Como
será o comércio em 2030? Mais sustentável e inclusivo? Estas foram perguntas que nortearam o debate na edição
2018 do Fórum Público da Organização Mundial do Comércio (OMC), que aconteceu
entre os dias 2 e 4 de outubro, em Genebra, na Suíça. O que ficou patente no
encontro foi que as mudanças tecnológicas e sociais provocarão uma grande
transformação da sociedade e vão gerar novos hábitos de consumo, fazendo com
que o ato de ir às compras no futuro seja muito distinto do de hoje. Uma das
expectativas é a de que, em 2030, o varejo será lazer, com as fronteiras, entre ambos, desaparecendo, de vez
que as experiências de compras únicas e personalizadas para consumidores serão
cada vez mais digitais. A expectativa também é de que o acesso aos bens
predomine sobre a sua posse. Outra previsão é a de que a cadeia de abastecimento
irá adaptar-se a prazos de entrega cada vez mais curtos. As mudanças na procura
e as possibilidades ofertadas pelas novas tecnologias vão fazer com que os
processos de produção se tornem mais locais com a produção feita por impressão
3D e 4D, o que impulsionará o comércio. Os
clientes forçarão os varejistas a caminhar mais no sentido da omnicanalidade,
integração entre todos os canais, de tal modo que a norma será comprar o que se
quiser, como e quando se quiser, o que irá requerer uma interação mais intensa
entre as empresas e a logística. A loja física deve continuar a desempenhar um
papel importante na comunicação da marca e na atração do cliente. E mesmo os
negócios puramente on-line, chamados de "pure players", amparados na
análise de dados, acrescentarão lojas físicas ao seu canal online.
Uma
tendência que parece inevitável será das cidades reduzirem a prioridade dos
veículos. Decorrente disto a necessidade de criação de jardins e praças e de
ambientes mais acolhedores. Isto deve levar a uma revalorização dos centros das
cidades, mais amigáveis para os pedestres, e com uma maior dinâmica e atividades como os festivais urbanos, pois,
o lazer deverá ganhar maior expressão nessas áreas. Na verdade, os centros
comerciais serão comunidades de uso misto e incluirão todos os elementos para a
vida cotidiana, misturando escritórios, varejo e áreas residenciais. E passarão
a incluir novos serviços, como ofertas educativas, espaços de co-working, zonas
de armazenagem e serviços de saúde. Com o aumento das vendas online serão
necessárias menos lojas para cobrir um mercado. Em contrapartida, os
consumidores serão mais exigentes e cobrarão experiências mais personalizadas. A
tecnologia digital reformulará as lojas físicas para melhorar a experiência de
compra e reduzir custos. E não será nenhuma surpresa a introdução de com robôs
no varejo para a automatização de processos. O Big Data e análise de dados aprofundará o poder
de previsão e o entendimento das emoções
dos clientes. É varejo concorrerá com o lazer focado na personalização de
produtos para manter a fidelidade dos clientes. Surgirão novas soluções que não
se tem como prever, mas, veículos autonômos recolherão os produtos devolvidos
em casa dos clientes ou em pontos definidos. A logística recorrerá à analise de
dados para serem mais eficazes, o que tornará os processos de entrega e
devolução bem mais eficientes. O
artesanato, em 2030, será um novo
segmento do comércio. O consumidor está cada vez mais interessado em produtos
artesanais e marcas locais devido ao aumento da procura por experiências únicas
e autênticas, daí, o número de negócios
independentes deve aumentar. Além disto, as próprias grandes cadeias de varejo
vão desenvolver conceitos e marcas com aparência independente para ocupar uma
parte deste mercado. Não há dúvida de que a
beleza e a saúde serão setores que ganharão imenso impulso. Graças ao
Instagram, Facebook e da vontade de
aparecer continuamente, os negócios da beleza e cirurgia estética,
focados na melhoria da imagem, tendem a ter um forte crescimento, bem como a
procura de bem-estar fará crescer os serviços de "wellness" e as
lojas de alimentação .
Nos
combustíveis, os a previsão é do surgimento de mini hubs logísticos. Os serviços serão centrados nos veículos
elétricos, porém, incorporarão mais
oferta de comércio e de lazer devido aos tempos de espera dos carregamentos.
Devido à sua localização, converter-se-ão também em locais de mini distribuição
e incluirão diferentes opções de ponto de retiradas de mercadorias (os
"click & collect"). O que parece ser uma tendência consolidada é
a de que os consumidores serão mais sensíveis às experiências do que para a
aquisição de bens, o que aumentará o nível de competitividade. Na prática
desparecerão as grandes diferenças de preços entre os artigos de luxo e os
comuns e o consumidor tenderá a compras no curto prazo, com os produtos
baratos, ou no longo prazo, com os produtos de maior qualidade.
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