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quinta-feira, fevereiro 28, 2013

A cachaça dança e rola em direção ao futuro




Li na imprensa que, por meio de acordo entre Brasil e Estados Unidos, a cachaça foi reconhecida como uma bebida genuinamente brasileira. Os produtores comemoraram o fato tendo em vista que os norte-americanos tem se tornado, nos últimos anos, um mercado promissor para a bebida, que ganha espaço com a maior participação do país no mundo. O Instituto Brasileiro da Cachaça, o IBRAC (http://www.ibrac.net/), acredita que vendida com seu verdadeiro nome, unicamente de cachaça, as vendas devem ser impulsionadas porque, atualmente, ela é vendida com o nome de Brazilian Rum, de vez que o rum também é feito com cana de açúcar, o que não permite diferenciar os dois destilados. Com o reconhecimento todo destilado com o nome cachaça no rótulo será brasileiro. Ou seja, é bem possível, que se acrescente aos símbolos brasileiros, além do futebol, do samba e da música, a cachaça, que deve passar a ser internacionalmente mais um ícone da nossa cultura.
É preciso acentuar que, até mesmo internamente, faz tempo que a cachaça deixou de ter a imagem negativa que se associava aos produtos de baixa qualidade e preço baixo, embora ainda continue a existir este tipo de produção, mas, a grande realidade tem sido o avanço das denominadas cachaças premium que são, cada vez mais, exemplos de sofisticação e de esmero na produção tanto que as melhores, que nada deixam a desejar em relação a qualquer outro destilado, são envelhecidas em bálsamo, uma madeira especial e que acabam também custando um preço mais elevado tendo em vista o tempo de envelhecimento. Talvez o melhor exemplo deste tipo de produção, ou as marcas mais badaladas, são a Havana e Anísio Santiago. Cachaças desta qualidade custam até mais do que os bons uísques estrangeiros, porém, existe uma infinidade de cachaças de boa qualidade com preços também que variam com a qualidade, a fama e o tempo de envelhecimento. Assim como o vinho, a cachaça tem que ser estudada para ser bem conhecida e existem bons especialistas no tema. Para quem quiser saber mais a respeito sugiro um sites especializados no tema, como o http://www.mapadacachaca.com.br/ ou www.cachacariameninaboca.com.br, que trazem informações sobre a bebida de pessoas que estudam, gostam e vendem a bebida. Quem pesquisar um pouco na internet descobrirá até mesmo rankings da bebida feitos por especialistas. E verá que floresce também um mercado seleto que é o das cachaças artesanais.
A cachaça levou muito tempo para se tornar uma bebida respeitável, pois, é uma bebida antiga, com mais de 400 anos, e que somente agora, mesmo sendo responsável por 80% da produção de destilados do país, a capacidade de produção, segundo o IBRAC, é de 1,2 bilhão de litros, com mais de 4 mil marcas sendo fabricadas por mais de 40.000 produtores e, embora, a produção seja espalhada pelo país afora são os estados de São Paulo, Pernambuco, Minas Gerais, Ceará e Paraíba que possuem um maior destaque em termos de mercado. E, tenham certeza, não é papo de bar, embora somente 1% da produção seja exportada, a cachaça brasileira tende a ser um destilado que ainda terá muito destaque no mundo. Muitos especialistas apostam que será a bebida que terá maior crescimento nas primeiras décadas do século XXI. Só falta ser tema de carnaval.

sexta-feira, fevereiro 15, 2013

O desperdício de nosso melhor caminho




Hoje, que já ultrapassamos a primeira década do século XXI, criou-se, cada vez maior consciência, de que cidades que possuem universidades tendem a ter um diferencial significativo para gera mão de obra qualificada e ambiente urbano favorável a diversidade econômica e cultural que permite a proliferação e a acolhida de novas ideias. É, como se costuma dizer, um local que tende a ser a estufa do que chamamos de economia criativa, nome que se criou para as atividades econômicas que envolvem as artes, publicidade, cinema, vídeos, moda e até a criação de software e aplicativos para internet. Muitas cidades, no mundo atual, estão atraindo investimentos e conseguindo se desenvolver graças ao aproveitamento deste tipo de vantagem. O Rio de Janeiro, talvez, seja, no Brasil, o melhor exemplo, em especial pela implantação de 7 parques tecnológicos, 20 centros de pesquisa e 22 incubadoras o que, pode não ser uma garantia de inovação, mas, não resta dúvida, que, pelo princípio da quantidade, deve gerar frutos, principalmente, se aliarmos a isto a atração que já exercem as belezas naturais e o ambiente boêmio da cidade maravilhosa.
O Rio é o Rio. Mas, quem disse que apenas o Rio pode ter uma economia criativa? Afinal, se olharmos em volta veremos que Porto Velho, onde, fora a Fundação Universidade Federal de Rondônia-UNIR e o Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Rondônia-IFRO, proliferam mais de uma dezena de faculdades que, em geral, possuem, no mínimo, cinco cursos (com a oferta de três cursos de Medicina), já dispõe de um número extraordinário de mais de 15 mil alunos e, mesmo com suas deficiências de infraestrutura, tem todo o potencial para basear na economia criativa uma estratégia para o seu desenvolvimento futuro. Porto Velho, por mais problemas que tenha, possui uma história de cosmopolitismo que lhe habilita a ter o ambiente necessário para reter talentos, bem, até por sua economia incipiente e sem excelência nos serviços, ser um campo fértil para empreendedores e para o desenvolvimento de inovação. É, com um bom planejamento, por vocação, uma cidade comercial e de serviços que tem tudo para ser uma economia criativa.
E sempre surgem iniciativas de empreendedorismo voltado para este campo que são bem sucedidas. Alguns já se tornaram uma tradição como a Banda do Vai Quem Quer, o Arraial Flor do Maracujá, um projeto como o da versão local do “Sempre um Papo”, os Stand Ups ou o Festcine Amazônia que, em 2013, completou seu décimo primeiro ano de edição, porém, iniciativas novas aparecem toda hora. Não faltam pessoas criativas na capital do Estado de Rondônia, como comprovam as iniciativas do SESC, da Fundação Iaripuna, com o Mercado Cultural sendo o centro de um movimento que só não floresceu mais pela falta de apoio. No escuro da insensibilidade pública muitos grupos de intelectuais jovens demonstram exuberância criativa seja no vídeo, na pintura, na literatura, na música ou mesmo nas artes cênicas ainda que nosso teatro continue a ser uma promessa em andamento. É bem verdade que Porto Velho é até conhecida como a cidade do “Já teve” por ter tido, no passado, muitas coisas melhores, mas, ainda temos muitos talentos desconhecidos criando na escuridão.
O que nos falta? Infelizmente são políticas públicas. Há muito discurso sobre o que se vai fazer...porém, nossa economia criativa, que deveria ser a locomotiva do progresso, continua estagnada num novelo de iniciativas que se acumulam sem gerar a riqueza de oportunidades que deveria. Ainda falta a determinação de aproveitar o filão da economia criativa que esta aí, pulsante, diamante bruto, a esperar que a vontade de um governante iluminado faça seu nome criando beleza, bem estar, prazer e progresso. Quem se habilita? 

Ilustração: www.bahiamercantil.co

sábado, fevereiro 09, 2013

Sobre o futuro de livros, editoras e livrarias




É um fato que, no Brasil, com todos os avanços que existem e um crescimento imenso do comércio eletrônico, a grande verdade é que ainda estamos muito distante das mudanças que já ocorrem nos Estados Unidos com os e-books ocupando um significativo espaço e, obrigando a repensar o livro e sua forma de leitura. Não se pode negar, porém, que o advento da internet, com a invenção e o desenvolvimento de novas plataformas de leitura na primeira década do século XXI, como os leitores eletrônicos e os tablets, tornou mais do que inevitável a questão de modificar a forma como se edita, como se distribui, o formato,  a plataforma e o  meio de atrair o leitor.
Não creio que os livros deixem de existir, pelo menos no horizonte temporal dos próximos cem anos, entretanto, o impacto da evolução que já sentimos o fará, inevitavelmente, mudar. Muitas editoras respeitáveis desaparecerão no processo por não se adaptarem as mudanças dos hábitos dos leitores, e de inovar, seja na aquisição e tratamento de novos títulos, como na sua edição, na distribuição, no marketing e na comunicação. As distribuidoras, com certeza, sofrerão um golpe com o crescimento das venda de e-books. As livrarias tradicionais, que já sofrem com as mudanças, terão que mudar sua forma de ser ou minguarão sensivelmente, como já aconteceu com as lojas de músicas e videolocadoras.   
Ainda assim penso que as livrarias não desaparecerão. Há espaço para que evoluam na medida em que, por exemplo, o conforto de assistir um filme em casa retirou de quem o alugava um alternativa da orientação do lojista, bem como a possibilidade de assistir filmes interessantes graças ao gosto alheio, que era possível descobrir pelas retiradas ou pela recomendação de outras pessoas que se encontrava nas videolocadoras. Lembro que assisti diversos filmes excelentes, a partir de tais contatos. Assim sair, para uma loja de vídeos, músicas e, muito mais ainda, para uma livraria, com mais razão ainda, pode ser uma experiência enriquecedora e uma forma de convívio social sem a qual se cria um vazio para troca de opiniões. E, no caso, do livro, cujo  consumo, e a fruição, requer um maior investimento emocional e tempo, ir a livraria é também uma forma de explorar as opções existentes e ouvir opiniões de outras pessoas sobre as obras. O livro leva mais tempo para ser comprado e consumido, de forma que o futuro das livrarias passa por oferecer alternativas, além dos livros, que tornem o local de comprar livros um ponto de encontro e de lazer.  É verificável que muitos leitores preferem encomendar livro, logo, via internet ou fazer o download direto do e-book para o seu leitor eletrônico, se tem um. Porém, a maior parte ainda gosta de visitar a livraria para adquirir os seus livros. E, se a livraria for competente, fornecendo bons preços, serviços eficientes nada substitui ainda o prazer de manusear os livros, de olhar as capas, de sentir o cheiro do papel, da tinta, de falar com o livreiro ou o autor num lançamento, de conseguir um autógrafo ou mesmo uma dedicatória, de conversar com outros leitores.  Há quem defenda o ponto de vista que o manuseio de um livro é mais envolvente que o de um CD ou de um DVD, e que, talvez por isto, os e-books levem mais tempo para serem aceitos e, para alguns, nunca conseguirão suprir o mercado por completo. Mal comparando, mas, com uma dose aceitável de razão, lembram de que os discos de vinil regressaram depois de quase terem se extinguido com o aparecimento do CD, e pareciam ter ficado para trás com a explosão do digital.  Sem entrar no mérito da discussão folhear um livro é uma experiência  diferente de ler na forma digital e, talvez, leve décadas para os consumidores se acostumarem com este tipo de leitura.
Não tenho dúvidas, porém, que o e-book é o futuro e que se precisa avançar na sua utilização, mas, cabe aos empresários do setor repensar o futuro das editoras e  livrarias. Ambas, para sobreviver, terão que se adaptar a uma nova dinâmica com a oferta de novos serviços e o a qualidade do atendimento e a diferenciação que precisarão ter é essencial para moldar um novo formato sustentável. As livrarias terão que ser mais do que um polo de encontro de livros e terão que se transformar num ponto de encontro de lazer e de alternativas onde as palavras terão seu espaço como parte de um convívio cultural e social.

sexta-feira, fevereiro 01, 2013

O espírito animal faz turismo




Antes de passar algum tempo fora de Porto Velho vi acontecer um fenômeno que identificava como local e, tendo como motivo a falta de planejamento ou de logística, na medida em que, por diversas vezes, numa conhecida padaria local procurava pão manual, no fim da tarde, e não havia. Ou, em dois, ou três, supermercados procurava produtos light e não encontrava praticamente nada do que desejava. Nem reclamando, nem pedindo para que se abastecesse com uma maior quantidade, porém, consegui êxito em ser atendido. Não sei se por acomodação, ou por repetidos erros nas suas estimativas de demanda, foi necessário comprar o que desejava em outros estabelecimentos. Fora do nosso Estado, no entanto, como emagreci dez quilos, precisei comprar umas camisetas e, para meu espanto, o numero que precisei não existia e os tamanhos existentes eram reduzidos mesmo em lojas de cadeia nacional. A explicação que me deram foi de que eram importadas e, como na origem os tamanhos, que se utilizam mais, são alguns médios vieram poucos no tamanho desejado. Houve a oferta de me enviar, posteriormente, mas, no mínimo, duas semanas depois em face do processo de importação ser demorado. A escassez de um item ou outro, numa loja, pode ser indício de sucesso, entretanto, quando a procura, como em janeiro, se reduz parece ser mais indício de uma estratégia errada. Quando, todavia, isto acontece de uma forma geral denota, evidentemente, problemas econômicos maiores.
Esta conclusão tem um reforço consistente na ata da reunião de janeiro do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) na qual o BC apresenta um inventário dos dados econômicos que embasaram a sua decisão de manter a taxa básica de juros, a   Selic, em 7,25% ao ano. Pode-se ler na ata do Copom que a recuperação econômica brasileira está menos intensa do que o previsto por “limitações no campo da oferta”. Para o Banco Central as empresas brasileiras não estão sendo capazes de entregar o que os seus clientes querem, na quantidade, preço e prazo que eles desejam. Uma leitura perfeita, no meu entender. E corroborado pelo fato amplamente apontado por diversos economistas de que existe uma sensível falta de investimento privado. Qual a razão se, como apontam os indicadores, o consumo vem crescendo por causa do aumento da renda dos brasileiros de classe mais baixa e pela abundância de crédito? Ou seja, se as empresas aumentarem sua produção encontrarão público para suas mercadorias, então, se o empresário deseja mais lucro qual o motivo para que isto não aconteça? A resposta reside, sem duvida, na mesma razão pela qual houve uma queda forte do setor industrial. Os elevados custos, em especial de impostos, mão de obra e da burocracia, aliado a incerteza do ambiente econômico, tornam mais atrativos para os investimentos nacionais se instalar no estrangeiro. Resumindo a questão, temos a conclusão de que não vai adiantar o governo incentivar o aumento do consumo se não modificar, fundamentalmente, as condições para criar competitividade para a indústria nacional. Sem perspectiva de futuro o espírito animal do empresário deve continuar adormecido em berço esplêndido nas terras brasileiras e somente ser despertado para criar, no exterior, os empregos qualificados que faltam por aqui. Não adianta enfeitar estatísticas de emprego com contratação de mão de obra de baixa qualidade sem crescimento dos índices de produtividade.