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domingo, março 05, 2006

A VITÓRIA DO MEDO

A vinda de Anthony Garotinho a Porto Velho cavando votos para sua candidatura a presidente pelo PMDB, uma aventura complicada e sem final feliz visível, recoloca um problema que não é só nacional como estadual e municipal que é o da ausência de opções políticas capazes de resolver os problemas públicos. Independente dos problemas de corrupção e da safra perdida de liderança nos tempos de chumbos atravessamos um período de poucas opções entre os políticos atuais, notadamente os que chefiam os executivos estadual e municipal. Neste sentido talvez nenhum estado seja mais emblemático que o Rio de Janeiro no qual o problema da violência continua a ser uma questão que perpassa o dia a dia dos cidadãos e, apesar da cidade continuar maravilhosa, não se avista uma solução nem governantes capazes de propor novas formas de combate ao crime. O que se vê, como agora, são distorções como o Exército, por ter tido um quartel atacado e armas roubadas, realizar uma operação que deveria fazer para salvar vidas, para sufocar a vergonha nacional que consiste na cidade símbolo do Brasil ser tida como capital do tráfico e das quadrilhas.
A questão, que Garotinho foge dela como o diabo da cruz, é que, além de revelar sua incapacidade, é desveladora também do fato de que, com honrosas exceções, os políticos e suas administrações não tem como objetivo resolver os problemas públicos e também as pessoas comuns não possuem a educação e os instrumentos para medir a eficiência da máquina pública. Infelizmente, como acontece não só em matéria política, a mídia, hoje, é determinante de muitas das visões públicas, do que os marqueteiros chamam de “imagem”. E, esta, vinculada ao poder econômico sem os freios controladores da ética, permite que muitas figuras sem a devida educação, inclusive cívica, muitos deles provincianos, caricatos, com visões estreitas, incapazes de ter propostas para os municípios quanto mais para o país sejam guindados pelo voto popular para altos cargos sem a menor dimensão para a grandeza, o desprendimento e o sentido social e brasilidade que implica. Sem contar que, igual a Garotinho, não tem uma bagagem de realizações administrativas nem plano, excetos em geral meramente personalistas e assistenciais, que o capacitem, de fato, a estar a altura do que almejam. Esta a maior razão para os avanços políticos se processarem como andar de tartaruga. Esta a realidade que se mostra na falta de candidatos fortes, viáveis que despertem o mínimo de esperança para disputar com chances reais, a eleição para presidente da República, em outubro próximo. Não se trata de que Lulla da Silva, e seu governo que é o que todos vêem e sabem, sejam lá essas coisas. È que, para desespero dos que desejam mudanças, que desejam dias melhores, os outros candidatos que surgem não parece que sejam melhores. Daí que o presidente atual ainda tenha chances. Entre o mal conhecido e o desconhecido as pessoas por conforto ou por preguiça permanecem onde estão. A verdade é esta: as opções possíveis não oferecem muita esperança. O medo, definitivamente, venceu.

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