
Do público é, certamente. E autor e público se modificaram com as múltiplas, as infinitas possibilidades tecnológicas. A interatividade, as obras coletivas e a comunicação instantânea até mesmo uma certa perda da autoria são fenômenos que ganham força hoje em dia. É possível que, como conseqüência das inovações, a poesia esteja migrando para outros espaços, a literatura mudando de forma e o sentimento de perda, de busca de uma poesia perdida não seja mais do que o anacronismo de um artista do passado que nem tomou consciência de que é um sobrevivente de um mundo que só existe ainda na sua memória. A Internet, imposição e progresso inevitável, com suas wikis e permissões facilitadas se tornou a grande mãe das idéias, a grande usina, a grande difusora de idéias, sejam boas ou não, com um amplo poder de comunicação e de mudança da produção, das técnicas e da estética.
Não vejo muitas coisas novas nem sequer novas técnicas na produção poética. A mídia e o público, com certeza, ficaram menos exigentes, embora existam núcleos muito intelectualizados e pouco influentes. Os recursos tecnológicos parecem ter encoberto a pobreza e até mesmo a miséria do conteúdo artístico. É possível que nos Estados Unidos ou em outros países desenvolvidos, o que se sabe que existe, por exemplo experiências com telas de textos programados, não necessariamente são bons exemplos de uma novidade em arte e nem no Power Point se vê um bom uso da técnica para a poesia. Os meios novos não tem sido bem utilizados para abranger o que se chama de arte ou da percepção do mundo dos artistas que parecem ainda pré-digitais. No fundo se existir a arte digital em literatura ou poesia parece ainda não ter um estatuto digno de ser percebido e difundido. A arte digital, pelo menos no que conheço, ainda me parece anêmica.