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sábado, março 22, 2008

A PRAGA DANINHA DA CORRUPÇÃO

A CORRUPÇÃO SISTEMÁTICA E ENDÊMICA
O que mais me impressiona nas condições atuais é a completa falta de ação das oposições contra os casos de corrupção. Antes, quando a corrupção era dos outros, o Partido dos Trabalhadores era implacável na perseguição. Hoje, quando os pecados são seus, é claro, alega que é coisa da imprensa, da oposição ou até mesmo das viúvas de FHC. Somente não explicam o que não podem explicar. Ou, como o presidente, nunca sabem ou dão um jeito de criar um inquérito ou uma CPI que não apura nada.
Bem o mal maior daí derivado é público e notório. Até um participante do Big Brother Brasil afirma que “Graças a Deus nunca estudou” e, daqui a pouco, vai aparecer algum dizendo que, além do mais, também nunca trabalhou. Já, em 2007, a UNICEF constatou, numa pesquisa entre os jovens brasileiros, que a corrupção na vida pública é, para eles, a principal causa dos problemas sociais no Brasil. Não devem estar longe da verdade na medida em que a corrupção no país é sistêmica e endêmica, ou seja, é feita com método e atinge todo o tecido social, todo o sistema político, todas as esferas de poder, como demonstram as estrondosas operações policiais e os escândalos que a corrupção são proporcionados, diariamente, em nosso país. Há jeito, é claro, mas, para tanto, é preciso mais mobilização, mais educação e uma sociedade civil mais organizada.
Se for esperar pelo governo parece inútil. Reclamam até hoje da “perda” da CPMF, mas não se faz absolutamente nada para tapar os ralos da corrupção. Especialistas estimam que a economia brasileira perde, com a corrupção, todos os anos, algo em torno de 4% a 5% do Produto Interno Bruto-PIB. Isto eqüivale anualmente a cerca de 90 (noventa) bilhões de reais, o que representa cerca de 10% de toda a arrecadação pública no país (embora tenha minhas dúvidas de que não seja muito mais). É, portanto, por baixo, mais de duas arrecadações de CPMF. Lulla, que, supostamente, ama tanto os pobres, poderia aumentar em 10 vezes os recursos de complementação de renda do Brasil, o Bolsa Família, sem nenhum tipo de problema.
A corrupção miúda dos cartões corporativos, apesar de éticamente reveladora, não é nada, por exemplo, diante do fato de que nos dois últimos anos o governo federal destinou mais de R$ 7 bilhões a organizações não-governamentais-ONGs e organizações da sociedade civil de interesse público-Oscips. O valor corresponde a cerca de 3% do Produto Interno Bruto-PIB, porém, é assustador que os técnicos do Tribunal de Contas da União-TCU e mesmo da Controladoria-Geral da União-CGU estimem que quase a metade, cerca de R$ 3,5 bilhões, tenham sido desviados ou escoado por algum ralo que sugou o dinheiro público. O triste é que tais organizações- e há muitas delas que prestam inestimáveis serviços à sociedade-foram feitas para suprir as carências da atividade pública e, no entanto, são transformadas por governantes e políticos como a maior fonte de desvios de verbas do o país. Na sua grande maioria são de amigos de governantes ou dos próprios. É um dos maiores crimes contra os cofres públicos de nosso país. A sociedade, a Polícia Federal e o Ministério Público, assim como o Poder Judiciário devem investigar e punir a toda esta gente. È verdade que são tanto os usurpadores do erário público que, muitas vezes, é difícil, mas os casos comprovados devem ser exemplarmente punidos. A impunidade é que leva a criação de uma ética torta e faz com que, mesmo quem nem tenha coragem de usar da mesma forma quando tem, brinque que gostaria de ter um cartão corporativo. É que ser, ou, pelo menos, tentar ser honesto no país está se tornando difícil, quase um heroísmo mesmo com tantos maus exemplos pululando.

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