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sábado, dezembro 09, 2006

SOBRE MEMÓRIAS & ALQUIMISTAS

Um passeio rápido sobre os transformadores da vida no passado
Quem não se interessou em algum momento por alquimia? Eu também tive meus momentos de alquimista assim como enveredei pelo espiritismo, por um xamanismo e acabei, pasmem, por criar o meu induísmo à brasileira. Pois, meus amigos, uma dia já sonhei em ser casto, quis mesmo ser santo...Muito do que estudei nesta época o tempo levou assim como alguns papéis velhos de formulas e receitas foram queimadas por uma empregada ciosa que não compreendeu jamais porque me irritei tanto por ter queimado os papéis velhos que só alimentavam as traças. Muitas memórias perdi assim na vida por falta de um bom hardware, pela ausência de um scanner, alquimias modernas que no passado seriam considerados palavrões. E o micro não deixa de ser uma alquimia bem moderna. Um micro (que funcione) não deixa de ser um milagre humano só equiparável ao celular, que-dizem-serão, em breve, um só ou outro, quem sabe de tais alquimias?
O raciocínio sobre o assunto me veio da lembrança de que os egípcios, antes da era cristã, adquiriram grande habilidade na extração e no trabalho com metais. Até mesmo na coloração da superfície dos metais e na preparação das ligas que imitavam a aparência do ouro e da prata. Na Alexandria estas práticas se combinaram com a astrologia e a magia dos babilônios e com a filosofia dos gregos, daí foi um passo para esta fusão de conhecimento, especulação e misticismo passar para a Síria e a Pérsia e mais tarde, no século VII, para a Arábia. Os árabes pegaram, então a palavra grega chemeia, que se referia à imitação do ouro e da prata, juntaram o artigo árabe al como prefixo, e nos legaram a alquimia. Que tinha uma organização e algumas premissas fundamentais:

1. Toda matéria é composta de uma mistura de terra, ar, água e fogo, em proporções variáveis.
2. O ouro é o mais nobre e mais puro dos metais, seguido pela prata.
3. Qualquer metal pode ser transformado em outro, por um processo chamado transmutação, que consiste em modificar as proporções dos quatro elementos básicos.

Os alquimistas buscavam firmemente a transmutação de um metal básico em ouro, se supunha, podia ser conseguida com o uso de uma substância indefinida, a pedra filosofal. Assim como viviam a procura do elixir da vida e da panacéia. O primeiro a fonte da vida imortal e o segundo a cura de todos os males. Graças a Deus a inocência faz parte de todas as épocas. E naquela, pelo menos, acreditavam em coisas concretas não em palavras. Os alquimistas não podem ser subestimados. Seu trabalho foi, na verdade, a base real dos químicos modernos e fizeram experimentos tão importantes quanto são, hoje, os seqüenciamentos genéticos ou as sínteses de uma nova droga ou fibra. Os alquimistas não eram místicos ou charlatães inevitáveis e muito do seu legado persiste até hoje. Suas tentativas de todas as possíveis combinações das substâncias conhecidas, durante muitos séculos, possibilitou a rejeição das que não interagiam, e o registro lento e metódico das combinações e receitas que fizeram a química evoluir. A Química não seria uma ciência sem os alquimistas que construíram, exemplo, o esmaltamento de louças por Jabir (cerca de 760-815), alquimista árabe que se tornou conhecido dos europeus como Geber. Ele escreveu em seu Livro das Propriedades, que viajou do Oriente para o Ocidente uma receita como a abaixo descrita:

Tome uma libra de litargírio (composto de chumbo e oxigênio), pulverize bem e aqueça suavemente junto com quatro libras de vinagre de vinho, até reduzi-lo à metade de seu volume original. Tome então uma libra de barrilha e aqueça juntamente com quatro libras de água, até reduzir seu volume à metade. Filtre as duas soluções até que se tornem límpidas, e acrescente gradualmente a solução de barrilha à de litargírio. Forma-se uma substância que se deposita no fundo. Jogue fora a água e deixe secar o resíduo. Ele se tornará um sal tão branco como a neve.

Ou seja, como fazer o chumbo branco, utilizado durante séculos na esmaltação de louça e na pintura. Não somente por meio de receita como também por nomear e organizar os elementos os alquimistas deram uma enorme contribuição como foi o caso do que foi considerado o maior dos alquimistas árabes, Rhazes (865-925), cujo nome significa "homem de Ray", uma cidade da Pérsia. Num dos seus livros descreve inclusive qual deve ser o equipamento de um laboratório. Suas sugestões incluem, entre outras coisas os seguintes equipametos e utensílios: forno, fole, cadinho, alambiques, conchas, tenazes, tesourões, tachos, balanças, pesos, frascos, vidros, caldeirões, fogões, filtros, estufas, fornalhas, pratos, funis, banheiras. Talvez, hoje, se classifique um laboratório assim equipado como um covil de bruxa ou uma cozinha, porém, seria muito moderno para época, assim como, hoje, os grandes computadores nos parecem risíveis. E não se poderia subestimar Rhazes que conhecia muitos compostos químicos, incluindo possivelmente os ácidos sulfúrico e nítrico, bem como classificou a matéria como animal, vegetal ou mineral. Os alquimistas não estão chegando, porém, olhando para a nossa realidade, bem que estamos precisando de alguns.

Um comentário:

Ganso disse...

Por favor eu estava fazendo uma pesquisa sobre o que é chumbo branco se puder me explicar ficaria eternamente grato.