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quinta-feira, março 12, 2009

NÃO É TÃO SIMPLES



Afogados na marolinha

Quando um país que continua a ser o centro do mundo, como é o caso dos Estados Unidos, é abalado por uma grande crise com o grau de interdependência que existe na economia seria impossível o Brasil não ser afetado. Mas, no primeiro momento, qual foi a atitude de nossos dirigentes? Em 15 de setembro do ano passado, quando quebrava o grande e tradicional banco americano Lehman Brothers, o ministro Guido Mantega da Fazenda trombeteava com empáfia: "O problema é lá, não aqui". Dois dias depois era o próprio presidente Lula da Silva que fanfarroneava: "Ela (a crise) pode atingir, mas atingirá o Brasil menos do que em qualquer outro momento. Eu diria muito menor (do que as anteriores), quase imperceptível". E, em 5 de outubro, o tom não era menos otimista "Ela é lá (EUA) um tsunami, e aqui vai chegar uma marolinha, que não vai dar nem para esquiar".
Claro que não era bem assim. Não é bem assim. A posição boa do Brasil era (é) decorrente de seus saldos da balança comercial e do aporte de recursos externos, mas, o Brasil possui uma dívida grande, embora tenha trocado a externa pela interna. A boa economia e a boa matemática ensinam que não é possível se estar confortável quando se deve, quando se tem problemas na praça e quando esta apresenta momentos de tensão que abalam economias como da Alemanha e da Suíça. No mínimo, de responsáveis pela condução econômica do país, é de se esperar que se tomem medidas preventivas e se meçam as palavras que são utilizadas. A retórica de que a economia brasileira não seria afetada era vazia até porque já se sabia que estava sendo afetada pela queda das exportações, pela diminuição do crédito externo e pela fuga de capitais das bolsas. Até que se tomaram algumas medidas, porém, insistir no discurso de que os bancos oficiais sustentariam o crédito, manter os níveis da taxa de juros e não acelerar medidas concretas para que o mercado sentisse que projetos, como os de infra-estrutura continuariam em ritmo acelerado, foi um erro de avaliação e uma esperança infundada de que a sorte continuaria bafezando o governo. Não há sorte que resista aos fatos.
E eles se revelaram quando faltou crédito para projetos essenciais, como das obras de ampliação do caótico sistema portuário brasileiro estão seriamente comprometidos, por falta de crédito. O Brasil, por incompetência, perdeu a onda de capital abundante para concretizar os projetos de infra-estrutura, base do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), agora os investimentos serão muito mais difíceis de serem concretizados, devido a falta de crédito em todos os mercados. O Brasil não é uma ilha. Não está imune à nada como comprova a onda de desempregos (8,5% dos empregos da indústria paulista perdidos nos últimos meses) e a apatia e inação do governo que, até março, só empenhou pouco mais de 6,09% dos R$ 20,5 bilhões que tem para aplicar no PAC e realizou apenas 0,65% num desempenho pífio. E, cortando, como tem feito, os juros de forma ortodoxa tende apenas a se afogar na marolinha que, se não for bem cuidada, se transformará num tsunami que nos levará ao atraso de ter um ano com crescimento zero do produto interno.

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