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terça-feira, novembro 04, 2008

O REAL VAZIO DA AMAZÔNIA


A Amazônia sem projeto
Ninguém que pensa sobre a Amazônia pode deixar de reconhecer que há uma lacuna entre o fervor religioso do ambientalismo e de suas teorias de desenvolvimento sustentável e a realidade do primitivismo da forma como a Amazônia continua a ser ocupada. Inclusive também é muito pobre a perspectiva que oferecem para os amazônidas de aceitar que as terras em que vivem virem parques para benefício da humanidade sem contrapartida para seus desejos de desenvolvimento ou, como tentou, e ainda tentam implantar, algumas ONGs uma área dividida em grandes reservas também sem atividades econômicas para usufruto delas e de algumas tribos indígenas numa reprodução ampliada da falta de bom senso de Roraima na qual o Estado se tornou menor do que a reserva indígena.
Não é, certamente, este o caminho que os amazônidas desejam. Em especial os amazônidas de Rondônia, do Mato Grosso, do Pará e de Tocantins, para só citar os mais visados, que desejam a preservação sim, porém, com direito ao desenvolvimento. E isto é possível. Não o é, todavia, com a completa falta de respeito que se tem tido em relação aos nossos pensamentos e as nossas vidas. A grande realidade é que em gabinetes e em mesas de bares todos dão palpites ou até criam movimentos para “salvar a Amazônia” como se, entre nós, não houvesse pessoas normais, capazes, em muitos sentidos muito mais capazes dos que desejam solucionar nossos problemas, e a aqui houvesse um imenso vazio de cultura. Não é assim. Em Rondônia, já na década de oitenta, por exemplo, um grupo de técnicos locais gerou o que seria uma solução: um zoneamento econômico ecológico. Aliás, desrespeitado, rasgado, renegado e desprezado ainda resta resquícios de uma experiência que, hoje, já tem por volta de vinte anos e que, para inglês ver, os órgãos federais dizem que é uma forma de solução. E é, mas, é preciso que existam efetivamente os zoneamentos que não sejam as peças de ficção que servem meramente para o discurso que encobre apenas a criação de restrições para as atividades produtivas na Amazônia.
A Amazônia continua a ser a grande esquecida da realidade brasileira. O discurso e a prática que, hoje, continua a existir, piorado, diga-se de passagem, é o de que não se pode desmatar, que é preciso preservar, mas, ninguém explica nem busca produzir formas para as pessoas sobreviverem e melhorar de vida. O resultado é o de que entra mês e saí mês e somente se faz a exaltação ou a reclamação sobre os dados de desmatamento. Tudo vão. O desmatamento, no quadro atual, é inevitável. Sem criar um zoneamento de fato, sem aumentar os recursos para pesquisa, sem fomentar a vinda de pesquisadores, sem criar projetos efetivamente viáveis, sem ouvir e escutar as vozes da Amazônia, sem criar formas das pessoas terem emprego e renda, o lenga-lenga da preservação só servirá para que as Marinas e os Mincs apareçam na mídia como salvadores da pátria, de uma pátria que nunca será salva. É preciso, urgentemente, um projeto real para a Amazônia. E acabar com discursos vazios e sem sentido.

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