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sexta-feira, julho 31, 2020

O MUNDO VAI MUDAR POR ONDE MENOS SE ESPERA


Ora, mesmo antes da pandemia, dizer que o mundo ia mudar não se tratava de uma profecia muito original. Com a pandemia, então, a mudança parece mesmo obrigatória, principalmente, quando se pensa que o uso dos meios digitais e o comércio eletrônico se expandiram até por necessidade. Uma das necessidades maiores foi sentida pelo setor educacional, de uma hora para outra, necessariamente precisado de ter continuidade por meios digitais. E, convenhamos, num país como o nosso a dificuldade, em especial, provém da ausência de programas escolares para adaptar os métodos de ensino aos novos tempos e, por questões que passam pelo custo do acesso de alunos a equipamentos e conexões. De formas diversas houve sim uma busca de se adaptar à conjuntura e até iniciativas muito originais, como a da Universidade Federal do Ceará, que criou um programa para proporcionar formas dos seus alunos a ter acesso a equipamentos, via o crédito. De qualquer forma o setor educacional foi muito prejudicado com a crise e a iniciativa privada se queixa de que tem problemas de manutenção de suas instituições com custos e inadimplência maiores. Isto aqui no Brasil. Imagine nos Estados Unidos onde se enfrenta uma crise maior, um declínio de matrículas, altos custos, problemas com adaptação dos currículos e também um lapso entre as necessidades do mercado e a adoção do ensino à distância. Se isto já se constituía num coquetel explosivo que colocava em xeque o combalido setor educacional imagine, então, o que não significou quando, o Google, em 14 de julho último, lançou novos programas de certificação profissional em análise de dados, gerenciamento de projetos e design de UX, a serem hospedados no Coursera, uma plataforma que cobra uma taxa mensal de US$ 49 para se ter acesso. Bem, de qualquer forma, para nós, parece um preço elevado (nada comparado com os custos da educação nos EUA), mas, a verdadeira bomba foi  o Google anunciar que vai fornecer 100.000 bolsas de estudo e vai conceder mais de US $ 10 milhões em doações a organizações sem fins lucrativos que se associarem  ao desenvolvimento da força de trabalho para mulheres, veteranas e minorias. Para completar também anunciou que os novos certificados de carreira profissional, que podem ser concluídos em seis meses, possibilitam  aos americanos oportunidades de emprego de alto rendimento. Também acenaram aos candidatos a emprego que tratariam tais certificados, que não exigem experiência prévia em graduação, como o equivalente a quatro anos de graduação. A iniciativa do Google é um duro golpe no ensino norte-americano na medida em que os que fazem seus cursos, 80% dos que concluem a certificação de especialista em suporte de TI, conseguiram um novo emprego ou ganharam um aumento. Experiência prévia e ensino superior não são necessários como pré-requisito para os cursos. E, uma vez concluídos, normalmente em três a seis meses, os participantes podem ter oportunidades  de trabalho com a gigante da tecnologia. Antes, a Microsoft já havia lançado uma iniciativa global para elevar as habilidades profissionais de 25 milhões de pessoas. As ambições-alvo à luz da pandemia são semelhantes ao Google no apoio a “programas de recuperação genuinamente inclusivos para fornecer acesso mais fácil às habilidades digitais para as pessoas mais afetadas por perdas de empregos, incluindo as com renda mais baixa, mulheres e minorias. " Impressionante, mas, tudo indica que a mudança deve começar pela educação.

Ilustração: https://senhoradesirius.wordpress.com/.


quarta-feira, julho 22, 2020

O NORTE TAMBÉM TEM CACHAÇA



Por intermédio do meu amigo Jackson Jibóia tive o prazer de ter acesso ao anuário “A Cachaça no Brasil-Dados de Registro de Cachaças e Aguardentes-Ano 2020” publicado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento-MAPA, que busca atualizar os estabelecimentos da área cadastradas no Brasil. Os dados se referem ao ano de 2019, o que é preciso ressaltar porque se trata de um setor muito dinâmico no qual as alterações, ainda mais com a atual pandemia, se verificam rapidamente. Também é preciso dizer que, conforme ressalta o próprio trabalho, o anuário atual modificou algumas formas do anterior procurando tornar os dados mais reais, mais transparentes, excluindo os produtores inexistentes, bem como fazendo diferenciação entre produtores e marcas. A publicação revela que, no ano de 2019, existiam 894 (oitocentos e noventa e quatro) produtores de cachaça registrados no Mapa. Minas Gerais ocupou a 1ª posição, com quase o triplo do 2º colocado, que é São Paulo. Mais uma vez evidenciou-se a concentração da produção de cachaça na Região Sudeste, com 622 (seiscentos e vinte e dois) estabelecimentos registrados, sendo que Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo e Rio de Janeiro juntos concentram cerca de 70% da produção registrada. A proporção foi igual ao ano anterior, com a região Nordeste com 129 (cento e vinte e nove) estabelecimentos,14,4%, a região Sul com 101 (cento e um), 11,3%, a região Centro-Oeste com 33 (trinta e três), 3,7% e, por fim, a região Norte, com somente 9 (nove) produtores, com a menor parcela, de 1%. Vale salientar que produção de cachaça acontece em 558 (quinhentos e cinquenta e oito) municípios brasileiros contando com o Distrito Federal, continuando a representar 10,02% do total. Com maior representatividade aparece a região Sudeste, com cerca de 22% dos municípios com produção de cachaça. Segundo a publicação, quando se refere ao Norte, não há estabelecimentos registrados para produção de aguardente e de cachaça nos estados do Amapá, Amazonas e Roraima, todos da região Norte, sendo a região com menor número de estabelecimentos registrados, destacando-se apenas o estado do Pará. A produção de cachaça em Rondônia e no Acre está restrita apenas a um estabelecimento que não se consegue saber qual é na publicação. A do Acre não tenho a menor dúvida que é a do meu amigo Jackson Jibóia que produz a Jibóia, uma cachaça que degustamos com muito prazer no Buraco do Candiru, que, aliás, a inclui nas suas camisas de carnaval e out-doors de eventos como parceiro. Já a de Rondônia tenho impressão que, embora existam outras,  não são registradas, de forma que penso que a registrada deve ser, até pelo tempo de existência, a do João Zanin, lá de Vilhena, que começou a ser produzida no ano de 2.000, a que também tem nome de cobra, Cachaça Sucuri, distribuída em pontos de venda de Ariquemes, Porto Velho, Mato Grosso, São Paulo, Curitiba e outros estados. Lá inclusive ela tem duas linhas, uma com envelhecimento de dois anos em barril de carvalho e outra com um ano de cura, inclusive com envelhecimento em barris de jequitibá. Pelo que sei, embora existam outras, é a cachaça mais famosa no Estado. Posso estar errado, mas, penso que ela é a que tem registro (também outros podem ter feito ultimamente), mas, são empreendedores como o Jibóia e o Zanin, que fazem com que nossos estados, Rondônia e Acre, apareçam no Anuário da Cachaça. São os pioneiros de uma tradição nacional que, orgulhosamente, se mantém também no Norte do País. Merecem os nossos parabéns que são extensivos também a outros que, infelizmente, pelo menos aqui em Rondônia sei que existem, e que não estão registrados.


terça-feira, julho 21, 2020

O NOVO NORMAL NÃO SERÁ TÃO NOVO



Há uma série de pensamentos sobre a vida depois da pandemia do novo coronavírus que me parecem irreais. As pessoas pensam, ou desejam acreditar, que o isolamento pode provocar uma mudança profunda na forma de pensar das pessoas, o que está longe de ser realidade. É verdade sim que altera a forma de vida, porém, me parece que, em que pese algumas atitudes de maior relevância em termos de solidariedade, que a crise leva mais longe ainda as diferenciações que já existiam e eleva o grau de egoísmo das pessoas. Basta ver que, por exemplo, muitas das pessoas que podem ficar em casa veem quase como um crime que outras pessoas, que não podem ficar em casa, procurem meio de sobreviver ou até mesmo façam críticas exacerbadas contra as festas de algumas pessoas (há os que não sabem viver sem festas, em geral jovens). Mas, a crise teve, em termos econômicos, um papel extremamente perverso: concentrou ainda muito mais a renda. Só o sistema financeiro e as grandes empresas lucraram com ela. E impulsionaram uma tendência profundamente anti-social que é a que, inclusive domina a mente de muitas pessoas que se consideram defensores dos pobres, que é a de que pensam na população mais vulnerável com os seus padrões, ou seja, de que essas vivem (e devem)  migrar para o digital. Mas, quem vive no mundo digital? É quem pode. São os que tem mais dinheiro, os que tem acesso a aparelhos e conexões melhores, os que podem se dar ao luxo de ficar comentando a vida, postando nos Facebooks, no Instagram ou comentando em grupos no Whatssap. Mas, esta é a realidade do interior do Brasil? É a realidade das periferias de Porto Velho? Não. Num país em que cerca de 70 milhões de adultos não completaram o ensino médio o mundo digital é uma irrealidade. Uma sondagem feita pela consultoria Usina de Ideias mostra, por exemplo, que 83% das pessoas perderam renda em Rondônia e que, em Porto Velho, mais de 58% das pessoas dependem do auxílio emergencial para viver. Não é a loucura, portanto, que fez as filas que observamos nas agências da Caixa Econômica Federal durante a pandemia, e sim a necessidade. Há muitos analistas, políticos e sociólogos, que se dizem socialistas em mesa de bar, que não sabem nada de povo, que não conhecem ninguém na Zona Sul ou Zona Leste, não conversam nem estão em contato com essa população desassistida. Basta ver  que na Fundação Universidade de Rondônia-UNIR, em relatório do CONSUN, o conselho universitário, sobre inclusão digital  mostra que somente 12,3% possuem uma conexão excelente e 44,4% uma boa e só 78% possuem conexão, assim mesmo grande parte por celular. E 30% possuem computador em casa, mas, de forma compartilhada. Ou seja, mesmo a nossa maior universidade não é digital tanto que se procura meios de ter aulas virtuais, embora, por diversas formas, se tenha atividades virtuais, na maioria,  por  plataformas externas. Então, não se espere muito do “novo normal”. Com certeza, as coisas levam muito tempo para mudar. E a razão está na cabeça das pessoas. Principalmente, das que pensam que sabem o que é melhor para os outros.


sexta-feira, julho 10, 2020

QUEM CORRE RISCO É OPINIÃO PÚBLICA



Cada vez mais as pessoas migram de determinadas plataformas para outras em busca de informações, sejam notícias ou produtos. Por exemplo, agora mesmo, se verifica uma queda de acessos no Facebook em busca de outros serviços similares.  Qual a razão? A razão é a mesma que afeta a grande imprensa nacional. O descrédito. Ou, como acontece com o Facebook, com um posicionamento que se pauta pela esquerda, pelo controle sobre opiniões divergentes, enquanto fecha os olhos para o que os que fazem o que querem,  que estão alinhados com suas opiniões. Uma coisa é fazer jornalismo, ainda que as mídias sociais sejam meios de opinião e não jornalismo, outra é buscar usar o jornalismo ou uma empresa usar a mídia social para justificar suas crenças e desejos pessoais, ou de seus chefes, ou defender a ideia de um estado que tudo domina e controla. Embora grande parte dos jornalistas só defendam mesmo sua carreira e não possuem, inclusive, preparo para ter opiniões próprias. De forma que o que se observa é o descrédito que já atingiu grandes redes de televisões, portais, emissoras, empresas e profissionais. É flagrante isto, por exemplo, com a campanha negativa que se faz com a crise do novo coronavírus. Que se seja contra Bolsonaro, que não paga, com razão, aliás, as vultosas somas que se pagava para manter uma imprensa submissa e lacaia, é compreensível. Não é compreensível é que pela repetição se deseje manter o país em permanente estado de medo para atingir o presidente e seu governo. Não é compreensível, por exemplo, que, apesar da comprovação patente do fracasso da política nacional de restrições às armas, se crie uma inflação de casos para justificar o que não deu certo. E como a grande imprensa, com a falsificação exagerada se encontra, cada vez mais, espremida e desossada pela internet, onde se debate tudo, que se queira, como se quer, utilizar uma legislação criada atabalhoadamente para sustentar a narrativa do medo na população evitando o contraditório. Há até mesmo a criação histérica de ataque a imprensa livre, que nunca foi tão livre antes, porque, agora, é o cúmulo, para a imprensa, qualquer pessoa pode contestar os dados fornecidos, cobrar a fonte da informação ou até mesmo mostrar, o que é muito normal, que o profissional apenas copiou uma notícia e não se empenhou em verificar sua autenticidade. Autenticidade? Meu Deus! Aqui me ocorre que é a grande imprensa, que publica quase a totalidade das notícias,  não checa nada! Até porque, a rigor, não se tem mais redações. A grande imprensa brasileira, com exceção dos colunistas, passou a ser um repassador de notícias. Não há mais repórteres, não se cria nada. Basta ver que até os mesmos erros são publicados da mesma forma em vários jornais, portais, emissoras e quejandos. Com a criação de leis para coibir a opinião quem, de fato, corre risco não é a imprensa livre, nem as grandes empresas que dominam a imprensa - que estas somente publicam o que lhe interessa, mas, a opinião pública livre, como as opiniões das mídias sociais que mostram o que a grande imprensa, por interesses próprios, não gosta de mostrar. Os que estão sendo atacados são os que conseguem se destacar por contestar o alimento ruim com que tentam alimentar a manada. Mas, pelo jeito, para muitos políticos o importante é que se tenha a mesma ração sempre. Uma ração diferente pode fazer com que o gado mude de direção- é o que pensam. O problema é que o povo não é gado.