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terça-feira, julho 21, 2015

As surpresas da sempre surpreendente vida


Havia entre os cientistas que executavam a missão de reconhecimento de Plutão a expectativa de que que o planeta acabaria sendo, como a Lua ou Mercúrio, um planeta cheio de crateras em que nada acontece. Mas, como revelado pela sonda New Horizons da Nasa (agência espacial norte-americana) que sobrevoou Plutão em 14 de julho, pela primeira vez,  via imagens em alta resolução do planeta, a geografia revelada é de um dinamismo e de uma variedade que modificou tudo que se pensava sobre este corpo celeste desde seu descobrimento, há 85 anos.  A paisagem de montanhas geladas, sem crateras e com evidências de processos geológicos encontrada no planeta anão, nos confins do Sistema Solar, deixou toda a comunidade científica perplexa e com a sensação de que as novas informações, que serão obtidas, podem também trazer respostas sobre como se formam os planetas e as origens de alguns elementos fundamentais da vida.
A topografia acidentada de Plutão, sem dúvida, surpreendeu os pesquisadores. Em especial porque as imagens mostram montanhas nos extremos da região que tem uma forma de coração,  batizada  como Região de Tombaugh, em homenagem ao descobridor de Plutão, Clyde Tombaugh, com uma altura calculada de cerca de 3.300 metros,  altitude superior à dos Alpes na Europa ou a das Montanhas Rochosas no oeste dos Estados Unidos. E  alguns pesquisadores trabalham com a hipótese de que podem exsitir ainda montanhas mais altas em outras partes. No entanto, o mais sensacional é que a capa relativamente fina de metano, monóxido de carbono e nitrogênio congelado que cobre a superfície do planeta anão é forte o suficiente para formar montanhas. Isto sugere que se formaram com a água congelada do subsolo, já que o gelo se comporta como rocha sob as temperaturas gélidas de Plutão.  Acrescente-se que as observações feitas do planeta, a  partir da Terra, não haviam detectado sinais de água gelada. Ainda pairam interrogações sobre as descobertas que somente poderão ser corroboradas pelas medições feitas por sete equipamentos a bordo da New Horizons, cujos resultados irão chegar ao centro de controle de Maryland (EUA) nos próximos 16 meses. Mas, não paira dúvidas de que, segundo o chefe da missão, Alan Stern, “Podemos estar certos de que existe água em abundância".

Uma outra grande surpresa é a constatação de que não existem crateras em Plutão. As crateras permitem aos astrônomos determinar a idade de uma superfície, de vez que se é muito antiga terá marcas deixadas por impactos de colisões; se for mais nova será mais lisa, porquê a formação recente apaga as impressões anteriores.As imagensmostram um terreno que parece ter passado por processos vulcânicos ocorridos nos últimos 100 milhões de anos, o que implica numa idade extremamente jovem para a superfície, se considerarmos que o Sistema Solar tem 4,5 bilhões de anos. O tamanho de Plutão também pode ter alguns quilômetros a mais de diâmetro, agora, estimado em 2.370 km, o que equivale a dois terços do tamanho de nossa Lua. A falta de precisão na medição de Plutão desde a Terra ocorre porque, em primeiro lugar, o corpo celeste está muito longe daqui (4,8 bilhões de km). E também porque sua atmosfera cria reflexos capazes de confundir o telescópio terrestre mais avançado. Mas, apenas com os relativamente poucos dados que se recolheu, até agora, já nos presenteou com surpresas maravilhosas, inclusive mudando a concepção que se tinha de Caronte, sua maior lua, que possui penhascos tão profundos como os do Grand Canyon, no oeste dos Estados Unidos e pode ter uma cadeia de desfiladeiros de 800 km. Enfim, nem mesmo Plutão é mais o mesmo. 

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