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quinta-feira, março 16, 2006

O CRESCIMENTO COMO TEMA DA CAMPANHA

Todo processo de desenvolvimento conhecido é acompanhado por elevação dos índices de inflação. Somente quando a inflação passa de um certo nível, em geral quando ameaça entrar na casa dos dois dígitos, é que há uma maior preocupação e se privilegiam políticas para estabilizar a economia. No caso particular do Brasil, que passou 33 anos entre os mais altos índices de desenvolvimento do mundo no período compreendido entre os anos 40 e 80, a elevação da inflação jamais se constituiu em entrave para o crescimento. Somente quando, com o Plano Real, perseguimos a estabilização foi que a inflação passou a ser predominante como meta de políticas públicas, porém ao custo de perdermos o impulso para o crescimento.
O que nos parece particularmente estranho, principalmente em relação a alguns economistas, técnicos do setor público e professores de economia, é a insistência em afirmar que não será possível crescer acima do nível de 4% sem gerar pressões inflacionárias como se isto fosse o fim do mundo e impossível a convivência do crescimento mais alto com um nível mais alto de inflação-oposto da experiência histórica brasileira. O preço desta visão pouco prática se evidencia nas altas (e insanas sob o ponto de vista nacional) taxas de juros consiste na manutenção da falta de perspectivas de crescimento e de mudanças na desigualdade na distribuição que tem, ao contrário, se acentuado. A insensatez de manter esta atitude vai ser desafiada, agora, pelas eleições presidenciais. Há, e as tendências dos institutos de pesquisas apontam uma visível insatisfação do eleitorado com a política econômica que, sem dúvida, deriva da trajetória mantida do “vôo de galinha”.
A possível polarização entre o PSDB e o PT, que não abre espaço para grandes mudanças, se não for surpreendida por uma nova aventura política, não terá muitas opções. Ou vai se centrar na exposição das vísceras da corrupção do atual governo petista ou terá que, obrigatoriamente, examinar as alternativas para retomar a estrada do desenvolvimento. Como o ungido governador paulista diz que não irá partir para a primeira hipótese com uma campanha agressiva anti-Lulla, será preciso, no mínimo montar para a próxima campanha eleitoral, um projeto de governo que contenha um plano definido com clareza, e didático, para explicar a sociedade como irá fazer para crescer e quais as razões pelas quais as políticas do atual governo impedem o crescimento. Pode até não dar certo como estratégia eleitoral, dado o pouco tempo disponível, a dificuldade e a complexidade do tema, porém se efetivamente este rumo for tomado vai obrigar o atual governo a se comprometer, no caso de vitória, com uma estratégia de crescimento. O duvidoso é se as promessas de campanha valerão alguma coisa.

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