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terça-feira, março 07, 2006

A ORDEM AMEAÇADA

Um dos fatos mais graves ocorridos ultimamente demonstra bem a deterioração da ordem e convida as elites nacionais a uma profunda reflexão. Trata-se da tremenda ousadia dos que invadiram um quartel do Exército, espancaram militares e roubaram armas e munições. Um fato assim demonstra, em primeiro lugar, que já não existe instituição que os bandidos temam e, em segundo lugar, que o desmonte do aparato estatal, com o sucateamento das armas, equipamentos e capacidade de operação das Forças Armadas, inclusive, chegou a um ponto em que já não existe mais o mínimo de respeito por nada nem por ninguém e, quando isto acontece, ninguém consegue impor a autoridade da lei.
Não deve ser por outra coisa que os setores mais responsáveis das Forças Armadas brasileiras passam por imensas dificuldades e, muitas vezes, não sabem o que fazer para conter as insatisfações que não giram, como é comum se pensar, só em torno de salários. Basta verificar as movimentações de oficiais aposentados e das mulheres dos militares, mas o que é sintomático, principalmente se as investigações sobre a morte do general Jeffre, em Belo Horizonte confirmarem a suspeita inicial, de que é o segundo general em comando a suicidar-se nos últimos meses o que deveria ser motivo de profunda inquietação pública ainda mais quando se fala tanto em valores republicanos.
O certo é que os últimos governos, seguindo as diretrizes de dar prioridade ao ajuste das contas públicas e de pagamento dos juros da divida, têm submetido às Forças Armadas a uma situação humilhante que redundou, o que por si só já é um absurdo, na declaração de autoridades militares de que se dispensaria mais de 200 mil recrutas por falta das coisas mais elementares como fardamento e alimentação. Evidentemente um crime de lesa-pátria na medida em que muitos desses dispensados oriundos de áreas mais pobres são, durante o alistamento, não somente educados como disciplinados e ensinados a ser cidadãos, mas sem passar pela caserna, certamente, irão engrossar a já quase incontrolável horda de jovens a serviço do crime.
Também a redução do recrutamento resulta em enfraquecer ainda mais os efetivos, e seu treinamento adequado, diminuindo consideravelmente a preparação de reservistas. Não bastasse o congelamento dos soldos e demais vencimentos dos servidores civis e militares que contribui para o mal-estar dos nossos oficiais e redução do seu padrão de vida familiar todos estes fatores somados desviam os jovens da carreira militar que, infelizmente, hoje, hoje perdeu todo o charme, todo o carisma. Ser militar, agora, já não se constitui o ideal de nenhum jovem. Mas, um país sem Forças Armadas forte é um país incapaz de ter liberdade e ordem e preservá-las. É tempo de dar as Forças Armadas o valor que merecem, inclusive para defender nossa soberania tão desrespeitada justamente por falta de forças capazes de defendê-la.

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