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domingo, dezembro 22, 2024

POR UM NOVO OLHAR PARA 2025

 


Quando chega o fim do ano, por mais difícil que a vida esteja, as esperanças são renovadas. Até quando se pretende negar sempre colocamos uma boa carga de expectativas positivas em relação a um ano que se inicia. No mínimo idealizamos uma mudança que pode incluir novos projetos, planos nunca realizados, sonhos que serão somente sonhos. Por isto sempre celebramos o fim do ano por meio de festas que, esperamos e torcemos, seja um marco para um novo (e feliz) tempo. A verdade é que sempre deixamos para trás o ano que termina com a esperança de que ingressamos numa nova etapa da vida inevitavelmente- desejamos ou acreditamos mais brilhante e de maior prosperidade. Bem isto não nos deixa, porém isento da oportunidade de verificar que, no começo do ano, os “especialistas” apostavam num futuro previsível e projetavam, por exemplo, o dólar a R$4,90, a Selic a 11,75%, o Ibovespa a 132 mil pontos, e o S&P 500, em reais, alcançando 4.700 pontos. Que otimismo, hein! A realidade de dezembro, porém é outra: o dólar disparou para mais de R$6,00, a Selic flutuou para baixo, mas apenas levemente (11,25%), o Ibovespa fechou em 125 mil pontos, abaixo das expectativas e a inflação subiu. E, se formos nos basear na realidade brasileira as nuvens no horizonte não nos deixariam sonhar com um ano novo muito melhor. Aqui, porém vamos nos valer de um pensador brasileiro excêntrico já falecido, o nosso inesquecível Paulo Francis que escreveu, com muita propriedade, que “A vida é muito mais variada, anárquica e imprevisível do que sonham os ideólogos”. Porém, nossa ideia não é a de descartar nem a realidade nem as previsões, sejam otimistas ou não. Afinal elas podem nos fornecer, sim, pistas sobre o futuro, sobre os cenários possíveis e nos prevenir sobre os problemas que sempre existirão. Nós, no mundo moderno, temos é que nos acostumar a conviver com as incertezas e buscar formas de ter um portfólio diversificado de projetos e investimentos que reduzam nossas dependências do imprevisível. Difícil é, mas não impossível. A grande verdade é a de que vivemos tempos de mudanças tão rápidas que nem dá tempo de sentir que o futuro chegou e, muitas vezes, continuamos a olhar para o presente com os olhos do passado, de modo que nos sentimos completamente despreparados para o que acontece. Então o que me move é convidá-los para a aventura de olhar 2025 com um olhar diferente. Pensar no que é possível mudar nas nossas práticas diárias para nos sentirmos mais leves, ter uma forma menos difícil de viver. Olhar as coisas sobre uma nova perspectiva, com certeza, fará uma enorme diferença. Talvez se aventurar tendo em vista às tendências tecnológicas como mudar nossos processos, como inovar o que fazemos. Até mesmo procurar realizar uma integração sobre as novas tecnologias e o nosso cotidiano. Sei que não se trata de uma tarefa simples, mas pode ser altamente recompensadora. As mudanças começam por perguntas novas, por buscar parcerias, novas possibilidades, em olhar o que fazemos de outra forma. Não há mudanças rápidas. Elas começam com pequenos gestos, por mudar o que se faz no dia a dia. Olhar as coisas com um novo olhar é o caminho para um 2025 melhor.

Ilustração: Vida Simples.

sábado, dezembro 07, 2024

ACORDO MERCOSUL-EU E SEUS EFEITOS

 


Nesta última sexta-feira (6) foi anunciado o acordo comercial firmado entre o Mercosul e a União Europeia. O governo brasileiro comemorou o fato como um caminho para a ampliar a relação comercial com o segundo principal parceiro comercial do Brasil, e prevê um efeito positivo de R$ 37 bilhões até 2044. Há motivos afinal isto representa a maior parceria de comércio e investimento do mundo, beneficiando ambas as regiões e atingindo 718 milhões de pessoas e economias que representam um total de 22 trilhões. Mas, mesmo sendo um acordo ganha-ganha no geral, todavia há diferenças na forma como atinge os países e os setores. Basta ver a reação de agricultores franceses que dizem que o acordo é o fim da agricultura local e a ministra de Comércio Exterior da França, Sophie Primas, afirmou que lutará contra a aprovação do acordo, quando houver a votação interna. É preciso ver que para que o tratado seja assinado, e entre em vigor, são necessárias ainda a aprovação por duas instâncias dos países da União Europeia: o Conselho de Ministros e o Parlamento Europeu, sediados em Bruxelas, capital da Bélgica. O grande objetivo do acordo, além de outros temas que contempla, é a redução das tarifas de importação entre os blocos que pode ser imediata ou gradual (em até 15 anos), dependendo dos setores. Esta liberação deve atingir 91% dos bens que o Brasil importa da União Europeia e, do outro lado, 95% dos bens que o bloco europeu importa do Brasil. Um dos efeitos será o aumento das exportações do agronegócio, que um estudo do IPEA prevê ganhos acumulados de produção da ordem de US$ 11 bilhões, até 2040, enquanto o saldo da indústria da transformação seria mais modesto, com ganho de somente US$ 500 milhões no mesmo período. Aliás, segundo o estudo, vamos ter ganhos de produção em quase todos os setores do agronegócio e perdas concentradas em alguns setores industriais. Há a possibilidade do consumidor ser beneficiado com o barateamento de produtos importados, como azeites, queijos, vinhos e frutas de clima temperado (frutas secas, peras, maçãs, pêssegos, cerejas e kiwis), bebidas e laticínios, porém isto depende também da taxa de câmbio e de outros fatores que afetam os produtos. Também o consumidor pode ter benefícios indiretos graças à modernização da produção brasileira que poderá fazer a importação de máquinas e insumos a preços menores.  A indústria brasileira terá que se reinventar na medida em que deve ter quedas em setores como veículos e peças, têxteis, farmacêuticos e equipamentos eletrônicos, embora a perspectiva seja de crescimento de outros setores, como calçados e artefatos de couro, celulose e papel, e outros equipamentos de transporte (o que não é automotivo, como aviões e navios). Esta preocupação com os setores mais vulneráveis esteve presente na negociação, pois foram feitas salvaguardas no acordo para evitar uma enxurrada de importações no setor automotivo e estimular investimentos para a produção no Brasil. A Europa aceitou essas condições por causa da crescente presença chinesa no mercado automotivo brasileiro, setor que historicamente tem forte atuação de multinacionais europeias, como Fiat e Volkswagen. Neste sentido o acordo deve afetar o setor automobilístico chinês, de vez que a suspensão de tarifas para carros da Europa altera a competitividade das marcas chinesas. Mas, resumindo o acordo é muito positivo para o Brasil por, ainda segundo o IPEA, as trocas comerciais com a UE provocarem um crescimento de 0,46% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro até 2040. E, embora aumente a exportação de produtos agrícolas e a importação de bens industriais pode, na prática, representar a modernização das fábricas brasileiras e uma maior integração do país às redes de produção dos países europeus.