moraes, um Borges, um Neruda que fizeram com que as palavras contivessem emoção. A palavra, hoje, parece estar despida de sentimento, de teatralidade, de grandeza. Passou a ser um mero adereço do espetáculo. De certa forma a literatura, refém da vida, incorpora as novidades do cotidiano e não pode deixar de ter como matéria-prima a condição humana. Com as profundas mudanças tecnológicas a literatura também mudou, inclusive na forma de ser produzida. Lembro do escritor Joca Reiners Terron, autor de um caso clássico o seu romance “Hotel Hell”, sobre uma cidade degradada, que nasceu de seu blog (http://hellhotel.blogger.com.br/). Bem como livros que são, na verdade, posts de blogs, resgastes puros. Não parecem, porém distantes, na sua grande maioria, de sub-literatura com meu pedido de perdão antecipado para muitos bons intelectuais que os fazem. E, quando se trata de poesia, os produtos parecem piores, degradantes mesmo. Talvez, levando as ultimas conseqüências, a degradação da poesia seja a degradação da vida.
Do público é, certamente. E autor e público se modificaram com as múltiplas, as infinitas possibilidades tecnológicas. A interatividade, as obras coletivas e a comunicação instantânea até mesmo uma certa perda da autoria são fenômenos que ganham força hoje em dia. É possível que, como conseqüência das inovações, a poesia esteja migrando para outros espaços, a literatura mudando de forma e o sentimento de perda, de busca de uma poesia perdida não seja mais do que o anacronismo de um artista do passado que nem tomou consciência de que é um sobrevivente de um mundo que só existe ainda na sua memória. A Internet, imposição e progresso inevitável, com suas wikis e permissões facilitadas se tornou a grande mãe das idéias, a grande usina, a grande difusora de idéias, sejam boas ou não, com um amplo poder de comunicação e de mudança da produção, das técnicas e da estética.
Não vejo muitas coisas novas nem sequer novas técnicas na produção poética. A mídia e o público, com certeza, ficaram menos exigentes, embora existam núcleos muito intelectualizados e pouco influentes. Os recursos tecnológicos parecem ter encoberto a pobreza e até mesmo a miséria do conteúdo artístico. É possível que nos Estados Unidos ou em outros países desenvolvidos, o que se sabe que existe, por exemplo experiências com telas de textos programados, não necessariamente são bons exemplos de uma novidade em arte e nem no Power Point se vê um bom uso da técnica para a poesia. Os meios novos não tem sido bem utilizados para abranger o que se chama de arte ou da percepção do mundo dos artistas que parecem ainda pré-digitais. No fundo se existir a arte digital em literatura ou poesia parece ainda não ter um estatuto digno de ser percebido e difundido. A arte digital, pelo menos no que conheço, ainda me parece anêmica.

quarta-feira, novembro 22, 2006

AS FLORES DO EMPREENDEDORISMO

OU UMA REALIDADE EM MUTAÇÃO
Duas forças modernas praticamente desmontaram a capacidade dos trabalhadores de ter a mesma força de reivindicação do passado. A primeira delas foi a crescente utilização das máquinas nos diversos campos do fazer humano acabando com as tarefas repetitivas. Máquinas são, sem dúvida, uma solução muito mais prática, e confiável, para tarefas que exigem força, habilidade e que se repetem. A segunda foi a fragmentação da produção que, além de desterritorializar as fábricas, passou, por meio de redes, a aproveitar diversas formas antigas de trabalho como os dos free-lancers, o trabalho em casa, o trabalho parcial ou o pago por tarefa. Assim acontecem, ao mesmo tempo, duas condições que deixam órfãos populações inteiras que haviam desfrutado de certa estabilidade e poder contratual que, agora, se vêem desempregados ou obrigados a aceitar concessões ou situações precárias de emprego. Uma representada pela destruição de postos de trabalho (nas fábricas e escritórios) outra pela exigência crescente de maior escolaridade, pois o trabalho que se deseja, agora, é mental. Contra tais tendências não há como buscar abrigo no sindicato ou na lei. O sindicato porque se encontra esvaziado na medida em que o trabalhador não tem força para parar a produção e na lei na medida em que, como costume, tem que acompanhar as mudanças sob pena de penalizar toda a sociedade. Infelizmente o emprego da era industrial parece coisa do passado e, quem deseja sobreviver, tem que olhar para novas formas de criar riqueza buscando criar valor e renda.
No entanto o que se observa ainda é que mesmo as pessoas mais esclarecidas ainda pensam no presente com um olhar para o passado. Parecem, como observou certa vez Marx, pagarem, por não pensar, tributo aos mortos. É o que acontece comumente quando não compreendem que não bastam grandes projetos ou investimentos em infra-estruturas para criar desenvolvimento. Quando não compreendem que não é mais a indústria que gera empregos, mas sim o setor de serviços, a pesquisa, a tecnologia e o desenvolvimento de novos produtos. Impossível ter futuro sem conhecimento, sem educação, sem criar um ambiente que incentive o saber, a curiosidade, que crie nas pessoas o desejo de progredir, de buscar caminhos novos. Nestas condições não são pessoas que buscam empregos as que irão construir o progresso. São os empreendedores. Pessoas que desejam se arriscar, criar coisas novas, fazer seu próprio nicho. Este tipo de pessoas, porém não vicejam em ambientes burocratizados. São como flores que necessitam de ambiente propício, de um ambiente que, infelizmente, ainda não se construiu no Brasil de verdadeiro capitalismo. Um ambiente no qual o conhecimento, a criação de valor e o empreendedorismo sejam, realmente, valorizados.
Obs.: A ilustração é da notável artista sul-africana Georgia Papageorge.

terça-feira, novembro 21, 2006

A CAUDA LONGA

O jornalista Chris Anderson escreveu que 99% dos CDs vendidos no mercado norte-americano não são mais prensados e o mesmo ocorre na área de vídeo onde, dos 200 mil DVDs produzidos nos EUA nos últimos cinco anos, apenas 3 mil estão disponíveis nas locadoras do país. São dados semelhantes, colhidos no livro The Long Tail (A Cauda Longa), em que Chris analisa as causas e conseqüências da queda da chamada cultura dos hits (grandes sucessos) e a extraordinária ascensão de nichos de mercado altamente segmentados e personalizados. Para ele, o mais interessante é que o crescimento dos nichos de consumo não significa a morte dos mercados de massa. Na verdade implica numa modificação do varejo convencional e numa revisão estratégica drástica dado o aumento da oferta gerada pela internet e direcionada a mercados segmentados. È fato que o caso da música é exemplar. Até a virada do século, as lojas de CD eram as únicas com espaço físico suficiente para estocar uma maior variedade de títulos e estilos musicais. Como a venda era altamente concentrada, as gravadoras se acostumaram a investir nos grandes sucessos, que eram rapidamente consumidos no varejo, evitando que as lojas acumulassem grandes estoques. Caso semelhante ocorre com os CDs que também ilustra a lógica de funcionamento do varejo quando a oferta é limitada pelos custos operacionais. Um mercado como este possui a inevitável tendência de criar grandes sucessos pela homogeneização do consumo. Em mercados assim, com o comércio eletrônico, as operações ficaram descomplicadas. Não mais se empacota, transporta e estoca CDs. As músicas agora são multiplicadas, transmitidas e reproduzidas de forma digital, com custos praticamente nulos de armazenagem e distribuição. Com isto obras mais diversificadas, voltadas para públicos menores e especializados se tornam competitivas em termos de preços e a oferta se torna infinita.
Não se tem ainda uma conseqüência final do fenômeno que está sendo estudado por especialistas num novo livro, chamado de Cauda Longa 2, na qual se defende que a soma dos mercados segmentados em determinados setores pode produzir receitas superiores às de uma rede de supermercados como a Walt-Mart. A questão é saber que ramos do varejo se adaptam melhor ao processo da Cauda Longa e qual a rentabilidade mínima para garantir a sustentabilidade de um site de comércio eletrônico. Não se trata de uma tarefa fácil nem que seja resolvida logo, mas já existem avanços neste sentido. O certo é que o fenômeno da cauda longa é uma característica dos nossos dias.

quinta-feira, outubro 26, 2006

O PARASISTISMO OFICIAL

Lulla da Silva, quando chegou ao governo, não tinha, a rigor, plano algum. No máximo uma cesta de idéias de como governar o país. Com a pasteurização do “Lullinha Paz e Amor” de Duda “Dusselford” Mendonça ganhou. E, por sugestão dele, que precisava de um argumento forte de propaganda, o neo-presidente se apegou a um tema que só raspava: acabar com a fome. Criou o carro-chefe do programa Fome Zero que, mesmo herdando de FHC toda uma rede de política social não saiu do papel. Vieram os grandes escândalos que começaram com Waldomiro Diniz, continuaram e se aprofundaram com os empréstimos falsos do PT, com o aparecimento de Marcos Valério e o incomensurável e jamais medido pagamento do “Mensalão”. E foi o que se viu: centenas de parlamentares e companheiros atolados até a tampa, mas passou. Tudo passa. Quando tudo parecia entrar na senda do esquecimento aparece Marinho pegando a propina dos Correios e Roberto Jefferson, o do cheque em branco, botou a boca no mundo revelando que a mãe da corrupção estava no Palácio do Planalto. Caiu José Dirceu, José Genoíno, com dólares na cueca, Gushiken, Marcelo não tão Sereno, Silvio Land Hoover Pereira. Até se pensou que era demais que era o fim. Não era. Apareceu o escândalo da República de Ribeirão Preto, com a mansão e Mary Córner no meio, que desembarcou na quebra do sigilo de um pobre caseiro que revelou (imagine!) que haviam se juntado o ministro Palocci, o presidente da Caixa e assessores até do Ministério da Justiça para desmoralizá-lo. Até na eleição apareceu, com a copa, cozinha e secretário do presidente, a compra do fajuto dossiê Vedoin. Lulla fragilizado (e sem que o retirassem do governo como era devido) com o poder da caneta na mão se pôs a fazer o que sabe: política. Comprou os apoios que pode (e a presidência sempre pode muito) e resolveu partir para agradar a massa. Lulla, no entando sempre faz o oposto do que diz. Assim se disse que ia acabar com a fome, na verdade, resolveu perenizá-la para uso político. É o caso do programa Bolsa Família. Acabar com a fome (não é fome. Pessoas com fome morrem, mas insuficiência alimentar) é eliminar as causas que levam onze milhões de famílias - especialmente no Nordeste - a não ter como viver com a dieta recomendada como mínima pela ONU. Ou seja, terem acesso a emprego e renda. Serem cidadãos pelo seu trabalho. Não é receber mensalmente cestas de alimentos básicos. Só em situações especiais de calamidade se faz isto. A continuidade indefinida de um projeto assim conduz ao conformismo e à inação. Afinal por que trabalhar se a comida chega de graça? Aceitar como válida a tese da manutenção permanente de um programa assim (cujos males Malthus já apontava mais de 200 anos atrás) é considerar a fome socialmente irremovível. E como a oferta de recursos sem esforço de qualquer coisa gera sempre uma procura crescente a cada dia vão surgir no país todo um número cada vez maior de pessoas que não querem trabalhar em busca das cestas mágicas. È a consolidação da política peleguista de Lulla da Silva nos sindicatos e ONGs na sociedade. E, como sempre, paga com o dinheiro dos impostos públicos. É o “parasitismo oficial”, a perpetuação de um grupo político pela venda oficial do voto disfarçado de política social. Quero minha cesta básica tipo classe média.

domingo, outubro 15, 2006

DE ONDE VEIO O DINHEIRO?

Na verdade nunca vi o PT como um partido muito diferente dos outros mesmo que tenha começado, supostamente, entre os metalúrgicos. Trabalhadores mesmos não criam partidos, trabalham. E sempre me cheirou mal sua insistência na questão ética. A honestidade deve ser um valor intrínseco e não ser apregoada como monopólio de alguns homens, espécie que se sabe sempre frágil diante do poder. E assim foi.
Lula eleito logo surgiam indícios de que seu governo não seria muito diferente moralmente falando, mas foi. Logo surgiu o Sr. Waldomiro Diniz, assessor direto do Sr. José Dirceu, então Ministro Chefe da Casa Civil, recebendo propina de um empresário de bicho. E, na sua esteira, apareceu um gigantesco esquema de compra de parlamentares pelo Governo para compor maioria na Câmara dos Deputados. O caso também teve como detonador outro nomeado do governo flagrado pelas câmeras no exato instante em que aceitava suborno.
Da denúncia foi um passo para a queda de altas personalidades do governo intimas do presidente como José Dirceu, o Presidente do PT, José Genoíno; o tesoureiro do partido. Delúbio Soares; o secretário Sílvio Pereira, do famoso Land Rover recebido de presente a troco de nada. E não parou: houve a quebra do sigilo do caseiro da mansão do Lago Sul brasiliense, conhecida como República de Ribeirão Preto, que levou o então ministro Antônio Palocci, e o presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, a renunciarem, embora, agora, Lula diga que os demitiu. Todos amigos do presidente, do seu círculo intimo de auxiliares, inclusive o japonês Gushiken, envolvidos maracutaias tecidas dentro do Palácio. O presidente de nada sabia.
Não deu para ignorar, no entanto o parecer do Procurador-Geral da República que denunciou quarenta pessoas ligadas ao governo por formação de quadrilha inclusive taxando-os de "organização criminosa". Quando se pensava que, pelo menos, na época eleitoral iriam parar não é que aparece a distribuição ao PT de cartilhas da Secretaria de Comunicação da Presidência, um abuso que já comprometeria a legitimidade das eleições e caracteriza o uso da máquina pública. Não foi o bastante. O hábito do cachimbo entorta a boca. E, quase na hora de votar, surge o escândalo do Dossiê Vedoin com figuras como as de Freud Godoy, assessor pessoal do Presidente desde 1980; Jorge Lorenzetti, churrasqueiro da família; Oswaldo Bargas, marido da secretária particular e o próprio Ricardo Berzoini, presidente do PT, mas o presidente, coitado, novamente, de não sabia de nada sabia. Ou seja, é impossível confiar num dirigente que nada dirige nem de nada sabe, se formos acreditar nele. Se não acreditarmos é usar a lei para retirá-lo do cargo independente de eleição. Não se trata de golpe como dizem os petistas. Golpe é usar e abusar como fazem de ultrapassar a lei em proveito próprio. Há razões jurídicas fortes para a impugnação do PT e de Lula. Golpismo é querer que se ignore que a cúpula do partido, no mínimo, pretenderam acabar com a oposição e que utilizam de tudo para intimidar e se manter no poder a qualquer preço para impor, de forma solerte, ao país idéias anacrônica e o atraso. E continua sem resposta a questão principal: de onde veio o dinheiro? É impressionante o descaso com uma pergunta tão importante. Afinal esta eleição terá sido fraudada se não existir uma resposta de onde veio R$ 1,75 milhões. Como já se sabe que foi o PT, seu dirigente maior, o senador Mercadante, o circulo intímo do presidente e o diretório de São Paulo que estão envolvidos a eleição de Lula não terá nenhuma legitimidade se não for respondida a pergunta crucial: de onde veio o dinheiro?

domingo, outubro 08, 2006

A ILUSÃO DA PROPAGANDA

FHC BATE LULLA NOS PROGRAMAS SOCIAIS
Nos últimos tempos a capacidade de fazer propaganda do governo Lulla da Silva tem levado, boa parte por oportunismo, os meios de comunicação a comer moscas. Muitos repetem, acritícamente números que não se justificam em relação aos programas sociais. Em particular não dizem que, no governo FHC, entre 1995 e 2000, foi criada uma rede de proteção das classes mais pobres com 12 programas sociais diferentes, para fornecer benefícios regulares para 37,6 milhões de pessoas pobres (9,8 milhões de famílias). Os recursos utilizados para tal, em 2002, foram acima de R$ 30 bilhões. Este valor ultrapassou o total arrecadado com o Imposto de Renda no país, da ordem de R$ 20,2 bilhões.O Bolsa-Escola, o Vale-gás,o Bolsa Renda, o Bolsa-Alimentação, o PETI, todos são filhos do programa Comunidade Solidária, que garantia até 90 reais mensais às famílias, só que de forma diferenciada, por exigir reciprocidade dos assistidos. Em 2001 também foi criado o Fundo de Combate à Pobreza que garantiu recursos para esses programas. O que fez o governo Lulla ? Depois do retumbante fracasso do Programa Fome Zero, juntou os 12 programas de FHC num só rebatizando-o de Bolsa-Família. Qualquer medição isenta vai verificar que, com o nome atual de Bolsa-Família o programa atinge 11 milhões de famílias (somente 2 milhões a mais que os programas de FHC ). E se gastam os mesmos R$ 50 bilhões de antes. Apenas cada família recebe, em média, menos. E, aqui o lado negativo de péssimo efeito social, as pessoas recebem para não fazer nada! Este foi o grande avanço de Lulla: estimular as pessoas a se acostumarem ao assistencialismo. Alckmin, e daí seu desastre eleitoral, no Nordeste, quando diz que vai manter mais exigir contrapartida. É um tiro no pé. Eles estão acostumados a receber em troca de nada. A ironia é que esta é a grande realização do governo Lulla da Silva, seu maior cacife.
Logro semelhante é vendido em outras áreas. Veja, por exemplo, a saúde que atendeu, em 2002, 54,9 milhões de pessoas pelo programa Saúde da Família, ou seja, um em cada três brasileiros. As equipes do programa eram 328 em 1994, passando para 16.657 em 2002, um aumento de praticamente 5000%. Os agentes comunitários de saúde passaram de 29 mil, em 1994, para 174 mil em 2002. O projeto de lei dos genéricos virou lei, em 1999, mas no final de 2002, já existiam 696 medicamentos genéricos registrados,envolvendo 37 laboratórios. Cerca de 95% do mercado passou a ser atendido com os genéricos, em média, 40% mais baratos. Divulgados em maio de 2002, os resultados do censo 2000 apontaram uma queda histórica na mortalidade infantil brasileira ao longo da década de 1990. A redução foi de 47,8 óbitos por mil nascidos para 29,6. A expectativa de vida passou de 63 para 69 anos. Também aqui os programas de saúde do governo Lulla sé mudaram de nome, porém são a continuidade, os mesmo de FHC. Não mudou absolutamente nada. Só gasta muito mais com a propaganda de resultados que, a rigor, são frutos da gestão passada. Não é diferente na educação, pois, em 2002, o país tinha acima de 97% das crianças de 7 a 14 anos na escola, contra 88,6% em 1993.Entre 1994 e 2001, as matrículas no ensino fundamental cresceram 12,7%, um total de 3,3 milhões de matrículas a mais. As matrículas no ensino superior oficial cresceram de 971 mil em 1994 para 1,8 milhões em 2000.O governo FHC criou o FUNDEF para incentivar e melhorar o estudo fundamental .Que fez o governo Lulla? O PROUNI que fortalece o setor privado pagando com dinheiro público o estudo de pessoas em escolas particulares. Lulla, na campanha ainda, anunciou a criação do FUNDEB, que é o FUNDEF ampliado. O FUNDEB não está implantado até hoje. Nem é preciso lembrar a razão: Lulla demitiu seu ministro de Educação, Cristóvam Buarque, por telefone. Qual o motivo? Ele criticava o governo por falta de verbas para a educação e não concordava com a política educacional de Lulla da Silva. E quem conhece mais de Educação? Sabe quem diz que o governo Lulla gastou menos com o social do que o governo FHC?
O professor da Unicamp e ex-secretário de Marta Suplicy, Marco Pochmann portanto um petista de carteirinha, mas intelectual correto, que no artigo GASTO SOCIAL E DISTRIBUIÇÃO DE RENDA NO BRASIL- disponível em http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/jornal/PDF/ju288pg02.pdf não deixa a menor dúvida que o governo Lulla é muita propaganda e pouca realização.

sábado, setembro 09, 2006

A PÉSSIMA NOVELA DA VIDA REAL

Política é como o tempo. Muda assustadoramente, mas mesmo o tempo é possível se preparar para ele ou não. A nossa oposição ao governo Lulla da Silva, se pode ser chamada de oposição, é, no mínimo, uma oposição dorminhoca para não dizer omissa. Pegou Lulla de ceroulas e com as marcas de batom, e não o tirou do poder achando que bastava sangrá-lo, desconsiderando o imenso poder político e financeiro que é a presidência da República. Deu condições ao inimigo de praticar esta imensa fraude de marketing e de imagem.
O mais terrível e maior sinal de incompetência, se bem que muitos com uma má fé calculada derivada de que só pensam em dinheiro e muitos são vampiros, mensalões, sanguessugas e compradores de votos, só pensaram na própria pele e no modo de dominar o mercado eleitoral. Não são mais parlamentares. São negociantes de interesses, traficantes de benesses, daí a reforma eleitoral que foi uma fraude em favor do governo, que usa o dinheiro público, e dos candidatos ricos, que usam o dinheiro público e particular. Nunca uma eleição terá sido tão sem representatividade, tão comprada, embora ainda alimente a suspeita de que o povo não é burro e há de dar o troco. O silêncio geral pode ser um sintoma da rejeição popular.
Acabaram com qualquer tipo de mobilização. Os comícios, despidos dos shows, não atraem ninguém. As festas públicas, as reuniões do povo nas ruas, com a perseguição até a quem distribui um guaraná e um sanduíche, tornam qualquer movimentação maior um perigo para as candidaturas. Proibiram os candidatos de distribuir camisetas, brindes e bonés, de utilizar música nos palanques, de criar formas de levar o povo para as praças, de usar computação eletrônica e outras coisas mais que poderiam animar as campanhas. Só não proibiram mesmo de comprar voto. E é o que os candidatos tem feito: um verdadeiro leilão dos supostos donos de votos que incluem chefetes políticos, prefeitos, vereadores e líderes de associações de bairros e linhas rurais. Que deitam e rolam. É uma eleição para quem tem dinheiro. Ou o candidato compra ou não terão votos. Diziam que iriam baratear as eleições, porém esvaziaram o debate, deixaram as eleições nos jornais e, principalmente, nas televisões, onde o governo que financiou quase todas TVs, revistas, grandes jornais, aparece sozinho. Tudo redondinho e centralizado para reeleger Lulla da Silva, o pai dos bancos. Basta ver a derrama de dinheiro o rodízio das pesquisas desavergonhadas. Tudo fazem para idiotizar a eleição, e com a ajuda do analfabetismo, da marquetagem e do jornalismo pago a peso de ouro, transformar a eleição numa novela para levar o país a mais quatro anos de atraso. Ou, com o descalabro, ao impeachment de Lulla da Silva. De qualquer forma é uma novela sem garantia alguma de final feliz.

sábado, agosto 19, 2006

EM BUSCA DOS JUROS PERDIDOS

Noam Chomsky, um filósofo do comportamento moderno, diz que a sociedade de consumo transforma todas as disputas "em competição destrutiva", de tal modo que se arrasam os valores da cultura, da sabedoria da tradição ou das ciências e das artes. O que importa mesmo é competir e ganhar, seja em que campo for, num fundamentalismo consumista de roupa nova. O problema sério é que em sociedades cada vez mais numerosas (e que tendem a multiplicar suas populações) não há como todo mundo ganhar. Em geral, é a regra do capitalismo, ganham os que têm mais capital.
É o que acontece nos tempos áureos dos bancos brasileiros com Lulla da Silva. Basta ver que soltaram foguetes, em primeiro lugar, os dois maiores bancos privados do país, Itaú e Bradesco, cada qual glorificando seu maior lucro. Porém o canto de vitória não ficou restrito ao setor privado. Logo, o Banco do Brasil, o de “todos”, deve ser uma referência ao fato de que o governo faz o que quer, bradou que seu lucro anual foi superior ao de todos os outros, os privados inclusive. As cifras são impressionantes. Mencionam-se 11 bilhões de reais com a boca cheia. Para quem servem esses lucros aí está um dos busílis da questão o outro, como dinheiro não é “fêmea”, não se reproduz por si mesmo, é o de como foi obtido e a que custo. Aí o bicho pega.
O banco, em geral, não tem dinheiro próprio e sua função maior é a de intermediação financeira. Deveria ganhar dinheiro na medida em que cumprisse sua função de tirar dinheiro de quem tem, e não vai aplicar, para as pessoas que não tem e vão aplicá-lo em investimentos, em aumento da produção da sociedade. Deveriam utilizar para estimular o setor produtivo e ser mais e melhor remunerado na medida em que este tivesse sucesso. O setor financeiro, como o governo, não cria nada. Quem cria é o setor produtivo. No governo atual o desestímulo ao setor produtivo vem dos juros elevados, da própria concorrência do governo pelo crédito interno. Bancos não possuem escrúpulos. Bancos desejam lucros maiores. E isto eles tem conseguido no atual governo com as elevadas taxas de juros que permitem um “spread”, a diferença entre a captação e o empréstimo, bem acima do normal. E, mesmo quando o governo baixa a taxa, não se move, quase nada, do custo do dinheiro no varejo. O ministro Guido Mantega diz que vai fazer medidas para baixar os juros. Nenhuma é nova ou vai ter o menor efeito. Mantega afirma que os bancos devem “lucrar menos”. É um grande apelo à “bondade” do setor financeiro. Como o Brasil já acredita, no plano externo, que as nações são boazinhas, não defendem seus interesses, é normal que o pensamento se internalize e os banqueiros venham a ficar bonzinhos também. O problema é o passado recente. A CPI do Banestados, os escândalos que envolveram o Banco Rural e o BMG nas negociatas do publicitário Marcos Valério. Animais ferozes não viram cordeiros da noite para o dia. E um governo que não tomou atitudes antes não vai tomar no fim do mandato. Acredite em Papai Noel, saci, pesquisas e que os juros vão baixar.

domingo, agosto 06, 2006

AGOSTO AINDA NÃO ACABOU

Uma pergunta que não me sai da cabeça é: quais os interesses por trás das espetaculares prisões da Operação Dominó em Rondônia? Não me venham falar que estão fazendo justiça num país em que a injustiça é a norma. Não me venham, por favor, dizer que o tempo, a hora, o local, a cobertura da imprensa, a época pré-eleitoral é um acaso. Nada é por acaso. Tudo foi premeditado, tramado e calculado. As prisões espetaculares, o aparato desproporcional (350 homens para prender 23 dos quais, como se comprovou, nenhum resistiria à prisão), aviões, câmeras, o passeio dos presos algemados, o linchamento moral sem defesa dos envolvidos. Não estou defendendo ninguém. Os culpados devem ser punidos. A questão é o modo, a forma, a espetacularização.
Se foi uma operação modelo, um castigo exemplar, então cabe perguntar: por que Rondônia? Em que Rondônia é pior, ou melhor, do que qualquer outro Estado em ética e corrupção? Será que por aqui nós somos mais corruptos? A resposta que posso dar é uma só: não! Se efetuada uma operação, como a que aqui foi feita, em qualquer outro Estado, talvez o resultado seja muito mais surpreendente. Não quero espalhar mais lama do que a espalhada, mas duvido que mais do que, com otimismo, dois ou três Estados passem no teste. E, talvez, olha que escrevo só talvez, escapem algumas instâncias federais.
A Operação Dominó foi excelente. Que a Polícia Federal merece parabéns ninguém duvida. A questão está além, muito além, dela, que é um instrumento. Aqui vale lembrar que algo semelhante e menos espetacular, foi feito, na eleição passada, quando prenderam o ex-senador Ernandes Amorim. O processo, depois de todas as prisões espetaculares, foi anulado. Amorim é candidato e deve ser eleito deputado. A Rede Globo, impiedosamente, passou semanas dedicando o “Fantástico” às fitas do governador Cassol com cenas dos deputados que o estariam extorquindo. Usou e abusou. Rondônia virou exemplo de corrupção nacional. Não foi por acaso e não adiantou. A podridão do “Mensalão” explodiu e sufocou o foco em Rondônia. Fim da manobra de despistamento. Não vai adiantar de novo. As luzes na periferia são para esconder a grandeza da corrupção nacional. Não vai dar certo de novo.
Se desejarem, de fato, passar o país a limpo é bom começar por cima. Pelo centro. Não será aqui que irão encontrar os pais e as mães dos G-Techs, dos sanguessugas, dos contratos superfaturados dos Correios, as fontes do “Mensalão”, o mau uso dos recursos dos fundos de pensões, a evasão dos dólares do Banestados, o nascedouro dos bilhões dos paraísos fiscais, os rombos pendentes de investigação no Banco do Brasil, na Petrobrás, em Furnas e outros que é fastidioso enumerar. Prenderam as piabinhas de Rondônia, em termos nacionais, pegaram os três P’s de novo. Que tal repetir a experiência em Brasília? E nem vai precisar de avião. Agosto ainda não terminou.

domingo, julho 23, 2006

O ESPETÁCULO DO CRESCIMENTO CHINÊS

O conflito do Oriente Médio, com Israel bombardeando o Líbano, foi, juntamente, com os possíveis movimentos inflacionários dos Estados Unidos, a fonte de incerteza que atraía a atenção da mídia e dos mercados e pressionavam os preços do petróleo, porém a grande surpresa mesmo proveio da China. É fato. De novo a China de novo surpreendeu o mundo. Ao contrário do Brasil, que teima em estacionar, a China teima em crescer. E, mesmo contra a vontade expressa de seus dirigentes, cresceu no segundo trimestre 11,3% e, no primeiro semestre um crescimento, este sim, espetacular de 10,9%. Sem contar que a produção industrial aumentou mais ainda com taxa de 19%, quase 20% de crescimento industrial.Ulá-lá-lá!Bem a China é a China. Excepcional sob todos os aspectos. Embora tenha um disfarce de socialista e uma suposta abertura capitalista, a rigor mesmo, é uma ditadura coletivista, um exemplo singular que não dá para comparar com nada nem ninguém. Seu gigantismo explica grande parte de seus problemas e das suas potencialidades. É uma economia mantida artificialmente. Seu crescimento atual tem a haver com exportação e não se pode esquecer que parte da exportação resulta dos níveis baixíssimos do custo da mão de obra, quase escrava e da falsa competitividade que do câmbio fixado. Também os interesses norte-americanos de controle político ajudam a moeda deles a ficar bem mais valorizada do que deveria e a acumular, este ano, 130 bilhões de dólares de superávit comercial, fora os 900 bilhões de dólares de reservas que possuem. Se utilizassem o câmbio flutuante sua competitividade pioraria e as exportações seriam reduzidas. Não farão, exceto se obrigados.
A China é uma equação com poucas soluções possíveis. Repleta de desequilíbrios não resolvidos. Com uma necessidade de democratizar a política e a economia, mas sem poder soltar as amarras, sob pena de propiciar uma explosão de consumo que não poderá ser satisfeita. Nem dá para discutir seus imensos problemas econômicos, mas se sabe que, de alguma forma, terão que buscar soluções, pois não poderão eternamente sustentar as contradições atuais. O crescimento chinês, portanto é uma benção e uma maldição. Com um agravante que é o de que, ao crescer, requer mais recursos de todo o planeta. Não somente petróleo, como carvão, sua principal fonte de energia, ferro, soja, carne e outros tipos de produto. Fora que, quando a China cresce, além de forçar o meio ambiente, ameaça vários países com a oferta de seus produtos. A China é um gigante que não pode andar sem pisar na grama. O problema é que não sabe parar também. Ou seja, crescendo, ou não, é um espetáculo cheio de problemas.

domingo, junho 25, 2006

A CRESCENTE ECONOMIA INFORMAL

O crescimento da economia brasileira tem sido, em média de 2,5%, quando muito, como se prevê, no presente ano, deve alcançar, talvez, 3,5%. É muito pouco para um país que, na expectativa otimista do ministro do Trabalho, Luiz Marinho, vai criar durante o governo Lulla da Silva 5 milhões de empregos (metade do prometido) quando precisaria, só para absorver a entrada de novas pessoas no mercado, 1,5 milhão/ano. Qualquer economista que se preze sabe a razão. Sabe que crescimento econômico somente existe com o aumento do investimento produtivo o que não ocorre, no Brasil, por culpa do peso do Estado que anda próximo de absorver 40% da renda produzida no país.
Esta carga tributária brutal, aliada ao excesso de legislação e à falta de crédito, são os reais entraves ao desenvolvimento. E se refletem na elevada informalidade das empresas. Se, como informa o Sebrae, uma pessoa leva em média 152 dias para abrir uma empresa para poder pagar mais de 60 tributos, taxas e cumprir, no mínimo, mais de 300 leis, decretos, portarias para, no caso de não ter sucesso, ainda passar dez anos para poder fechá-la (e pagando por não ter como fechar) qual o incentivo ao empreendedorismo e à formalização? Uma pesquisa em duas das áreas mais comerciais de Porto Velho como a Jatuarana e a Amador dos Reis, por exemplo, mostram que 44,8% das empresas atuam na informalidade. É um dado assustador, principalmente quando os empresários informam que não possuem interresse na legalização por conta da exagerada carga tributária, da burocracia e da própria falta de conhecimentos sobre a legislação. Cerca de 32% deles afirmam, inclusive, que pretendem ampliar seus negócios informais, porém, de forma alguma, cuidar da formalização.
No entanto o impacto desta economia paralela é muito negativo sobre os próprios empresários e consumidores. A economia não-formal gera distorções em cadeia. A informalidade anda, obrigatoriamente, de mãos dadas com a irregularidade não somente pro causa da evasão fiscal que provoca como também pela concorrência desleal, que prejudica os pequenos legalmente cadastrados, como por, em geral, utilizar mercadorias de baixa qualidade e desembocar na reprodução da ilegalidade nas relações de trabalho, de vez que, sem a formalização, toda a mão de obra que utiliza acaba por ser também informal.
O nó real da questão está em que, na sua grande maioria, se, de fato, se formalizar deixa de existir. Ou seja, não se pode exigir realmente que haja uma formalização forçada. Uma fatia econômica que já ocupa um espaço tão importante do PIB brasileiro não pode ser ignorada nem simplesmente coibida. É indispensável que, antes de perseguir, se prense em alternativas de cunho social. É preciso mudar a legislação, planejar formas de inserção e não fazer de conta que a informalidade não existe. O Estado tem obrigação de criar novas formas de lidar com a economia dita invisível antes que se torne maior que a visível.

quarta-feira, junho 07, 2006

A RELATIVIDADE DO INSULTO

Um insulto tem, muitas vezes, um poder devastador. Se formos procurar, na história, certamente, há muitos mais insultos que criaram perturbações políticas do que se possui registro. Com certeza, também, muitos conflitos tiveram raiz num gesto de desprezo ou na depreciação provinda de algum grupo étnico depreciado. Talvez também se subestime seu valor em trabalhos da literatura e da arte.
É, no entanto, em nível individual, que o insulto é arrasador. Muitas vezes detona a moral de alguém ou provoca uma reação inesperada e, não raras vezes, extrema que tanto pode ser uma reação física, como um murro ou uma bofetada, como pode resultar na anomia, na fuga desesperada, na renúncia ou mesmo no suicídio. Insultos despertam os mais diversos sentimentos como ansiedade, depressão, desespero, raiva, desgosto.
Corrói a confiança nas próprias forças ou ativa o desejo de responder com muito mais força ainda e com muito mais insultos. Agora o que é insulto mesmo? O Aurélio não o trata com o merecido respeito. É pobre mesmo na sua definição dizendo sobre ele apenas que vem do latim medicinal insultu, que se trata de um substantivo masculino, tendo como significado injúria, ultraje, afronta, ofensa e como adendo que, em Medicina, significa ataque. Para mim o dicionário parece insuficiente e uma falta de respeito a uma palavra tão poderosa que deveria, no mínimo, lembrar que se trata de ser bruto, insensível, rude ou insolente com alguém, ou seja, deixa de lado o fato que um insulto é uma ação, ou uma inação também, que implica na humilhação de outra pessoa.
O insulto, todavia me parece ainda assim mais complexo. Talvez até mereça um livro que o explique porque também para que exista não se trata apenas da ação deliberada. É preciso que o outro também sinta que está sendo desprezado. Como, por exemplo, o Brizola chamou Lulla da Silva de “Sapo Barbudo”. Isto é um insulto? Acredito que não. Embora os sapos nunca tenham se pronunciado a respeito.
Agora o jornalista americano que chamou Lulla de “pinguço” claramente o insultou, embora possa alegar em sua defesa que se limitou a “constatar” os fatos. Aqui o insultado, efetivamente, chiou e reagiu, inclusive, de forma despropositada, querendo despachá-lo sem demora de volta à pátria. Pode-se também discutir o impacto e o tempo de reação do insulto. Há insultos difíceis de entender e há os que jamais são entendidos. Ou o que é um insulto, para mim, não é um insulto para os outros. Hoje me sinto assim insultado quando sei que Lulla da Silva é presidente do Brasil, por exemplo. É. Até o insulto é relativo. Para alguns a ignorância deve ser o paraíso. E isto é um insulto em massa.

terça-feira, maio 23, 2006

É PRECISO SER MODERNO

Os problemas oriundos da crise do “Mensalão”, fatos como as das operações “Sanguessuga” e os ataques de São Paulo são sinais efetivos que em face do país não ter feito o seu dever de casa, de não criar instituições capazes de equacionar as demandas públicas, o sistema político começa a apresentar sintomas preocupantes de ruptura, de incapacidade de assimilar as questões levantadas o que não só cria um fosso entre povo e classe política como é o ambiente ideal para as soluções de força e o surgimento de “salvadores da pátria”, apesar do atual, de plantão, ter prometido a esperança e estar nos ofertando o medo.
Não há como não lembrar que o país tem no cerne de seus problemas a falta de crescimento econômico, no último decênio, que se sabe oriunda da ausência de uma série de reformas modernizantes que não foram implantadas, daí que voltem sempre, em todo e qualquer, governo exigindo a ação que tem faltado. O pior é que há um consenso absoluto sobre a necessidade das reformas política, tributária, trabalhista e sindical e a do Estado. Por que não se faz? Por que nenhuma delas tem a mínima chance de ser resolvida em curto prazo? A resposta reside em que o Brasil, por muito tempo, foi um país de privilégios, de cidadãos de classes diferenciadas, de desrespeito aos princípios basilares da ética e da moralidade, daí conseguir compor um arcabouço jurídico no qual não é o mérito que acaba por prevalecer e sim o patrimonialismo, o compadrio. O fato real é que o Brasil não alcançou a modernidade. Nunca, efetivamente, fomos nem liberais quanto mais modernos. Sempre fomos governados por dirigentes que se regem por suas igrejinhas e jamais pelo bem comum, embora hajam existidos alguns avanços.
È, por conseguinte, da forma mais radical que se coloca, urgentemente, a necessidade inadiável da reforma das reformas que é a reforma política. A violência criminal de São Paulo é um aviso duro, cruel, um chamado inadiável à realidade: até os criminosos clamam por justiça. E não pode haver justiça num país que permite que o crime se incruste nos poderes, que governe sob o manto da impunidade e no quais as elites não dêem o exemplo. Ao contrário proclamem que os amigos do rei, por serem amigos do rei, têm direito à impunidade. Que demonstre, em exemplos claros, que por ter dinheiro e acesso ao poder pode se transformar tudo em pizza. Não é possível. Não é aceitável. Não é admissível. Ou, como se fez na Itália, se faz uma operação na qual se restaura o mínimo possível de credibilidade nas instituições ou caminhamos para o desgoverno, para o caos. No quadro atual o sistema político brasileiro já deu o que tinha de dar. Ou ingressamos na modernidade ou a barbárie pode se instalar cobrando um alto preço, em vidas, no nosso país.

sábado, maio 06, 2006

A LIÇÃO DO GÁS

O presidente Lulla da Silva, que paga uma pequena fortuna, para ter um acompanhamento sistemático dos efeitos que suas palavras produzem, poderia gastar um pouco mais para contratar uma assessoria melhor. Não há comunicação que dê jeito, depois que saiu da reunião dos presidentes aceitando a tungada que Evo Morales lhe deu e ao Brasil, que convença qualquer pensador sério que não ficou com o mico. Não adianta negar que o gás vai aumentar. É claro, evidente que vai. A Petrobrás pode até inventar tecnologias, porém ainda não faz milagres. Custos são custos e, pode até, num primeiro momento, suportá-los em nome da imagem presidencial, porém, com o passar do tempo, o fardo insuportável da pressão econômica levará ao inevitável: a tungada vai doer no bolso do consumidor.
A crise do gás não é o fim do mundo. É só o assunto do momento e a prova da fragilidade da política externa “ideologizada” atual. O fato concreto é o de que não adianta confeitar o bolo, enfeitar por cima, no fim, o gosto vai estar na massa. E a política externa do governo Lulla, como em todos os setores, pretendia inventar a roda e que, para espanto de todos, a roda tivesse quadratura, daí nada rodar direito, apesar da necessidade ter obrigado a arredondar os cantos.
O erro flagrante da diplomacia brasileira, a barrigada do gás, é fruto menos da própria diplomacia do que de um projeto consistente de país que o PT nunca teve, daí a improvisação, a falta de planejamento e divulgação de meias verdades como a de que o Brasil alcançou a auto-suficiência energética quando apenas a produção de petróleo se igualou ao consumo. A crise do gás só teve o efeito de repor a verdade e, mesmo assim, de forma parcial. A grande vantagem do presidente é que não possui o menor problema em atropelar a lógica nem as próprias declarações, se necessário, politicamente. Basta ver, na crise atual, como disse e desdisse com uma naturalidade de quem não se lembra de suas palavras anteriores. No entanto-isto elle sabe-as “palavras carinhosas” com que se referiu em particular ao presidente boliviano demonstram claramente que sua estratégia latino-americana foi para o espaço como já havia ido nosso astronauta.
Fundamentalmente dar prioridade ao espaço regional não difere em muito da estratégia de política externa adotada por Fernando Henrique. A verdadeira essência, porém de tal objetivo era muito mais ambiciosa (e irrealista). Havia a vontade de criar uma nova conjuntura mundial pela união de países mais fracos como, efetivamente, foi tentado. Não deu certo. Não poderia dar. É ignorar até a própria lição e a história do Mercosul, pois sua desintegração não é fruto do acaso e sim de uma política pensada e executada com competência pelos Estados Unidos. Lulla da Silva poderia aprender, com Condollezza Rice, que “O poder conta” e usá-lo com a Bolívia. Ao aceitar passivamente o jogo adversário só fragiliza seu papel, sua liderança e a própria posição do país.

sexta-feira, abril 14, 2006

PESQUISAS & ANÁLISES

Pesquisas não ganham eleição, mas são retratos. E há retratos ruins e retratos bons-mesmo se o fotografo for de qualidade. Um fato visível, na trajetória dos números em eleições anteriores, é que esses não significam muita coisa quando as eleições ainda estão distantes, bem como que eleição não é uma corrida numérica nem depende do que se diz sobre eles. Em síntese as pesquisas, nas disputas eleitorais brasileiras, desde 1989, com a redemocratização, se transformaram, com freqüência, menos em instrumento de melhoria eleitoral que de desinformação.
Não se pode desvincular as sondagens, no entanto do uso dos seus resultados nos embates políticos, e, porque não dizer, cretino em prol de interesses partidários e na interpretação das tendências ali constatadas, de forma nem sempre correta. Se as pesquisas não antecipam o resultado das eleições em compensação o desprezo pelas regras mais comezinhas de interpretação, a utilização de forma safada, e sem respeito pela análise científica, costuma ser uma constante na busca de desinformar e enganar os eleitores. Assim a manutenção de determinados patamares ou o ganho de alguns pontos, , transformam-se em manchetes, em ferramenta de atropelamento da verdade, ponto de partida para movimentos táticos na política e, não poucas vezes, do distanciamento até mesmo do bom senso.
Não acontece nada de muito diferente com os números obtidos agora na pré-disputa eleitoral da presidência. Há uma verdadeira glorificação do resultado pelos meios de comunicação pelegos e pelas hostes cripto-petistas que tocam os tambores como se o processo eleitoral pudesse ser movido apenas pela publicidade e pelos números das pesquisas e que se pudesse apagar toda a bola de lama que se espalha pela planície salpicando os poderes e suas figuras de proa. Há um esforço visível de fazer crer que tudo que aconteceu, e acontece, não significa nada. E neste esforço até tentam eqüalizar o país inteiro por baixo com a divulgação de uma pesquisa na qual só faltam dizer que todo brasileiro é corrupto.
É preciso se interpretar com cautela todas as pesquisas eleitorais no atual momento. Não apenas porque as legendas não sacramentaram as candidaturas em convenções partidárias, mas também porque há um candidato posto, Lula da Silva, que joga tudo, inclusive os companheiros ladeira abaixo, para permanecer no poder. Também não se deve esquecer o notável instrumental que comanda, a partir da presidência, que apesar de ineficiente para atender as demandas públicas, não o é para beneficiar correligionários, atacar opositores e fazer clientelismo. Assim é preciso que seus adversários, que são todos que lutam por um país democrático e melhor, não embarquem no clima de desesperança que sua administração instalou no país. È preciso manter o moral elevado para lutar e ter consciência que extirpar doenças sempre é um processo doloroso, sempre exige manter o otimismo e a crença num amanhã melhor.

segunda-feira, abril 03, 2006

A VITÓRIA DE URUCU

Finalmente, depois de longo tempo perdido, graças ao compromisso firmado pelo Ministério Público Federal com a Petrobras foram liberadas as obras do gasoduto Urucu-Porto Velho. Com a assinatura do termo, o MP retirou a ação civil pública que suspendia a licença ambiental prévia concedida à empresa e um projeto de fundamental interesse para nosso Estado e para a Região, um investimento de cerca de US$ 350 milhões, vai, por fim, ser iniciado. Assim a Petrobras e seus sócios, agrupados no consórcio TNG, conseguiram a suspensão da ação oferecendo a aplicação de R$ 10,5 milhões em projetos sociais na região do gasoduto através de convênio firmado com o Estado do Amazonas. O convênio também prevê a implantação do "Programa de Desenvolvimento Sustentável das Comunidades das Áreas de Influência do Gasoduto Urucu-Porto Velho" que deve fazer um diagnóstico das potencialidades e problemas da região; elaborar e implementar um plano de formação e capacitação das comunidades; diagnosticar necessidades e problemas de infra-estrutura com a instalação de soluções; e apoiar projetos de organização comunitária e iniciativas de produção sustentável, ou seja, envolve também a proteção indígena, assunto dos mais controvertidos, pois os especialistas em antropologia são de opinião que órgãos como a FUNAI são ultrapassados e a melhor maneira de proteger a diversidade cultural não consiste em tutelá-la e sim em fazer com que as diversas etnias consigam ser auto-sustentáveis, o que, certamente, não será conseguido com os índios sendo inimputáveis e não se responsabilizando por si próprios num mundo onde, fatalmente, terão que se aculturar e a maioria, de fato, está aculturada.
Também era inaceitável o que acontecia, de vez que o uso do gás natural da reserva de Urucu implica na construção de dois gasodutos. O primeiro, ligando Coari a Manaus já havia obtido a licença ambiental desde maio e deve estar em funcionamento dentro de 22 meses com um investimento de cerca de R$ 1 bilhão. O segundo gasoduto que liga Urucu a Porto Velho, em Rondônia, era obstruído por razões meramente politiqueiras. O que se alegava era que para a fazer as obras são necessárias duas estradas de 15 a 30 metros de largura, por toda a extensão dos gasodutos. Essas estradas chegam às duas maiores cidades da floresta amazônica- Manaus e Porto Velho, e se diz, com a maior cara de pau, que iriam inaugurar uma nova frente de migração, com ocupação desordenada e desflorestamento. O absurdo de tal colocação é que a primeira parte do projeto de exploração da reserva já foi realizada em 1998, com a construção de um gasoduto ligando Urucu à cidade de Coari, e depois não são estradas e sim picadas que, logo após o gasoduto, devem ser retomadas pela vegetação. Contra Rondônia e a Amazônia, porém vale tudo. Não querem deixar que exista desenvolvimento na Região para ser mais fácil destruir sua unidade e internacionalizar áreas de interesse dos estrangeiros. Por isto a licença é uma vitória de nosso Estado.

sábado, abril 01, 2006

ATÉ ENTRE ELES VIROU GALHOFA

Efetivamente já havia recebido o texto abaixo (ligeiramente diferente) e não há indícios de quem seja o autor, mas a novidade que me faz publicar é que o texto me foi enviado por um amigo petista(!!!) e com o adendo não é primeiro de abril. De qualquer forma é um alerta de que fomos esquecidos. Ou seja, ou nós cuidamos do abacaxi ou Deus tá se lixando:
"De Como Deus Desistiu da Terra
E Deus disse: "Que cresça a erva, que a erva dê semente, que as sementes cresçam e virem árvores e dêem frutos". Então povoou a Terra com flores do campo, lises, jasmins, violetas, brócolis e couves-flores, espinafres, milho e vegetais verdes e todas as espécies, para que o Homem e a Mulher pudessem viver com beleza e saúde longas e saudáveis vidas. E Satanás criou o McDonald's e a promoção de dois BigMacs a cinco reais. E Satanás disse ao Homem: "Queres as batatas fritas com quê?" E o Homem disse: "Na promoção, com Coca-cola, catchup e mostarda". E o Homem engordou cinco quilos e a mulher dez. E Deus criou o iogurte, para que a Mulher pudesse manter a forma esbelta.
E Satanás criou o chocolate. E a Mulher engordou mais cinco quilos. E Deus disse: "Experimentem a minha salada". E Satanás, demais, criou os pratos de bacalhau com creme e marisco. E a Mulher engordou mais 10kg.
E Deus disse: "Vou salvá-los com bons e saudáveis vegetais e o azeite para vossos deleites”. E Satanás inventou a gordura hidrogenada, a galinha e o peixe frito. E o Homem com dez quilos a mais viu os níveis de colesterol subirem como foguete não brasileiro. E Deus criou os tênis e o Homem perdeu os quilos extras. E Satanás inventou a televisão a cabo com controle remoto e mostrou ao Homem como é confortável beber e comer muito sentado e nem levantar para mudar de canal. E o Homem ganhou vinte quilos e teve um ataque cardíaco. E Deus criou a intervenção cirúrgica cardíaca. E Satanás criou o sistema de saúde brasileiro... Mas Deus salvou o homem com os convênios...e a aposentadoria para que ele pudesse descansar, lhe dando nova chance...
Aí Satanás nos mandou Lulla da Silva e o PT.
E Deus disse: Deixa o homem sofrer para aprender
E nunca mais deu notícias".

ACENDENDO A FOGUEIRA

O ex-deputado e presidente regional do Partido Socialista Brasileiro– PSB, Mauro Nazif, botou um pouco mais de lenha na fogueira da sucessão ao declarar, na sexta-feira, 31 de março, em entrevista ao programa A Hora do Povo, da Rádio Rondônia, FM 93.3, que conta com uma aliança da sua legenda com o Partido dos Trabalhadores – PT mesmo com a pré-candidatura de Carlinhos Camurça ao Governo do Estado. A aliança, de fato, tem sentido quando se sabe que na esfera nacional há um compromisso do PSB com o PT para marcharem juntos nas Eleições (o PSB é da base de sustentação do governo Lula), embora, segundo foi deliberado em Rondônia o partido terá a liberdade de resolver seus caminhos – inclusive com candidato próprio para enfrentar Fátima Cleide, pré-candidata ao governo do Estado. Nazif chegou a afirmar que tem uma aliança branca com o Partido dos Trabalhadores” e alfinetou o governador Cassol que, para ele, não teria como fazer alianças e iria disputar o pleito de forma isolada.
O governador Ivo Cassol acusou o golpe, a insinuação de que, possivelmente, no segundo turno, teria que enfrentar todas as outras forças partidárias juntas, ou seja, o recado era que ninguém quer Cassol só ele mesmo. Assim correu para desmentir que o Partido Popular Socialista – PPS marcharia “isolado”. Afirmando que se tratava de uma visão meramente oposicionista Cassol declarou que ser iminente a montagem de uma coligação que envolve o PFL, PTN, PSDC, PV e PP, afasta qualquer possibilidade de seu isolamento. Há até mesmo a intenção de atrair o PSL de Silvana Davis e Carlão de Oliveira, presidente da Assembléia Legislativa para seu lado, fechando, assim, um “Frentão da Reeleição”. Desta forma foi enfático: não existe a menor possibilidade de não ter partidos com quem formar alianças. Porém o governador, demonstrando um otimismo acima de qualquer suspeita, disse também que se fosse o caso “Estamos preparados para tudo, inclusive, para marchar sem nenhum partido atrelado.Temos o PPS estruturado e com boa e completa nominata”. E ironizou os oposicionistas dizendo que “Eles não terão vez: podem vir com frentão, frentinho, frentaço que temos nominata para enfrentá-los”.
É fato que as chances de Cassol são boas, por outro lado, embora otimismo tenha que ser a tônica de qualquer candidato, esta será uma das eleições mais difíceis que o Estado irá ter. Em primeiro lugar há a chamada “maldição do Presidente Vargas”, quem sentou na cadeira de governador do Estado até hoje foi sempre derrotado. Depois, se o governador conseguiu resistir, por duas vezes quase foi cassado, muita água vai rolar e, tendências nas pesquisas favorecem um nome novo. E sabe-se que o povo de Rondônia, nas eleições, sempre surpreende. O certo é que a fogueira já solta suas primeiras labaredas.

sexta-feira, março 31, 2006

O NOVO SALÁRIO MÍNIMO

Com a Medida Provisória nº 288, que reajusta o mínimo de R$ 300 para R$ 350,00, publicada, ontem, dia 31 de março no Diário Oficial da União o presidente Lulla da Silva aumentou o mínimo em R$ 50,00. A MP foi editada pelo governo como a forma encontrada de antecipar o reajuste do mínimo no mês de abril, um acordo extra-oficial com partes das instituições sindicais, de vez que o Legislativo ainda não analisou o projeto de lei, enviado pelo governo, sobre o aumento do salário ao Congresso. Sobre a questão o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), João Felício, considerou "muito bem-vinda" a medida provisória que eleva o mínimo para R$ 350 a partir deste 1º de abril (e não é mentira) O projeto de lei ainda não tinha sido votado pelo Congresso Nacional. O projeto, aliás, já está no Congresso Nacional há algum tempo e até hoje a Câmara dos Deputados não o votou. Como foi um acordo feito somente com algumas das centrais sindicais há segmentos contra e os entre os próprios parlamentares não há acordo sobre o assunto. De qualquer forma é uma questão que vai mexer com significativa parcela da população. Para se ter uma idéia o reajuste do salário mínimo (16,67% de aumento, ou seja, a inflação mais 12,07% de aumento real) tem impacto direto sobre a vida de quarenta milhões de brasileiros que ganham um salário por mês. Uma análise da história mostra que o novo reajuste é importante. No final do governo FHC, o salário era de R$200,00 com o novo patamar o governo está longe ainda de ter atingido suas promessas de campanha de, pelo menos, dobrar o salário mínimo. Também são pontos discutíveis do novo projeto de lei, ora atropelado pela medida provisória, a constituição de uma comissão quadripartite, que vai tratar da questão, e a mudança gradativa da data-base de maio para janeiro. Essas mudanças seriam uma tentativa de criar uma política permanente de manutenção e melhoria dos salários do trabalhador que, supostamente, estaria muito mais protegido do humor de quem eventualmente estiver no poder. Economistas afirmam que se trata de uma concepção errônea na medida em que soluções artificiais não mudam as leis do mercado. De todo modo estima-se que 45% das categorias profissionais terão o rendimento incrementado por conta da correção do salário mínimo, embora só 26% delas terão uma correção automática de valor, pois têm piso superior ao atual mínimo de R$300,00 e inferior ao novo de R$350,00. Os 19% restantes ganham entre R$350 e R$400,00. Estas categorias também serão beneficiadas, pois os sindicatos vão buscar na próxima campanha salarial melhorar a relação atualmente existente. Ou seja, o novo mínimo também vai alcançar trabalhadores acima dele. Porém, há sempre um porém em tudo, há um temor sobre os impactos nas pequenas prefeituras, na classe média, que arca com significativa parcela deste custo, e até mesmo na Previdência Social.

quinta-feira, março 30, 2006

NOVOS CAMINHOS PARA O MERCOSUL

Esta semana a assinatura do Tratado de Assunção, que criou o Mercosul, completou 15 anos de existência. Malgrado as constantes críticas de que o bloco não conseguiu seus objetivos não há dúvidas de que, no balanço geral, seus efeitos sobre a integração não pode deixar de ser considerado positivo. Na opinião relevante do ex-embaixador do Brasil em Washington, Rubens Barbosa, é a união aduaneira entre Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai foi fundamental para o aumento do crescente relacionamento na área comercial. Os negócios, entre esses países, alcançaram o recorde de US$ 21 bilhões. O resultado só não é melhor porque os próprios países desrespeitam as decisões comuns fazendo acordos bilaterais que acabam por impedir um desenvolvimento maior do Mercosul.
Em 15 anos de integração o comércio entre os países quadruplicou, com a corrente de comércio, saltando de US$ 8,2 bilhões em 1990 para US$ 34,2 bilhões em 2004, apesar dos choques externos e da debacle econômica da Argentina. Porém os avanços param no aumento do comércio. A união aduaneira não funciona. Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai ainda não têm política comercial comum nem regras iguais nas aduanas. O aniversário do bloco é cercado por uma crise (e as crises são reincidentes): a disputa entre Argentina e Uruguai em torno de duas fábricas de papel na fronteira. A insatisfação do Uruguai e do Paraguai com o domínio dos sócios maiores, Brasil e Argentina, no processo de integração também cercam de nuvens negras a comemoração da data. A avaliação dos governos é, hoje, de que o bloco chegou a um momento em que não tem mais opção: ou promove profundo aperfeiçoamento do ordenamento jurídico e institucional ou fica estagnado e pode até retroceder comercialmente, já que os países, principalmente os pequenos, precisam buscar novos mercados e melhorar seus níveis de desenvolvimento. Isto é visível pelo fato de que o Uruguai, com uma população de 3,3 milhões de habitantes e pouco industrializado, já reclama que a associação ao Mercosul parece mais uma condenação do que uma opção.E suas razões se alicerçam no exemplo de que, no ano passado, as exportações para o Brasil cresceram 27%, mas o país acumulou déficit de US$ 355 milhões. O vizinho quer mais acesso ao mercado dos sócios e mais investimentos. Até ameaça negociar com os EUA e assinar sozinho acordo de livre comércio, mas o governo uruguaio precisa de uma estratégia para sair da estagnação e procura uma saída. No fundo é a necessidade do Mercosul como um todo de novas estratégias que, por ironia, dependem da harmonização, do cumprimento de regras e do fortalecimento jurídico e institucional do bloco.

quarta-feira, março 29, 2006

NÃO HÁ MENTIRA SOLITÁRIA

É da lavra do próprio presidente Lulla da Silva a perola de que ''A desgraça da mentira é que, ao contar a primeira, você passa a vida inteira contando mentira para justificar a primeira que contou''. Eis porque a temperatura do episódio da quebra de sigilo, que continua se enterrando na mentira, com a suposta “demissão” constrangida, e imperiosa, do ex-ministro da Fazenda, Antônio Palocci, que, para Lulla, deve “servir de lição” e, é importante acentuar, mesmo. Não se esgota o episódio com a saída do ministro na medida em que prova que duas décadas de autoritarismo não foram suficientes para servir de antídoto para tentações totalitárias.
Ao povo brasileiro estarrecido não bastam as demissões de Antonio Palocci e Jorge Mattoso. È preciso sim esclarecer, definitivamente, todo o episódio, inclusive mostrando, como há insinuações neste sentido, que o próprio presidente não teve conhecimento da a violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Santos Costa. A enorme demora na revelação dos delinqüentes também não ajuda o governo a ter credibilidade. E esta não será restaurada o mínimo possível se não se der a conhecer o processo como se escancarou, como se usou a máquina do Estado na intimidação de um brasileiro comum por motivos exclusivamente pessoais e criminosos. Mesmo que a democracia brasileira goze de boa saúde, não se pode aceitar passivamente que haja a supressão de direitos constitucionais elementares. E, para piorar, que tal afronta tenha sido conduzida com empenho pelo governo do Partido dos Trabalhadores que, nos tempos de oposição, proclamava-se uma fortaleza da ética, da moral, da cidadania e dos princípios democráticos que eram sempre levantados como definidor ultimo das questões públicas.
A torpeza da ação é ainda mais grave no caso do caseiro não somente porque a privacidade de informações pessoais constitui uma das principais garantias dos regimes democráticos e somente permissível por ordem da justiça que, para piorar, tem negado isto para defender aliados do governo mesmo quando se mostra indispensável a investigações sérias (Não custa registrar que se trata de uma proteção inexplicável ao presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, a oposição à sua quebra de sigilo). Porém o mais espantoso, mais inexplicável do que a violação do sigilo de Francenildo tem sidoi o comportamento de parlamentares e autoridades do governo que, além de defender e acobertar a trama mafiosa que sustentou o delito, tratam a questão como se fosse um “erro”. Não é. É crime. E crime inadmissível com o inconveniente, perigoso e insalubre para a coisa pública, de colocar numa panela só interesses partidários, grupais e pessoais. O governo de Lulla da Silva não extrapolou os limites de suas prerrogativas só esta vez, daí a necessidade de que a nação fique alerta. Como disse Lulla da Silva depois da primeira mentira é inevitável continuar mentindo.

terça-feira, março 28, 2006

UMA QUEDA ENSURECEDORA

Não há registro, na história administrativa do país, uma situação tão constrangedora como a do ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Matoso, indiciado depois de confessar que quebrou o sigilo do caseiro Francenildo e, mais do que isto,que entregou pessoalmente o extrato bancário ao ministro Palocci. O desdobramento, com a panacéia do pedido de “afastamento” não tira o caráter de demissão e de uma demissão sobre todos aspectos desonrosa em que pese às desculpas esfarrapadas e a tentativa vã do ministro de negar que tenha tido qualquer envolvimento mesmo que operacional. É o primeiro ministro que se tem notícia que sai para ser indiciado criminalmente. A queda do ministro não foi apenas humilhante como foi também estrepitosa e ultimo recurso para estancar um mal que corroia aceleradamente o que resta do corpo sã. Não foi uma demissão, a rigor, foi uma amputação dolorida e sem anestesia.
Não adianta os parlamentares petistas, em especial a tropa de choque, Ideli Salvatti, Tião Viana e Mercadante, quererem, encobrindo o sol com a peneira, dizer que se trata de um “erro”. Um erro? È uma brincadeira. Foi um crime e um crime, como exposto por Matoso, coletivo e com um agravante: utilizaram a senha de outro funcionário sem sua autorização (estava de férias) para quebrar o sigilo com o intuito nada saudável de transformar o caseiro acusador em réu. Examinado friamente, por qualquer delegado, este não hesitaria em afirmar que não se trata somente de um crime, mas um crime acompanhado de outro, a formação de quadrilha, e com a finalidade de praticar mais um, qual seja o de atentar contra a honra de uma pessoa.
Acrescente-se ainda que não foi o passado, os fantasmas de Palocci, como também quiseram fazer crer, que o derrubou, embora deles tenham vindo o ponta-pé inicial. O que o derrubou foi a boca torta, o hábito de atentar contra as leis, o costume que é uma pratica usual de parte dos petistas de invés de discutir democraticamente os argumentos apresentados sempre procurar desqualificar os oponentes num jogo muito pouco democrático. De fato Palocci há muito tempo não tinha as condições éticas e morais para ocupar o posto que ocupava. Havia contra ele as denúncias substanciais de ter, durante sua gestão á frente da Prefeitura de Ribeirão Preto, ter recebido R$ 50 mil mensais, uma espécie de mensalinho da Leão & Leão, bem como as dúvidas sobre licitações de lixo, transporte público, merenda escolar, a ponte da rodoviária paga e não feita, o caso G-Tech, as dúvidas relativas ao seu envolvimento com os empresários de bingos e o dinheiro de Cuba, ou seja, eram muitos indícios que não poderiam ser desconhecidos. O presidente Lulla da Silva, olvidando o sábio conselho de que a mulher de César não somente deve ser séria como aparentar ser séria, ignorou todos esses sinais porque “devia muito” a Palocci e considerou tudo intriga da oposição. Que não era o demonstra a mentira final de negar o óbvio. Como custou a tomar a decisão a queda faz o barulho que faz e, definitivamente, joga lama para todos os lados.


segunda-feira, março 27, 2006

REFLEXOS DA CRISE

Enquanto parlamentares festejam a absolvição de mais um envolvido no escândalo do “Mensalão” e dirigentes governamentais, na ânsia de tornar uma testemunha em criminoso, não hesitam em passar por cima dos direitos mais elementares o reflexo de tais comportamentos se transformavam, em Porto Velho, num tiroteio, por ironia, numa das mais movimentadas artérias da cidade, a Avenida Jorge Teixeira, em frente à Escola do Ministério Público. Não se podem dissociar, de forma alguma, esses episódios na medida em que estão profundamente entrelaçados, pois o aumento da violência, da criminalidade e do banditismo é diretamente proporcional à falta de autoridade moral e pública.
É verdade que o Brasil é um país desigual. Não é menos verdade que acumulou, tempos afora, uma dívida social imensa, no entanto a violência crescente se alimenta fundamentalmente não tanto da miséria, mas muito mais da ignorância, da falta de escolaridade, do fato de que dos 60 milhões de brasileiros com menos de 17 anos de idade nada menos que 15,8 milhões não freqüentam escolas ou creches. São, portanto pessoas que, no longo prazo, tendem a ficar sem a escolaridade requerida pelos tempos modernos e, pior do que isto, como, no Brasil, metade da população (50,3%) está sendo atendida por programas de transferência de rendas o próprio governo está gerando uma imensa estufa de insatisfação porque como tão bem criticou o professor de Filosofia e Ética da Universidade Federal de São Paulo, Roberto Romano, os programas deste tipo somente surtem efeitos nas urnas e não na diminuição das disparidades, de vez que, segundo ele, voltamos “Ao clientelismo do Estado, só que invés de camisetas são distribuídos cartões” num processo que garante eleitorado, porém não transforma as pessoas em responsáveis por si mesmo nem ocupa o seu tempo, ou seja, como a mente ociosa-já diziam os mais velhos-é a oficina do diabo, as pessoas livres sem ter o que fazer tendem a ser presa fácil dos vícios e dos crimes e, neste caso, a renda baixa ajuda no recrutamento.
A verdade é que isto não é política social e sim assistencialismo. E o assistencialismo, aliado ao mau exemplo que as elites políticas estão dando, agindo como se o poder e o dinheiro dessem condição de fazer qualquer coisa, mesmo sem instrução, é o completo desmoronamento da ordem, dos valores sociais, da criação de cidadania e de uma democracia sólida. Acrescente-se que também, por mais esforços que sejam direcionados à consolidação do aparato policial, que já não é essas coisas, uma boa política de segurança não se faz apenas com a repressão. É imprescindível o aspecto educacional, o exemplo que venha de cima, o respeito às regras, mesmo as mais comezinhas, para que haja confiança social em que se comportar bem faz sentido e tem retorno. È tudo que não se vê em relação ao comportamento da classe política com os reflexos sociais dos assaltos, dos tiros, da completa insegurança de nossas cidades.

sábado, março 25, 2006

NA CORDA BAMBA

Eis que depois de 11 dias de reclusão voluntária e de profundo silêncio, em casa ou no Palácio do Planalto, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, finalmente, e em tom magoado, procurou defender-se das críticas que lhe são feitas por envolvimentos com seus velhos amigos da "República de Ribeirão". E começou como se fosse fazer uma confissão ou uma autocrítica afirmando que "Todos nós temos de pagar pelos erros que cometemos", para a silenciosa platéia de quase meio milheiro de empresários na Câmara Americana de Comércio, em São Paulo, e emendou "Mas não se pode transformar o debate político numa crise sem fim, numa crítica desenfreada de todas as coisas, numa agressão a vidas pessoais", continuou. E, falando devagar, avisou: "Quando chega nisso eu me afasto, fico um tempo distante."E comparou sua vida atual às agruras do inferno de Dante dizendo que economia que começa a voar em céu de brigadeiro e ele estava mais para o lado do inferno.
Muito bonito literariamente, porém não o bastante sob qualquer ponto de vista para quem ocupa uma posição tão elevada quanto a dele e que precisaria rebater, ou dirimir, de vez as dúvidas que pairam sobre seu comportamento. Não. Limitou-se, num vôo rasante de 15 minutos a se esconder nos bons índices da macroeconomia - em vender a idéia de que seu trabalho como ministro apaga os problemas levantados contra seu caráter como se a vida pública pudesse ser separada dos assuntos de sua vida particular como se fosse santo numa e pecador noutra e os papéis fossem separados. Utilizando estes argumentos chegou ao ápice de sua defesa ao afirmar: "Não posso, como ministro, debater todo tipo de acusações baixas e ofensas que são apresentadas no jogo politiqueiro. Aí sim, eu comprometeria a condução da economia". E, mesmo ressalvando que não se tratava da imprensa em geral e sim de alguns jornalistas que entram no jogo políticos e não vêem limites entre o que é justo investigar e a perseguição e a falta de respeito das pessoas o ministro chegou ao cume de suas possibilidades ao culpar a imprensa-o que não é nenhuma novidade. Infelizmente os fatos falam por si só. Não se trata de baixaria, e baixaria mesmo foi o que fizeram quebrando o sigilo do caseiro-e sim de que como a mais alta autoridade da economia brasileira pairam sobre sua atuação, seja como ex-prefeito de Ribeirão Preto, seja como ministro, indícios de que, por meio de assessores, utilizou recursos públicos para uso partidário e não se sabe se pessoal. O episódio do caseiro em si não tem significado fora do contexto. E o contexto é que, para escapar de ser responsabilizado, o ministro negou ter estado algum dia na chamada República de Ribeirão Preto, uma mansão alugada de Brasília onde ex-assessores de Palocci davam festinhas e faziam distribuição de recursos para políticos, bem como continua negando. A questão básica é que o caseiro Francenildo corrobora o depoimento do motorista de Palocci que diz que ele esteve lá, ou seja, o ministro mentiu. E ao mentir colocou abaixo toda a sua defesa. Agora foge do assunto e se refugia no silêncio e nas evasivas, porém perdeu a autoridade moral que o cargo requer.

quinta-feira, março 23, 2006

TANTO FAZ

A decisão sobre a verticalização, a parte de obedecer à lógica vigente, não modificar muito o caminhar da corrida sucessória, exceto para muitos candidatos prejudicados nos Estados e para os pequenos partidos, segue a conhecida rotina de que a vontade dos governantes e dos grandes partidos sempre prevalece. Embora os políticos e os meios de comunicação dêem destaque à questão em termos da população este não desperta senão a sensação de incomodo de ter que ouvir acerca da questão nos noticiários.
E, de fato, o assunto foi ofuscado, principalmente pela crise que envolve o ministro Antônio Palocci na medida em que os aprendzies de feiticeiro que o envolvem ao mexer no sigilo bancário do caseiro fizeram não somente com que os marimbondos ficassem assanhados como, por conseqüência, desmoralizaram públciamente mais uma instituição que sempre teve um certo respeito e reconhecimento público como é o caso da Caixa Econômica Federal.
Efetivamente deixaram o governo numa posição tão incomoda que é o próprio ministro da Justiça, Thomaz Bastos, quem, para encontrar uma saída razoável, procura desesperadamente identificar os culpados para salvar a face governamental. Afinal se já estava difícil o discurso de combate ao crime e da ética com o fato de que uma repartição pública age da forma que agiu como se diz popularmente “o bicho pega”.
Em última instância o que está por trás da firmeza de tal ação é a primeira pesquisa feita três dias depois que Alckmin foi ungido candidato do PSDB com o efeito de sua rápida subida de 6% enquanto o presidente Lulla da Silva estacionou e não há sinais de que a situação não possa senão piorar, daí que a preocupação, embora não explicitada, se situa em não permitir que as más novas que se desenham no horizonte deteriore rapidamente a aparente vantagem presidencial.
É uma tarefa, sob todos os aspectos, complicada. O PFL, com um diagnóstico próprio da situação e sua capacidade de farejar o cheiro do poder já optou por uma campanha agressiva que mostra Okamoto como “o amigo que paga as contas sem que se saiba” e com a ingenuidade tipica dos puros pergunta quem não tem um amigo assim. Sem contar que ressalta a toda hora as fraquezas do atual governo. O fato real é que a campanha, embora deflagrada, para a população em geral ainda não começou. Para ela, por enquanto, tudo que está se passando desperta pouco interesse. Na verdade, para a grande maioria, verticalização, ou não, tanto faz quanto tanto fez.

quarta-feira, março 22, 2006

A DISCUSSÃO ELITIZADA DA ÁGUA

A água, como uma das três principais fontes de poder do mundo, terá um papel cada dia mais crescente na vida humana. É por tal razão que uma das ações prioritárias da Agenda 21 brasileira se refere à preservação das água nas bacias hidrográficas, tanto em termos de quantidade como da qualidade. É este é assunto, basta verificar até mesmo aqui na Amazônia as agressões aos rios, cuja urgência se coloca quanto mais a necessidade de aumentar a quantidade de água disponível para as populações exige mais dos mananciais. E muitos deles, nas bacias hidrográficas brasileiras, apresentam pontos críticos que precisam ser tratados para proteger os mananciais e combater o desmatamento das matas ciliares evitando o assoreamento das margens dos que se dá também por ocupações irregulares. Esta preocupação se acentua ainda mais quando está em pauta o debate sobre a transposição do rio São Francisco que está ameaçado politicamente de ter seus recursos arriscados num projeto, no mínimo, polêmico quando a urgência seria tratar da recuperação das suas águas. A própria forma impositiva do projeto, no entanto tem um aspecto revelador, qual seja o de que a famosa gestão participativa de recursos hídricos, como tantas outras gestões similares, não passa ainda de elaboração teórica. Na prática, como usual em comitês, grupos de coordenações e conselhos, as participações quando não são meramente homologatórias não possuem a representação que deveriam ter sendo compostos por membros que obedecem a determinados interesses governamentais ou corporativos, de forma que o que se acaba tendo é apenas um faz de conta que está longe de servir aos interesses verdadeiramente sociais. Sem contar que, muitas vezes, se criam, até por estratégia, um número excessivo de comissões ou fóruns, com funções semelhantes, sobre um mesmo território o que não pode ser senão uma forma de esvaziar possíveis posições antagônicas.
O fato real é o de que, apesar de sua importância, aqui, em Rondônia, como em todo o país mal se promove a discussão, muitas vezes proposta, da gestão local e participativa dos recursos hídricos tão decantada quando da discussão da Agenda 21. Em muitos casos, em relação á água, o que se vê no Estado é a falta de um planejamento de longo prazo, de investimentos e as discussões se estreitarem apenas ao âmbito acadêmico e governamental. Não existindo assim nenhum conhecimento nem participação popular na gestão dos recursos hídricos estaduais quanto mais qualquer tipo de trabalho feito em parcerias entre a sociedade civil e orgãos públicos para manter e proteger nossas Bacias Hidrográficas, para a busca de soluções. A política de águas, em Rondônia, continua a ser, de fato, meramente discurso e um discurso acadêmico e elitizado.

terça-feira, março 21, 2006

SÓ COM TEMPO

Que as políticas fundiária e ambiental do governo Lulla da Silva são um desastre. Só mesmo os dirigentes e os partidários mais cegos são capazes de negar. Nem será preciso lembrar de um erro tão grave quanto o de abrir o precedente para que 3% do território da Amazônia possa ser ocupado pelos interesses pouco claro de ONGs sob a forma de “aluguel”. Um aluguel que, aliás, é determinado por um prazo tão longo que corre o risco de se tornar usucapião. No fundo se legaliza a possibilidade de biopirataria e a intromissão indevida de forças externas dentro do país com um agravante que já se sabia e é desvendado publicamente pelo livro “Máfia Verde”, de Lorenzo Carrasco, que revela ser esta política ambiental (e a ação das ONGs) uma forma planejada e deliberada de manter as populações no subdesenvolvimento e a Amazônia intocada. Ou será que é outra coisa que a tal da “Florestania”, a tese de que devemos viver aqui como se fossemos ribeirinhos e seringueiros, prega? E calcada nesta bandeira que não oferece resultados para empresas nacionais e/ou pessoas físicas se vai entregar, a partir deste mês, 13 milhões de hectares para entidades cujos mantenedores se sabe que são, em sua maioria, multinacionais que, ao que se sabe, não fazem nada, inclusive ações sociais, sem objetivos calculados.
Isto somente, porém é possível em razão também da inação completa em termos de ação fundiária. Não é somente em nível nacional nem são apenas as invasões do MST que revelam a fraqueza das instituições do setor, a falta de uma política com a mínima consistência. Em Rondônia são também fatos, antigos e novos, como a suposta venda de lotes por servidores do INCRA nas proximidades da Floresta Nacional de Jacundá. E, para piorar, um órgão que não consegue nem desalojar os sem terras de sua porta onde já se perdeu a contagem do tempo em que lá se instalaram, tenta demonstrar força, justamente, contra quem, como os posseiros de Jacundá, tentam viver e exorbita a ponto de legislar não permitindo “a criação de galinhas e porcos que não sejam para a segurança alimentar”. Como sempre o órgão que chegou atrasado que já encontra situações estabelecidas, situações fáticas, que não são respeitadas, é forte contra os fracos, omisso contra os que interessam politicamente, como é o caso do MST e incompetente nas ações que devem realizar como comprovam os atrasos superiores a 50% nas ações previstas para o ano em curso. O fato, indiscutivelmente triste, é o de que o Estado de Rondônia mesmo tendo um planejamento, um zoneamento econômico-ecológico, que é pioneiro e custou uma fortuna, acaba tendo seu espaço e sua política ambiental sendo gerida ao sabor das circunstâncias por completo despreparo e falta de atenção aos parâmetros técnicos e legais mínimos. Mas quando não se respeita a Constituição, como vem acontecendo cotidianamente, e nem se pode apelar para a Justiça como o cidadão vai resolver? O tempo há de responder.

quinta-feira, março 16, 2006

O CRESCIMENTO COMO TEMA DA CAMPANHA

Todo processo de desenvolvimento conhecido é acompanhado por elevação dos índices de inflação. Somente quando a inflação passa de um certo nível, em geral quando ameaça entrar na casa dos dois dígitos, é que há uma maior preocupação e se privilegiam políticas para estabilizar a economia. No caso particular do Brasil, que passou 33 anos entre os mais altos índices de desenvolvimento do mundo no período compreendido entre os anos 40 e 80, a elevação da inflação jamais se constituiu em entrave para o crescimento. Somente quando, com o Plano Real, perseguimos a estabilização foi que a inflação passou a ser predominante como meta de políticas públicas, porém ao custo de perdermos o impulso para o crescimento.
O que nos parece particularmente estranho, principalmente em relação a alguns economistas, técnicos do setor público e professores de economia, é a insistência em afirmar que não será possível crescer acima do nível de 4% sem gerar pressões inflacionárias como se isto fosse o fim do mundo e impossível a convivência do crescimento mais alto com um nível mais alto de inflação-oposto da experiência histórica brasileira. O preço desta visão pouco prática se evidencia nas altas (e insanas sob o ponto de vista nacional) taxas de juros consiste na manutenção da falta de perspectivas de crescimento e de mudanças na desigualdade na distribuição que tem, ao contrário, se acentuado. A insensatez de manter esta atitude vai ser desafiada, agora, pelas eleições presidenciais. Há, e as tendências dos institutos de pesquisas apontam uma visível insatisfação do eleitorado com a política econômica que, sem dúvida, deriva da trajetória mantida do “vôo de galinha”.
A possível polarização entre o PSDB e o PT, que não abre espaço para grandes mudanças, se não for surpreendida por uma nova aventura política, não terá muitas opções. Ou vai se centrar na exposição das vísceras da corrupção do atual governo petista ou terá que, obrigatoriamente, examinar as alternativas para retomar a estrada do desenvolvimento. Como o ungido governador paulista diz que não irá partir para a primeira hipótese com uma campanha agressiva anti-Lulla, será preciso, no mínimo montar para a próxima campanha eleitoral, um projeto de governo que contenha um plano definido com clareza, e didático, para explicar a sociedade como irá fazer para crescer e quais as razões pelas quais as políticas do atual governo impedem o crescimento. Pode até não dar certo como estratégia eleitoral, dado o pouco tempo disponível, a dificuldade e a complexidade do tema, porém se efetivamente este rumo for tomado vai obrigar o atual governo a se comprometer, no caso de vitória, com uma estratégia de crescimento. O duvidoso é se as promessas de campanha valerão alguma coisa.

terça-feira, março 14, 2006

SENSACIONALISMO A QUALQUER CUSTO

A carteirada sempre foi um abuso dos que se sentem superiores aos demais mortais, embora seja lícita quando uma autoridade necessita de usar das suas prerrogativas. Embora tenha servido de gozação até em programa humorístico ela sempre sobreviveu e, muitas vezes, principalmente, hoje, quando não se distingue mais quem é quem, porque as autoridades já não são mais conhecidas, nem muitas vezes tem a distinção que os cargos exigem, daí que sem exibir sua carteira, uma marca externa, como o broche na lapela não se obtém nem sequer o respeito que deveria ser dado a todos. Assim, a rigor, o que ocorreu há pouco tempo com o comandante do Exército, no aeroporto de Campinas, com a evidente carteirada, de vez que o avião estava lotado e taxiando no pátio, somente tem de inconveniente o fato de ter perturbado os passageiros e dois deles terem “cedido” seus lugares ao casal militar que embarcou e foi devidamente castigado com uma vaia.
De fato, salvo se os passageiros se utilizassem do direito de reclamar, o episódio, por sua pequenez, deveria ter morrido aí. O problema é que de um pingo de água fizeram uma tempestade. Ninguém fala nada com o oposto: inúmeras vezes há um abuso de autoridade dos atendentes que negam à passageiros que chegam atrasados seus direitos de embarcar mesmo quando há vagas no avião e este ainda está com a porta aberta no solo. Sem falar quando há, o que não tem sido incomum, overbooking. De certa forma o general, com sua carteirada, vingou muitos passageiros que, mesmo reclamando, são vitimas de procedimentos assim. Não quer dizer que esteja certo, mas também não cometeu nenhum pecado terrível. E todos sabem (e até por isto fizeram o que fizeram) todos não são iguais perante as leis nem as autoridades.
O grande erro do comandante do Exército, general Francisco Albuquerque, parece ter sido o de insistir em que "não usou prerrogativa" do cargo, "não sabia" das providências tomadas para o retorno do avião nem dos benefícios oferecidos aos dois passageiros que cederam seus lugares. Evidente que não se envolveu, mas, parece se comportar igual à Lulla da Silva e não ter consciência dos seus poderes e de suas responsabilidades. Não é verdade que agiu "como qualquer cidadão" que se sente prejudicado. Até porque não é qualquer cidadão. A rigor o episódio de Viracopos é um problema menor que, parece por falta de assunto, foi tornado um grande pecado que serve apenas para manchar ainda mais as instituições e tornar público um problema localizado com danos à imagem do comandante que são muito maiores que seu ato que, se fosse o caso, deveria ser contestado nos fóruns devidos pela TAM que nem se pronunciou. O caso mostra somente a necessidade, em nossos tempos, de criar sensacionalismo por qualquer coisa e sem refletir sobre os danos sociais que isto acarreta.

domingo, março 12, 2006

ATOLADOS NA FALTA DE HORIZONTES

A reeleição, nos moldes em que foi feita e na atual conjuntura brasileira, é um mal, um péssimo negócio. Não se trata apenas do presidente Lulla da Silva, que pode ser reeleito apesar de toda a classe média e da opinião pública mais conscientizada ser totalmente contra, mas de sua realização em todos os níveis. A constatação que se impõe, cada dia mais, é que, por não existir mecanismos de medição efetiva das realizações dos administradores, a eleição se trava, de fato, mais no campo do marketing, da publicidade do que em qualquer outro. Neste sentido quem já ocupa o poder por sua exposição quase obrigatória, por dispor da chave do cofre das verbas publicitárias públicas e inaugurar (ou bi e tri inaugurar) aparece em eventos que o colocam, obrigatoriamente, em posição privilegiada quanto mais use os instrumentos à disposição-vide as intenções de votos no atual presidente, mas não só nele. Aqui mesmo, em Rondônia, a situação é similar: a oposição ainda não tem candidato definido e Ivo Cassol aparece na “pole position” graças à ampla campanha publicitária, exposição de feitos como a “Rodovia do Progresso” e a ausência quase integral de oposição e de críticas dos meios de comunicação. Ótimo para ele, péssimo para uma avaliação real do que tem feito e para o exercício da democracia.
É verdade que fazer política é mobilizar o povo, é constituir partidos fortes, criar uma militância, mas como se faz isto contra a ação invasiva da mídia, sua intensificação, seu bombardeio, de um modo crescente, que consegue fazer a cabeça das pessoas, rapidamente, com uma novela ou um Big Brother da vida? Pode se dizer que isto deve ser combatido. Mas como fazer este combate? Como é mesmo que se conversa com amplos setores da população? Como, por exemplo, se vai desfazer uma notícia do Jornal Nacional ou um programa de uma hora transmitido para todo o Estado na qual se defende idéias que são apresentadas como a “verdade” sem nenhuma contestação, sem nenhum contraponto e com argumentos falaciosos brandidos sem nenhuma sutileza? Que resposta se pode dar a coisas assim? Organizar manifestos? Explicar aos meios de comunicação, processar? Os meios de comunicação são dirigidos por interesses específicos e, entre eles, pesa bastante quem paga. Já a Justiça, ah a Justiça! Quando se olha para cima e vê o ministro Jobim, o fiador do sigilo de Okamoto, não se precisa dizer mais nada. Quanto à população em esta repousa em berço esplendido tendo pouca informação ou desconhecendo os assuntos e com pouco interesse por eles. Uma população sem escolaridade e que não lê, que só assiste televisão, ou escuta rádio, como se dialoga com ela? Em geral não se dialoga. Daí a pasmaceira geral, a indignação dos mais esclarecidos que se choca num muro de indiferença, a incapacidade que possuem de realizar um trabalho político educativo de convencimento da população de que é preciso mudar o país. No fundo isto reflete a falta de elites com visão e projeto nacional. Reflete a política de casuísmo, corporativismo e patrimonialismo que domina a cena nacional.

sábado, março 11, 2006

VEM AÍ TEMPO QUENTE

O carnaval terminou e começou o ano de fato. E é um ano que promete, pois, além da Copa do Mundo, as eleições vem aí e o jogo será muito mais pesado com a canela sendo considerada do pescoço para baixo. As provas de que assim será começaram com o encurralamento do ministro Antonio Palocci, que se encontra numa posição delicada, tendo em vista que suas versões tem sido, sistematicamente, desmentidas por testemunhas e, convenhamos, sua defesa é muito frágil quando apela não para desmentir os fatos e sim para querer desqualificar as testemunhas. O duro é que, muitas delas, como Buratti, conviveram com ele e as ligações, via telefonemas ou pessoas comuns, não deixam muito espaço para que se possa desmentir que, de alguma forma, os procedimentos do ministro quando prefeito, no mínimo, deixaram a desejar. E o pior é que até autoridades militares, no bate-cabeça dos ministros de Lulla da Silva, são contestados nas suas versões o que não ajuda muito a credibilidade de qualquer um deles. A verdade é que tudo que falam vem sendo desmentido pelos fatos.
Também a aparente posição de favoritismo de Lulla da Silva vai começar a sofrer sérios golpes. Basta ver as aparições televisas no horário político, bem no horário nobre, da senadora Heloisa Helena, remexendo, sem dó nem pena, as feridas do PT e do governo com uma calculada paixão (e frieza) que deve fazer o governo sangrar muito mais do que tem sangrado. Não se pode esquecer que Lulla, como Cassol em Rondônia, surge com favoritismo pela exposição e pela completa falta de oposição que, para sorte deles, tem sido incapaz de articular candidaturas ou fatos que venham a por em xeque seus governos. No entanto isto irá mudar na medida em que se aproximar as eleições. Que já está mudando basta ver a representação ajuizada no TSE em que o PT alegou ter o PFL desviado a finalidade de sua propaganda partidária ao utilizar imagens de seus integrantes em contexto que os associa a práticas criminosas e ao não identificar a sigla do partido responsável pelo programa. Trata-se, é claro, dos comerciais políticos em que se bate continuamente, mostrando manchetes dos escândalos ou fotos dos homens do governo e do partido atingidos pelas denúncias de corrupção. Apesar do ministro Gomes de Barros, corregedor-geral da Justiça Eleitoral, negar a liminar que pretendia suspender a propaganda do PFL isto já é um sintoma do aquecimento da campanha. Ainda mais que o PFL protocolou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) representação contra o presidente Lulla da Silva por prática de propaganda eleitoral antecipada e utilização de slogans e símbolos em eventos públicos. Na representação, o PFL argumenta que o presidente da República vem se utilizando das prerrogativas do cargo para fins evidentemente eleitorais e transformando eventos de gestão em meios de propaganda eleitoral. O clima, com a definição prevista de candidatos em abril, só tende a ficar mais quente e, pela amostra, o vale-tudo não vai ter regras. Vem aí um tempo muito, muito quente.

sexta-feira, março 10, 2006

A HIERARQUIA DOS MAUS EXEMPLOS

Os péssimos serviços que o Estado brasileiro fornece em troca de altos impostos, em todos os níveis de governo, não são novidade para ninguém. Ocorre que, para a manutenção de padrões civilizados de convivência, o mínimo que deve preservar é sua capacidade de manter a ordem interna. Esta no Brasil se encontra permanentemente ameaçada não apenas porque a violência é ubíqua e sistemática, mas, mais ainda, por, nos dias atuais, a ousadia dos bandidos estar crescendo na proporção da incapacidade do governo. Basta verificar os recentes acontecimentos que cercam o roubo armado de armas num quartel do Rio com a rendição de militares que proporcionou a ocupação de uma dezena de morros cariocas pelo Exército. Em suma se nem as Forças Armadas são mais respeitadas os bandidos vão respeitar quem?
Acontece também que os fatos não acontecem por acaso. A exposição das vísceras da corrupção, com a confirmação cabal das suspeitas públicas de que o que se pensava era verdade, que o uso da máquina pública, para campanhas e enriquecimento ilícito é prática rotineira na atividade política, seguido do espetáculo de impunidade não é dos mais educativos. É terrível o que se assiste quando se chega a ponto de inocentar dois parlamentares que, comprovadamente, receberam dinheiro de Marcos Valério, dinheiro, portanto extraído do poder público por vias tortuosas. Péssimo exemplo que se dá a sociedade. É, de fato, ainda mais chocante com a desfaçatez do deputado Roberto Brant que afirmou “Crime eleitoral não é quebra de decoro”, sinalizando para a sociedade que basta ter dinheiro, ter poder que tudo, absolutamente tudo, é permitido até mesmo afirmar que preto é branco contra a boa visão de todos os que não participam das mamatas públicas e pedem que se respeite, ao menos, a inteligência das pessoas. Diante disto que se pode esperar em relação ao comportamento social das pessoas se aprendem, de forma tão didática, que vale tudo?
Não é, portanto à-toa que dirigentes de Ongs e do MST considerem legal, e legítimo, invadir empresas, prédios públicos, quebrar laboratórios e dizer até o que deve ou não ser objeto da atividade econômica como se não estivéssemos num país de iniciativa privada. Muito pior é que parte dessas manifestações seja financiada com dinheiro público e incentivada pelo comportamento tolerante, ou omisso, das próprias autoridades encarregadas dos problemas. Como fruto de tanto mau exemplo não é de espantar que, em Porto Velho, no Urso Panda, ocorra mais uma fuga em massa de 45 presos de alta periculosidade que teriam escapado da prisão como ainda não se sabe. Sabe-se que interligaram cinco celas e depois fugiram através de um túnel, mas, como conseguem fazer algo assim sem ninguém perceber? É o descontrole e a má gestão que explicam todas essas coisas, porém o exemplo sempre vem de cima.
Sem bons dirigentes não teremos exemplos bons para os estratos mais baixos da escala social e caminhamos para um estado de barbárie.