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segunda-feira, dezembro 01, 2008

A LACUNA DA GRANDE TEORIA



Pós-Modernidade e teorias

O conceito de modernidade, sem dúvida, aparece inúmeras vezes em Baudelaire que a vê como "O transitório, o fugaz, o contingente, é a metade da arte, cuja outra metade é o eterno e imutável", de forma que a experiência moderna se move entre os dois pólos de referência. Por suposto, os que lhe seguiram, traçaram a pós-modernidade como o lado fugaz e contingente da afirmação de Baudelaire, ou seja, no fundo a pós-modernidade não seria algo inteiramente novo com respeito à condição moderna, mas, sim o seu aprofundamento. Na prática, invés de ruptura entre os dois conceitos há continuidade na medida em que, em ambos, se percebe que a efemeridade, a transitoriedade e a fragmentação são próprias de ambas as épocas.
O que se observa, quando se compara as categorias do modernismo e pós-modernismo, é que ambas são pouco explicativas fora do conceito de capitalismo. Na verdade, a rigor, a modernidade que os pós-modernos pretendem transcender é apenas a falta de explicação para fenômenos fragmentários que nem o estado da arte nem a razão instrumental conseguem enquadrar nos conceitos que manejam e se cria, até mesmo, uma aversão por qualquer projeto que procure uma explicação universal através do desenvolvimento da razão e da ciência por conta da incapacidade de ter uma teoria globalizante. A forma, então, de escapar da incapacidade da razão é a criação de teorias minimalistas, de metadiscursos ou a própria negação da ciência que demonstram somente uma crise da filosofia iluminista.
Neste particular, ressalte-se que, quando ainda se falava de modernidade, Adorno e Horkhemeir já ressaltavam a traição aos ideais, inclusive marxistas, na medida em que um projeto de libertação tornara-se um sistema de dominação. Outros, como Nietzsche, Shelley e Byron propunham a experiência estética subjetiva frente à razão objetiva como forma de fugir do dilema, mas, perspicaz, Benjamin ressaltava que metanarrativas sobre o capitalismo não são necessariamente excludentes com o reconhecimento do valor da fragmentação nem iluminadoras.
O problema real continua a ser que a fragmentação, a especialização, a diversidade, enfim os elementos que configuram esta coisa opaca e multifacetada que se convencionou chamar de globalização nos impede de ter uma visão dos processos gerais nos quais nos movemos e obstrui o pensar sobre o capitalismo, inclusive por ter explodido certos conceitos marxistas que seriam essenciais para se ter uma visão global. Isto é o que leva a muitos dos grandes pensadores, como por exemplo, Foucault e Lyotard, a um anarquismo estetizante e, mesmo, ao niilismo. É a falta de categorias com que pensar a realidade e a assimilação das diferenças pelo capitalismo que impõe o modismo também nas ciências como uma forma de ocultar e de renovar pela conservação. Contra o neoconservadorismo, o niilismo e a falta de pensar, que, no fundo, são o pós-modernismo, somente é possível o combate com uma grande teoria que, infelizmente, não se enxerga no horizonte.

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