Total de visualizações de página

quarta-feira, março 29, 2006

NÃO HÁ MENTIRA SOLITÁRIA

É da lavra do próprio presidente Lulla da Silva a perola de que ''A desgraça da mentira é que, ao contar a primeira, você passa a vida inteira contando mentira para justificar a primeira que contou''. Eis porque a temperatura do episódio da quebra de sigilo, que continua se enterrando na mentira, com a suposta “demissão” constrangida, e imperiosa, do ex-ministro da Fazenda, Antônio Palocci, que, para Lulla, deve “servir de lição” e, é importante acentuar, mesmo. Não se esgota o episódio com a saída do ministro na medida em que prova que duas décadas de autoritarismo não foram suficientes para servir de antídoto para tentações totalitárias.
Ao povo brasileiro estarrecido não bastam as demissões de Antonio Palocci e Jorge Mattoso. È preciso sim esclarecer, definitivamente, todo o episódio, inclusive mostrando, como há insinuações neste sentido, que o próprio presidente não teve conhecimento da a violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Santos Costa. A enorme demora na revelação dos delinqüentes também não ajuda o governo a ter credibilidade. E esta não será restaurada o mínimo possível se não se der a conhecer o processo como se escancarou, como se usou a máquina do Estado na intimidação de um brasileiro comum por motivos exclusivamente pessoais e criminosos. Mesmo que a democracia brasileira goze de boa saúde, não se pode aceitar passivamente que haja a supressão de direitos constitucionais elementares. E, para piorar, que tal afronta tenha sido conduzida com empenho pelo governo do Partido dos Trabalhadores que, nos tempos de oposição, proclamava-se uma fortaleza da ética, da moral, da cidadania e dos princípios democráticos que eram sempre levantados como definidor ultimo das questões públicas.
A torpeza da ação é ainda mais grave no caso do caseiro não somente porque a privacidade de informações pessoais constitui uma das principais garantias dos regimes democráticos e somente permissível por ordem da justiça que, para piorar, tem negado isto para defender aliados do governo mesmo quando se mostra indispensável a investigações sérias (Não custa registrar que se trata de uma proteção inexplicável ao presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, a oposição à sua quebra de sigilo). Porém o mais espantoso, mais inexplicável do que a violação do sigilo de Francenildo tem sidoi o comportamento de parlamentares e autoridades do governo que, além de defender e acobertar a trama mafiosa que sustentou o delito, tratam a questão como se fosse um “erro”. Não é. É crime. E crime inadmissível com o inconveniente, perigoso e insalubre para a coisa pública, de colocar numa panela só interesses partidários, grupais e pessoais. O governo de Lulla da Silva não extrapolou os limites de suas prerrogativas só esta vez, daí a necessidade de que a nação fique alerta. Como disse Lulla da Silva depois da primeira mentira é inevitável continuar mentindo.

Nenhum comentário: