Total de visualizações de página

quarta-feira, março 22, 2006

A DISCUSSÃO ELITIZADA DA ÁGUA

A água, como uma das três principais fontes de poder do mundo, terá um papel cada dia mais crescente na vida humana. É por tal razão que uma das ações prioritárias da Agenda 21 brasileira se refere à preservação das água nas bacias hidrográficas, tanto em termos de quantidade como da qualidade. É este é assunto, basta verificar até mesmo aqui na Amazônia as agressões aos rios, cuja urgência se coloca quanto mais a necessidade de aumentar a quantidade de água disponível para as populações exige mais dos mananciais. E muitos deles, nas bacias hidrográficas brasileiras, apresentam pontos críticos que precisam ser tratados para proteger os mananciais e combater o desmatamento das matas ciliares evitando o assoreamento das margens dos que se dá também por ocupações irregulares. Esta preocupação se acentua ainda mais quando está em pauta o debate sobre a transposição do rio São Francisco que está ameaçado politicamente de ter seus recursos arriscados num projeto, no mínimo, polêmico quando a urgência seria tratar da recuperação das suas águas. A própria forma impositiva do projeto, no entanto tem um aspecto revelador, qual seja o de que a famosa gestão participativa de recursos hídricos, como tantas outras gestões similares, não passa ainda de elaboração teórica. Na prática, como usual em comitês, grupos de coordenações e conselhos, as participações quando não são meramente homologatórias não possuem a representação que deveriam ter sendo compostos por membros que obedecem a determinados interesses governamentais ou corporativos, de forma que o que se acaba tendo é apenas um faz de conta que está longe de servir aos interesses verdadeiramente sociais. Sem contar que, muitas vezes, se criam, até por estratégia, um número excessivo de comissões ou fóruns, com funções semelhantes, sobre um mesmo território o que não pode ser senão uma forma de esvaziar possíveis posições antagônicas.
O fato real é o de que, apesar de sua importância, aqui, em Rondônia, como em todo o país mal se promove a discussão, muitas vezes proposta, da gestão local e participativa dos recursos hídricos tão decantada quando da discussão da Agenda 21. Em muitos casos, em relação á água, o que se vê no Estado é a falta de um planejamento de longo prazo, de investimentos e as discussões se estreitarem apenas ao âmbito acadêmico e governamental. Não existindo assim nenhum conhecimento nem participação popular na gestão dos recursos hídricos estaduais quanto mais qualquer tipo de trabalho feito em parcerias entre a sociedade civil e orgãos públicos para manter e proteger nossas Bacias Hidrográficas, para a busca de soluções. A política de águas, em Rondônia, continua a ser, de fato, meramente discurso e um discurso acadêmico e elitizado.

Nenhum comentário: