O
debate sobre a atual situação política brasileira é muito pobre. E estamos
presos num círculo vicioso. É pobre porque carece de qualidade nas pessoas que
compõem o parlamento, mas, é mais pobre ainda por causa das pessoas que também
estão fora dele, de muitos que opinam, e não estão preparados nem entendem o
mínimo sobre as necessidades do país. Infelizmente, o Brasil é um país
desigual. E desigual em todos os sentidos não apenas da riqueza econômica. Devo
dizer que me assusta muito mais a desigualdade da educação que elevou a postos
básicos das instituições pessoas sem nenhum preparo, sem nenhuma noção da complexidade que está
envolvida nos processos sociais. E pior, como não compreendem a complexidade,
resumem-se a colocar a culpa nos outros seja FHC, seja o capitalismo, seja Temer ou qualquer um que possa virar um ser maligno para as massas. Assusto-me
com pessoas que pensam que pensam; que confundem as ideias amparados pelo que
Marx chamaria, sem dó nem piedade, de marxismo vulgar. A falsa noção de que
pensam que falam e lutam pelos pobres, pelos despossuídos. Ou, mais grave ainda, de que bradar chavões em nome dos pobres os fazem donos da verdade e capazes de melhorar a vida de quem quer que seja.
Se,
como é fácil de perceber, o problema brasileiro se encontra no histórico de
desigualdades sociais que possui, e nem mesmo com programas governamentais têm
sido superados, é preciso compreender a razão pela qual o Brasil não atinge
altos níveis de desenvolvimento. E, neste sentido, ao contrário do que pregam
as esquerdas, não é por não preencher eficazmente as necessidades sociais de sua
população. Aliás, se é verdade que tivemos, no regime militar, uma visão de
desenvolvimento restrita, no sentido de Amartya Sem, que ressaltavam o aspecto
econômico, como a produção, o nível de consumo e a tecnologia, com o pensamento
de que o desenvolvimento aparecesse como
consequência do desenvolvimento econômico, nós, depois com o PT, passamos pelo
dissabor de provar a concepção de não ser possível também se desenvolver via
estado assistencialista e corporativista, nem mesmo amparado no marketing do
atendimento ao “pobrezinho”.
Todos
os especialistas em desenvolvimento sabem que não se faz desenvolvimento sem um
governo com as contas equilibradas, sem instituições que funcionem, sem
estabilidade para o mercado e para os negócios, sem empreendedorismo e sem
educação. É verdade que a qualidade de vida e a inclusão social são alavancas
do desenvolvimento, porém, o indivíduo, a livre iniciativa é sua base. Por esta
razão, os que, hoje, se levantam, contra o ajuste das contas públicas, muitos
pensando que estão na vanguarda de dias melhores, são, efetivamente, a massa de
manobra dos aproveitadores e míopes que não veem que o mundo mudou. Não existe
mais dicotomia entre sociedade de mercado e estatismo. Todo estatismo,
comprovadamente, é uma forma disfarçada de ditadura. E quem acha que é possível um mundo fora do
capitalismo, pelo menos nos próximos cem anos, ou quer se dar bem ou precisa rever o que anda
bebendo ou cheirando. Sonhar é bom, mas, é preciso enfrentar a realidade de
que, depois da farra de consumo e a utopia dos últimos treze anos, é preciso
fazer o dever de casa. E o essencial dele é ter responsabilidade fiscal. Quem
deseja um futuro melhor, e luta contra, está dando um tiro no pé. Não existe
exemplo de país que cresça e se desenvolva sem as contas públicas equilibradas.
Ser contra isto-independente de ideologia- só comprova a mais completa falta da
mínima formação econômica.
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