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terça-feira, março 14, 2006

SENSACIONALISMO A QUALQUER CUSTO

A carteirada sempre foi um abuso dos que se sentem superiores aos demais mortais, embora seja lícita quando uma autoridade necessita de usar das suas prerrogativas. Embora tenha servido de gozação até em programa humorístico ela sempre sobreviveu e, muitas vezes, principalmente, hoje, quando não se distingue mais quem é quem, porque as autoridades já não são mais conhecidas, nem muitas vezes tem a distinção que os cargos exigem, daí que sem exibir sua carteira, uma marca externa, como o broche na lapela não se obtém nem sequer o respeito que deveria ser dado a todos. Assim, a rigor, o que ocorreu há pouco tempo com o comandante do Exército, no aeroporto de Campinas, com a evidente carteirada, de vez que o avião estava lotado e taxiando no pátio, somente tem de inconveniente o fato de ter perturbado os passageiros e dois deles terem “cedido” seus lugares ao casal militar que embarcou e foi devidamente castigado com uma vaia.
De fato, salvo se os passageiros se utilizassem do direito de reclamar, o episódio, por sua pequenez, deveria ter morrido aí. O problema é que de um pingo de água fizeram uma tempestade. Ninguém fala nada com o oposto: inúmeras vezes há um abuso de autoridade dos atendentes que negam à passageiros que chegam atrasados seus direitos de embarcar mesmo quando há vagas no avião e este ainda está com a porta aberta no solo. Sem falar quando há, o que não tem sido incomum, overbooking. De certa forma o general, com sua carteirada, vingou muitos passageiros que, mesmo reclamando, são vitimas de procedimentos assim. Não quer dizer que esteja certo, mas também não cometeu nenhum pecado terrível. E todos sabem (e até por isto fizeram o que fizeram) todos não são iguais perante as leis nem as autoridades.
O grande erro do comandante do Exército, general Francisco Albuquerque, parece ter sido o de insistir em que "não usou prerrogativa" do cargo, "não sabia" das providências tomadas para o retorno do avião nem dos benefícios oferecidos aos dois passageiros que cederam seus lugares. Evidente que não se envolveu, mas, parece se comportar igual à Lulla da Silva e não ter consciência dos seus poderes e de suas responsabilidades. Não é verdade que agiu "como qualquer cidadão" que se sente prejudicado. Até porque não é qualquer cidadão. A rigor o episódio de Viracopos é um problema menor que, parece por falta de assunto, foi tornado um grande pecado que serve apenas para manchar ainda mais as instituições e tornar público um problema localizado com danos à imagem do comandante que são muito maiores que seu ato que, se fosse o caso, deveria ser contestado nos fóruns devidos pela TAM que nem se pronunciou. O caso mostra somente a necessidade, em nossos tempos, de criar sensacionalismo por qualquer coisa e sem refletir sobre os danos sociais que isto acarreta.

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