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domingo, março 12, 2006

ATOLADOS NA FALTA DE HORIZONTES

A reeleição, nos moldes em que foi feita e na atual conjuntura brasileira, é um mal, um péssimo negócio. Não se trata apenas do presidente Lulla da Silva, que pode ser reeleito apesar de toda a classe média e da opinião pública mais conscientizada ser totalmente contra, mas de sua realização em todos os níveis. A constatação que se impõe, cada dia mais, é que, por não existir mecanismos de medição efetiva das realizações dos administradores, a eleição se trava, de fato, mais no campo do marketing, da publicidade do que em qualquer outro. Neste sentido quem já ocupa o poder por sua exposição quase obrigatória, por dispor da chave do cofre das verbas publicitárias públicas e inaugurar (ou bi e tri inaugurar) aparece em eventos que o colocam, obrigatoriamente, em posição privilegiada quanto mais use os instrumentos à disposição-vide as intenções de votos no atual presidente, mas não só nele. Aqui mesmo, em Rondônia, a situação é similar: a oposição ainda não tem candidato definido e Ivo Cassol aparece na “pole position” graças à ampla campanha publicitária, exposição de feitos como a “Rodovia do Progresso” e a ausência quase integral de oposição e de críticas dos meios de comunicação. Ótimo para ele, péssimo para uma avaliação real do que tem feito e para o exercício da democracia.
É verdade que fazer política é mobilizar o povo, é constituir partidos fortes, criar uma militância, mas como se faz isto contra a ação invasiva da mídia, sua intensificação, seu bombardeio, de um modo crescente, que consegue fazer a cabeça das pessoas, rapidamente, com uma novela ou um Big Brother da vida? Pode se dizer que isto deve ser combatido. Mas como fazer este combate? Como é mesmo que se conversa com amplos setores da população? Como, por exemplo, se vai desfazer uma notícia do Jornal Nacional ou um programa de uma hora transmitido para todo o Estado na qual se defende idéias que são apresentadas como a “verdade” sem nenhuma contestação, sem nenhum contraponto e com argumentos falaciosos brandidos sem nenhuma sutileza? Que resposta se pode dar a coisas assim? Organizar manifestos? Explicar aos meios de comunicação, processar? Os meios de comunicação são dirigidos por interesses específicos e, entre eles, pesa bastante quem paga. Já a Justiça, ah a Justiça! Quando se olha para cima e vê o ministro Jobim, o fiador do sigilo de Okamoto, não se precisa dizer mais nada. Quanto à população em esta repousa em berço esplendido tendo pouca informação ou desconhecendo os assuntos e com pouco interesse por eles. Uma população sem escolaridade e que não lê, que só assiste televisão, ou escuta rádio, como se dialoga com ela? Em geral não se dialoga. Daí a pasmaceira geral, a indignação dos mais esclarecidos que se choca num muro de indiferença, a incapacidade que possuem de realizar um trabalho político educativo de convencimento da população de que é preciso mudar o país. No fundo isto reflete a falta de elites com visão e projeto nacional. Reflete a política de casuísmo, corporativismo e patrimonialismo que domina a cena nacional.

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