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domingo, julho 07, 2024

O Despertar para o turismo: a 1ª Expoturismo Rondônia 2024

É extremamente oportuna, e estratégica, a realização, nos próximos dias de 4 a 6 de julho, o Centro de Eventos do Sesi, em Porto Velho, da 1ª Expoturismo Rondônia 2024. O Governo do Estado, por meio da Secretária de Desenvolvimento e da Superintendência de Turismo, e o Instituto Fecomércio/RO estão de parabéns, pois acertaram em cheio na decisão de promover o turismo estadual. Não apenas pelo evento em si, que se pretende único e grandioso, com mais de 80 expositores, praça de alimentação, uma programação extensa com nomes expressivos, mas pela janela de oportunidade que no momento se apresenta. Em recente estudo o   Conselho Mundial de Viagens e Turismo (World Travel & Tourism Council-WTTC), em conjunto com a VFS Global, líder em serviços de terceirização, denominado de Unlocking Opportunities for Travel & Tourism Growth in LATAM” (“Abrindo oportunidades para o crescimento de viagens e turismo na América Latina”), mostra que setor de viagens e turismo é muito expressivo na região, com uma contribuição de mais de US$ 629 bilhões para a economia em 2023, acolhendo 86 milhões de viajantes internacionais. Além de estimar que o crescimento do setor de viagens e turismo da América Latina pode injetar quase US$ 260 bilhões à economia da região e criar quase oito milhões de novos empregos nos próximos 10 anos. Na verdade aponta que o crescimento potencial depende de políticas públicas para conquistar um salto anual de 3,4%, atingindo uma contribuição de cerca de US$ 909,2 bilhões de dólares. É um cenário promissor considerando ainda mais que, em 2024, as expectativas são de que será alcançado um recorde de uma contribuição para o PIB regional de mais de US$ 650 bilhões, bem como a criação de um milhão de empregos adicionais elevando o total de pessoas que vivem da atividade de 24,6 milhões para 25,7 milhões. Em outras palavras, há um mercado imenso para ser conquistado e, neste particular, nos últimos anos o setor testemunhou um notável crescimento que pode, e deve, ser aproveitado melhor pela região amazônica, onde nos inserimos. Porém, é evidente, isto não será feito sem apoio estatal e sem a organização da recepção ao turista, o que inclui, além da melhoria da infraestrutura e educação para melhorar a hospitalidade dos visitantes, proteger a biodiversidade, a natureza e divulgar, via digital, os atrativos e belezas disponíveis. Enfim há um imenso trabalho a ser feito que deve começar pelo alfandegamento do aeroporto e a construção de uma nova pista, mas que passa também por investir na conscientização da população sobre a importância do turismo para a renda interna. Neste sentido esta 1ª Expoturismo surge com o apelo de ser o grande despertar para as oportunidades existentes, daí ser importante ir conhecer e participar do evento. 

O PASSADO QUE MOLDOU O PRESENTE

                       O primeiro secretário de Planejamento de Rondônia, Luiz Cesar Auvray Guedes, esperando do lado esquerdo da foto, pelo governador Humberto Guedes, à frente dos demais, na abertura de ruas de Ariquemes. 

Dizem que os velhos vivem de lembranças. Bem, na minha cabeça, mesmo sabendo que sou um velho ainda continuo, mais ou menos, novo na medida em que ainda alimento sonhos. De forma que não sou um saudosista nato. Preciso que alguém me motive para voltar ao passado. E isto aconteceu, nos últimos dias, por conta do Lucio Albuquerque, ex-editor do Alto Madeira, que me fez retroceder no tempo ao perguntar sobre a passagem do geografo Milton Santos em Rondônia. É uma das histórias pouco conhecidas sobre o nosso Estado que, ao contrário do que se pensa, não cresceu sem planejamento. E isto se deve, sem dúvida, ao ex-governador Humberto da Silva Guedes e ao Capitão Silvio Gonçalves de Farias. O coronel Guedes, que na sua gestão elaborou o POLONOROESTE, programa que permitiu depois asfaltar a BR-364, com apoio da Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste-SUDECO, além de criar uma estrutura administrativa diferente para o Território, criando as secretárias, contratou as primeiras equipes técnicas, e arregimentou a Universidade de  Brasília, além de outros especialistas de vários setores, como, por exemplo, os arquitetos Paulo Zimbres, que criou o primeiro sistema viário de Porto Velho, Paulo Magalhães, Silvio Sawaia, Antonio Carlos Cabral Carpintero e Roberto Monte-Mór, artífices da hierarquização urbana existente na época. São desta época o primeiro plano de Educação, de Saúde, de estradas, e a própria criação do DER, o Sistema Viário de Porto Velho, a abertura de novos municípios (foram criados mais sete municípios pela Lei 6.448, de 11 de outubro de 1977), um projeto de hierarquização urbana do Território e até um grande estudo para habitações adaptadas à região. A principal contribuição de Milton Santos foi ter feito um trabalho, com o apoio de técnicos locais, pensando o futuro,  que gestou os Núcleos Urbanos de Apoio Rural - NUARs, muitos dos quais, como os de Mirante da Serra ou Nova União, transformar-se-iam em futuros municípios. A idéia central foi a de distribuir a ocupação urbana espacialmente e dar apoio aos projetos de colonização para impedir a migração da população rural para os grandes centros. Se Rondônia, hoje, tem a pujança que possui, uma distribuição econômica equilibrada, vem deste trabalho de Guedes e do Capitão Silvio, que teve a notável contribuição de Milton Santos. Antes todos os centros urbanos ficavam na BR-364, inclusive por questão de acesso, Depois os novos municípios surgiram em cima dos locais planejados. Rondônia não é fruto do acaso. Há por trás de seu crescimento todo um trabalho de planejamento que teria continuidade com o Zoneamento Econômico Ecológico, uma ideia de técnicos locais para conter o desmatamento e unir economia e ecologia, que gerou a preservação e a criação de mais de sete dezenas de reservas. Esta, porém é uma outra história que deveria ser contada pelos seus principais autores, pessoas com grandes serviços prestados à Rondônia, como Joel Mauro Magalhães, Maria Emilia Silva e Emanuel Fulton Madeira Casara (Lito Casara).